It's all about blood
Antes de sair, Draco olhou para Bellatrix mais uma vez, sentindo que a parte em seu coração que ficava vazia desde que soubera sobre os atos de seu pai estava preenchida novamente e que ele tinha uma segunda casa agora. Adorava a tia mais do que nunca, pois sabia que nela podia ter sempre alguém para contar suas conquistas e confiar sempre. Bellatrix era leal com quem ela gostava, e agora ele percebia o quanto ela gostava dele. Simples: tanto quanto ele gostava dela. E isso era muito.
Herdeiras do Mal 2 – E começa a guerra bruxa
Capítulo 18 – It’s all about blood
A Mansão era por demasiado grande para ser toda conhecida naquelas poucas horas, ainda havia quartos desconhecidos a todos exceto Voldemort, que ali estivera por diversas vezes antes.
Viram as salas principais naquele primeiro dia, deixando por último o imenso salão de baile, que ficava em uma parte mais rebaixada do terreno, assim sendo ligado à casa por uma escada. Era um pouco maior do que o da Mansão Malfoy e bem mais ostentador. Ouro e prata por todos os lados eram a prova. Ali grandes festas poderiam ser dadas e, a presença daquela escada ligando-o ao resto da casa, dava aos convidados uma entrada triunfal, sendo que todos teriam que descer aqueles degraus. Grandes portas de vidro davam para a parte mais baixa do jardim dos fundos – aquele com as rosas – perto do lago. A vista daquelas portas de vidro era maravilhosa. Mesmo sendo rebaixado em relação à casa, ele era muito bem iluminado por ter sido especialmente construído para ligar-se com aquela parte baixa do jardim. Inteligente, a construção.
Durante esta visita ao salão de baile foi que Voldemort conversou com os Malfoy sobre a estadia de Draco, prontamente liberada pelo casal. Não negariam um pedido de Voldemort. Nunca.
Voldemort e Bellatrix eram os últimos ainda presentes no salão. O sol da tarde passando pelas portas e janelas refletia o ouro e a prata que enfeitavam o local.
- Impressionante. – disse ela, girando em torno de si mesma. – Posso imaginar as festas que aqui serão dadas. – ele assentiu. – Principalmente quando formos os donos do mundo. – ela sorriu, os olhos brilhando de ambição.
- E isso, minha cara, não há de demorar. – ele segurou a mão da mulher e beijou-lhe o dorso. Não soltou a mão dela. Continuou segurando-a e, com a outra mão, puxou-a pela cintura.
Bellatrix apoiou a mão livre no ombro dele, e o Lorde se moveu, guiando-a numa valsa lenta e sem música. Ela seguia os passos de Voldemort, rindo. Ele ria junto, aumentando o ritmo da valsa e inserindo giros. Aos poucos, ele voltou a diminuir o ritmo e inclinou Bellatrix, para terminar.
Ainda com o corpo inclinado, ela transferiu a mão para a nuca dele e o beijou, de forma rápida e intensa. Durante o beijo e,e desinclinou-se junto com dela, voltando à ter postura. Separaram os lábios e se encararam profundamente.
- Não dou um ano e o mundo será nosso. – Bellatrix sussurrou e ele assentiu, concordando com aquela supostamente louca alegação. Antes do fim daquele ano, de fato não teria quem os contestasse.
- E é exatamente para garantir isso, minha cara, que eu preciso te deixar... Tenho coisas para revisar, sobre o golpe do Ministério. – ela concordou com a cabeça. – Está tudo no escritório... Por lá ficarei... Tem muito para fazer na casa, não ficará entediada.
- Imagino que não...
- Nos vemos mais tarde. – ele beijou-lhe a mão e subiu as escadas, em direção ao resto da casa enquanto ela permanecia admirando o salão.
Ao fim do dia, Voldemort finalmente conseguiu desligar-se dos relatórios sobre a tomada do Ministério que os Comensais lhe haviam mandado, eles estavam perto de descobrir quem fora o auror que lançara a proteção na vila de Charity. Assim que isso acontecesse, a Maldição Imperius lhe seria aplicada.
O escritório não perdia em charme e elegância para nenhum dos outros cômodos da Mansão Slytherin. Móveis finamente esculpidos em caras madeiras, tecidos finos nas cortinas e assentos, lareira e chão de mármore, pés dos móveis em prata. Tudo ostentando sua posição, como ele desejava. Mesmo que tivesse Comensais mais ricos, estava acima de todos. Contudo, não desejava mais ficar trancado naquele escritório. Levantou-se e foi até a porta, indo até a escada, queria ir para seu quarto, descansar.
Estranhou ao chegar ao quarto e encontrar as cortinas fechadas e as luzes fracas, bem fracas. Examinou o quarto com os olhos, procurando a causadora daquele clima tão sensual. A porta fechou-se sozinha atrás de si e ele ouviu o trinco fechando. Sozinha uma vírgula, ele sabia quem havia fechado. Voldemort afrouxou a gravata, que já o estava sufocando apenas por conta daquele suspensezinho que ela estava criando. Maldita Bellatrix, ele mal entrara no quarto e já olhava para a cama imaginando como seria a estréia da mesma.
Os olhos de Voldemort não encontravam a mulher em lugar algum, somente podia perceber a presença forte dela ali, pelo clima, pelo perfume que infectava o quarto como um entorpecente. A parte ruim de um quarto grande era exatamente essa.
- Procurando alguma coisa? – ele ouviu a voz dela soar suave e carregada de sensualidade em seu ouvido. Procurou de onde ela vinha, e olhou na direção da porta do closet dela. – Ou seria alguém? – Bellatrix passou pela porta, andando lenta e perigosamente na direção dele.
O Lorde percorreu a mulher toda com os olhos, comendo-a em cada olhar. A camisola longa e negra, com certa transparência, modelava o corpo dela magnificamente.
As pernas longas estavam um pouco à mostra por causa da fenda no lado direito e ele não podia evitar deixar os olhos pararem ali um pouco, desejando marcar aquela pele de porcelana com seus beijos, suas mãos.
Desceu mais os olhos até os pés dela, emoldurados por uma sandália de salto altíssimo, tão negra quanto a camisola. Os passos dela quase não faziam barulho e eram torturantemente lentos.
Voldemort subiu o olhar para o belo rosto dela, os olhos pintados em negro, os lábios desenhados em um vinho muito escuro, toda a maquiagem contrastando com a palidez dela. Notou também que ela usava o colar favorito: um coração de esmeralda envolvido por uma cobra, mas combinado com uma gargantilha rígida de prata cravada em brilhantes. Viu os brincos médios de brilhantes nela e uma pulseira de esmeraldas.
Os longos cabelos dela estavam presos num coque meio frouxo, deixando o pescoço todo e, certamente, a nuca que ele ainda não havia visto, à mostra. Os lábios dela curvaram-se em um sorriso malicioso quando os olhos se encontraram.
- Vai a alguma festa? – ele perguntou, fazendo a pose de sério. – Digo por causa das jóias...
Bellatrix não respondeu, ela apenas umedeceu os lábios e andou ao redor do corpo dele, sua unha do indicador raspando nas costas do Lorde por cima do casaco. Parou atrás dele, com um sorriso cheio de devassidão que ele infelizmente não pôde ver.
- Não preciso ir a uma festa, posso fazer uma aqui mesmo. – Ela sussurrou contra o ouvido dele, com a carga de sensualidade que ela usara antes triplicada. Bellatrix chupou o lóbulo da orelha dele, dando uma mordida leve no fim, puxando um pouco. Voldemort fechou os olhos e os abriu rapidamente, recuperando-se do arrepio que ela lhe causara. – Contudo, eu não posso fazer uma festa sozinha. – ela andou para frente dele e o segurou pela gola do casaco.
- E eu adoraria saber desde quando você está sozinha. – ele respondeu, segurando firmemente a cintura dela.
- Não estou sozinha, mas você parece tão cansado... – ela disse próxima aos lábios dele, depositando um selinho rápido ali. – tão tenso com todas essas coisas do Ministério, que não sei se gostaria de me ajudar na festa.
- Sabe, Bella, que você está errada. A coisa que eu mais quero nesse momento é uma festa particular contigo. – Voldemort a beijou intensamente, aumentando o aperto na cintura da mulher, que gemeu em seus lábios sabe-se lá se por dor ou prazer.
Bellatrix correspondeu ao beijo à altura, percorrendo os braços dele com as mãos, trazendo-o para mais perto de si, até chegar com uma delas ao ombro e outra à nuca do Lorde, local sensível do qual ela se aproveitou ao passar leve e lentamente as unhas por ali. A morena cortou o beijo, mordendo o lábio dele e puxando. Voldemort sentiu o hálito quente dela propositalmente bater em seu lábio recém mordido. Ela sabia provocar e como.
- Mesmo assim, eu acho que eu sei como deixá-lo completamente relaxado e bem para começarmos nossa festa com todo o vigor que merecemos. – ela sussurrou, o sorriso nos lábios e o olhar provocante escancarando a lascívia daquela mulher.
Voldemort imaginava o tipo de coisas que ela poderia fazer para relaxá-lo, no entanto se ela dizia que seria anterior à festa dele ele imaginava que todas suas suposições estavam erradas.
Bellatrix ficou de costas para ele e o puxou pela mão, fazendo o corpo dele quase encostar-se ao seu. Voldemort sentia mais o perfume dela exalar a cada passo que a mulher dava. Sua nuca, sua curva do pescoço e as costas – devido a um decote traseiro da camisola – estavam completamente à mostra para ele. Ele havia feito um enorme acerto ao comprar aquela camisola para ela quando mudaram praquela casa, e ela ficara melhor em Bellatrix do que ele mesmo podia imaginar. Mas ele sabia que, por mais bonita que fosse a roupa, ele a preferia sem nenhuma.
O Lorde não resistiu a agarrá-la por trás e beijar seu pescoço com vivacidade, de forma que deixaria sérias marcas por ali especialmente em uma pele tão branca. Bellatrix segurou-se nos braços dele e fechou os olhos, aproveitando o carinho por um momento, mas seus planos eram outros. Delicadamente, ela separou-se dos braços dele e virou-se para olhá-lo de frente.
- Primeiro vamos cuidar de sua tensão... Depois, pode festejar comigo o quanto e como desejar. – as palavras dela fizeram os pensamentos mais impuros do Lorde dominarem sua mente.
Ela o puxou até os pés da cama e o sentou naquele banco acolchoado que ali ficava. Ela ajoelhou-se na cama, logo atrás dele, deixando suas pernas encaixarem-se nos quadris de Voldemort.
Bellatrix puxou o casaco do bruxo, fazendo-o escorregar por seus braços. Ele a ajudou e jogou a peça de roupa longe. Ela debruçou-se sobre ele e tirou sua gravata, que se juntou ao recém tirado casaco no chão. Os dedos dela brincaram com os botões da camisa dele primeiramente para depois, finalmente, abrir alguns dele. Até a metade, somente. Ela puxou a camisa um pouco, deixando os ombros dele à mostra.
As mãos dela passaram levemente pelos ombros de Voldemort, arrepiando-o visivelmente, principalmente quando ela passava apenas as pontas dos dedos e das unhas. O Lorde não pôde evitar fechar os olhos face às carícias dela.
- Tão tenso... – sussurrou ela contra o ouvido dele, começando a massagear calmamente seus ombros. – Problemas? Ou apenas a demora usual dos Comensais?
- Segunda opção. – respondeu o Lorde, sentindo seu corpo relaxar sob as mãos dela.
Bellatrix continuou a massagear os ombros dele, descendo um pouco por seus braços e costas, enquanto seu corpo permanecia encaixado no dele. Ela puxou mais a camisa na medida em que descia as mãos. Voltou as mãos para os ombros dele, deixando-as deslizar para o peito do Lorde, que mostrava-se cada vez mais relaxado nos braços dela.
- Sabe que me irrita o estado em que a incompetência deles te deixa... – ela beijou o pescoço dele, ainda sem parar de mover suas mãos massageando cada parte de pele desnuda dele.
As mãos daquela mulher eram macias, delicadas e deixavam uma trilha quente na pele fria dele à medida em que passavam por ali. Bellatrix esfregava o corpo no dele propositalmente à medida que o massageava.
O Lorde sentia o corpo dela encostando-se sensualmente no seu, em sincronia com as mãos habilidosas que pareciam saber exatamente onde tocá-lo para, além de relaxá-lo, arrepiá-lo. A cabeça dele pendeu suavemente para frente quando a massagem chegou ao pescoço.
Bellatrix percebia os músculos dele relaxando cada vez mais com seus toques precisos, mas delicados. Ela sorria sem que ele visse com os outros efeitos que ela causava quando encostava seu corpo – coberto apenas pela fina camisola – no dele. Era quando a respiração calma dele se tornava entrecortada.
- Sentindo-se melhor? – ela perguntou, a boca próxima da curva do pescoço dele. – Mais disposto? – ela passou a unha lentamente pelo braço e pelo ombro dele.
Voldemort abriu os olhos quando as mãos dela pararam para que ela falasse, quase com certo desapontamento sendo que a massagem estava deliciosa. No entanto, nada podia naquele momento ser melhor do que o que estava subentendido no tom de voz dela.
- Estou sempre disposto. Melhor? Sim, muito. – ele virou-se na direção dela, apoiando as mãos na cama ao lado das pernas dela. – Mas você sabe o quanto eu posso ficar melhor.
Bellatrix sentiu todos os pêlos de seu corpo se arrepiarem com o tom de voz dele, tão baixo, tão penetrante. Maldita antecipação. Ela sabia do que ele era capaz, ele também sabia. Precisavam estrear aquela cama logo. Culpa dela, também, que adorava provocar. É, ela adorava.
- Infelizmente eu não posso adivinhar o quão melhor pode ficar, precisa me mostrar. – ela diminuiu o tom de voz, voltando a massagear os ombros do Lorde.
- Com todo o prazer. – Voldemort segurou as mãos dela em seus ombros e sentiu-a tremer por um momento. – O que foi, Bella? – Voldemort virou-se na direção dela, sorrindo maliciosamente de canto. – Já está tremendo? A antecipação está te afetando tanto assim hoje?
Voldemort apoiou as mãos ao lado do quadril dela, na cama. Ele inclinou o corpo, o rosto quase encostado no de Bellatrix. Dada a proximidade com a qual ela havia se sentado antes, o acesso a ela – mesmo ele ainda estando no banco – ficara muito facilitado. A mão dele foi de encontro à coxa dela que estava exposta pela fenda da camisola. Os lábios dele ameaçaram tocar os dela, mas foram direto para a pele do pescoço.
Bellatrix contraiu todo o corpo e fechou os olhos ao sentir o gelado dos lábios de Voldemort em seu pescoço e as pontas de seus dedos acariciando sua coxa. Assim como a carícia, os beijos foram muito suaves, apenas um roçar dos lábios.
- Eu pensei que para te fazer tremer assim eu fosse precisar de um pouco mais de atenção... – a mão que estava na coxa subiu pelo corpo dela, com a mesma leveza nos toques e alojou-se na cintura. Bellatrix sabia que aquela maneira não usual de tocá-la tinha motivo. Provocação. Maldito. Encostava, criava faíscas e logo tirava a mão. Por que não acabava com aquela tortura de uma vez? Cuidado com o que pede, Bella. – Talvez agir de forma mais invasiva. – Voldemort puxou a cintura de Bellatrix com uma força bastante considerável e ela deslizou para a cama, seu quadril chocou-se com o dele e o encaixe formado entre os corpos deixou que ela sentisse a ereção dele já formada. Bellatrix gemeu, sentindo-o ainda que por cima das roupas.
- As far as I know… Eu também não fiz nada demais para justificar isso. – ela movimentou o quadril contra o dele, dando a entender a que se referia. Ela sorriu vitoriosa, enquanto ele mantinha-se impassível.
- Você nasceu. – ele sussurrou contra os lábios dela. Bellatrix não conseguiu evitar o gemido de satisfação ao ouvir aquilo. Por mais que ela tentasse, e ela tentou muito.
Duas palavras, o suficiente para acabar com ela. Bellatrix não conseguia formar um pensamento sensato naquele momento. Ela não pensava, ela sentia, ela desejava. E não existe de fato nada melhor do que deixar-se guiar pelo instinto. Não em um momento como aquele.
Muito menos do que uma palavra foi necessária para acabar também com toda a racionalidade de Voldemort: apenas um barulho, o gemido que ela não conseguiu conter, foi o suficiente para fazê-lo selar os lábios nos dela com certa fúria.
Bellatrix cravou as unhas na nuca dele, trazendo seu rosto para mais perto, aprofundando o beijo. Se é que podia ser chamada assim aquela luta que as bocas de ambos travavam pela dominância, uma luta sincronizada, prazerosa, em que nunca haveria de fato um perdedor.
As pernas de Bellatrix enroscaram-se nas de Voldemort e sua mão desceu desde a nuca até a base das costas, por debaixo da camisa semi aberta. A cada carícia ela o trazia para mais perto de seu corpo, como se fosse possível.
Ele apertou a coxa exposta dela com força, arrancando-lhe um gemido em meio ao beijo. O Lorde não conseguiria nunca explicar a satisfação que cada gemido dela lhe proporcionava, talvez fosse algum tipo de instinto masculino de poder ou algo do tipo. Não importava, na verdade.
Ele levou uma das mãos aos cabelos presos dela e os soltou, jogando o prendedor longe. Os cabelos dela caíram sobre seus ombros, exalando o perfume que ele tanto conhecia e do qual nunca enjoaria. Emaranhou os dedos por entre os fios e os puxou sem muita força, apenas o suficiente para cortar o beijo, segurando o lábio inferior dela com seus dentes por um segundo, até soltá-lo totalmente e olhá-la nos olhos.
- Eu acho que... – Bellatrix passou as unhas pelo peito semi coberto dele e sorriu, com os olhos brilhando de malícia. – Agora é a minha vez de mandar. – ela o segurou pelos braços e rolou na cama, ficando por cima dele.
- Como quiser, my lady. – respondeu Voldemort, enquanto ela segurava os dois braços dele e os segurava presos ao colchão, ao lado da cabeça de Voldemort. Ele lhe rendera o controle, ela não desperdiçaria.
Bellatrix terminou de abrir a camisa dele, puxando-a pelos dois lados, destruindo com os botões. Voldemort não resistiu a provocá-la.
- Outch. Quanta pressa, Bella... – as mãos dele fizeram o contorno dos quadris e da cintura dela, o que fez com que ele tomasse um tapa na hora.
- Eu mando aqui agora. – ela colocou as mãos dele acima de sua cabeça no colchão novamente. – Entendeu ou eu vou precisar te prender?
- Como se você fosse capaz... – zombou ele.
- Experimenta... – Bellatrix abriu o cinto e o botão da calça dele.
Voldemort sorriu confiante e trocou de posição com ela mais uma vez. Desta vez, os braços dela foram forçados contra o colchão. O Lorde levou os lábios para o pescoço dela, enquanto suas mãos a mantinham presa, o perfume dela e de seus cabelos mais uma vez entraram pelas narinas dele, o gosto da pele dela o deliciou. Ele soltou as mãos dela e acariciou seu corpo, possessivo.
Bellatrix puxou a camisa dele e a jogou no chão, ao mesmo tempo em que teve sua camisola violentamente rasgada por ele. O rasgo veio desde a barra da camisola até metade da barriga dela.
Voldemort beijou o abdômen dela, fazendo-a arquear as costas e fechar os olhos, tendo os lábios dele tão próximos de uma parte sua que pedia insanamente por alguma atenção dele. Talvez Bellatrix tivesse esquecido que ele podia ler seus pensamentos... Talvez.
Ela podia ter esquecido, mas ele não. E aquela era uma arma que nunca podia deixar de ser usada. Voldemort afastou a calcinha dela com uma das mãos e começou a massagear o clitóris dela, causando gemidos deliciosamente audíveis dela. Apenas ouvir aqueles gemidos era suficiente para que ele sentisse sua ereção latejar em suas pernas.
- Gostando, Bella? Huh? Não é maravilhoso que você nem precise me dizer como gosta de ser tocada?
- Uhum... – ela respondeu, com o lábio preso entre os dentes, o rosto já corado e a respiração alterada.
Ele penetrou-a com dois dedos, não deixando de massagear o clitóris com o dedão, ele sentia em seus dedos que ela ficava a cada minuto mais molhada. Merlin, os gemidos dela eram sensuais demais para a saúde dele.
Voldemort aumentou os movimentos de seus dedos que estavam dentro dela e arrancou de vez a calcinha dela, dando mais liberdade a si mesmo para tocá-la.
- Milorde... – ela gemeu
- Sim...?
- Eu preciso... De você...
- Onde?
- Dentro de mim... Rápido... Please...
Esse tipo de pedido não poderia ser negado, não ela no estado em que o fizera. Os lábios vermelhos pela pressão que os dentes dela haviam exercido, as mãos agarradas no lençol, seu corpo se contraindo por dentro em seus dedos, a voz arrastada, quase nula. Ele não negaria nada que ela lhe pedisse naquele estado.
O Lorde abriu o zíper de sua calça e a tirou rapidamente, depois abaixou a própria roupa de baixo, liberando seu membro já latejante. Retirou seus dedos dela e posicionou-se na entrada de Bellatrix. Ele a penetrou de uma só vez, gemendo longamente junto com ela. O corpo dela relaxou por um segundo, quando ela sentiu todo o peso dele sobre seu corpo.
Voldemort movimentou-se dentro dela, cujas pernas enroscavam-se em seu quadril, os saltos dos sapatos que ela ainda não tirara arranhando suas pernas com mais força à medida que ele aumentava o ritmo dos movimentos.
Bellatrix o puxou imediatamente para um beijo, precisando sentir os lábios dele nos seus. Abriu os lábios prontamente e as línguas se misturaram, brigando para tomar mais espaço nas bocas deles. As mãos dela desceram pelas costas dele, arranhando com vontade.
Vergões instalaram-se no local na hora. Ele gemeu de dor em meio ao beijo dela. Mas a dor apenas o excitava ainda mais, ele evitava pensar muito no quão sensual Bellatrix estava: ainda usando a camisola rasgada, ainda com os sapatos e as jóias; caso contrário, ele não agüentaria muito tempo.
O estado de excitação em os dois se encontravam não permitiu que continuassem por muito tempo, Bellatrix sucumbiu primeiro – como ele desejava – enchendo o quarto com um gemido alto, agudo, satisfeito. Ela não relaxou até que ele também se deixasse sucumbir, caindo por cima dela e descansando em seu colo.
- Cansada? – ele perguntou, alguns segundos depois.
- Não o suficiente, por quê? – ele levantou um pouco e a olhou nos olhos.
- Porque eu espero que saiba que nós mal começamos.
- Eu nunca duvidei disso... – ela levantou a sobrancelha e o beijou fervorosamente. Voldemort a segurou com força pela cintura e agarrou seus cabelos; ambos jogando-se novamente nos braços do outro para estrear a cama que muitas vezes ele ainda haviam de usar.
Mansão Slytherin – Dois dias depois.
Os moradores da Mansão, acompanhados de Draco Malfoy, jantavam quietos à mesa. Tudo que se ouvia era o tilintar de talheres de prata na porcelana. Rabicho não mais cozinhava para eles, a realeza das trevas agora tinha elfos domésticos, vários, como lhes era digno.
O silencio, contudo, não iria durar muito mais. Melinda pegou o guardanapo no colo, limpou os lábios e, após um gole de vinho quebrou aquela paz.
- Meu pai... – ela chamou, tomando a atenção de Voldemort, que lhe fez um sinal para que prosseguisse. – Eu estava pensando e, sabes que nestes tempos de guerra declarada novos Comensais, de confiança e que não se juntam a nós apenas por medo, são úteis em demasio.
- De fato, mas onde quer chegar? – ele pousou os talheres. – Tem alguma sugestão?
- Na verdade, sim. Sabe como Gabrielle te admira e deseja juntar-se a nós. Draco tinha dezesseis quando se uniu a nós, ela está para fazer dezesseis. Ela sonha com isso, ontem mesmo quando veio conhecer a mansão, me disse. Imagino que já percebeu como ela é leal a nós, provou-se fiel várias vezes mesmo não sendo Comensal. – Voldemort concordou com um aceno de cabeça.
- Creio também que ela tem maturidade suficiente para isto, além do mais, agora que ela e Snape estão juntos faz sentido fazê-la Comensal... Sendo que é o desejo dela e ela tem as qualidades, viveu em nossa companhia durante todas essas férias, e ajudou na invasão a Hogwarts...
- Concordo contigo, Melinda. Gabrielle tem as qualidades para tornar-se uma esplêndida Comensal, a idade já não me parece um obstáculo. Draco é um exemplo. – ele olhou para Malfoy, que fez um aceno com a cabeça. – Se Gabrielle realmente deseja, peço que ela venha falar comigo e conversaremos sobre isso. Mas tenho certeza de que ela em breve terá a Marca Negra em seu braço.
Melinda sorriu, havia conseguido ajudar a amiga. Gabrielle na véspera lhe pedira para falar com o pai, mal podia esperar pela Marca Negra, bem... Ela a teria.
- Direi a Gabrielle que venha amanhã mesmo se isto for de seu agrado...
- É, sim. – respondeu o Lorde, simplesmente. – Peça a sua amiga que venha logo pela manhã. Como você disse, em tempos de guerra, muitos nos juntarão a nós por medo. Quero separar os leais de uma vez... Enquanto a guerra está no começo. – Melinda assentiu. – Ótimo.
- Gabrielle será uma ótima Comensal. – concordou Bellatrix. – Gosto daquela garota, ela me passa confiança. Tem a alma de uma Black, eu diria.
- Também concordo, tia Bella. – pronunciou-se Draco. – De todas as jovens que eu conheço, é a mais apta a se tornar Comensal. Tirando a Melinda, claro. – ele segurou a mão da namorada e beijou o dorso.
- Eu sou filha dele, não conta! – Melinda riu.
- Hilary também pensou ser minha filha e isso não fez diferença alguma para ela. – lembrou Voldemort, tomando um gole de vinho. – E, mesmo que não fosse minha, era uma Lestrange. Sua índole é que é... Perfeita em relação à dela. Pelo menos para os meus padrões. – ele riu e bebeu um pouco de vinho, arrancando risadas dos outros.
- Em nossos padrões, de fato, mas para a escória... É o contrário, não que eles importem. – disse Bellatrix, revirando os olhos e também bebendo. – Deleita-me saber que tantos jovens parecem ter a índole parecida com a sua, Melinda, como é o caso de Gabrielle, mesmo antes de cumprirmos nossos objetivos... Pois em breve todos desejarão nos juntar a nós, sendo que o mundo será nosso. – Bellatrix levantou um brinde e os outros levantam as taças. – Ao futuro e ao nosso reino.
Voldemort sorriu de canto e tilintou a taça na dela, sendo seguido pelos outros – que juntaram duas taças no meio. O futuro que lhes estava reservado era dourado, prateado, de todas as cores preciosas existentes. Eles sabiam disso e mal podiam esperar.
Na manhã seguinte
Mal Melinda havia mandado a coruja e Gabrielle já entrava eufórica pela Mansão Slytherin, quase saltitando de alegria. Ela só se segurava por se tratar da casa de Lord Voldemort, ou estaria surtando.
No encalço dela vinha Severus Snape. Quando recebeu a coruja de Melinda, Gabrielle o chamou para trazê-la à Mansão. Ainda não sabia aparatar sozinha, a Mansão por segurança não era ligada à Rede Flu, e vassouras não eram com ela. Sendo assim, tinha um adulto para acompanhá-la e, de quebra, ainda permanecia alguns momentos com Severus sem que seus pais desconfiassem.
- Você é louca. – ele disse, assim que entraram na Mansão.
- Por quê? – perguntou a loira, olhando por cima do ombro.
- Chamar-me para te buscar em casa... Não tem medo que seus pais desconfiem?
- Óbvio que não, eles acham que o Lorde das Trevas mandou você me escoltar. – ela segurou-se no colarinho das vestes dele. – E o perigo deixa tudo mais interessante...
- Gabrielle!
- Só estou brincando, calma... – ela pressionou os lábios contra os dele. Aliás, assim que eu virar Comensal, eles saberão de tudo. O próprio Lorde disse que contará a eles...
- Eu sei, ele me disse. Mas enquanto ele não fala, é melhor tomarmos cuidado ou eles te mandam pra França!
- Ok, mas mesmo que quisessem... Eu não iria. Foi tão difícil te fazer cair nos meus encantos que agora eu não te deixo ir nunca mais. – Gabrielle respondeu, passando as mãos pelo rosto dele.
- Eu realmente espero... Porque... Eu não agüentaria mais uma rodada das suas provocações, eu enlouqueceria... – Snape fez Gabrielle rir. Ela contornou o pescoço dele com as mãos.
- Eu vou continuar com as provocações... – Snape soltou algo como ‘Merlin’. – Mas agora, você não tem que resistir a elas... Você não deve resistir. Pode ceder o quanto e como quiser... – Gabrielle aproximou os lábios dos dele, olhando-o nos olhos.
- Gabie, estamos no hall do Lorde das Trevas...
- Não fale como se eles fossem puritanos... – ela revirou os olhos. – E como se nós fossemos.
Gabrielle não esperou que ele agisse, ela mesma o beijou, deixando Snape sem reação. Eles podiam ser pegos naquela situação a qualquer segundo, mas a loira pouco ligava. Era a casa de Voldemort, não de McGonagall. Snape cedeu ao beijo dela, não era como se tivesse como resistir a Gabrielle, não mais. Resistira por tempo demais. Eles se beijaram de forma calma, lenta, aproveitando um dos poucos beijos que puderam trocar em dias. Mal podiam esperar para que ela se tornasse Comensal, Voldemort conversasse com os pais dela e pudessem enfim ficar em paz, sem se esconderem.
Quando, após alguns segundos, eles se separaram, tiveram a sensação de que estavam sendo observados. Olharam para a escada e viram Bellatrix parada, olhando para eles. Ela ria de canto e gargalhou um pouco com a cara de susto que Snape fez ao vê-la ali.
- Oh, não parem por minha causa! – brincou Bellatrix.
- Milady. – Gabrielle curvou-se e Snape fez um aceno com a cabeça.
Bellatrix terminou de descer as escadas e fez sinal para que Gabrielle se levantasse. Ela já imaginava porque a loira estava ali, mas deixaria que ela falasse.
- Fui avisada das visitas por um elfo, mas, em que posso ajudá-los?
- Recebi uma coruja, vinda de Melinda... Dizendo que o Lorde estava interessado em conversar comigo... – Gabrielle parecia não se agüentar de emoção.
Bellatrix se aproximou da jovem, encantada com a emoção que ela demonstrava. Lembrava a si mesma quando decidira se tornar Comensal, lembrava muito mesmo.
- Sobre seu ingresso aos Comensais da Morte... Sim, de fato. Ele está a sua espera, já imaginava que não tardaria a chegar... Ele está no escritório, te conduzirei a ele. – Bellatrix apontou um lado do corredor. – Temos muitas coisas com o que se entreter nessa casa, Snape, garanto que acharás o que fazer.
- Tenho certeza.
Gabrielle deu um selinho em Snape, que lhe desejou boa sorte, e acompanhou Bellatrix ao corredor. Ela não conseguia esconder o nervosismo daquela conversa tão importante com Voldemort.
- Fique calma... Pode ter certeza de ele não morde. – brincou Bellatrix, arrancando um sorriso de Gabrielle.
- Você eu garanto que ele morde. – respondeu Gabrielle, olhando para Bellatrix com a sobrancelha arqueada.
A morena riu frente à ousadia e malicia dela. Não era à toa que era quase irmã de Melinda, era o tipo de comentário que a filha faria.
- Você me entendeu. – Bellatrix olhou para ela, ainda rindo.
- Sim, mas eu não resisti ao comentário...
- É claro que não. – Bellatrix parou em frente a uma porta. – Entre, ele já está esperando. Good luck.
- Obrigada... – Gabrielle abriu a porta e entrou, deixando Bellatrix para trás. Fechou a porta, de costas para o escritório. Quando se voltou para frente, viu Voldemort sentado, escrevendo em alguns papéis.
- Milorde...- a jovem chamou, já fazendo uma reverência.
Voldemort, que já sabia da presença dela, levantou os olhos e pediu que ela se aproximasse. Gabrielle andou até a mesa onde ele estava e sentou-se em uma das cadeiras. Ela encarou o Lorde por alguns momentos e esperou que ele falasse.
- Então deseja se tornar Comensal da Morte? – ele perguntou, acabando com o silêncio.
- Sim, milorde, é o que eu mais desejo.
- E acredita que tem o que é necessário? Mesmo com tão pouca idade? – mais uma pergunta, um pouco mais complicada dessa vez.
Gabrielle não pensou muito para responder, muito tempo pensando mostra que a pessoa está montando uma resposta e não respondendo aquilo em que realmente crê.
- Sim, eu acredito. Apesar de jovem, tenho a paixão necessária para com essa causa! Além disso, já provei o quão rápida no aprendizado sou e, mais do que isso, o quanto eu desejo aprender com bruxos como milorde e também como madame Lestrange. – resposta muito bem elaborada, apesar de pouco pensada. Voldemort notou isso. Melinda não superestimara Gabrielle, ela era sim um diamante bruxo que com um pouco de lapidação brilharia imensamente.
Voldemort apoiou os cotovelos na escrivaninha e pareceu refletir um pouco.
- Você me lembra Melinda e Bellatrix. – disse ele. – Ambas foram ensinadas por mim, como sabe. – ela assentiu. – Tinham a paixão e a vontade que você tem e elas mantêm essa paixão, mesmo agora que já sabem praticamente tudo que se pode ser ensinado... Sei que Melinda já começou a te ensinar algumas coisas... Não é mesmo?
- Ser comparada com elas é uma honra, milorde... De fato, quando Melinda criou aquele grupo em Hogwarts... Ensinou-me muitas coisas, às vezes me dava aulas particulares por acreditar que eu era a garota com mais potencial. Mesmo depois do fim do grupo, ela continuou me ensinando feitiços, poções... – respondeu Gabrielle, ficando um pouco mais calma.
- Não se preocupe, Gabrielle. Não te pedirei nenhum tipo de prova, confio na palavra de Melinda e de Bellatrix – que te viu na invasão da Hogwarts. Ambas te têm muita estima! Obviamente eu precisava conversar contigo, não porque imaginava que elas te superestimavam, mas para que você não superestimasse minha relação com os Comensais da Morte, na forma negativa, eu digo. Todos têm a mania de achar que eu sou um monstro que se alimenta de criancinhas! – Gabrielle não segurou o riso face àquilo. –Entende que eu não posso permitir que um futuro Comensal meu pense assim? – ela concordou. - Por isso converso com todos antes.
- Nunca pensei que fosse um monstro que se alimenta de criancinhas... Um gênio, isso sim. – respondeu Gabrielle.
- Elogios sinceros são raros de ouvir nesse meio, a maioria não passa de puxa-saquismo. Espero que os seus continuem sinceros. – disse Voldemort, que recebeu um “Eles continuarão!” de resposta. – Ótimo. Creio que imagina que não serei eu o seu tutor... Existe alguém que pode exercer este papel com excelência.
- Quem?
- Severus Snape. – Gabrielle não conseguiu não sorrir abertamente ao ouvir este nome. – Ele terá que ir à tua casa te ensinar... Imagino não ser um incômodo.
- De forma alguma, milorde.
Gabrielle não podia estar mais feliz, Voldemort colocaria Snape dentro de sua casa em tempo quase integral. Isso não era importante apenas antes de seus pais descobrirem a relação, mas como depois também. Assim ninguém poderia falar que ela ficava agarrada a Snape todo o tempo. Ele ficaria ao lado dela o tempo todo por ordens do Lorde e ponto final.
- Então, tudo o que tenho a dizer é: Bem vinda, Gabrielle Ceresier. Muito em breve terá a sua tão desejada Marca Negra.
A loira arregalou os olhos, a conversa com Voldemort fora muito mais fácil do que ela pensara que seria. Ela não escondeu a felicidade e sorriu abertamente, os olhos brilhando de emoção.
- Obrigada, milorde.
- Permaneça na Mansão. Convidarei os Comensais à Mansão Malfoy hoje à noite, quero que esteja presente, te apresentarei a eles como nossa mais nova aliada.
Gabrielle disse que estaria na reunião e foi liberada por Voldemort. Ao sair da sala, ela correu diretamente para contar a Snape. Ele mesmo não acreditava como Voldemort estava aberto para jovens Comensais. Mas sendo Gabrielle, ele podia entender. Ela não falou nada sobre ele se tornar seu tutor, deixou para que o próprio Voldemort o fizesse. Ela mal podia contar as horas para participar daquela reunião. O que ela se perguntava era: Será que ela seria marcada ainda naquela noite? Improvável, mas ela desejava que sim.
As horas se arrastaram lentamente naquele dia para Gabrielle. Passara o dia lendo, conversando, andando pelo jardim, mas nada tirara de sua cabeça aquela noite que chegava. Melinda encontrava-se em uma situação parecida, percebia no pai alguma importância naquela reunião. Nenhuma delas entendia a importância real, mas supunha alguma.
Ao crepúsculo, a ansiedade das duas aumentou consideravelmente. Arrumaram-se em quartos separados, Melinda no dela e Gabrielle - que pegara um dos vestidos de Melinda emprestados – no de hóspedes. Ambas demoraram horas naquilo.
Oito horas. A hora marcara para estarem no hall e irem todos juntos à Mansão Malfoy – agora o centro de operações. Melinda pensara que voltariam as operações para a Mansão Slytherin, mas pelo o jeito, Voldemort deixaria aquele local longe das reuniões de Comensais da Morte.
Quando colocaram os pés na Mansão Malfoy, alguns Comensais já estavam lá, esperando por Lord Voldemort e por saber o porquê daquela reunião. Não viam motivos ainda, mas se ele via, quem ia questionar? Ninguém.
Eles eram os últimos que faltavam, então a reunião se completara. A sala de estar dos Malfoy tinha várias cadeiras dispostas em um semi-círculo, como Voldemort ordenara. O Lorde sentou-se na única cadeira que ficava separada, tendo Bellatrix a seu lado direito e Melinda ao esquerdo. Gabrielle fora levada por Narcissa até seu lugar.
- Good evening, Ladies and Gentlemen. – cumprimentou Voldemort, vendo os Comensais se levantarem e o reverenciarem. – Estou ciente de que os chamei apenas hoje para esta reunião, tendo o hábito de fazer o aviso com mais antecedência, contudo, era necessário. Temos noticias, boas notícias. Uma jovem decidiu juntar-se a nós, de pouca idade, e muita paixão. Senhora Gabrielle Ceresier, por favor...
Gabrielle Ceresier levantou de sua cadeira e tirou o capuz da capa preta que usava. Ela reverenciou Voldemort, não conseguindo conter a expressão de felicidade que se espalhava por seu rosto. Os Ceresier, ali presentes, pareceram chocados com a presença de sua filha na reunião.
- Por ser tão jovem, lhe nomearei um tutor. Assim como eu mesmo fui para Bellatrix, ela foi para Draco e como sou atualmente para minha filha. O Comensal em que mais confio e a quem indico tal responsabilidade é Severus Snape. – Voldemort apontou para Snape, que quase engasgou com o ar. Se o Lorde pudesse ser influenciado, diria ter um dedo de Gabrielle naquela história. Tê-lo dentro de casa o tempo todo? Era tudo o que a adorável jovem adoraria. Não que ele não adorasse também. - É claro que todo novo Comensal passa por uma cerimônia de iniciação...
Gabrielle tremeu, ela recebia a Marca Negra, e não estava pronta para aquilo, mas teria que estar, era agora ou nunca. Voldemort não esperava o tempo de cada um, era no tempo dele.
- Contudo, deverá esperar alguns minutos, senhorita. Há outra pessoa nesta sala que não tem a nossa Marca e já deveria ter. – Voldemort levantou-se e estendeu a mão para Melinda. – Claro que esta falta já nos rendeu ajudas, mas creio que seja a hora de fazê-la oficialmente uma de nós, Melinda. – Gabrielle respirou aliviada pela possibilidade de mais alguns minutos de preparação.
A Princesa das Trevas pareceu chocada com aquilo, assim como a amiga, não estava em nada preparada para receber a Marca. Mas receberia e era uma grande honra. Ela pegou a mão do pai e levantou, tirando o capuz da capa preta bordada em verde e prata. Quando Voldemort dissera que aquela era uma noite especial, ela realmente ouvira. Adornando os cabelos ondulados da filha havia um arco formado por várias pedras verdes grandes ligadas por pequenas junções de prata, parecendo um colar. Lindo, de fato, o apelido de Princesa começava a afetá-la.
Voldemort puxou a filha para o centro do semi círculo e lá pediu que ela se ajoelhasse. Não faria a ela metade das perguntas que fizera a Draco, não havia necessidade, poucas eram importantes.
- Melinda Callidora Black, minha filha e herdeira, é de seu real desejo juntar-se a mim nesta guerra que está por começar? – a pergunta pode parecer retórica, mas era importante com a ameaça da guerra. Se ela fosse se acovardar era melhor saber logo.
- Sim, milorde. – respondeu a jovem, firme.
- Sendo assim, você jura seguir-me com fidelidade e lealdade até o último dia de sua vida, obedecendo-me sempre mesmo que isto signifique sacrificar a sua própria vida ou a de outros?
- Sim, milorde.
- Mesmo que este outro seja alguém que ame?
- Sim, milorde. Eu, Melinda Callidora Black, juro manter minha lealdade, fidelidade e obediência sempre, não importando o que tenha que ser sacrificado para segui-lo. - jurou Melinda, olhando Voldemort nos olhos.
- Ótimo. Dê-me seu braço esquerdo.
Melinda estendeu o braço, sem tremer – nem mesmo ao vê-lo apontar a varinha. Ela manteve o contato visual com ele, sem perder por um milésimo de segundo. Ela era forte, a mais forte de todas, e sempre seria.
- Morsmordre. – assim que aquela palavra terminar de ser pronunciada, Melinda fechou os olhos com força – estava para começar.
A descrição que Draco Malfoy lhe dera da dor causada pelo desenho da Marca não chegava nem perto da dor real. Não apenas um ferro em brasa parecia encostar em seu braço, como também romper sua pele, fazendo todas as fibras de seu corpo clamarem por misericórdia. E aquilo era apenas o contorno se formando. Ela não desejava imaginar como seria o preenchimento da figura.
A Princesa das Trevas percebia o nó que já se formava em sua garganta e suprimia ferozmente as lágrimas que desejavam encher seus olhos e a vontade de puxar seu braço de volta e fazer a dor parar.
“Sei o quão forte és, Melinda. Lembra-te também de tua própria força.” – a voz de Voldemort ressoou nos pensamentos dela. Aquele encorajamento sobressaiu-se em meio a pensamentos fracos e malditos causados pela dor.
Ela era mais forte, muito mais forte do que tuda aquela dor – por maior que ela fosse. Ela era ou não a Princesa das Trevas? Era. E agiria como tal! Ignorou toda a sua repugnante fraqueza momentânea e abriu os olhos. Abriu-os e levantou a cabeça, olhando diretamente para o pai. Eles fez um breve aceno de cabeça, como que a parabenizando, aquele fora o melhor momento para o fortalecimento de Melinda porque a pior parte estava para começar: o contorno acabara de ser terminado.
Melinda’s POV on
Não precisei olhar para meu braço para saber que o contorno havia terminado, pois por milésimos de segundo a dor cessou. Um sádico alívio anterior àquela que seria a pior parte. Qualquer pessoa se deixaria relaxa, mas eu não era qualquer pessoa. Eu me preparava para o pior e o pior começava agora.
A dor voltou mais forte do que antes, uma vez que agora uma área maior era afetada em uma única vez, era como se o ferro em brasa fosse esfregado contra minha pele. Por Slytherin, eu tive vontade de gritar. Vontade não realizada, nem mesmo demonstrada. Eu permanecia quase impassível, contorcendo meu rosto em dor o menos possível em minha situação.
Ajoelhada ali, aos pés de meu pai, eu era semelhante a uma estátua de cera: fria e imóvel, mal piscando enquanto mantinha o contato visual com o Lorde das Trevas, cuja mão fechava-se com firmeza em meu pulso para caso fosse necessário segurar meu braço no lugar. Não seria, não mais eu me mexeria. Com a dor lancinante ou não, eu permaneceria ali.
Meus olhos ardiam, mas eu não choraria. Minha respiração se alterava, mas eu não ofegaria. Minha alma gritava, mas eu não pediria clemência. Eu era forte o bastante. Draco agüentara, minha mãe também e eu seguiria o exemplo.
No momento em que a dor se tornou fixa, sem mais movimentar-se pelo desenho, eu cheguei à conclusão de que o desenho estava terminado, mas não ainda cicatrizado. Pela primeira vez, olhei meu antebraço: A Marca estava lá, vermelha, inchada e cheia de bolhas. A dor no local todo era forte, latejava muito e a visão ainda era horripilante.
Voltei meus olhos ao encontro com os de meu pai, os meus controladamente secos e sem expressão, os dele orgulhosos. Notei um mísero sorriso formar-se nos lábios dele, no canto mais especificamente. Ele pegou a varinha mais uma vez.
- Bem vinda oficialmente, minha bela Herdeira. – ele movimentou a varinha e a dor começou a cessar. Da parte inferior à superior a Marca Negra ia cicatrizando na forma da conhecida tatuagem. Eu agradecia o alívio com todas as forças de meu àquele ponto debilitado corpo.
A mão de meu pai saiu de meu pulso e segurou minha mão. Ele puxou-me para cima e eu me levantei. Lord Voldemort beijou o dorso de minha mão e sorriu satisfeito para mim, eu podia ver em seus olhos que o havia orgulhado demasiadamente. Os comensais aplaudiam sem saber que aquela era apenas uma das vezes em que eu viria a encher meu poderoso pai de orgulho. Quanto a ele? Ele não sabia, ele tinha certeza absoluta. Todo o ritual da Marca era nosso primeiro teste e eu tivera sucesso.
Passei por meu pai e voltei para meu lugar, escondendo uma lágrima atrasada que escorreu por meu rosto sem deixar que que nem ele visse, nem ninguém, pois quando não já testemunhas, algo pode simplesmente ser esquecido e assim seria. Aquela lágrima nunca havia acontecido.
Melinda’s POV off
Melinda foi de encontro a Draco, que batia palmas incansavelmente. Ele a puxou pela cintura e a abraçou fortemente, ele não podia estar mais orgulhoso. Melinda deixou-se tomar pelo alívio causado por aquele abraço, fechando os olhos e aproveitando aqueles momentos em que ela podia inebriar-se com o perfume dele. Depois dos momentos de dor, era muito bom aquele instante de paz.
- Parabéns, você foi tão corajosa, amor! – parabenizou Draco, tão feliz que mal se continha.
- Eu sei, mas aquilo dói mais do que o recomendável. – ela riu contra o pescoço dele, que riu junto em concordância.
Eles se separaram e Melinda foi parabenizada por Bellatrix, antes de se sentar mais uma vez em seu lugar, admirando sua Marca Negra.
- Senhorita Ceresier... Ainda é seu desejo tornar-se uma de nós? – Voldemort retomou a reunião.
Gabrielle assistira de perto a como a Marca se abrira no braço de Melinda, queimando a ponto de causar bolhas, notara como a amiga se segurara magistralmente para não chorar e gritar. No entanto, ela não desistiria apenas por causa da dor que a Marca viria a causar. O que importava era o que vinha depois.
- Com toda a certeza, milorde. – a reposta veio firme, não agradando apenas a ela e a Voldemort, mas também a Melinda, Draco e Bellatrix. A mesma resposta que preocupara Snape e Narcissa.
Gabrielle era tão jovem, jovem demais na opinião deles, mas a decisão era dela afinal. Eles em nada podiam interferir, por mais que desejassem.
O casal Ceresier parecia não ponderar sobre os perigos daquilo, ambos os pais dela sorriam sem se aguentarem de tanto orgulho. O fato é aque naqueles tempos, era mais seguro ser Comensal do que não ser, ainda mais quando se é do círculo íntimo e a proximidade com Voldemort lhe dá certa segurança. Gabrielle sabia o valor dessa proximidade como ninguém.
Gabrielle’s POV on
O Lorde das Trevas me chamou até ele assim que eu confirmei meu desejo de tornar-me Comensal. Olhei para Severus discretamente antes de ir.
Andei devagar, mas tentando parecer o mais firme possível naquela situação que me causava tanta honra. Parei quando me encontrava alinhada a ele. A exemplo de Melinda, ajoelhei-me aos pés dele, que me perguntou:
- Gabrielle Marie Ceresier, se é de sua absoluta vontade juntar-se a mim, podes me dizer por que nutre este desejo com tão pouca idade? – eu sabia que ele faria mais perguntas a mim do que a Melinda, afinal eu não era filha dele como ela.
- Desejo juntar-me ao senhor, milorde, pois creio que os trouxas são um desperdício de espaço na face da Terra. Medíocres em sua inferioridade e, mesmo assim, os bruxos insistem em se esconder deles como ratos assustados. Deveríamos dominar aqueles trouxas malditos e não nos escondermos deles. Nós somos superiores, milorde, e desejo poder ajuda-lo com todas as minhas forças a colocar ordem neste mundo há tanto desajustado. É o nosso mundo, não odeles. – respondi, com toda a firmeza de que dispunha e jurei ter capturado em minha visão um pequeno sorriso da parte do Lorde. Deixá-lo satisfeito era tudo o que eu poderia querer.
- Muito bem, senhorita. Acho que já está claro para todos nós que tem maturidade o suficiente de ideias para juntar-se a nós. Então eu lhe pergunto: Gabrielle Marie Ceresier... – ser chamada novamente por meu nome completo me arrepiou e eu nem sei o porquê. – A senhorita jura ser fiel e leal a mim até o dia de sua morte?
- Sim, milorde.
- Jura obedecer a todos os meus comandos por mais que lhe pareçam absurdos e que discorde deles?
- Sim, milorde.
- E caso fosse necessário, você daria a sua vida em prol da minha? E, pior, caso salvar-me colocasse em perigo a quem mais ama, ainda assim se manteria leal a mim?
- Sim, milorde. Juro que não importando o que, sempre será minha prioridade. Na casa das hipóteses, pois não creio que algum dia necessite ser salvo por alguém.
- É claro, Gabrielle. Hipoteticamente. Então de fato entrega-se a meus propósitos?
- De corpo e alma como lhe for útil. – ele realmente fazia muito mais perguntas do que fizera a Melinda.
- Sendo assim... Dê-me seu braço esquerdo, Ceresier. – ele finalmente ordenou, causando-me um sorriso incontido. Eu viraria uma Comensal da Morte em poucos minutos. Estiquei meu braço e ele subiu um pouco a manga de meu vestido, deixando meu antebraço à mostra. Apontou a varinha para o local e eu respirei fundo: era hora. – Morsmordre.
Juro por tudo que me é mais sagrado que nunca nem mesmo sonhei que poderia sentir tanta dor em um espaço de um segundo.
Severus me avisara que doeria como eu nunca havia sentido, mas era mais do que isso. Parecia que toda a minha alma ia sair pelo meu braço, que eu morreria a qualquer segundo. Por Merlin, como Melinda não chorara? Não gritara? Não puxara o braço? Eu não sabia se teria tamanha força. Fechei meus olhos e controlei a respiração, evitando o choro que teimava em querer vir. Eu não choraria, ou ao menos adiaria isso o máximo possível.
Olhei para meu braço e vi a linha vermelha formando a figura, a caveira terminara de se formar e a cobra era desenhada naquele mesmo instante. Todo o meu antebraço estava como que em chamas.
Inconscientemente, puxei levemente o meu braço, mas Voldemort segurou meu pulso com um pouco mais de força e não me deixou terminar de puxar, não permitiu que eu fugisse. Ele me olhou significativamente e eu entendi o recado, ele queria que eu honrasse a confiança que ele pusera em mim. Assim como Draco fizera. Eu não sabia se conseguiria, mas tentaria até o fim.
Por um momento, a dor cessou e o alivio tomou conta de meu corpo, vi que o contorno estava terminado e só então me dei conta de que o pior estava por vir. O preenchimento da Marca começou e eu encolhi meu corpo o mínimo que eu consegui por causa da dor imensa que decaiu sobre mim.
Meus olhos enchiam-se de lágrimas e eu mudei o foco de meus pensamentos: pensar na dor, apenas a aumentava. Pensei no poder que estava conquistando, em como ficava cada vez mais próxima de Severus. Ao longe, vi Nagini parada, ela fora um dos motivos que me levaram a ele. Muito em breve, eu não teria mais que me esconder e isso era motivo mais do que suficiente de alegria.
Mesmo em meio à dor, sorri, tendo algum controle sobre aquelas lágrimas que antes eu acreditava inevitáveis. Em momentos a dor ficou fixa e eu soube que o desenho acabara, mas a queimadura ainda ardia muito e ao olhar para ela, não pude evitar que meus olhos marejassem mais uma vez.
- Bem vinda, Gabrielle. – disse o Lorde das Trevas, fazendo a queimadura cicatrizar com um feitiço.
Uma lágrima solitária percorreu meu rosto sem que eu pudesse controla-la, uma lágrima de alívio. Olhei-o para ver sua reação e ele nada demonstrava. Puxou-me para que eu ficasse de pé e sussurrou:
- Foi mais forte do que eu pensei.
Frente a tais palavras, enxuguei discretamente a lágrima e voltei para meu lugar em meio aos aplausos. Vi Severus sorrindo para mim, queria abraça-lo como Melinda abraçara Draco. Eu queria tanto, mas todos os Comensais estavam ali e meus pais... O Lorde ainda não falara com eles... Ah, fodam-se todos.
Gabrielle’s POV off.
Gabrielle andou rapidamente até Severus Snape, que não entendeu a aproximação da jovem. Eles estavam escondidos, mas ela parecia não se lembrar disso.
- Gabie... – ele tentou sussurrar para lembrá-la de que aquela aproximação era suspeita, mas de nada adiantou: antes mesmo que ele pudesse terminar o nome dela, a loira já havia se jogado em seus braços, cortando qualquer possível reação dele.
Severus ficou primeiramente estático com o abraço dela, tal exposição louca era a última coisa que ele poderia esperar. Eles haviam ficado se esforçando para se esconder e agora ela os expunha daquela forma...
- Gabrielle... Todos estão...
- Eu não ligo... – ela respondeu, abraçada a ele. Apertou seu corpo mais contra o dele, bombardeando todo o bom senso do homem.
Snape havia presenciado a dor, mesmo controlada, dela. O que mais desejava era poder parabeniza-la pela coragem e aquele abraço apenas destruía mais seu autocontrole. A própria Gabrielle os havia exposto... Bem, não importava muito mais. Por cima do ombro dela, viu Voldemort, que estava visivelmente satisfeito com o impulso da loira... Se até mesmo ele apoiava a atitude dela, quem seria Snape para discordar?
Sem mais vontade de resistir após dois segundos de reflexão, Snape fechou um de seus braços na cintura de Gabrielle e subiu o outro até os cabelos dela, onde seus dedos se perderam em meio aos fios loiros.
Gabrielle sorriu no abraço dele e sentiu sobre si todos os olhares caírem. De fato, todos naquela sala olhavam para o casal, em situações diferentes: Draco, Melinda, Voldemort e Bellatrix os olhavam satisfeitos porque finalmente tinham decidido se assumir, os outros ficavam chocados com a cena – principalmente o casal Ceresier, que nunca imaginaria ver sua filha abraçada de forma tão íntima ao professor de poções... Seria possível que eles estariam...? Não era possível... Ou era?
O abraço terminou e Gabrielle sentou-se ao lado de Snape, como se nada demais tivesse acontecido. Voldemort olhou para os dois e fez um aceno de cabeça, como se os abençoasse. Eles não foram os únicos a perceber aquela “benção”, todos os Comensais notaram e mais importante: os pais de Gabrielle também. Quem ali iria contra algo que Voldemort apoiava? Isso mesmo, ninguém.
O Lorde mais uma vez retomou a reunião, recebendo informações sobre o tal auror que colocara a barreira de feitiços na vila de Charity Burbage, alguns Comensais tinham descoberto seu nome e se empenhavam em pega-lo.
Voldemort ficou muito satisfeitio, seus planos estavam indo como o desejado e agora mais uma Comensal se alistara, Melinda finalmente recebera a Marca Negra. Em suma, tudo corria de maneira mais do que perfeita, como devia ser.
Duas noites depois
Ventava mais do que o costumeiro para uma noite de verão, a casinha trouxa era exatamente igual às outras trouxas que eles já haviam visto, diferindo apenas nos enfeites levemente extravagantes nas janelas. Mais uma vez, um grupo vestindo preto estava de tocaia, esperando.
- Por que não pegamos a menina logo? – perguntou Gabrielle, parecendo não entender a amiga.
- Simples. A casa está protegida demais para isso. Se tentarmos levar a menina com tantos aurores e membros da Ordem, não conseguiremos fazer isso sem perdas eventuais. Essa não é a casa do Diggory, é do lobisomen, o tal do Lupin. É preferível atacar aqui, deixar Cedric com ódio, ele vai me caçar, eventualmente deixará Lynx desprotegida na casa em que ele considera segura porque acha que eu não conheço. Assim, na primeira oportunidade, quando tiver apenas uma pessoa protegendo essa menina, bom... Vocês conhecem o final. – respondeu Melinda, que sorriu encostada a uma árvore a cerca de dez metros da casa.
- E assim você não perde a chance de brincar com a presa antes de matá-la. Aterrorizará Cedric antes de acabar com ele. Brincando de gato e rato, você não poderia ser mais filha da sua mãe. – Rodolphus riu, revirando os olhos. – Aliás, por que eu estou aqui? Por que estou nas suas missões? O Lorde das Trevas confia em mim tanto para cuidar de sua filha?
- Eu confio. Eu pedi a ele que te mandasse comigo. E estou chocada! Vamos conhecer a sua neta! Não está animado? – ironizou a morena, arrancando risos dos outros presentes: Draco, Gabrielle e Greyback.
Rodolphus fechou a cara momentaneamente, mas relaxou no segundo seguinte quando ela lhe deu um soco no ombro, mostrando que estava brincando com ele. Ele riu junto com os outros e fez uma cara de emocionado.
- Óh Céus. Minha neta, último pedaço da minha filha morta que eu rejeitei, que emocionante! – disse Rodolphus, sarcástico. – Cobrarei Bellatrix por essa piadinha, aliás.
- Imagino que sim. – concordou Gabrielle. – Relaxe, Lestrange. Essa menina honrará seu sangue como Hilary deveria ter feito, se juntará a nós e será uma bruxa poderosa na luta contra os trouxas e os traidores nojentos. Lindo futuro!
- Pensando por este lado, estou de fato emocionado! – brincou ele. – Bom, ela será considerada neta do Lorde das Trevas, tratada como tal... Se ela não o decepcionar como Hilary fez, terei muito orgulho dela. – admitiu o bruxo.
Melinda se aproximou dele, tentando lhe passar uma expressão confiante. Ela tinha o mesmo sentimento que ele no começo: seria Lynx como Hilary? Manipulável, potencialmente traidora? Não se ela pudesse impedir. E ela queria passar esse novo sentimento de tranquilidade para ele.
- Eu falhei imensamente com a Hilary, mas com Lynx será diferente. Ela será minha filha, a criarei da forma que eu fui criada e como tia Narcissa devia ter criado a Hilary. A mesma tragédia não ocorrerá duas vezes nessa família, Rodolphus. Não se preocupe. – ela terminou a frase sorrindo discretamente com o canto dos lábios. Por algum motivo, Rodolphus confiava plenamente nela.
Os adultos conversavam, dando risadas. O assunto Voldemort fora pausado um pouco e eles começaram a tratar de futilidades. Todos merecem, afinal. Lembranças de escola era o tópico principal, e talvez aquela fosse uma das últimas noites nas quais eles teriam aquele luxo: risadas. Alastor Moody não parecia gostar e era o único emburrado, para ele não era hora daquilo. Mas se não fosse naquele momento, quando seria?
Cedric se sentia acolhido, mesmo todos ali sendo bem mais velhos do que ele. Bem, ele tivera a mulher morta pela própria irmã Comensal da Morte, ou melhor, filha de Voldemort, quase morrera no Torneio Tribruxo, podia-se considerar experiente o bastante para aquele grupo.
A pequena Lynx dormia serena nos braços do pai, o pouco cabelo loiro e a pele de porcelana lhe lembravam Hilary demais, os olhos acinzentados eram iguais aos dele. Perguntava-se se o cabelo dela iria escurecer ou ficar como os da falecida mãe, ele preferia que ficassem assim. Imaginava que não, em pouco mais de um mês de vida seu cabelinho já tinha escuredico um pouco – costumava ser um loiro mais claro.
- Cedric? Cedric! – Nymphadora quase berrou tentando chamar a atenção dele, que observava o rosto sereno da filha. Só não o fez para não acordar Lynx. – Terra chamando Cedric! Cedric! – ela pegou uma bolinha de papel e jogou na perna dele, que olhou finalmente em sua direção.
- Oi?
- Eu quase acordei a Lynx te chamando, seu surdo! Não quer colocar ela em um lugar mais confortável? Sei que não quer se separar dela, mas talvez um sofá aqui mesmo na sala? É mais confortável para ela e para você! – Nymphadora apontou o sofá mais próximo que estava vazio. – Podemos fazer uma proteção para ela não cair.
Cedric ponderou um pouco sobre a proposta de Nymphadora. Aquela noite era especial, finalmente Remus e Nymphadora haviam marcado a data do casamento e decidiram contar naquela reunião. Dali a alguns dias, o mesmo seria realizado. É claro que o assunto guerra sempre estava em sua mente, e pior, um nome não o deixava dormir: Melinda Callidora Black. Mas aquele nome devia ser esquecido, pelo menos por um momento. Aceitou a idéia de Nymphadora, não via risco algum em colocar a menina ali, no sofá ao lado deles, para que ficasse mais confortável.
A menina sorriu no meio de seu sono inocente, serenamente desligada de tudo que acontecia a seu redor. A pequena comemoração não era suficiente para tirá-la de seu descanso angelical. Cedric garantiu-se de que ela não cairia e sentou-se ao lado dela. Balançou a cabeça em face de um mau pressentimento que por um instante apoderou-se de si. Eles estavam seguros. Think again, Cedric.
Lá fora, a Princesa das Trevas parecia um pouco curiosa com o perfeito timing de Greyback. A casa estava super cheia de pessoas da Ordem. Ele havia descoberto que todos estariam ali, mas como? Ela virou-se para o lobisomen, uma sobrancelha arqueada e um sorriso desconfiado.
- Quem você ameaçou ou matou para conseguir essa informação? – ela perguntou, cruzando os braços na frente do corpo.
O lobisomen riu mostrando os dentes afiados e brilhantes. Jogou-se na grama, displicente, antes de responder à bruxa, que acompanhou seus movimentos com os olhos.
- Só alguns dos meus próprios homens, que descobriram que esses idiotas sempre se encontram aqui. É sempre no mesmo dia da semana... Hoje. Só mudam o horário. Ah, claro, eu mesmo tive que interferir para achar o esconderijo em primeiro lugar. – Greyback riu com desgosto.
Melinda sorriu sem emoção e virou seu olhar para Draco, que estava tremendamente entediado e não fazia questão nenhuma de esconder isso. Melinda sorriu sinceramente para ele, que saiu da expressão entediada para sorrir de volta.
- Fique tranqüilo, Draco. – disse ela, colocando a mão no ombro dele. – A diversão está para começar. Não está, Greyback?
- Exato. – Greyback se levantou e começou a andar em direção à casa.
Rodolphus o seguiu, assim como Melinda, Gabrielle e depois Draco. Eles não faziam barulho nenhum, o efeito surpresa era o que eles desejavam.
Como era lógico, a porta estava trancada por feitiços. Gabrielle tirou a varinha para tentar abrir a porta, mas foi parada por um sinal de Melinda.
- É melhor acharmos uma janela, provavelmente está menos protegida. A porta pode ter alarmes, estou farta de alarmes malditos. – ela guiou o grupo, que deu a volta na casa, abaixando-se ao passar pelas primeiras janelas – as que tinham luzes acesas. Melinda continuava andando, mesmo após ter passado por umas duas janelas apagadas. Ela parou subitamente, sorrindo satisfeita. – Melhor do que uma janela. – ela apontou para as duas portas levemente inclinadas no chão. As portas para o porão.
Melinda fez sinal para que eles se aproximassem das portas e todos começaram a testar para ver quais feitiços protegiam aquela parte. Alastor Moody estava lá dentro, dificilmente teria esquecido de proteger as portas do porão. Ele não deixava nada passar.
- Está mais protegido do que eu esperava. – disse Gabrielle, chocada com a quantidade de feitiços protetores. – São as portas do porão, escondidas atrás da casa.
- Moody sabe que somos espertos, e também é. Imagine agora a porta da frente. – disse Rodolphus, parecendo tão impressionado quanto ela. – Ele é paranóico.
Melinda riu baixo, colocando as mãos na cintura e tirando uma mecha de cabelo que caíra em seu rosto. Ela olhou para Rodolphus com uma sobrancelha arqueada e deu um risinho divertido.
- Pode parecer paranóico, mas... Nós estamos aqui, não é? Então... Creio que não seja tanta paranóia assim. – ela riu novamente, causando uma careta em Rodolphus.
- Eu nunca disse que a paranóia dele era prejudicial, pelo menos não para ele. – respondeu Rodolphus, desgostoso com a piadinha dela.
- Nem para nós de fato. – ela apontou a varinha para a porta e começou a murmurar coisas desconexas. Pelo menos, eram desconexas para os outros.
Gabrielle aproximou-se de Draco e junto com ele observou confusa Rodolphus juntar-se a Melinda nos murmúrios estranhos, eles se entreolharam, entendendo que eles estavam liberando a porta dos feitiços.
- Tenho certeza de que se o Lorde estivesse aqui ele entenderia tudo o que os dois estão dizendo. – comentou Gabrielle, e Draco assentiu.
- A tia Bella também, com certeza. – completou ele.
- Pode apostar.
Greyback estava ainda mais confuso do que eles, esse feitiços todos o estavam deixando tonto. Queria que eles terminassem logo e pudessem entrar. Era aí que a parte divertida começaria. Um rangido tirou todos de seus devaneios. A porta estava finalmente aberta. Um sorriso sombrio instalou-se nos lábios de todos. A diversão estava para começar.
Melinda foi a primeira a descer as escadas que a portinha havia relevado, acendendo a varinha. Ela pisou em um degrau que rangeu e fez sinal para que todos atrás de si parassem. Bem a tempo de evitar que Gabrielle fosse atrás dela.
- Um de cada vez. – ela sussurrou. – Pelo visto essa escada é antiga, com duas pessoas ela vai ranger mais e talvez ceder. Duvido que os moradores a usem.
Todos assentiram e ela terminou de descer a escada. Quando chegou ao chão do porão, Gabrielle desceu, seguida de Draco, Rodolphus e por último Greyback – que tomou um cuidado extremo para a escada não ceder.
Eles atravessaram o porão cheio de teias de aranha. Melinda não tinha medo de nada, ou quase nada, mas odiava aranhas. Eram animais nojentos. Uma passou perto de seu pé e ela a pisou sem dó. Aranhas e cobras nunca tiveram uma relação amigável, é claro. Limpou a sola do sapato, com nojo.
- Medo de insetos, princesa? – provocou Rodolphus.
- Nojo, asco, certamente. Medo não, eu posso matá-los. – ela respondeu, ainda com o rosto contorcido em nojo.
Draco vasculhou o local com a varinha e viu outra escada, na direção oposta. Eles examinaram a escada e viram a porta no final, Draco subiu primeiro e girou a maçaneta. A porta estava trancada.
- Alorromora. – ele sussurrou, apontando a varinha para a fechadura.
Rodolphus sustentou uma expressão incrédula, duvidava que aquele feitiço surtisse algum efeito, a porta certamente estava trancada por magia. So Wrong, Rodolphus.
Eles ouviram a porta se destrancar e Draco esperou um pouco antes de abri-la, certificando-se de que não havia ninguém por perto do outro lado.
- Duvidava que eles trancassem as portas aqui dentro com magia... – explicou-se ele.
- E estava certo... – admirou-se Gabrielle.
Draco abriu levemente a porta e passou por ela, notando que estava em uma espécie de corredor. No fim do mesmo ele via luzes e era de lá que as risadas vinham. Ele sentiu uma mão leve apoiar-se em seu ombro.
- Preciso ver onde cada um está e, depois, que você apague as luzes da sala. E aí, todos entram e se divertem. – sussurrou Melinda, no ouvido dela. Ela andou para o fim do corredor, como um fantasma, nenhum ruído era causado – nem mesmo por seus sapatos.
Ela aproximou-se da porta entreaberta e começou a decorar as posições de todos os presentes naquela sala: Tonks, Lupin, Cedric, os Weasley e Moody. Cedric em um sofá, olhando para o assento do mesmo: Lynx estava deitada ali, a seu lado. Tonks em uma poltrona próxima, Lupin em pé, assim como Moody e os Weasley.
Ela voltou para junto dos outros e avisou como tudo seria, tinha que ser rápido, muito rápido. Todos se aproximaram da porta, sabendo cada o que tinha exatamente que fazer. Ao mesmo tempo em que Draco tirou toda a iluminação da casa – causando alvoroço – Melinda apontou sua varinha para Lynx e fez o bebê flutuar, sem que Cedric visse.
- Lynx! – ele berrou, ao passar as mãos pelo sofá e não sentir o bebê. Ele não sabia que a criança estava apenas um pouco acima do nível do sofá e saiu correndo e gritando pelo cômodo, ótimo para Melinda que andou pelo cômodo e pegou e menina no ar, andando para a porta da sala.
Draco contou até dez, como ela havia pedido e entrou na sala junto com os outros Comensais antes de devolver a luz para o cômodo. Foi tudo rápido demais para que os aurores dali fizessem algo. Quando eles viram, a luz já estava de volta, Comensais estavam na sala com varinhas apontadas para eles. À frente deles, estava Melinda que acabara de parar de andar de costas. Ela tinha...
- Lynx! – berrou Cedric, ao ver a cunhada assassina segurando sua filha. – Tire as suas mãos da minha filha, agora!
- Melinda, largue o bebê. – pediu Lupin, segurando Cedric. – Ela não tem culpa de nada, é uma criança inocente.
- Sua maldita! Eu vou te matar! Solta ela, agora! – Cedric elevou mais a voz.
- Shhhh! – reagiu Melinda, passando o dorso da mão que segurava a varinha pelo rosto de Lynx. – Fale baixo! Você vai acordar a menina! – ela abraçou Lynx. – Será possível que não sabe se comportar perto de uma criança adormecida?
A senhora Weasley aproximou-se de Cedric, indo para a frente do grupo, ela tinha asco no rosto. Olhou para o grupo de Comensais. Dois adultos, três crianças. Se é que Melinda podia ser encaixada nessa categoria.
- Devolva a menina, Melinda. – pediu Molly Weasley. – Eu sei que você finge ser cruel e sem qualquer sentimento bom, mas você não é. É apenas uma criança com uma mente deturpada por pais que são na verdade monstros. Não destrua a sua vida como eles fizeram e...
- Cala a boca, traidora do sangue nojenta. – ordenou Melinda, em tom superior. O nojo em sua voz era palpável. – Não tem fingimento nenhum aqui, eu sei que pode ser difícil para o seu cérebro cheio de bons valores e bondade entender, mas eu sou cruel e sem qualquer sentimento que alguém como você poderia considerar bom. – ela sorriu de canto. - E devo acrescentar: não vejo aonde meus pais destruíram as vidas deles, se bem que é compreensível que alguém como você creia que conseguir fama e poder seja ruim. Posso ver isso olhando para você. – ela mediu Molly com os olhos e voltou a olhar para Lynx.
- É inacreditável. – Molly suspirou. – Sempre me impressiono com as coisas que eu ouço da boca de Comensais da Morte, mas nunca pensei que ouviria coisas assim de alguém tão jovem, que veria alguém tão jovem fazer as coisas que você faz. E a sua coleguinha de cabelos loiros? Quantos anos tem? Treze?
- Quinze. – cuspiu Gabrielle. – Não que seja da sua conta, Weasley, apenas dando alguma informação para ver se esse seu cérebro inferior compreende.
- E esta, mamãe, é a adorável Gabrielle Ceresier! – Fred e George entraram na conversa. – Não sabia que Você-sabe-quem estava admitindo pirralhos! Bom, se bem que se o Malfoy entrou...
- O Malfoy matou aquele velho idiota que vocês consideravam um ídolo. – rebateu Rodolphus. – E sendo a senhorita Ceresier quinze vezes mais competente do que vocês dois juntos provavelmente são, não vejo porque ela não seria aceita.
- Não duvidem de Vocês-sabem-quem, moleques. – Olho-tonto Moody repreendeu os gêmeos. – Ele é capaz de tudo em tempos de guerra. A presença da cria dele aqui é a prova. Anda se expondo demais, não garota? Por que está aqui? Sabe que não sairá viva com essa menina daqui!
Melinda deu uma gargalhada esganiçada, irritando a todos que não viam graça nenhuma naquela situação. Ela parecia que ia chorar de tanto rir, deixando até Draco e Gabrielle impressionados.
- Nossa, me descontrolei. Mas é que foi muito engraçado. – ela ainda ria e parou subitamente. – Você me acha realmente burra, não Moody?
- Não, não costumo subestimar meus adversários. Muitas mortes seriam evitadas se as pessoas parassem de subestimar seus adversários por causa da idade deles. Você é uma assassina fria, assim como os outros Comensais, mesmo sendo tão jovem. Matou a própria irmã, afinal de contas.
- Ah, é. Todos já me temiam por ser filha de Lord Voldemort, mas... Matar minha irmã na frente de todos e com aquele espetáculo... Foi a cereja do bolo! – Cedric mais uma vez teve de ser segurado pelos outros. – Mas eu estou aqui para primeiro dar um aviso: Saiam do nosso caminho. Nós entramos aqui hoje e entraremos em outras casas, em quantas foram necessárias. Back off or die. Segundo: Eu vim conhecer minha adorável sobrinha! Como ela é linda! Uma pena que tenha de será criada por pessoas tão nojentas! Oh, esperem! Quem disse que vocês terão a oportunidade de criá-la? – ela aproximou a varinha do bebê e foi como se o ar na sala tivesse acabado.
Mansão Slytherin – Naquele mesmo momento
Bellatrix estava sozinha na cozinha, sentada em cima do balcão, as pernas cruzadas sensualmente e o corpo semi deitado apoiado nos cotovelos. As mãos dela perdiam-se em uma tigela a seu lado, cheia de morangos. Ela ouviu passos vindos da porta da cozinha.
- Este é o último lugar no qual eu pensei que te encontraria, Bella. – disse Voldemort, apoiando as mãos no balcão sobre o qual ela estava sentada. – Fome repentina? – ele seguiu a mão dela, que pegara um morango e mergulhara em outra tigela, com um pouco de chocolate derretido.
Bellatrix sorriu para ele e confirmou com a cabeça, trazendo o morango para a boca. Ela mordeu o morango, pegando com a boca toda a parte que continha chocolate. Mergulhou a metade em sua mão em chantilly e comeu.
- Estava morrendo de fome. – ela sentou-se corretamente na bancada e pegou outro morango com as mãos.
- Melinda ainda não voltou? – ela acenou negativamente. – Demorando muito mais do que devia com essa diversãozinha dela, eu sei que aterrorizar as pessoas é interessante, mas... Com tanta demora as coisas podem sair do plano e ela vem reclamar depois.
- Ela deve estar demorando por excesso de cuidado. Sabe como ela é com estratégias, tudo milimetricamente calculado. Greyback deve estar ficando louco, bruto e impulsivo como ele é. Como se eu ligasse. – Bellatrix deu de ombros. – Rodolphus não deixará os mais jovens fazerem bobagens, não deixou no caso de Olivaras. Não que eu ache que eles fossem fazer...
A expressão de Voldemort mudou completamente com a citação de Rodolphus, ele se tornou sério. A confiança que ela parecia ter agora pelo ex-marido não lhe agradava. Merda, ele estava com ciúme de novo.
- É, verdade. – respondeu, seco. Bellatrix obviamente notou a mudança nele. Ele fez menção de sair e foi segurado por ela.
- Não está com fome também? Digo... – ela mordeu metade do morango. – Nenhum tipo de fome? – ela ameaçou colocar o resto do morango na boca, mas teve o pulso segurado firmemente por ele. O bico do sapato dela subiu pela perna do Lorde, provocando.
Voldemort trouxe a mão dela, que segurava o morango, até sua própria boca e o comeu, sendo fixamente observado por ela, cujos lábios se curvavam em um sorriso carregado de luxúria.
Bellatrix levantou um pouco o corpo e segurou o Lorde pela nuca, aproximando seu rosto do dele, já podendo sentir a respiração dele em seus lábios.
Foi ele quem começou o beijo, misturando os gostos das bocas deles ao dos morangos que eles haviam comido.Tudo se tornava loucamente erótico quando era sobre eles. Voldemort deitou sobre ela na bancada, tendo seu corpo imediatamente abraçado pelos braços e pernas dela. Ele não poderia nunca se ver em uma situação melhor.
Bellatrix subiu o paletó e a camisa dele, tendo acesso livre às suas costas, enquanto ele descia para seu pescoço, perdendo-se em meio às madeixas negras e o perfume forte dela. O bom de estarem sozinhos em casa era aquilo: qualquer lugar lhes era apropriado.
Casa de Remus Lupin
O ar na casa parecia começar a voltar, mas ainda tenso, pesado, cortante. Apenas os Comensais pareciam relaxados, até divertindo-se. É claro, para eles o que Melinda dissera não tinha a menor importância. Se ela mataria ou não Lynx não era do interesse deles, mas eles sabiam da verdade: ela não ia. A não ser que ela desejasse criar um cadáver.
- O que foi? Ficaram todos calados. – perguntou Melinda, sádica, a varinha encostando um pouco em Lynx. – Uma menina tão bonitinha, tem os cabelos da Hilary. E os olhos, como são, Cedric? Como os dela? Como os seus?
- Tire as mãos da minha filha, Melinda, eu já te avisei. – alertou Cedric, mais uma vez.
- Ou o quê? Vai me matar, Cedric? Você não é homem o bastante para isso. Aliás, nisso é bem similar ao Potter: Faz ameaças que não pode cumprir, sempre. – mais uma vez Cedric teve de ser segurado. – Tanto é verdade que não tem chances contra mim que da última vez que nos encontramos Hilary teve uma idéia bem errada sobre nossa relação.
Cedric empalideceu e expressões confusas povoaram a sala. Do que diabos Melinda estava falando? Draco e Gabrielle eram os únicos ali que se lembravam do dito fato – Draco bem desconfortavelmente. Diggory não podia imaginar que a morena traria aquele assunto à tona.
- O que quer dizer com isso, Melinda? – perguntou Rodolphus Lestrange, desejando alterar mais ainda os ânimos com a provável explicação dela. O clima estava demasiado quente, ele queria ver pegar fogo.
Cedric pediu mentalmente que ela não explicasse. Não queria que todos ali o julgasse, o entendessem mal. Aquele ocorrido fora o pior erro de sua vida e seria usado por Melinda para fazê-lo miserável até o fim da mesma.
- Creio que essa seja a curiosidade de todos, não somente sua, Rodolphus. – ela deu um risinho de canto. – Cedric não contou a ninguém porque Hilary parecia tão destruída, tão fraca e machucada no momento de sua morte. Porque na cabecinha dela eu havia lhe roubado absolutamente tudo. Bem, eu explico.
- Não ouse! – gritou Cedric. – Não ouse tentar fazer o que eu sei que você quer fazer. Eu não vou deixar você manchar a minha imagem, Melinda!
- Não grite! Vai acordar a minha sobrinha! E, sobre manchar a sua imagem, é você quem está dizendo. Tudo o que eu ia fazer era dizer como você sucumbiu às minhas investidas, não teve controle sobre seus instintos masculinos. Mas não se preocupe, a maioria não teria. Cedric, você e eu sabemos que eu sou linda demais para isso. Bom, você é a prova. O amor da vida de minha irmã! Minha irmã e pior inimiga. Mesmo assim, sucumbiu. E, por mais que negue, até hoje deseja poder ter ido até o fim. – ela levantou a sobrancelha e ele ardeu em ódio com a provocação.
- Não que ela fosse deixar, obviamente. Armadilhas não são feitas para serem agradáveis. – disse Draco Malfoy, rindo tentando esconder o desgosto que aquela lembrança lhe trazia.
Cedric riu sarcástico para Draco. O rosto dele se contorceu em uma expressão maldosa. As palavras claramente ciumentas de Malfoy foram a sua deixa: Melinda fizera seu estrago, ele também tentaria.
- Isso é o que você diz a si mesmo para se sentir menos corno. Bom, não que você ligue já que deixou a própria namorada se jogar em cima de outro. – devolveu Cedric. – Mas nenhum de nós sabe o que teria acontecido se Hilary não aparecesse.
- Eu sei. Eu teria te estuporado, já que você não pararia. Nada pessoal, Cedric. Você não é o meu tipo. Ah, espera. É pessoal também. – Melinda atacou de novo.
Os outros na sala permaneciam quietos, tentando absorver aquelas informações. Melinda seduzira, Cedric sucumbira, Hilary os flagrara. Pobre Hilary, pobre Cedric – que devia sentir-se demasiadamente culpado. Mas algo vinha às mentes deles com ainda mais força: Maldita Melinda. Ela conseguia ser tão odiosa que era inacreditável.
- Você não pode contra mim, Cedric. Conforme-se. Não se deixe iludir por esses tolos que acham que sobreviverão a essa guerra. Eles não vão, querido ex-cunhado, e nem você. E quando a guerra acabar... Pobre Lynx, sem mãe, sem pai... Sozinha no mundo. Tsc. Tsc. Nada me restará a fazer a não ser acabar com o iminente sofrimento dela...
- NÃO AMEACE A MINHA FILHA, MELINDA! Eu te mato, nem que eu tenha que ir junto. Mas eu juro que te mato se abrir essa boca maldita mais uma vez para ameaçar a minha Lynx! – Cedric conseguiu se soltar dos amigos e avançou em Melinda. O desejo dele era esganá-la, acabar com ela com as próprias mãos.
Um movimento o freou. Melinda apontou a varinha com vontade contra o frágil corpo adormecido de Lynx. Ela olhou Cedric de forma penetrante, ele não precisava ouvir nada para saber o que aquilo significava, mas ela fez questão.
- Mais um passo e você não vai junto comigo a lugar algum, mas junto com ela. – se Cedric soubesse dos planos de Melinda, de como ela acabaria com o sofrimento iminente de Lynx se ela ficasse órfã, quando ela ficasse... Ele saberia que tal ameaça não tinha valor algum, não que os planos dela de criar a sobrinha o fossem acalmar, é claro.
Cedric congelou. Obviamente ele não daria passo nenhum, mas ao olhar para cima constatou que mesmo que Lynx não estivesse nos braços de Melinda, ele não conseguiria andar. As varinhas de Draco, Gabrielle, Rodolphus e Greyback estavam apontadas em sua direção e ele tinha certeza de que nenhum deles hesitaria em matá-lo caso ele se aproximasse mais da Princesa das Trevas – Greyback certamente preferindo usar os dentes à varinha. Ele estava tentando enfrentar a realeza, afinal.
- Não deve, contudo, se preocupar tão precocemente, Cedric. É como Olho-tonto disse: Eu não tenho muitas chances de sair daqui com a menina, não com todos vocês aqui. Não sou estúpida e impulsiva como vocês, tenho um cérebro, sabe? – disse Melinda, fria e displicentemente.
- Então o que está fazendo aqui? – perguntou Arthur Weasley. – Se sabe que não pode levar Lynx... – algum temor era palpável na voz dele. Ninguém ali desejava uma chuva de feitiços e um massacre no meio da sala de Lupin. Talvez fosse isso que ela quisesse, Greyback estava ali e massacres eram a especialidade dele.
Melinda desviou os olhos de Cedric para o Sr. Weasley, o encarando fixamente, os lábios curvados em um sorriso divertido. Adolescentes gostam de diversão, Melinda era somente um pouco mais mórbida. Medo a divertia.
- Talvez... Eu esteja apenas querendo me divertir, Weasley. – Melinda deu de ombros, causando outro ataque de ódio em Cedric,– mais uma vez segurado pelos outros. – A Princesa das Trevas tem muitos afazeres nos dias de hoje, sabe? Relaxar é sempre bom. – ela arqueou a sobrancelha. – Nada melhor do que assustar uns tradorezinhos.
- Melinda, pela última vez. – avisou Nymphadora. – Solte o bebê e ninguém se machuca, você sabe que é a melhor opção...
Nymphadora foi interrompida pela risada histérica e esganiçada de Melinda, visivelmente forçada e exagerada. Tão repentinamente quanto começou, a risada se foi e Melinda voltou à pose desafiadora.
- E quem foi que te falou que você dita às regras aqui, priminha? – Melinda deu um passo à frente, fazendo os Weasley recuarem quase que instintivamente. Nymphadora e Cedric, porém, também deram um passo à frente. – Porque... Seja quem for, está muito enganado.
- É mesmo? Pois eu acredito que a louca da sua mãe e o psicopata do seu pai estão levantando muito o seu ego. Só assim pra você acreditar que pode ditar alguma regra aqui...
- Ah, eu posso. Principalmente quando sou eu que tenho esse bebê no colo, minha cara prima. Porque convenhamos, eu não tenho nada a perder. Se algo acontecer a mim, acontecerá a esta linda garotinha também... E eu duvido veementemente que vocês queiram ferir a pobre e inocente Lynx! – Melinda abraçou mais a sobrinha, vendo os olhos de Cedric praticamente queimarem.
- Usar uma criança como escudo é baixo até mesmo para você, e olha que isso é muito. – provocou Nymphadora. – Mas por que você não diz de uma vez a que veio? Sério, garota, duvido que tenha vindo só se divertir, nem você....
- O quê? Sou tão louca, sádica e superficial? Oh, acredite, Nymphadora... Eu sou. Tudo isto não passa de uma imensa diversão para mim, ver os olhos de vocês tomados pelo medo não tem preço.
- Além disso, é claro, aproveitamos para tentar colocar algum juízo nas mentes de vocês. – interveio Gabrielle. – Como já dissemos antes... Back off. Ou vão acabar feridos ou... Mortos.
- Ou alguém mais acabará morto... – Melinda sutilmente olhou para Lynx e de volta para o grupo de membros da Ordem. Ela estava blefando, mas eles não precisavam saber disso. – E nós não queremos isso, não é mesmo?
Não era como se alguém ali tivesse coragem o suficiente para discordar dela. De fato, ninguém queria que Lynx acabasse ferida ou pior. Mas eles também não recuariam, aceitar um mundo governado por Voldemort era pedir que alguém acabasse seriamente ferido.
- Mas não se preocupem... Isso não será agora.
Era a dica. A dica que os Comensais da Morte estavam esperando para agir. Subitamente a luz sumiu do cômodo mais uma vez e o caos se instaurou. Tudo o que eles precisavam. Os aurores tentavam trazer a luz de volta, mas certamente algum feitiço desconhecido deles havia sido usado. Malditos.
Quando a luz voltou, Cedric correu pelo quarto, desesperado, ele não via onde a filha estava. Seu medo era que Melinda tivesse levado Lynx com ela. Aquela vadia ia ver se ela tivesse feito algo à sua menina.
- Lynx? Onde está ela? LYNX? – Cedric ouviu um choro e viu Lynx na poltrona mais afastada, coberta pelo cobertorzinho. Ele achou que seu coração fosse pular para fora da boca.
A felicidade contudo não durou muito tempo, todos estavam tão atordoados procurando Lynx que ninguém notou que não estavam sozinhos, nem mesmo Moody.
- Pobre, tolo, Diggory. Aproveite, porque eu voltarei e então será a última vez que verá sua filhinha. – disse Melinda, sentada confortavelmente na poltrona no lado oposto da sala. Antes que qualquer um deles pudesse tomar, ela havia aparatado; e o local onde ela estivera atingido por uma chuva de feitiços.
A cem metros dali, Melinda desaparatou, aos risos. O resto do grupo a olhou aliviado. Ela era completamente louca. Todos sabiam que ela não iria aparatar junto com eles, mas não deixavam de temer pela segurança dela.
- Divertiu-se bastante? – perguntou Rodolphus, quando ela chegou.
- Sim, de fato, me diverti.
- Dizem que quem brinca com fogo acaba queimado, Melinda. – alertou Draco, sério.
- Quando pessoas como nós brincam com fogo, Draco, nós acabamos o dominando. – ela piscou para ele, segurando-o pela gola da camisa. Draco não pôde deixar de rir.
- Vamos voltar logo, prometemos levar a princesinha em segurança para o Lorde. – disse Greyback para Rodolphus, fazendo Melinda revirar os olhos e mandar a eles um sinal obsceno.
Todos riram da atitude dela e aparataram de volta à Mansão Slytherin.
Nymphadora passou pela porta da casa de seus pais como um furacão. Ela precisava ver aquela garotinha e tinha que ser naquele momento. Ela não ia escapar. Já era hora daquela pirralha tomar uma decisão. Os acontecimentos da noite haviam sido a gota d’água para a paciência dela. Lupin vinha logo atrás tentando dissuadi-la.
- Tonks! Espera! Pensa melhor, não vai adiantar de nada fazer isso e...
- Nicky! NICKY! – berrou Nymphadora. – Venha aqui, AGORA!
É claro que os berros de Nymphadora haviam chamado a atenção de toda a casa, incluindo seus pais: Andrômeda e Ted – que corriam desesperados para a sala para averiguar o que diabos estava acontecendo. Com uma filha auror e membro da Ordem da Fênix preocupação naqueles tempos de guerra era o que eles mais tinham.
Nicky Tonks correu para a sala ao ouvir os chamados da irmã. Ela se perguntava por que Nymphadora estava gritando tanto, não havia necessidade desse tipo de coisa a não ser que algo muito terrível tivesse acontecido e, no fundo, esse era o medo de Nicky. Preocupava-se com Nymphadora, com Harry, e... Com Melinda – não que ela fosse confessar isso para nenhum morador daquela casa. Ela não queria ser linchada no fim das contas.
- O que foi Nymphadora? Está louca? Não precisa gritar tanto! – disse Nicky, sendo apoiada pelos pais. O rosto dela estava contorcido em um ponto de interrogação imenso. A expressão de Nymphadora, no entanto, era do mais profundo ódio. Os cabelos dela estavam ficando vermelhos e Nicky jurava poder ver alguns pontos daquela cor nos olhos dela.
- Don’t call me Nymphadora! E eu grito o quanto eu quiser, porque eu já estou cansada de você, da sua falsidade e das suas mentiras!
- Nymphadora, querida, acalme-se. O que está acontecendo? – perguntou Andrômeda, visivelmente preocupada.
- A sua sobrinha é o que está acontecendo! E o seu projeto de cunhado! E, ah, sua adorada irmã, mamãe! – respondeu Tonks, ríspida. – E... É possível que logo seja a sua filha o que esteja acontecendo! A Sonserinazinha da casa!
- Do que você está falando, minha filha? – perguntou Ted.
- Sr e Sra Tonks, sua filha está um pouco nervosa... – Lupin tentou explicar. – Nossa comemoração não ocorreu como o esperado!
- Não ocorreu como o esperado, Remus? Não ocorreu como o esperado? Nós fomos atacados por um grupo cuja maioria mal saiu das fraldas! – esbravejou Tonks, quase sem respirar.
- E minha irmã estava no meio... – suspirou Andrômeda.
- Não, mamãe. A titia Bella não estava no meio, mas o monstro mirim que ela chama de filha, sim! Aliás, todos os amiguinhos da Nicky estavam lá: Draco Malfoy, Gabrielle Ceresier e, como eu disse, a cereja do bolo: Melinda Callidora Black. Ou quem sabe seja melhor dizer “A diva da Nicky”? Impressiona-me que você não estivesse lá, Nicky, já que sempre está com eles, não é?
- Não insinue que sua irmã é uma Comensal da Morte! – repreendeu Ted Tonks. – Ela não é e você sabe disso!
Nymphadora olhou para Remus, ainda borbulhando em ódio. Os cabelos dela estavam num vermelho um pouco menos vivo, mas ainda longe de voltarem à cor de sempre. Ela respirou um pouco e encarou Ted.
- Não, papai. Eu não sei. – ela arqueou a sobrancelha. – Alguém contou a eles que estávamos lá. E eu não duvido que esse alguém tenha sido ela!
- Você está completamente louca! Em primeiro lugar, eu não falo com a Melinda desde que deixei Hogwarts! Aliás! Desde que ela deixou Hogwarts! E se eu fosse Comensal não acha que Melinda teria me levado com ela no dia da invasão de Hogwarts? – retrucou Nicky, irritada com a irmã.
- Então quem contou a eles?
- Eu é que vou saber? Não acha que o Lorde das Trevas tem espiões suficientes para isso? Uma auror não pode ser tão ingênua!- a mais jovem revirou os olhos. – Você está é cega de raiva porque uma garota da idade da sua irmãzinha passou pela sua segurança!
- Vocês ouviram? “O Lorde das Trevas”. Você já fala como uma Comensal!
Nicky andou em círculos pela sala, claramente irritada e completamente cansada de discutir com Nymphadora. Sério? Aquilo já estava passando dos limites. Preconceito com casas dentro de casa? Só porque era Sonserina era Comensal? Ok. Ela andava com a filha de Voldemort, talvez esse fosse o problema. Talvez não, esse era o problema.
- É claro que eu falo como uma Comensal, eu convivo com a filha dele! Como acha que ela o chama? De papai? – Nicky deu uma risada sarcástica. – Eles não fazem o tipo família, acredito que você imagine isso.
O sarcasmo de Nicky apenas aumentou a raiva de Nymphadora, mas ela não perderia o controle, não para a irmã. Era o que ela queria. Irmãos caçulas sempre querem parecer certos e chamar a atenção toda para eles. Principalmente ela. A irmã de uma auror, na Sonserina. Vindo Andrômeda da família que viera, todos pensavam coisas ruins. Tudo bem que Andrômeda era Sonserina, mas era uma exceção na família.
- Meninas, por favor. Parem! – pediu Ted, já contagiado pelo horror que já estava claro em Andrômeda. Suas duas filhas brigavam como duas inimigas, não como as irmãs que eram.
Nymphadora aproximou-se de Nicky, olhando a irmã – um pouco mais baixa – de cima. A mais jovem, no entanto, não teve sua expressão mudada. Nymphadora não a assustava, não mais. Nunca mais. Ela não era mais uma criancinha indefesa e todos deviam saber disso sendo ela já maior de idade.
- Prove. – cuspiu Nymphadora.
- What? – surpreendeu-se Nicky.
- Prove que não é Comensal da Morte. – a mais velha arqueou a sobrancelha. – Vá até Melinda, junte-se a eles, seja nossa espiã. Você já não foi espiã pro Harry? Quer dizer, foi dupla, mas também serve. Enganou Melinda uma vez, pode enganar de novo.
Nicky empalideceu apenas de pensar naquela possibilidade. Nymphadora estava brincando, não era possível. Ela estava ouvindo a si mesma?
- Nymphadora... – Andrômeda aproximou-se da filha. – Veja o que você está dizendo. É loucura! Estamos falando de uma guerra, não de grupinhos em Hogwarts...
- Que eram uma extensão da própria guerra!
- Tonks, querida, por favor, seja razoável. É perigoso demais! Ela tem só dezessete anos. – interveio Lupin.
- Ceresier tem quinze, Melinda e Harry menos de dezessete! Desculpe, Remus, ninguém está poupando ninguém nesta guerra por causa de idade! – Nymphadora voltou a encarar a irmã.
Nicky continuava pálida, mas algo nos olhos dela havia mudado. Ódio era o que Nymphadora via. Nicky sentia como se seu sangue estivesse gelado em suas veias, congelando todos os órgãos pelos quais passava. Seu corpo gelava, mesmo no calor da discussão. - E se eu me negar? – Nicky também levantou a sobrancelha. – O que você vai fazer, Nymphie? Matar-me? – Nymphadora não respondeu. – Expulsar-me de casa? Isolar-me do mundo com um medo imenso de que eu seja uma Comensal que está aqui apenas para destruir sua vida?
- Você tem duas opções, Nicky. Ou se prova inocente ou saia de uma vez por aquela porta, eu não vou tolerar uma Comensal em potencial morando aqui, colocando meus pais em risco! – Ted e Andrômeda tentaram dizer algo, mas Nicky os interrompeu com uma risada descontrolada.
Nicky colocou as mãos na cintura e cortou a risada, encarando Nymphadora.
- Dando as costas à própria irmãzinha! E depois eles são malvados! Vocês os julgam maus, mas quando estão diante deles são tão maus quanto! Sentem o mesmo prazer em torturá-los que eles sentem ao torturar os trouxas...
- Você não sabe o que está falando!
- Oh, não? Até onde eu sei foi necessário muito mais do que uma suspeita para a terrível Bellatrix Lestrange dar as costas à Hilary. Haviam provas, testemunhas, uma traição consumada. No entanto, você... Dá-me as costas com tão pouco, Nymphadora! Está há tanto tempo convivendo com Comensais que está cada dia mais parecida com eles, ou pior, pelo menos nesse quesito.
- Ah, agora a titia Bellatrix perto de mim é um amor de pessoa! E é claro que você, sendo mestiça, ela será mais amável ainda! Aquela mulher não sabe o significado da palavra amável! Isso que você acabou de dizer só prova meu ponto: Você pode até não ser Comensal, mas tem potencial para ser. A parte ruim do sangue maldito da família Black está aflorando em você!
- Não, minha filha. Se é como você diz foi a parte boa que não a atingiu. A parte que é exceção. – ouviram Andrômeda falar. – Posso ver minhas irmãs refletidas nela, uma mistura.
Nicky virou-se para a mãe, chocada com o que acabara de dizer. Será que era assim? Seria ela parecida com Bellatrix Lestrange e Narcissa Malfoy?
- Mas você está errada sobre a Bella, Nymphadora. Ela é tudo o que você diz, mas ela saberá ser bastante amável com sua irmã caso este seja o caminho que ela decida seguir. Uma de minhas filhas “salvando” o sangue dos Black, unindo-se a eles... Bellatrix adorará. – Andrômeda tinha lágrimas nos olhos. – Tudo o que eu quero agora é saber se sua irmã está certa sobre o que você quer para o seu futuro, Nicky. Não sou como os Comensais, e nem sua irmã é, se escolher juntar-se a suas tias, seus primos e você-sabe-quem você sairá por aquela porta e ninguém irá atrás de você. Ninguém. – ela olhou significantemente para Nynmphadora. – Não vou permitir o episódio deplorável Hilary/Melinda na minha família.
- É isso o que você quer, Nicky? Juntar-se a eles? – Ted também tinha lágrimas nos olhos.
Nicky pareceu pensar por um momento, a reflexão dela irritou Nymphadora e chocou a Lupin que esperava um não imediato da futura cunhada. Andrômeda e Ted, no fundo, já esperavam tal atitude. Sempre notaram a filha um pouco em cima do muro quanto àquela guerra, mas esperavam que ela caísse para o lado certo.
- Eu nunca tive uma opinião formada sobre essa maldita guerra. Sempre fiquei em cima do muro, confortavelmente, mas hoje vejo que serei forçada a cair para um lado. Não me interrompam! – esbravejou Nicky ao ver os três parentes abrirem a boca simultaneamente. – Perguntaram-me, agora eu respondo e vocês ouvem. Sei que os Comensais da Morte são cruéis e não sei o que Melinda fez hoje, mas...
- Ela quase matou o Cedric do coração, ameaçando a Lynx! – Nymphadora não agüentou. – Ela pegou a Lynx no colo! Colocou aquelas mãos sujas de sangue naquele bebê inocente e só não feriu a Lynx porque preza demais pela própria vida! Isso que sua amiguinha fez. Mas continue.
- Muito bem. Primeiro, conheço Melinda bem o suficiente para saber que tudo o que ela fez foi fazer vocês todos morrerem de medo como idiotas! Mas acredite no que quiser. – Nicky sabia que manter Lynx viva era mais lucrativo, era sua fonte de ameaças. – Continuando, sabendo da crueldade deles, comecei a me sentir inclinada a apoiar a Ordem. – ela ouviu suspiros de alívio pela casa. – Essa noite, contudo, foi um divisor de águas em minha vida! Ouvir minha irmã me mandando para a morte fez-me perceber que não quero ser hipócrita!
- O que você quer dizer com isso? – perguntou Andrômeda.
- Uma coisa é semi-enganar Melinda! Sendo que ela sabia que Harry pensava que eu era espiã. Outra enganar Melinda e o Lorde das Trevas! Ninguém o engana e quem foi idiota o bastante para tentar morreu! Pedir que eu o enganasse é me mandar para a morte, é me matar, assim como Melinda fez com Hilary. E tudo baseado numa suspeita! É hipocrisia demais sua criticar a Melinda, não acha? – Nymphadora ficou quieta. – E é por isso que eu tomei minha decisão de uma vez por todas: Sim, eu vou me juntar a eles. Pelo menos assim eu assumirei o que eu sou e sabe, mamãe? É bem provável que você esteja certa sobre a “parte boa” do meu sangue, ela certamente não exista. – Nicky foi em direção à porta. – Adeus a todos, espero que não tenhamos que nos reencontrar no campo de batalha.
- Não vai fazer as malas, Nicky? – perguntou Ted, quase chorando. – Pegar suas coisas e... – a garota já havia saído quando ele falou.
- Não se preocupe com ela, papai. Ela foi ficar com a parte rica da família, podem comprar tudo novo para ela! Imagino que ela já tenha pensado nisso.
- Cale-se, Nymphadora! Isso tudo era mesmo necessário? – exaltou-se Andrômeda. – Por causa de uma suspeita boba?
- Você viu! Ela já estava inclinada a isso, o mínimo empurrão...
- Você deu o empurrão! – gritou Ted. – Você com sua desconfiança constante de auror jogou sua irmã no colo dos Comensais.
Nymphadora olhou para a mãe, que claramente concordava com Ted e para Remus, que olhava para o chão – sem querer dar opinião. Ela havia passado dos limites, de fato. Mas não havia volta, não mesmo. O Sr e a Sra Tonks saíram da sala, sem dizer nada.
- Eu espero que você não viva para se arrepender disso, Tonks. A dor seria insuportável para você. – advertiu Remus.
- Eu sei, e eu não vou. Vamos para a casa dos Weasley, sim? Preciso dar a eles um tempo de recuperação e nós não podemos voltar para a sua casa, não agora que os Comensais entraram lá... – Lupin concordou com ela. Precisavam ir para outro lugar, ela era auror, não podia correr aquele risco.
Nymphadora saiu pela porta calmamente, mal recordando o raio que ela fora ao entrar aos berros na casa dos pais. Lupin a seguiu, certo de que – uma hora ou outra – ela se arrependeria. E isso decerto não iria demorar.
Nicky correu para longe de sua casa o mais rápido que pôde. As grossas lágrimas não conseguindo ficar nos olhos. Mágoa, ódio, tudo misturado naquele choro quase desesperado. Como em coro com suas lágrimas, grossos pingos de chuva caíram sobre ela – que mal os sentia. Ela queimava de ódio e aquela chuva de verão não seria suficiente para esfriá-la.
Ela finalmente parou. A chuva encharcando seu corpo e misturando-se as salgadas lágrimas que já haviam lavado seu rosto. Os cabelos caiam sobre seu rosto. Ela irritou-se ao ver os fios praticamente dourados a sua frente, jogou-os para trás e gradativamente eles iam das pontas para a raiz voltando a seu tom alaranjado de ruivo, como sempre fora. Ela sentiu um tipo leve de alívio com aquilo, sentindo como se voltasse a ser ela mesma mais uma vez. A pessoa que seu sangue lhe dizia para ser e que ela nunca – nem mesmo com sua paixão por Harry Potter – devia ter deixado de ser: Uma Black, inclinada à maldade, a juntar-se aos Comensais da Morte. E era isso que ela faria: seguir seu sangue. Ela, então, pegou a varinha nas roupas encharcadas e aparatou.
Frente a seus olhos, em segundos, surgiu a Mansão Malfoy – que agora tinha dois guardas Comensais no portão. Era fácil para ela deduzir: Voldemort visitava aquela casa com freqüência. Se bem que os Comensais no momento eram muito mais ameaça para a Ordem do que o contrário. E, decerto, sempre foram.
- O que você quer aqui, garota? – perguntou um dos Comensais, por debaixo da máscara.
- Quero falar com a Sra. Malfoy. Diga que... Sou a sobrinha dela, Nicky, filha de Andrômeda. Draco já deve ter falado de mim para ela. – disse, com pose elegante, apesar dos cabelos bagunçados e das roupas molhadas. Os Comensais pareciam protegidos por algum teto invisível.
O Comensal assentiu e foi em direção à porta da Mansão. Ele sumiu por aquela porta imensa e ela não mais o viu. Ela tinha sorte que todos sabiam onde os Malfoy moravam, ou não teria a quem recorrer.
- A filha da Andy? – Narcissa sobressaltou-se. – Aqui? Querendo falar comigo? Sim, Draco e Melinda me falaram dela, mas eu nunca... Imaginei que ela fosse me procurar, não sem um deles. – Mande-a entrar!
Lucius levantou da poltrona, indignado com a resposta que a esposa dera ao Comensal. Achava que Narcissa não era o sumo exemplo de inteligência às vezes, mas aquilo era completa burrice.
- Está louca, Cissy? – retrucou Lucius, já de pé. – Ela é irmã de uma auror! Pode ser uma armadilha! Essa historinha de que está sozinha e não sei o que não me convence.
- Cale a boca, Lucius. – disse Narcissa, simplesmente. – Draco já tinha falado que ela era parecida conosco. – ela virou-se para o Comensal. – Deixa a minha sobrinha entrar.
O Comensal assentiu e voltou para o jardim, deixando o casal Malfoy a se encarar na sala. A última guerra que Narcissa começara parecia que ia durar por muito tempo.
Minutos depois, a jovem ruiva adentrou a sala, encharcada e – apesar da noite de verão – tremendo devido ao pouco, mas existente, vento que a chuva trouxera. Narcissa chocou-se ao ver o estado da garota. Tirou imediatamente a varinha das vestes e secou a menina com um feitiço.
- Muito melhor...
- Obrigada, Sra. Malfoy. – agradeceu Nicky, ainda tímida e escolhendo as palavras corretas. – Eu...
- Venha, Nicky, sente-se. Sei quem você é, Draco e Melinda disseram diversas coisas a mim sobre você. Mas o que me intriga é: O que te traz aqui? – Narcissa sentou no sofá.
Nicky sentou-se ao lado de Narcissa, ainda sob o olhar desconfiado de Lucius, ela focou-se na tia sem deixar-se abalar pelo tio.
- Eu vim pedir ajuda. Fui praticamente expulsa de casa porque minha irmã desconfiava que eu fosse uma Comensal da Morte. E o fato é que, mesmo que eu não quisesse ser, ela chegou me acusando e querendo que eu espionasse o Lorde das Trevas para provar que não estava do lado de vocês... – começou a explicar a garota.
- Espionar o Lorde das Trevas? Isso é loucura! Como alguém faz uma proposta dessas a um parente? Ele te mataria antes que pensasse nisso! – respondeu Narcissa, decididamente chocada. Lucius começava a parecer interessado.
- Sim, eu sei. Eu não desejaria fazer isso nem que fosse louca, mas desejo unir-me a vocês. Talvez, no passado, meu amor por minha mãe e meu pai tenha me feito pensar de maneira errada, mas o sangue que corre em minhas veias não é abado em mim, Sra. Malfoy. Eu sei o que quero: unir-me aos Comensais da Morte. – disse Nicky, firme.
Narcissa sorriu bondosa e Lucius finalmente acalmou-se quanto àquela visita inesperada da garota. Nada de perigoso vinha dela, apenas uma parenta procurando auxílio e um lado para lutar naquela guerra. Uma irmã auror, a outra Comensal. Aquela história começava a ficar boa.
- Nicky... Falaremos sobre isso depois, no momento o que você precisa é de uma casa, uma família sendo que a sua te abandonou... Mal posso crer que a Andy tenha deixado algo assim acontecer, contudo em tempos de guerra... Tudo é possível. – Narcissa acariciou o rosto da jovem, ela parecia-se com Andrômeda de forma impressionante. E era um reforço para os Comensais, Narcissa podia não adorar Voldemort como a irmã, mas não queria perder aquela guerra. Agradar à sobrinha era a escolha óbvia da Senhora Malfoy.
Um barulho tirou Narcissa, Lucius e Nicky do sossego. Pessoas chegavam, dando risadas. Eles se viraram e viram o grupo chegar, parecendo que se deleitavam em diversão. Os olhos deles encontraram Melinda, Draco, Gabrielle, Snape, Bellatrix e Voldemort entrando pela sala. Eles haviam vindo contar aos Malfoy como fora a pequena peripécia dos mais novos. Trouxeram Voldemort e Bellatrix com eles para uma pequena comemoração naquela noite de sexta, enquanto Rodolphus e Greyback se separavam deles e iam para suas casas.
- Nicky?! – surpreendeu-se Melinda, parando abruptamente. Ela nunca imaginaria encontrar a colega ali.
Nicky levantou-se, evitando olhar nos olhos daquele que ela reconhecia como o bruxo das trevas mais poderoso de todos os tempos, ela viu Bellatrix tomar a frente do grupo, analisando-a de cima a baixo.
- Nicky... Até onde eu sei, a segunda filha da Andrômeda. A Sonserina... – disse Bellatrix, um sorriso divertido percorrendo seus lábios. – O que faz aqui, menina? Não acha que sua irmã auror vai condenar tal ação? A não ser que ela mesma a tenha mandado aqui.
- Não é como se ela fosse ligar, esta noite Nymphadora me expulsou de casa, ou melhor, convenceu meus pais a deixá-la fazer isso... Porque ela pensava que eu era uma Comensal da Morte e que havia dito a localização da casa do lobisomem para Melinda... Bem, fazer o que fez hoje... – Nicky levantou os olhos para Melinda por um momento. – Fizeram-me escolher de que lado eu ia ficar nessa guerra, já pressupondo que eu escolheria o lado de vocês.
- Por causa de sua amizade com minha filha... – disse Bellatrix, vendo Nicky assentir. – E... – a Lady das Trevas se aproximou. – Você de fato nos escolheu. A questão é: O que te levou a trocar sua família por nós? Apenas a raiva por ter sido colocada contra a parede ou existe algo mais? – ela levantou a sobrancelha.
- Existe, sim, madame Lestrange. Esta noite minha irmã colocou como condição para acreditar que eu não era Comensal que eu espionasse o Lorde das Trevas para a Ordem. – Bellatrix soltou uma risada sarcástica ao ouvir as palavras da garota. – E, sendo isso um completo suicídio, eu notei que quaisquer dúvidas que eu tinha sobre em qual lado ficar eram irreais e infundadas.
- E por quê? – foi a vez de Voldemort perguntar, ele sabia porque, mas queria ouvir da boca da garota, aproximou-se dela, vendo ela se encolher no lugar. Ele riu com o canto da boca. – Look at me, Nicky Tonks.
Nicky olhou para cima, os olhos encontrando os vermelhos de Voldemort pela primeira vez. Ela via também o sorriso de Bellatrix por cima do ombro do Lorde. A tia parecia encantada com a presença dela ali.
- Primeiramente porque não posso ignorar meu sangue, e porque maldade é apenas um ponto de vista. Minha irmã e os amigos dela os chamam de maus, cruéis, sem piedade, mas eles são capazes exatamente das mesmas coisas que vocês se for contra vocês. Dizem que apenas se defendem e que vocês são os maus pois o fazem por vontade própria, mas o fato é que eles são apenas uns hipócritas. Quando vocês atacam os queridos trouxas que os encantam, é maldade, quando eles atacam Comensais, heroísmo. No fundo são tão maus quanto nós somos, só são fracos para admitir. – respondeu a garota, espantando-se com sua firmeza frente a Voldemort.
- Ótima resposta, de fato. – disse Voldemort. – Imagino que saiba que não virará Comensal esta noite porque decidiu fazê-lo, certo? Terá um tempo para se acostumar conosco, nossos costumes, nosso modo de viver, aprender algumas coisas e aí sim juntar-se a nós.
- Sim, eu sei. Eu vim direto para cá porque agora... É aqui que meus únicos parentes estão... – ela olhou para Narcissa por cima do ombro.
- E será tratada como se sempre tivesse sido uma nós... – Bellatrix passou por Voldemort. – Como se você e seus primos tivessem sido criados juntos... Da mesma forma que fazemos com Gabrielle. – Bellatrix olhou para a loirinha, que sorria e abraçou Nicky. - Bem vinda à família. – Bellatrix, ainda abraçada a Nicky, olhou significativamente para a irmã. Elas haviam conseguido, pelo menos uma das filhas de Andrômeda estava do lado delas, parte do estrago, revertido.
- Obrigada...
- Também devo agradecer, madame Lestrange... – pronunciou-se Gabrielle. – Por me considerar da família...
- Mas é, de fato, como se fosse. Só não digo que é como se fosse irmã de Melinda porque uma filha minha não se envolveria com Snape. – gargalhadas explodiram na sala. – Mas, uma de Narcissa... Com certeza... Afinal... Deixa pra lá! – Gabrielle sabia do pequeno affair que Narcissa tivera com Snape na juventude, então riu com vontade. - E você até se parece com o Draco! – mais risadas, dessa vez até Nicky riu, sentindo-se como parte da família finalmente.
Draco, Melinda e Gabrielle se aproximaram, conversando animadamente com Nicky sobre o ingresso dela à família. Gabrielle não via ameaça nenhuma em Nicky, nem como Comensal e nem como amiga de Melinda. A única possível ameaça para ela estava morta... E a ligação que ela tinha com Melinda, àquele ponto, era muito forte para Nicky atrapalhar – e Nicky nem queria. De fato, ela estava feliz pela amiga ter finalmente escolhido o lado certo. Elas eram um trio perfeito e sempre seriam, ou talvez um quarteto perfeito, afinal de contas, Draco era parte do grupo.
Os presentes na Mansão Malfoy decidiram sentar, tomar um drink e conversar sobre como havia sido a pequena brincadeira de Melinda com Cedric, que fora inofensiva... Bom, física, mas talvez não psicologicamente. Ouvir o lado de Melinda da história foi bom para Nicky, que estava curiosa desde as acusações de Nymphadora. Quando contado por Melinda tudo parecia divertido. De fato, ela estava em casa. Talvez fosse ali que ela tivera que ter ficado toda a vida.
Mansão Slytherin – Dias depois.
“Jantar, Nagini”. Duas palavras, ditas tão displicentemente e tão libertadoras. Fora após elas que Bellatrix pudera levantar daquela maldita mesa e rumar para a porta, vindo descansar no refúgio de sua mansão. Sua. Ou seria dele?
- Nossa, na realidade. – ela ouviu Voldemort responder por ela, na porta. – Por que voltou antes de mim?
Bellatrix virou-se para ele, os olhos queimando em ódio, não dele – obviamente -, mas da situação que ela passara. Brincar dizendo que Draco e Melinda seriam as babás dos filhos de Tonks e Lupin podia até ter passado despercebido pelos jovens, que até deram risadinhas junto com os Comensais, mas ela detestara a brincadeira. Os Comensais da Morte queriam um motivo para rir da Lady das Trevas, o próprio Lorde os dera este.
- Porque eu não podia mais suportar os risinhos dos Comensais da Morte. – ela levantou-se do divã. A postura rígida, fria. – Os olhares de gozação... Eles se esqueceram de quem eu sou e que eu posso fazer com eles o mesmo que vou fazer com minha sobrinha, ou... pior.
Voldemort, sem legilimência, finalmente entendeu a irritação e súbita volta para casa dela. Ela ainda estava irritada com a piada que ele fizera, porque no fundo era isso que fora toda aquela cena sobre o casamento de Nymphadora Tonks e Remus Lupin, ele tinha conhecimento de que Bellatrix não sabia e tinha certeza de que ela mataria ambos assim que tivesse a oportunidade. Não era como se os Comensais tivessem muito para rir dela, todos tinham algum podre.
- Bella, por Slytherin... Não é possível que tenha levado aquilo tão a sério, nem Draco e Melinda levaram e fui muito pior com eles. E você parece achar que eu os deixei zombar ao bel prazer... Você mesma viu que os cortei no momento em que percebi seu desconforto. – Bellatrix lembrou-se do momento, mas não havia percebido naquele instante que ele cortara as risadas por causa dela.
A Lady das Trevas ainda parecia não estar acostumada a toda a superioridade declarada que tinha – porque superior, ela sempre fora, mas assumida por Voldemort? Era novidade. Ela não se acostumava, também, com as repentinas demonstrações de cuidado dele. Anos antes, se ouvisse que ele se importaria com o bem estar dela, riria da pessoa. E ali estavam.
- E, no mais, sei que não demorará a matar a maldita da sua sobrinha e eles também sabem, por isso não ousam dizer uma palavra sobre você... – Voldemort passou o dorso da mão no rosto dela, que desviou.
Antes que ela tivesse tempo de se mover, ele segurou-a pelo queixo e obrigou-a a olhar em seus olhos. Considerava até mesmo absurda aquela atitude dela, mas engraçada no fundo.
- Você acabou com a imagem que você mesmo criou de mim... – disse ela, ainda com raiva, mas já apresentando sinais de que estava cedendo. – Os Comensais nunca vão me respeitar! Para eles, eu sempre serei a sua puta particular. Bom, talvez eles estejam certos, não é? – completou, amarga.
Voldemort não deixou que ela abaixasse o rosto, ele fez com que ela o olhasse nos olhos. Ela tinha o direito de estar irritada, mas ele não permitiria que ela ficasse assim por muito tempo e para o azar de Bellatrix, ele sabia exatamente como dobrá-la. As mãos dele contornaram a cintura dela, puxando-a para perto de si.
Bellatrix não pôde evitar que o corpo tremesse ao ser tocado por ele, ela era uma fraca mesmo. Oh, novidade. Ele era o ponto fraco dela e acabou.
- Posso garantir que se você fosse mesmo isso que disse, me sairia muito cara. – ele apertou-a contra si e deu uma risada. – Porque, de fato, eu não te dividiria com ninguém... – ele sussurrou contra o ouvido dela. – Então gastaria uma fortuna, não que eu fosse ligar.
- Não tem graça. – ela respondeu, sem convicção alguma, arrancando uma risada dele.
- É porque não é para ter mesmo... Eu estou falando sério, mas para minha sorte... Você não é uma prostituta, se fosse... Lucius teria te comprado e Rodolphus também. Eu não teria dinheiro suficiente para te fazer particular minha. Exatamente por isso os Comensais não sabem o que falam... E você me impressiona pensando que talvez eu realmente te veja assim. Depois de tanto tempo... – ele ficou sério, encarando-a fixamente. Ele parecia ter o poder de fazê-la se sentir culpada por ter dito aquilo, mesmo porque ele havia de fato calado os Comensais.
Bellatrix olhou para os próprios sapatos, sentindo a mão dele – antes em sua cintura – subir e alojar-se em sua nuca, causando arrepio nos pêlos locais. A outra mão levantou seu rosto pelo queixo, obrigando-a a encará-lo muito mais precocemente do que esperava.
- Você não tem idéia de quão temerosos eles ficaram ao serem repreendidos por mim. Afinal, estavam rindo da minha mulher. Constrangendo a minha mulher, eles não têm esse direito. – ele acariciou o rosto dela. – E nem nunca terão. Porque se tentaram, eu mesmo te darei a permissão para matá-los. – Bellatrix não conseguiu conter um sorriso.
Ela demorou um pouco até dizer alguma coisa de fato. Ela apenas o encarou por alguns segundos, aquele episódio fatídico acabara trazendo-os àquela situação onde ele demonstrava tal cuidado com ela.
- Matá-los... Da maneira que eu quiser? – ela perguntou, já em tom de brincadeira. Ele assentiu. – Interessante.
- Muito. – ele levantou a sobrancelha e finalmente satisfez o próprio desejo e a beijou, não sendo de forma alguma rejeitado. E ele esperava alguma resistência devido à mágoa dela, mas pelo jeito esta já estava dissipada. – Percebe como nosso reino começa a se expandir? – ela assentiu. – O maior exemplo disso é que... Sua sobrinha se uniu a nós, mesmo sendo irmã de uma auror.
- Sim, e muito em breve ela se tornará uma Comensal da Morte. Aliás, brilhante maneira de começar a atingir Nymphadora, huh? Fazendo-a saber que a irmãzinha dela em breve será marcada...
- Oh, que desgosto. Imagine saber que um dia terá que matar a irmã? Ah, eu já vi isso antes... Nunca acaba bem para a mais velha. – Bellatrix mais uma vez concordou. – Logo esses aurores malditos não existirão...
- Nenhuma resistência lhe será feita... – ela continuou.
- E nós reinaremos absolutos... Para sempre. – Voldemort a beijou mais uma vez, consumando com um beijo aquela promessa, que antes do que ela esperasse, seria cumprida: o mundo bruxo se tornaria o seu reino e de sua rainha.
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N/A: Hello people!
Desculpa a demora, mas também não foi de todo minha culpa, né. /né F&B que ficou fora do ar dois meses. pff. ¬¬ ninguém merece! D:
Esse cap é importante pra hist por dois motivos: um, a nicky pulando o muro de vez rs! vcs imaginavam que ela viraria comensal? rs dois, o começo da busca da mel pela lynx. por que a Mel não pegou a Lynx de vez? Simples: Ela é filha da Bella, como disse o Roldie: ela adora brincar com a comida antes de comê-la. Mas... será que o Cedric vai cair na armadilha da Princesa? rs
ALIAS! Falando na Princesinha das Trevas! Hoje é niver delaaaa *-----* A Mel hoje faria... 30 anos de idade! *-* OKOKASOKSAKOKO!
Hoje também é aniversário do Tom Felton, ator lindo que faz nosso adorado Draco...
Então! Parabéns pros dois *-*
Bom, não tenho muito o que falar, espero que curtam!
beeeijos!
Mel Black (22/09/2010)
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