Capítulo 7
CAPÍTULO 7:
Depois das emoções vividas no St. Mungos, Harry voltou ao Caldeirão Furado para tomar um banho e dormir um pouco. Estava radiante com o nascimento de Anne e ainda mais radiante por ter sido escolhido para ser o padrinho da menina. A escolha serviu como prova definitiva de que os seus melhores amigos tinham o perdoado.
Lembrou-se do filho e de Ginny, o que fez uma dose considerável de sua alegria evaporar, só poderia usufruir da felicidade completa quando tivesse os dois ao seu lado. Uma onda de arrependimento se abateu sobre ele, como queria não ter ido embora.
Sacudiu a cabeça para afastar os pensamentos tristes, não adiantaria nada se afogar na tristeza e no arrependimento, ele tinha que arrumar um jeito de reunir a sua família. Sorriu com o pensamento. Se conseguisse reconquistar Ginny e conquistar o filho, ele teria finalmente uma família, uma família só dele.
Mais tarde, já de banho tomado e descansado, visitou o vizinho de Hermione. Na frente um gramado muito verde e um belo jardim florido, formavam uma bela paisagem junto com a casa de tijolos; por dentro, cômodos espaçosos e aconchegantes e em quantidade suficiente; no quintal espaçoso, uma área de lazer e uma árvore frondosa, que lembrou a faia que havia em Hogwarts, sob a qual ele se sentava junto com Ron e Mione, e passava horas bastante agradáveis com Ginny, sempre que podia, e no seu último ano, sempre que a consciência lhe permitia.
A casa lhe inspirou sensações agradáveis, conforto e aconchego, sensações que definitivamente não tinha sentido ao visitar a mansão Black. Pensara em habitar o lugar, mas logo desistiu, estar ali só lhe trazia lembranças ruins. Além disso, a possibilidade de ter que ouvir o quadro da mãe de Sirius soltar imprecações pelo resto da vida, lhe parecia pouco animadora. Acertou o negócio com o Sr. Collins que lhe disse que ele poderia mudar para a casa no meio da próxima semana, e rumou novamente para o hospital.
Deu boa tarde a moça do balcão e se dirigiu ao andar onde Hermione estava internada. Caminhava pelo corredor que dava para a sala de espera, quando de repente parou, arregalou os olhos e começou a suar frio. Como era idiota, em nenhum momento se atentou que isso podia acontecer, ou melhor, que ia acontecer. Eles eram os Weasleys, um momento importante como o nascimento de mais um membro da família, jamais passaria batido.
A sua frente, Fred, Jorge, Carlinhos e Gui, conversavam muito animados, reconheceu também as quatro mulheres sentadas nas cadeiras estofadas da sala, Fleur, Alice, Angelina e Helena, esposas de Gui, Jorge, Fred e Carlinhos, respectivamente. Não sabia o que fazer. Encontrar com os garotos Weasleys depois de ter abandonado a irmã deles grávida, lhe indicava um prognóstico desfavorável.
Achou melhor se retirar antes que fosse notado, não queria causar uma confusão e assim estragar um dia tão especial para Ron e Mione. Porém, antes que pudesse terminar de se virar, seu olhar se encontrou com o de Gui. O ruivo ao olhar em direção ao corredor, tinha imprimido nos lábios um largo sorriso, que foi se desmanchando, para dar lugar a expressão de fúria-vermelha-Weasley.
Os outros três ruivos percebendo a mudança brusca na expressão do irmão mais velho, trataram de olhar na mesma direção que ele. Assim como o primeiro, os rostos dos ruivos também foram adquirindo a expressão de fúria tão peculiar a família. Como em um movimento ensaiado, os quatros se deslocaram em bloco em direção ao moreno, pisando duro, com os braços largados ao lado do corpo e os punhos cerrados.
As quatro mulheres seguiram o movimento dos respectivos maridos com os olhos e cada uma, ao avistar o alvo dos ruivos, teve uma reação diferente. Fleur acenou-lhe um tchauzinho; Angelina o olhava surpresa; Alicia assustada e Helena o olhava com curiosidade. Enfim, os quatro homens chegaram até ele e mais uma vez, num movimento que parecia ensaiado, se postaram em diferentes posições, o cercando.
-O que faz aqui? – perguntou entre dentes o mais velho.
-Vim visitar Hermione – respondeu o moreno firme, não queria mostrar medo.
-Você não vai visitar ninguém – dessa vez Carlinhos foi quem falou, com os braços cruzados sobre o peito, se moveu em direção a Harry com o intuito de que o moreno recuasse, mas ele não o fez – Saia!
-Não quero confusão, mas não vou sair. Vim visitar Hermione e Anne – se eles já tinham o visto, não ia fugir.
-Não quer confusão?! Então, de meia volta. Saia da nossa frente ou vai ter mais do que uma confusão aqui, meu amigo. – Fred falou num tom que Harry nunca tinha ouvido antes, nem mesmo durante a Guerra.
-Com que direito aparece aqui sem ser convidado, sem ser bem-vindo por nós? – Gui falava em um tom baixo e indignado – Mostre ao menos um pouco de respeito depois de tudo que fez, e saia, ninguém da família o quer aqui, Potter.
A última frase dita fez Harry sentir um frio no estômago. Mesmo sabendo que alguns dos Weasleys já tinham o perdoado, não pode deixar de sentir pesar pela rejeição por parte dos outros.
-O que está esperando? Ande! Saia, antes que eu lhe tire daqui a força! – Jorge o ameaçou e lhe empurrou.
-Já disse, não vou sair, vim visitar minha afilhada e é o que vou fazer. – disse com a voz decidida. Sabia que a raiva dos ruivos se justificava, mas não ia sair dali, sua insistência era guiada mais pela teimosia, sempre ativada quando lhe diziam que não podia, do que por qualquer outra coisa.
-Afilhada?! Ficou louco? Ron nunca ia aceitar uma coisa dessas, não depois do que você fez – Carlinhos disse em tom venenoso.
-Não estou louco, Anne é minha afilhada e vou vê-la, queiram vocês ou não – devolveu o moreno em tom de desafio. Tencionou ir para frente, mas teve que recuar, Gui havia lhe pegado pelo colarinho e o segurava contra a parede do corredor.
-Estou lhe avisando – o ruivo falava com o rosto muito próximo ao dele. Os olhos estavam injetados e a cor vermelha do rosto tinha um tom mais intenso – Você não vai entrar naquele quarto. Vá embora, tenha dignidade, ninguém lhe quer aqui.
-Solte-o, Gui! – os cinco viraram os rostos para encontrar Rony vindo em direção a eles – Ele está aqui por que Mione e eu queremos assim.
-Como é? Eu acho que estou com problemas de audição – disse Carlinhos em tom incrédulo – Depois de tudo que ele fez?
-Nós já conversamos e demos por encerrado esse assunto – Ron, respondeu.
-Ei! Espere um momento, esse assunto não se trata só de você e de Hermione, e você sabe muito bem disso Roniquinho – Fred disse em tom sarcástico.
-É isso mesmo! – concordou Jorge – A família toda foi atingida pelo que seu amiguinho fez, então é toda a família, ou pelo menos a maioria dela, quem tem que decidir se está tudo bem. E nos quatro aqui – apontou para ele e os outros três – não achamos que esta tudo bem.
-Mamãe e papai acham que esta tudo bem. Sabem que Harry está aqui.
-Acho que você está se esquecendo de alguém Roniquinho! – disse Jorge em tom venenoso.
-Nunca me importei com o que Percy pensa.
-Não seja tonto – disse Fred exasperado – Não é dele que estamos falando, você sabe muito bem que não.
-Isso também já foi resolvido. Ela também já sabe e não se incomodou – Harry entendeu que Ron falava de Ginny – Agora já chega! Depois conversamos. Andem, as visitas foram liberadas, dei um autografo para o filho da curandeira e ela deixou que todos entrássemos.
A contra gosto, Harry percebeu, Gui finalmente o largou e seguiu junto com os outros para o quarto. As esposas dos garotos, que tinham se aproximado do grupo junto com Ron, também se encaminharam para lá.
-Obrigado por ter me livrado dessa – Harry agradeceu a Ron.
-Eu não te livrei, só protelei – disse o amigo em tom divertido.
-Agora você conseguiu realmente me animar.
-Ah! Pare de reclamar. Vamos, vamos logo ver a minha princesinha – disse o ruivo enquanto arrastava o amigo.
Ao chegarem no quarto, só podiam divisar um pedaço muito pequeno da cama de Hermione, os garotos e suas esposas formavam uma barreira em volta dela. Ron abriu uma fenda para se postar ao lado da esposa. Os ruivos pareciam ter esquecido da presença de Harry, todos babavam a mais nova Weasley, enquanto teciam comentários:
-Ela é linda!
-Ruiva como todos os Weasleys.
-Os olhos dela são os de Ron.
-A fome também é dele – Fred disse e todos gargalharam – Desde que entramos, ela não para de se alimentar.
Os risos cessaram ao mesmo tempo que a porta do quarto foi aberta. Uma mulher de cabelos ruivos havia entrado. Em total sincronia, todos desviaram os olhares dela para Harry, e em seguida voltaram a fitar a ruiva. Esperavam a explosão, só que esta surpreendentemente não veio. Ginny, que mantinha o olhar fixo em direção a cama, simplesmente abriu um espaço na barreira humana para se aproximar da cunhada.
-Até que enfim! Que madrinha mais desnaturada, pensei que não viria conhece-la – disse Hermione em tom de indignação, fingindo não perceber a tensão que havia se estabelecido no quarto.
-Sabe muito bem porque não vim antes, mamãe estava aqui e não podia trazer Matt – ao proferir o nome do menino, Ginny sentiu que o ar havia se tornado mais pesado. Os irmãos e as cunhadas, menos Hermione, que lhe lançava um olhar de curiosidade, tinham uma expressão de terror no rosto. Foi Ron que movimentando apenas o canto dos lábios falou:
-Harry está aqui! – tinha que avisar a irmã, podia ter perdoado o amigo, mas não ia quebrar a promessa que havia feito sobre o sobrinho – Não fale mais de Matt.
Ginny lançou um olhar de confusão ao irmão, curvou a cabeça para trás e pode ver por trás das costas dos ruivos, Harry sentado no sofá encostado a parede oposta. Seus olhares se encontraram. O moreno a olhou de cima a baixo numa expressão abobalhada e ela sentiu o rosto corar. Resolveu tomar uma atitude para diminuir a tensão no quarto:
-Como vai Harry? – como cumprimento ele ergueu uma das mãos e deu um leve aceno de cabeça.
A ruiva viu os irmãos, exceto Ron, balançarem a cabeça e depois assumirem expressões de surpresa e confusão. Ignorando a reação deles e os olhares questionadores que lhe lançaram em seguida, voltou-se para a cunhada e para o bebê nos braços desta.
-Ela é tão linda – ouviu Ron murmurar orgulhoso “todos dizem isso” – Posso segurá-la um pouco Mione?
-É claro que pode!
Ginny com cuidado tirou a menina, que já terminara de mamar, dos braços da mãe. Segurou as mãozinhas da afilhada, onde depositou leves beijos. Com o indicador, acariciou a face rosada da menina. Voltou a olhar para a cunhada:
-Ela é perfeita – sorriu para Hermione, que lhe devolveu o gesto.
-Meu Merlin! – disse Ron – Parem de dizer coisas óbvias. Ela é linda, ela é perfeita, é claro que é, ela é minha filha e de Mione, oras! Tem a quem puxar.
-Muito obrigado por ter me incluído dessa vez Ronald – disse Hermione irônica.
-Não há de que – disse em tom sério e cortês.
De repente Fred correu esbaforido pelo quarto e abriu a janela, expirou profundamente e fez uma expressão de alívio.
-O que foi Fred? – perguntou Angelina para o marido – Está se sentindo mal?
-Estava me sentindo meio sufocado, mas agora estou bem.
-Sufocado?
-Sim – respondeu enquanto balançava a cabeça – O ego de Rony inchou tanto que tive que abrir a janela para lhe dar mais espaço e não morrermos aqui sufocados.
-Hahahaha... muito engraçado Fred! – disse Ron em tom irônico.
Nesse momento, uma enfermeira chamou Ron por uma fresta aberta na porta. O rapaz conversou com a mulher em voz baixa por alguns instantes, despediu-se dela com um aperto de mão e se dirigiu aos presentes no quarto.
-Ela disse que todos têm que sair, não pode deixar tantas pessoas no quarto por muito tempo – ouviu a família reclamar e tentando acalmar os ânimos continuou – Não se preocupem, como o parto foi normal, Mione receberá alta depois de amanhã, vocês poderão nos visitar em casa.
-Eu e Carlinhos não poderemos ficar, viemos porque é final de semana, teremos que voltar ao trabalho na segunda – disse Gui.
-Podemes voltarrrr amanhã parrrra uma última visita, chéri – a francesa lembrou ao marido.
Os Weasleys foram saindo, Ginny era a última da fila e Harry também já se levantava para sair. O moreno foi até a amiga.
-Volto mais tarde, vocês já tiveram muita agitação por hoje – se inclinou para dar um beijo na face da amiga e outro na fronte da afilhada. Depois cumprimentou Ron que segurava a porta – Qualquer coisa que precisar, me avise – o amigo concordou com um aceno de cabeça e Harry saiu.
Assim que saiu do quarto e a porta foi fechada, Harry viu que Ron tinha razão, não havia se livrado dos Weasleys. Os rapazes o encaravam, braços cruzados e expressões graves no rosto.
-Ronald e Hermione podem ter esquecido o que você fez Potter, mas nós não esquecemos – Carlinhos era o porta-voz dos garotos – Não quero ver você perto de nenhum de nós!
-Não se preocupem, não vou ficar perto de nenhum de vocês se é o que querem.
-Não se faça de engraçadinho, sabe que não nos referimos somente a nós quatro, papai, mamãe e Ginny estão incluídos – Gui deu ênfase ao pronunciar o nome da irmã.
-Você não pode decidir por eles – disse em tom de desafio.
-Posso decidir proteger a família, e é o que estou fazendo. Está avisado, se souber que andou por perto deles, vai ter que agüentar as conseqüências – disse o ruivo mais velho.
-Não vou desistir da minha família – disse Harry, determinado.
-Não somos mais sua família, um dia foi assim, mas hoje, depois de você ter feito o que fez, não é mais bem-vindo em nossa casa – Carlinhos estava se irritando com a ousadia do outro.
-Sei que não mereço consideração da parte de vocês, sei que o que fiz a Ginny foi errado, vocês têm todo o direito de não gostar de mim. Acontece que quando falei em minha família, estava me referindo a Mathew e a Ginny, se ela me aceitar de novo, caso não, tenho direito ao menos de estar com o meu filho.
-Filho? Você só pode ter enlouquecido, você não tem filho nenhum – disse Gui querendo transparecer divertimento, mas Harry percebeu nervosismo em sua voz.
-Não negue, Gui. Eu já sei de Matt, sei que ele é meu filho – disse o moreno em uma voz calma.
-Mathew não é seu filho, ele é filho de um trouxa que Ginny conheceu enquanto esteve em minha casa nos Estados Unidos – devolveu o ruivo tentando sustentar a história inventada pela irmã.
-Então deve ser um trouxa bem parecido comigo, por que o menino é quase uma cópia de mim exceto pela cor dos cabelos e dos olhos, isso vocês não podem negar – ironia e divertimento se misturavam em seu tom de voz.
Os quatro se entreolharam surpresos, em instantes Harry havia sido pego pelo colarinho, dessa vez por Carlinhos.
-QUEM LHE FALOU SOBRE ISSO? QUEM LHE FALOU SOBRE MATT?
-Provavelmente Ron... Aquele traidor – proferiu Fred com um momentâneo assomo de raiva pelo irmão mais novo.
-Ninguém me disse nada, eu o vi com meus próprios olhos – Harry não queria causar brigas entre a família.
-COMO? ONDE? – Carlinhos falava muito alto, as enfermeiras pediram que se retirassem dali – Vamos conversar em outro lugar.
Caminharam pelo corredor até que achassem um quarto vazio. Carlinhos empurrou Harry para dentro do local e os irmãos os seguiram. Fred proferiu um feitiço para que não pudessem ser ouvidos por quem passasse no corredor e também trancou a porta.
-Responda, onde viu Matt? – perguntou Gui.
-No Ministério.
-E o que diabos você fazia no Ministério? – quem perguntou foi Jorge.
-Eu trabalho lá agora – suas respostas eram secas.
-Desde quando trabalha no Ministério?
-Aproximadamente um mês.
-Como não ficamos sabendo disso? – Gui perguntou mais aos irmãos do que a Harry – O Profeta com certeza noticiaria a sua volta.
-Hermione deu um jeito de calar Rita Skeeter, ao menos por um tempo, as pessoas comentam a minha volta, mas como ainda não saiu no jornal, o barulho não é tão grande, além disso, evito me expor ao máximo.
-Em que seção você trabalha? – o ruivo mais velho perguntou.
-Na seção de aurores, sou parceiro de Ginny – resolveu dizer logo.
-E continua vivo? – Jorge não resistiu e perguntou em tom malicioso.
-Ginny sabe separar as coisas, é muito profissional, não falamos da nossa vida pessoal, só sobre trabalho – lembrou do fato com insatisfação e respondeu em tom monótono.
-Chega de perguntas – Harry sentiu alívio, mas a sensação não durou muito – A questão aqui é Matt. Como Ginny mesmo diz, você contribuiu para o nascimento de Matt... – Harry deu um muxoxo, lembrando da história de genitor – mas não a ajudou a criá-lo, você não é pai dele, não tem direito nenhum sobre o menino.
-Quem é você pra dizer isso? – Harry que estava calmo até o momento, se irritou com o comentário do ruivo – Matt é meu filho sim! Não me importa o que você pensa, ele é meu filho e eu tenho o direito de vê-lo.
-Não, não tem e não vai. Não se aproxime dele e mantenha máxima distância de Ginny, se souber que você ultrapassou os limites, venho acertar as contas com você.
-Então pode começar a acertar agora, não tenho medo de vocês. Suas ameaças não vão me impedir de ver o meu filho, ou de tentar recuperar Ginny – disse insolente.
-Eu não estou brincando Potter! – Carlinhos tinha se aproximado de Harry, o rosto e as pontas das orelhas vermelhas.
-Nem eu! Já disse que não tenho me... – um punho fechado se chocou contra o seu rosto o forçando a cessar sua fala.
-Eu lhe avisei! – urrou o ruivo e desferiu outro soco, que dessa vez não acertou o alvo, Harry estava preparado para se defender.
Os dois se atracaram sem interferência dos outros que julgavam uma luta um a um, como justa, apesar de Carlinhos ser maior e mais forte que Harry. O moreno levou alguns golpes, mas também contemplou o ruivo com uma boa quantidade. Havia sangue saindo do seu nariz, de sua boca e do seu supercílio direito. O ruivo também tinha o rosto bem estragado, fisicamente levava vantagem sobre o moreno, mas este já não era o garoto magricela de antigamente, a Guerra e o treinamento na academia haviam o tornado mais forte e mais ágil.
-O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI? – Harry ouviu a voz de Ginny gritar – Carlinhos e Harry! Parem já os dois! – após cada um dar um último golpe no respectivo inimigo, se levantaram rapidamente e se postaram desafiando um ao outro – E vocês três por que ficaram só olhando ao invés de acabar com essa palhaçada? – a ruiva tinha posto as duas mãos na cintura.
-Bom eu até que queria, mas Gui achou mais justo deixar que Carlinhos sozinho desse um fim nesse daí – disse Fred, contrariado, apontando para o moreno que acabava de reparar os óculos com um feitiço.
-Que comportamento é esse, Carlos? – perguntou a esposa do rapaz – Estamos em um hospital, você não tem respeito?
-Quem não tem respeito é ele – respondeu apontando para Harry – Ele desrespeitou a minha família ao estar aqui. Sabia que a presença dele não nos agradaria.
-Hermione e Ronald, o querem aqui, foi a filha deles que nasceu, e eles querem que Harry fique – devolveu a mulher.
-É isso mesmo, Helena. Você não tem o direito de desautorizar a presença de Harry, isso não lhe interessa, Carlinhos! – disse a ruiva dando apoio a cunhada.
-Ginny! Como pode defendê-lo? Permitir a presença dele aqui depois do que ele lhe fez? – perguntou Gui incrédulo com o discurso da irmã.
-Não estou defendendo ninguém, a questão é que sei separar as coisas. Harry é amigo de Ron e de Mione, e esse momento é deles, se eles o querem aqui, não cabe a mim ou a vocês decidir sobre a permanência ou não dele no hospital.
Harry se ocupava em dar um jeito em seus ferimentos com a varinha, escutou o discurso da ruiva e se sentiu bem ao ver que ela o defendia, porém, quando naquele tom de neutralidade, que ele detestava, Ginny afirmou que não o fazia, o bem-estar o abandonou.
-Tudo bem, você está certa, não podemos decidir sobre a presença dele aqui – concordou Gui a contragosto – Mas podemos decidir que não o queremos perto do resto da família, ou perto da Toca.
-Já disse que não vou me afastar, não vou desistir – disse Harry desafiador.
-O que foi, Potter? Será que as pancadas que levou não serviram para nada? Quem sabe mais algumas resolvam – Carlinhos tentou se lançar sobre Harry, mas foi impedido pela esposa que espalmou as mãos sobre seu peito.
-Chega Carlinhos! – disse Helena enquanto o segurava.
-Não, não serviram, assim como as que você levou não serviram para lhe mostrar que eu não vou desistir – respondeu o moreno com serenidade.
-Ora, seu... – tentou alcançar o outro, porém a esposa o impedia – Me solte Lena! Não vê que ele está me provocando?!
-Já chega, Carlinhos! Vamos embora! – Ginny disse enquanto ajudava a cunhada a segurar a fúria do ruivo.
-Isso serrrve prrra você tambam Guilherrrme! – Fleur se pronunciou – Já chegue de confuson porrr hoje.
Os dois ruivos ainda mantinham um olhar ameaçador sobre Harry, pareceram pensar por uns instantes e se entreolharam pedindo a opinião um do outro. Por fim Carlinhos voltou a se manifestar:
-Tudo bem, vamos embora! – segurou a mão da mulher e antes de sair do quarto olhou de soslaio para Harry.
Harry sentiu alívio com a decisão, não que estivesse com medo, mas se sentia mal por ter se atracado com o ruivo daquela maneira, nunca pensou que fossem chegar a algo tão extremo. Riu do próprio pensamento. Estava lidando com um Weasley, estourados do jeito que eram os membros dessa família, o acontecido era bastante previsível.
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Que comportamento grotesco! Dois adultos se atracando como dois moleques. Imaginou o que teria acontecido se não tivesse conseguido abrir a porta do quarto no hospital. Havia visto o momento em que eles entraram, mas perdeu um bom tempo tentando abrir a porta para conseguir entrar no quarto.
Aparatou junto com as cunhadas e os irmãos nos jardins da Toca, logo um bando de crianças correu em direção a eles. Apesar dos tons diferentes, todos tinham cabelo ruivo, exceto Matt. Todos os garotos Weasley já eram pais, com isso, a família tinha crescido consideravelmente.
Gui e Fleur tinham dois filhos, Claire, de nove anos e Louis, de oito; Carlinhos e Helena, que era grega, tinham três, Heitor, Athena e Aquiles, com respectivamente nove, oito e seis anos; Fred e Jorge, que haviam se casado com as colegas de escola, Angelina e Alicia, tinham gêmeos, o primeiro era pai de Elijah e Joshua, de sete anos e o outro de Katherine e Kaitlyn, de seis. Havia ainda o filho de Percy, Edward, de sete anos, que para desespero do pai, era tão levado quanto os tios gêmeos, mas aparentemente ele não estava entre os pequenos.
As crianças haviam ficado sob cuidado da avó, que incrivelmente conseguia manter o controle sobre os pequenos... pelo menos na maior parte do tempo. Assim que os garotos se aproximaram, se jogaram sobre os pais, fazendo mil perguntas sobre a prima que tinha nascido.
-Como ela é?
-Meu pai disse que ela ia nascer com cara de joelho, é verdade?
-Não se pode acreditar em tudo que o Tio Fred fala, Josh.
-Ela é muito pequena?
-Com quem ela se parece?
-Quando vamos poder brincar com ela?
-É! Quando ela vai poder caçar gnomos com a gente?
-Não seja tonto. Ela é um bebê, não vai poder caçar gnomos.
-Quando agente vai conhecer a nossa prima?
Como a pergunta feita por Matt era a maior dúvida entre eles, todos, enfim, se calaram para ouvir a resposta.
-Logo, meu amor – respondeu Ginny ao filho – Assim que sua madrinha sair do hospital vocês poderão visitar ela e Anne.
-Por quê não podemos ir até lá hoje? – Louis perguntou. Agora, com eles falando, um de cada vez, era mais fácil identificar o autor da pergunta.
-Sua tia está muito cansada, cherry. Non pode receberrr mais vistas hoje.
-Quando a tia Mione vai sair do hospital? – Claire perguntou para a mãe.
-Depois de amanhã.
-Mas mamã! Nós vamos embora amanhã, não vamos conhecer Anne? – disse em tom decepcionado a ruivinha.
-Nós também! – Heitor disse para depois se dirigir ao pai – Papai, não quero ir embora sem ter visto a Anne e a Tia Mione.
-Não se preocupe Heitor, sua mãe pode ficar aqui com vocês mais dois dias e depois voltar para a Romênia, eu cubro o trabalho dela na reserva – o ruivo respondeu ao filho.
-E nós mamã? Também podemos ficar para conhecer Anne?
-Sim, mon cher.
Todas as crianças comemoraram as declarações dos tios. Os adultos voltaram a andar em direção a casa e só então perceberam o Sr. e Sra. Weasley sentados na varanda, certamente estavam ali para vigiar os netos.
-Como estão Hermione e Anne? – assim que chegaram ao local foram interpelados pela mãe.
-As duas estão bem, Mione receberá alta na segunda-feira pela manhã – respondeu Ginny.
-Ótimo! – a mulher então olhou para os outros filhos e depois de apertar os olhos na direção de Carlinhos, exclamou – O que aconteceu com seu rosto meu filho? – se levantou e foi olhar o ferimento no canto esquerdo da boca do filho, que se amaldiçoou por ter esquecido de curar o local.
-Não foi nada, mamãe! – disse limpando o local com a mão.
A mulher apertou um pouco mais os olhos e então disparou:
- Você andou brigando! – disse, dedo em riste e uma mão na cintura.
-Claro que não, mamãe! Que idéia! Os meus lábios estão ressecados, devem ter rachado, por isso o sangue – afirmou de maneira pouco convincente.
-Não minta para mim Carlos Weasley! Conheço essa cara, você andou brigando, tenho certeza, pois essa é a mesma expressão que se via no seu rosto quando brigava com Gui ou com algum vizinho. Vamos, diga com quem brigou.
-Com o Potter – respondeu de maneira rápida e baixa, mas mesmo assim a mãe conseguiu escutar.
-O que? Eu não acredito, você vai fazer uma visita e arruma uma confusão com o amigo de seu irmão, espero que não tenha sido no hospital – o ruivo fez uma careta, que a mãe entendeu muito bem – Você se atracou com Harry dentro do hospital?
-A culpa foi do quatro-olhos, mamãe! – Fred saiu em defesa do irmão.
-Não se meta Frederic, estou falando com seu irmão e não com você – cortou a ruiva, rispidamente – Vamos entrar, quero saber tudo o que aconteceu – mudando o tom drasticamente se virou para as noras e disse – Queridas fiquem aqui cuidando das crianças, sim?!
As moças que sabiam o que estava por vir, concordaram prontamente. Ginny também entrou, aproveitaria a ocasião para comunicar a decisão que tinha tomado em relação a Harry. O Sr. Weasley também os acompanhou. Mal a porta se fechou, a matriarca exigiu saber o que tinha acontecido, o filho mais velho lhe contou a história, desde o momento em que avistou Harry no corredor, até a intervenção da irmã no quarto.
-Repito o que sua irmã e Helena disseram, vocês não tinham o direito de expulsar Harry do St. Mungos, ele era convidado de Rony e Hermione.
-Não acredito que eles o perdoaram tão depressa, depois de tudo que ele fez a eles, a nossa família, principalmente a Ginny – declarou Gui.
-Guilherme, Harry deve ter tido seus motivos para ir embora, provavelmente os revelou a Ronald e Hermione e eles compreenderam. Além disso, acho que vocês estão exagerando, ele não fez nada conosco, simplesmente foi embora – tentou explicar o Sr. Weasley.
-Ele abandonou Ginny grávida! Ou o Sr. se esqueceu disso? – Gui não estava acreditando na condescendência do pai.
-Mas ele não sabia disso, se soubesse com certeza não teria ido, Harry é um rapaz muito honrado e leal, isso ninguém pode negar.
-O problema de Harry é com Ginny, e eu não estou vendo sua irmã reclamar da presença dele ou concordar com o que você fez – completou a Sra. Weasley – Cabe a ela resolver esse assunto.
-Mamãe, sinceramente não entendendo a Sra. e papai, sempre nos ensinaram que devíamos proteger nossa família, que o problema de um era de todos, e agora vocês estão nos dizendo para fazer o contrário, querem que não nos envolvamos, que deixemos Ginny resolver tudo sozinha? – Carlinhos estava levemente decepcionado com os pais.
-O que acontece, meu filho, é que o problema envolve dois, ou melhor, três membros da família, então a forma de lidar com tudo, muda.
-Três membros da família? – Fred perguntou confuso.
-Sim, Ginny, Matt e Harry – respondeu o ruivo com tranqüilidade.
-Harry não é da nossa família – Gui afirmou irritado.
-Sim, ele é! – corrigiu a Sra. Weasley – Sempre o considerei como um filho. Assim como se vocês errassem eu os perdoaria, eu perdoei Harry. Percy cometeu um erro muito mais grave que ele, e mesmo assim o perdoamos, então por que não podemos aceitar Harry de volta?
-Quanto a Percy, fale por você, mamãe! – disparou Jorge.
-O que Gui quer dizer mamãe, é que Harry não é do nosso sangue – acrescentou Carlinhos, ignorando o último comentário.
-Ai esta uma coisa que eu nunca ensinei a vocês! – o Sr. Weasley parecia surpreso – Que história é essa de sangue? Nossa família nunca se firmou nesse tipo de argumento. Harry é sim da nossa família, está ligado a nós por laços bem mais fortes. Sempre foi leal a nós, enfrentamos uma Guerra juntos, já salvou a minha vida e a de sua irmã e mesmo podendo se cercar de pessoas tidas na sociedade como ilustres, ele não o fez, ele escolheu a nós para ser sua família, será que sangue é maior do que isso?
-Papai, ele não se lembrou da família dele quando foi embora, nem ao menos manteve contato durante os anos que esteve fora – relembrou Gui.
-Não estou dizendo que o que ele fez foi certo, meu filho, acontece que não acho que devemos puni-lo por isso. Ele sabe que errou e o que perdeu por isso, não tem sentido afastá-lo de nós, ele já aprendeu o que devia.
Os dois rapazes mais velhos se calaram por momentos, refletindo sobre o que o pai havia dito. Ginny observava a tudo calada, estava esperando sua deixa, que veio momentos depois por intermédio de Carlinhos:
-Tudo bem, papai. Compreendi tudo que você disse, eu particularmente estou disposto a dar uma chance a Harry. Mas Ginny não o quer por perto e acho que devemos respeitar a decisão dela.
-Eu já não penso assim Carlinhos – se manifestou a ruiva.
-Não?! – perguntaram os quatro irmãos ao mesmo tempo, surpresos com a declaração da irmã, era raro as decisões dela mudarem.
-Como papai disse, há três pessoas envolvidas nisso e Matt é uma delas. Harry disse que quer conviver com ele e caso Mathew o aceite, não vou me opor a presença do pai dele nessa casa.
-Mas você sempre disse que Harry não era pai de Matt por que não tinha a ajudado a criá-lo, nos fez prometer que não contaríamos a ninguém de quem ele era filho, que não queria mais saber de Harry na sua vida – Carlinhos estava surpreso com a reação da irmã.
-Continuo não o querendo na minha vida, mas não posso tirar de Matt a chance de conviver com o pai, seria muito egoísta e injusto de minha parte – concluiu a ruiva.
-Você está certíssima, minha filha – o Sr. Weasley se manifestou novamente.
-Bem, se você pensa assim minha irmã, como Carlinhos, estou disposto a dar uma chance a Harry, também acho que vá fazer bem a Matt ter o pai por perto.
Ouviram dois suspiros na sala e em seguida a voz dos gêmeos:
-Graças a Merlin! Achei que esse dia nunca fosse chegar.
-Eu também Jorge, eu também.
-Do que vocês estão falando? – perguntou uma confusa Sra. Weasley.
-Ora, mamãe! A Sra. não percebeu que depois dessa história de promessa, nós nos tornamos muito sérios?
A Sra. pensou que se isso realmente tivesse acontecido, fora em escala mínima, já que os filhos mantiveram a gaiatice em alta desde sempre.
-Essa história de ter que proteger um grande segredo de família estava nos consumindo.
-Com certeza, Fred. Agora, que não temos mais que nos preocupar em defender a honra de nossa amada irmã, poderemos voltar com força total.
A última declaração surtiu um efeito imediato na Sra. Weasley, que antes estava com um largo sorriso de satisfação estampado no rosto, devido o sucesso da conversa, e agora exibia uma expressão de terror no rosto.
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N/A: Eu sei que ta ficando meio batido isso de pedir desculpas, mas é o que eu posso fazer, people, MIL DESCULPAS. Estou em férias, porém estou fazendo um estágio, chego morta em casa, sem condições de fazer nada e por isso a demora na atualização. Chega de lenga, lenga e vamos aos comentários.
Paulinha Potter: Fico feliz de ter conseguido imprimir na cena o jeito do segundo casal mais legal de todos, era tudo que eu queria. Fique tranqüila você vai ler muitas cenas sobre o primeira casal mais legal de todos. BJOS
Expert2001: Obrigada pelo elogio. Com certeza o Harry está sofrendo com o fato de ter perdido tanto tempo da vida do filho, mas agora tudo vai se resolver. Continue acompanhando.
Tucca Potter: O nascimento da Anne foi lindo mesmo né?! Eu estava ansiosa para escrever essa parte, espero que tenha conseguido passar bastante emoção. Quanto a Ginny ajudar o Harry, bem... É óbvio que isso vai ajudar na aproximação com o Matt, o que não quer dizer que vai ser fácil. BJOS.
Carol Potter: O Matt é lindo mesmo! Muito fofo. Quanto a não demorar a postar, hehehehehe... Bem, demorou, desculpas. BJOS e continua acompanhando.
Tonks & Lupin: Que bom que gostou do nascimento da Anne, eu tentei passar bastante emoção nessa parte, principalmente em relação ao Rony. É, você tá certa, o nosso amado casal vai se acertar aos poucos, MUUUUUIIIITO aos poucos... ou não, hauahauhauahua. Cenas dos próximos capítulos.
Larissa Manhães: Hahaha, você caiu na pegadinha, achou que ia acontecer uma coisa bem séria, não foi? Bem, essa foi a intenção. Mas como você viu era só um ataque do Ron. Que bom que gostou do capítulo, tomara que goste deste também. BJOS.
Dora: Não se engane com a ruiva, ela só consegue separar as coisas. Harry vai ter que ralar muito para conseguir amolece-la. Por enquanto, vamos nos focar no Matt. Bjos.
Camila Lino: Bem, nessa fic, não vai dar para ver os grandes feitos da Anne, afinal ela é muito novinha, o Matt, nos próximos capítulos, vai dar mostras da mistura Weasley/Potter, pelo menos no quesito teimosia. BJOS.
Mari Black: A conversa vai acontecer mais para a frente, o que obrigará você a continuar acompanhando a fic, hehehehe. E como diria o Rony: “É claro que a Anne é fofa, ela é minha filha e da Mione”. BJOS.
Priscila Louredo: Como eu sei da sua queda? Pesquisa de campo, minha cara. E eu não gostei dessa história de que aqui vai demorar menos tempo pra eles se acertarem aqui do que na sua fic, definitivamente, isso não me agradou, por que eu pretendo... Bem, deixa pra lá. BJOS.
Mayra Black: Com certeza os gênios de pai e filho são parecido, soma-se aí o fato de que o filho tem como mãe uma Weasley, já viu, né? BJOS.
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