Memories
Capitulo 1 – Memories
Flashback
Uma rapariga com os seus 17 anos acabava de entrar no seu dormitório. Estava encharcada! Chegou e deitou-se na cama, a chorar. O dia cinzento que fazia lá fora combinava perfeitamente com o seu estado de espírito. Estava triste. Muito. Mas não podia mostrar isso. Não podia deixar que todos percebessem o real motivo do mau humor que se tinha apoderado dela ultimamente. Não podia contar a ninguém. Simplesmente porque não podia. Assim, pelo menos podia chorar. Ali ninguém dava palpites sobre a sua vida. Ninguém lhe dizia o que estava certo e o que estava errado. Ninguém lhe dizia que era impossível ou mesmo uma fantasia dela. Ali, no seu quarto, podia desabafar à vontade, mesmo que fosse com ela mesma.
Afrouxou ainda mais a cabeça na almofada e continuou a chorar. Ao fim de tanto chorar, acabou por adormecer.
Quando acordou, sentiu alguém a fazer-lhe festas no cabelo. Só poderia ser Ginny, sua melhor amiga. Ela deveria estar preocupadíssima! Afinal, não é todos os dias que Hermione Granger falta às aulas! Muito menos para ficar a dormir. Ao ver que “Ginny” não se ia embora, decidiu falar:
- Ginny, vai embora, por favor. Quero ficar sozinha, se não te importas. – Disse Hermione, ainda com a cara na almofada.
- Eu não sou a Ginny, Hermione. – Falou uma voz, uma voz que lhe era muito familiar – Mas se achas que sou parecido, tudo bem!
- Harry?! Que estás a fazer aqui? – Perguntou ela, muito surpreendida. Não sabia se havia de o repreender por ter entrado no dormitório das raparigas ou se pulava para cima dele – Não devias estar nas aulas? Isto é o dormitório das raparigas, sabias?
- Calma, Mione! Uma pergunta de cada vez! Primeiro, estou aqui porque estou preocupado contigo! Afinal, Hermione Granger nunca falta às aulas! Muito menos para ficar a dormir! – Ela riu, ao pensar que, momentos antes, tinha pensado exactamente a mesma coisa – segundo, as aulas já acabaram há um bom tempo. Por ultimo, não fazia a mínima ideia que estava no dormitório das raparigas!
- Que engraçadinho que o senhor está! – Disse ela, atirando-lhe a almofada – Não precisas de te preocupar comigo, Harry. Eu estou bem… – disse ela, querendo convencer mais ela própria do que a Harry.
- Hermione, sabes à quantos anos é que eu te conheço? Conheço-te melhor a ti do que a mim mesmo! – “Infelizmente é verdade…”, pensou ela.
- Conhece-me exactamente à 7 anos, Mr. Potter!
- Então Hermione, conta-me o que se passa contigo! E não digas que não se passa nada, porque já deu para perceber se passa!
- A sério, Harry, eu estou bem! Vês, linda e perfeita como sempre! – Ele olhou para ela com um daqueles olhares do tipo “sim-sim-é-isso-e-eu-sou-amigo-do-Voldemort!”
- Jura!
-Juro por tudo o que é mais sagrado neste mundo! Agora tenho de ir tomar banho antes que apanhe uma pneumonia! Até já, Harry. – Disse ela, voltando-se de costas para ele, de modo a dirigir-se para a casa de banho. Ao se voltar, sentiu a mão dele agarrar o seu pulso e puxá-la para ele. Ela não ofereceu resistência e deixou-se levar por ele.
- Harry, eu já disse que estou bem, não insistas! – Disse ela, apercebendo-se, aquele instante, o quão perto estavam. Podia sentir a respiração dele no seu rosto. Podia beijá-lo, se quisesse. Ou se tivesse coragem. Ela ficou desconfortável, ao perceber isso. Sentiu-se corar. Olhou directamente para os olhos verdes dele e viu que ele também olhava para ela. Olhava-a com carinho, respeito, amor…
Sem quebrar o contacto visual, ele baixou ligeiramente a cabeça, de maneira a ficar à altura do rosto dela, e, delicadamente, beijou-a. Era como ela tinha imaginado nos seus sonhos, só que infinitas vezes melhor. Os lábios dele nos dela… o momento pelo qual ela tinha esperado desde… desde sempre! Sentiu uma onde de alegria invadir o seu corpo, a sua alma...
Ele beijava-a com um carinho extremo. As mãos dele passeavam pelas costas dela, enquanto ela mantinha as suas mãos na nuca dele.
Hermione pensou que nada nem ninguém poderia interromper aquele momento. Aquele momento com que sonhava há anos. Aquele momento que pensou que nunca iria acontecer… Mas como se costuma dizer, felicidade de pobre dura pouco, e Hermione não era excepção.
Ouviu a porta do dormitório abrir-se e viu Ginny entrar, com um sorriso de orelha a orelha. Sorriso esse que desapareceu no instante me que entrou.
- Er… estou a interromper alguma coisa? – Disse ela, com cara de enjoada.
- Claro que não, Ginny! – Disse Hermione, soltando-se de Harry e afastando-se dele o mais possível – O Harry veio só ver como é que eu estava, mas já está de saída, não é Harry? – Disse, muito depressa – Bem, eu tenho de ir tomar banho. Até já. – e desapareceu para a casa de banho, deixando para trás uma Ginny muito desconfiada e um Harry completamente frustrado.
Fim do flashback
Ela não conseguia compreender porque, passados 7 anos, ela ainda o amava. Da mesma forma. Com a mesma intensidade. O mesmo desejo. Tal e qual como namorava com ele. Como quando ainda nem sonhava que ele correspondesse aos seus sentimentos. E ela repreendia-se mentalmente por isso. Mas não era por se repreender ou por dizer para parar de o amar que as coisas iam mudar.
E lá estava ela, com os seus 26 anos, corpo perfeito, cabelos castanhos, compridos e encaracolados, e os seus olhos cor de amêndoa, sentada na cadeira do seu gabinete, mais uma vez a pensar nele. Naquilo que tinha acontecido entre eles no passado.
Ela era bonita, tinha o emprego perfeito, era chefe da repartição dos aurores. Tinha uma inteligência de fazer inveja a quase todas as pessoas. Morava num dos melhores edifícios de Manhattan e enfim, tinha uma vida quase perfeita. E era totalmente perfeita, se não fossem as memorias do sei passado, que teimavam em não sair da sua cabeça.
Os seus pensamentos sobre a sua vida ser ou não perfeita foram interrompidos por alguém a bater à porta.
- Entre! – Disse ela, prontamente.
- Bom-dia, Mione! – Disse Brian, seu colega de trabalho e melhor amigo, desde que se mudara para Nova Iorque. Brian era o típico homem que tinha tudo o que era mulher atrás dele. Era alto, magro, corpo extremamente bem “esculpido”, cabelo loiro, curto, e olhos de um azul tão claro que chegavam a tornar-se quase transparentes, nos dias de maior claridade. Brian morava no mesmo prédio que Hermione, no apartamento em frente ao seu.
- Bom-dia, Brian! – Disse ela, abrindo um sorriso. Era incrível como Brian lhe fazia lembrar de Harry. Não fisicamente. Aí eram totalmente diferentes! Mas a maneira como Brian a tratava. Sempre com carinho e respeito, faziam-na, mesmo que involuntariamente, lembrar-se de Harry.
- Então, como está a chefe mais bonita do mundo?
- Hum… acho que te enganaste no gabinete. – Disse ela, em tom de brincadeira. Ele saiu de ao pé dela, dirigiu-se para a porta do gabinete e abriu-a. Olhou para a placa dourada que indicava o número dos gabinetes, voltou a fechar a porta e dirigiu-se novamente para a frente dela. Por fim disse:
- Não, acho que não me enganei. Na porta diz que este é o gabinete número 11, e era exactamente para aqui que eu queria vir!
- Que engraçadinho que o menino está! Mas diz lá o que te trouxe aqui.
- Vamos viajar! – Disse ele, com um sorriso enorme!
- Porquê? – Disse ela, pouco animada.
- Ao que parece, vai haver uma reunião importantíssima entre a nossa repartição de aurores e a de Inglaterra. – Disse ele, calmamente, ainda com um sorriso na cara.
- Inglaterra? – Disse ela, rapidamente, levantando-se da cadeira onde estava sentada.
- Sim, não é fantástico? Eu adoro Inglaterra! Principalmente Londres. É uma cidade lindíssima! Então, contente por regressar a casa? – Perguntou ele, visivelmente empolgado.
- Nem por sombras! – Disse ela, afundando-se novamente na cadeira.
- Então porque, Mione?
- Porquê? Adivinha quem é que mora em Inglaterra, Brian!
- Os teus pais?! Chateaste-te com eles?
- Claro que não!
- Então, quem é que vive em Inglaterra, além dos milhões de cidadãos que toda a gente sabe que vivem lá?
- O pai da Lilly… - disse ela, num sussurro, pondo as mãos na cara, de modo a tapar o rosto.
- Tens a certeza que ele ainda vive lá?
- Absoluta.
- Pois… Mas mesmo assim, Mione, as probabilidades de o encontrares são míseras! Além disso, nós vamos para uma reunião de aurores! Para Londres! Vais ver que não vai acontecer nada. Não fiques assim, Mione. Mione? – Ela continuava sentada na cadeira, com as mãos a taparem o rosto. Parecia que tinha adormecido enquanto Brian falava com ela.
Flashback
Hermione andava para a frente e para trás no quarto. A cabeça dela estava a mil! O coração, bem, esse andava a mil e duzentas à hora! Estava num dilema horrível!
Também, depois do que tinha acontecido no outro dia, era normal! Ela tinha de falar com ele. Já que ele não falava com ela. Tinha de resolver as coisas! Não podia ficar assim! Mas por outro lado, o que é que ela lhe ia dizer? Não ia chegar ao pé dele e dizer, assim sem mais nem menos, que o amava. Isso ela não podia! De maneira nenhuma. Até porque a Ginny gostava dele. E ele dela. Pelo menos eles tinham namorado o ano anterior. E ele tinha terminado com ela porque tinha medo que Voldemort a usasse para o magoar. Ela era apenas a amiga. A melhor amiga. Pelo menos era, antes de se terem beijado. Depois de muito pensar, Hermione decidiu que era melhor deixar as coisas como estavam, pelo menos até ter coragem de falar com ele. Sentou-se no parapeito da janela, frustrada. De repente ouviu a porta a abrir-se. Era Ginny. Tinha uma expressão preocupada. Muito preocupada.
- Ai Mione, o Harry está tão estranho ultimamente. – Disse ela, sentando-se na cama de Hermione.
- Olá para ti também, Ginny – Ginny deitou-lhe a língua de fora e riu-se, em seguida. – Porque é que dizes que o Harry está estranho? – Perguntou ela, confusa
- Não sei, mas que está estranho, lá isso está! Está mais calado do que o normal, não come, uma pessoa fala com ele e parece que está a falar com uma parede!
Pois… - ela sabia perfeitamente que o que a Ginny estava a dizer era verdade. Desde que se tinham beijado que o Harry tinha ficado mais calado, não comia, estava sempre distraído nas aulas e estava sempre de mau humor.
- Não tens notado isso, Hermione?
- Tenho, tenho…
- Pois. Temos de fazer alguma coisa! Temos que descobrir porque é que ele está assim.
- Temos? Quem? – Perguntou ela. Ela não ia fazer nada! Sabia perfeitamente porque é que ele estava assim, não precisava de descobrir.
- Quem? Nós, como é óbvio, Mione! O meu irmão anda aí todo coizinho com a Lovegood e nem reparou em nada! Segundo ele: “O Harry continua com dois olhos e duas orelhas, um nariz e uma boca. Logo, está normalíssimo como sempre!” – disse Ginny, fazendo voz grossa, tentando imitar a voz de Ron. Hermione riu-se – Agora a sério, Hermione. Tu és a melhor amiga do Harry. És como uma irmã para ele. Conhece-lo como ninguém. Deves saber, de certeza, o que se passa!
- Não sei, a sério, Ginny! – Mentiu ela.
- Mas podes ficar a saber!
- Ai é? Como?
- Vais falar com ele, oras!
- Eu?! Não vou nada! Se ele ainda não me veio contar o que se passa é porque não quer que eu saiba e…
- Hermione Jane Granger! Vai falar com ele!
- Pronto… Eu vou, mas eu não insisto e se ele não…
- Vai!
Fim do flashback
- Hermione? – Murmurou uma voz. Uma voz que lhe parecia muito distante. – Hermione?!
Flashback
Hermione desceu as escadas do dormitório das raparigas e dirigiu-se à sala comum. Olhou para a frente e viu-o. Ali. Ele. Sozinho. Era a oportunidade perfeita. Era agora ou nunca. Ela tinha de falar com ele. Alem disso, como a própria Ginny dissera, ela era a melhor amiga dele, e, mesmo que ele não correspondesse aos sentimentos dela, nunca se iria afastar. Nunca iria fazer nada que a magoasse. Nunca.
- Er… Harry? – Disse ela, quando chegou ao pé dele. Sentou-se na poltrona ao lado da dele e fitou os pés.
- Sim? – Disse ele, sem desviar os olhos da revista que estava a ler.
- Está tudo bem contigo? – Perguntou ela, a medo
- Sim. – Respondeu ele, simplesmente
Sim?! – Perguntou ela, levantando a voz e levantando-se da cadeira. Ele olhou-a, surpreendido com a atitude dela. – É a única coisa que tens para me dizer? Como é que tens a coragem de dizer que estás bem? Desde que nos… - ela baixou a voz, de maneira a que só ele ouvisse – desde que nos beijámos que andas esquisito! O que se passa, Harry? – Ele não lhe respondeu, apenas desviou o olhar para a janela. Segundos depois ele voltou a fitá-la e disse:
O que é que queres que eu diga, Hermione? – Perguntou ele, calmamente, olhando fixamente para os olhos dela.
- Eu… - começou ela. Era agora. Ela tinha que dizer tudo o que sentia. Tudo o que estava preso no peito dela. E ia dizê-lo a gritar. – Eu… - as palavras teimavam em não sair da sua boca. Simplesmente não saíam. Ela caminhou ate ele e abraçou-o. Ele sempre lhe transmitira coragem. Segurança. Confiança. – Tudo o que eu queria era que dissesses que me amas. Que aquele beijo não foi um erro. Que não foi apenas a minha imaginação. Eu só queria que me dissesses o que se passa contigo… - ela começou a chorar, no ombro dele. Ainda não acreditava que tinha dito tudo. Quer dizer, não propriamente, mas ele devia ter percebido de certeza.
- Hermione… - começou ele, ainda abraçado a ela. Ao ouvir o seu nome, ela abraçou-o ainda com mais força. – Hermione, olha para mim. – E ela assim o fez. Largou-o e olhou directamente para os olhos verdes dele, com os olhos cheios de lágrimas. – Hermione, aquele beijo… - ela desviou os olhos para o chão. Não suportava olhá-lo nos olhos. Não naquele momento. Ele aproximou-se dela e acariciou o rosto dela, levou a mão ao queixo e fez com que ela olhasse para ele. – Aquele beijo foi a melhor coisa que me aconteceu, Hermione. Como é que alguma vez pudeste pensar que era um erro? Não foi imaginação tua, Hermione. Ou se foi, também foi minha, já que eu me lembro exactamente de todos os pormenores do beijo. Do nosso primeiro beijo. – Ela sorriu. Ele não achava que tinha sido um erro. Sentiu-me muito feliz, de repente.
- Primeiro? – Perguntou ela.
- Sim, o primeiro de muitos! – Disse ele, sorrindo para ela. Com um sorriso que ela nunca lhe tinha visto. – Eu amo-te, Hermione. Amo muito, mesmo. – Disse ele, beijando-a de seguida. – Foi por isso que eu tenho andado “esquisito”, como tu disseste. Eu pensava que tu não gostavas de mim. Pelo menos da maneira como eu gosto de ti. Fiquei com medo que te afastasses de mim. Afinal fui eu que acabei por me afastar… - ela não o deixou continuar. Pôs o dedo indicador nos lábios dele, fazendo-o calar-se.
- Eu também te amo, Harry. Nem tu imaginas o quanto. – Depois sorriram os dois e voltaram a beijar-se. Naquele momento, Hermione Granger podia dizer que estava completamente feliz.
Fim do flashback
- Hermione Jane Granger! – Hermione foi acordada do transe me que se encontrava pela voz de Brian. Este gritava descontrolada mente o seu nome.
- Que foi, Brian? – Respondeu ela, mal-humorada.
- Que foi? Estou há horas a chamar-te e parecia que estava a falar com uma porta!
- Tenho de ir falar com o ministro! – Disse ela, sem ligar ao que ele estava a dizer e saindo da sala, deixando lá um Brian completamente especado.
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