Natal na mansão Potter
Capítulo 15: Natal na Mansão Potter.
Dill estava sentada, sozinha, olhando a neblina se dissipar no amanhecer. Era uma paisagem linda que ela ainda não tivera a oportunidade de ver, mas agora... Se concentrar em pequenas coisas sempre a deixavam mais calma. A mente esvaziava, ela sentia o vento no rosto, os cabelos presos e molhados de suor... Ela resolveu acordar mais cedo naquela sexta-feira para correr, tentar enganar a mente com outros detalhes. Outros detalhes que não fossem Jack Potter.
”Ô, droga, já to pensando na nossa briga de novo. Saco...” Ela dá um suspiro nervoso e se vira para o corredor novamente. Mas ao invés deste estar vazio, ela vê um garoto. Jack.
- O sol só fica assim, bonito, durante essa época do ano, sabe? É a fase de transição do outono para o inverno.
- O que você quer, Jack? – ela pergunta, fria, passando por ele.
- Conversar. – ele fala sério. – Por que tem me evitado?
- Ainda pergunta? Bem, talvez eu só queira deixar claro o quanto eu fiquei irritada, e o quanto você me decepcionou. – mais claro que isso só com o uso de Veritaserum.
- Hum. Ta, Dill. Desculpe-me, eu errei em tentar ter algo com você. De novo. Mas, que saco, eu não sei o que deu em mim...
Ela o observou ainda meio impassível, mas até achou graça quando o inglês meio que se descontrolou. Ele continuou a encarando.
- Acho que fiz tudo isso porque você foi a única menina nessa escola que ainda não me deu bola. E só queria provar para mim mesmo que... Podia fazer isso.
Ela percebeu que o ápice de humildade e sinceridade havia chegado. Dava até de ter pena do garoto, alí, quase se ajoelhando para não ter de passar outra semana sem falar com ela, ou brincar com ela e estudar... As aulas de Legilimência estavam tão insuportáveis com eles que Harry era obrigado a fazer tudo o que Jack deveria estar fazendo, porque Dill se recusava a encarar o garoto. Bem, agora ele estava ali, lhe pedindo desculpas sinceras. Era tudo que ela estava esperando.
- Nossa, você é mesmo um pegador de princípios. Estou pasma.
- Pra você ver. Pegar mulher não é só um hobby. É uma arte!
- Vamos tomar café, pegador. – ela o abraça e eles seguem juntos para o Salão.
***************
Bem, a primeira semana de novembro havia passado, e logo a segunda vinha pedindo passagem. Até aí tudo bem, nada demais estava acontecendo na famosa escola de Bruxaria e Feitiçaria de Hogwarts. Mas, isso porque com a proximidade do fim do mês, havia a proximidade das provas decisivas dos brasileiros. E agora eles estudavam como nunca.
- Cara, eu não me lembro de ter estudado tanto assim na minha vida. – Den abaixa um livro e se espreguiça. Penny o olha de lado.
- Você nunca deve ter estudado mesmo. Sempre tinha uma desculpa para os professores. O que fazia durante as tardes e as noites em que deveria estar estudando?
- Ah, Penny. Ficava por aí... Por aí, tipo, vagabundando.
- Você é horrível, sabia? Que cara-de-pau! – ela se espanta.
- Ei, crianças, estamos na Biblioteca, se lembram? Silêncio! – Mel pede antes que a Bibliotecária o fizesse. – Dill, deixe-me ver seu resumo de Astronomia.
Enquanto nossos queridos colegas estavam tentando se concentrar, Jack e Greg aproveitavam o horário livre para dar uma volta pelo campo de Quadribol e espionar ‘sem-querer-querendo’ o treino da Corvinal. Que bateu a Lufa-lufa, que bateu a Sonserina. Bem, quem diria que Jack era um vidente esportivo?
- Olha, Jack, vocês, pelo que vejo, vão ter de se esforçar mais para pegar a Corvinal. Os atacantes deles são demais.
- Nem tanto. – ele nega. Mas eram. – Só alguns treinos a mais e tudo se resolve.
- Então... Que bom que você e a Dill se acertaram.
- Nem me diga. Já estava na hora. Mas, agora... Percebi que não tenho a mínima chance. Saco.
- Melhor uma coisa pequena que nada.
- É o que dizem. – ele dá os ombros. – Mas... E você? Quando vai tentar?
- Eu?! Tentar?! Tentar o quê, Jack?!
- Não se finja de inocente. Tentar alguma coisa com ela! – Jack o olha de maneira divertida. Greg por um momento fica desnorteado. Ele sabia que Jack sabia e já fazia tempo... Mas evitava ter essa conversa com ele, porque se não...
- Você sabe que há séculos eu sei. Desde... Bem, sempre. Que tal arriscar agora que eu estou fora do páreo, cara? – os olhos verdes brilhavam de excitação.
- Não, Jack! Para quê? Para arranjar uma confusão como essa? Acho que se algum de nós tentar dar em cima dela de novo, vai acabar levando um soco. E ainda tem a Tiff que...
- Blá, blá, blá... Desculpinha esfarrapada. Tiffany nunca te impediu de nada, muito pelo contrário, você já quer é se livrar dela. Então... Você ta é com medo de machucar seu belo rostinho, Malfoy? – Jack passa a mão pelo queixo do amigo. Ele dá um tapa na mão do outro, que vai andando por baixo das arquibancadas, observando os jogadores.
- Não, de machucar o coração... – ele fala baixinho, mas logo percebe o que disse. – Cara, isso não soou bem. Tenho de parar de falar essas coisas.
- Greg! Vem, pow! – e ele sai do devaneio e segue o moreno.
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- Nós vamos o quê?
- Dill, por favor, sem gritos histéricos. E você ouviu bem, pupila. Vocês irão passar o Natal na minha casa, como convidados. Que tal? – Harry abriu um sorriso. Mas, os olhares trocados pelos estudantes estrangeiros fizeram logo ele mudar de expressão. – O quê?
- Harry, cara, sem ressentimentos, mas... A gente achava que ia voltar para casa e passar o Natal lá, em Sampa mesmo!
- É, Professor. Sabe, rever os amigos, os pais... Sinto tanta falta do meu quarto... – Penny fala sonhadora.
- E eu tenho de rever minha mãe. Nós nunca passamos o Natal separadas. O Ano novo talvez, mas Natal... Nunca!
- Garotos, calma! Primeiro: não pensem que isso é um simples capricho meu, tem medidas de segurança envolvidas nisso. Depois dos desmaios de Pen e as visões, bem, achamos melhor que vocês fiquem por aqui mesmo na Grã-Bretanha, porque... Vai que acontece algo lá e nós não sabemos a tempo? E, além disso, você tem de passar o Natal com seu pai, Dill. Ele já falou com sua mãe, e você deve receber a sua carta logo.
- Mas... – a ruiva ia contestar.
- Eu sei, vocês ainda nem sabem por que têm de ser protegidos, mas... Confiem em nós, okay? Não faríamos isso se não fosse preciso. – Jacob, ao lado de Harry balançava a cabeleira loira, concordando. Den fez um bico indefinível, Dill fechou a cara e Pen soltou um suspiro conformado.
No dia seguinte, sentados novamente em uma mesa, revisando alguns tópicos de Transfiguração com Jack, eles conversavam.
- Isso é injusto. Estava esperando ansiosa essas férias de Natal. Minha mãe está morrendo sem mim. Eu sei!
- Dill, não é para tanto. Você ouviu meu pai: é preciso. E eles já explicaram a situação aos pais de vocês. – ele olha para a folha na mão, analisando as perguntas e respostas.
- Bem, pode ser preciso e tudo, mas... Não me conformo. E você, Den? Ta muito calado.
O garoto saiu detrás do livro que estava escondido e se viu a causa do silêncio: uma barra de chocolate.
- Só podia ser... – Mel cantarolou com os olhos em uma redação do garoto que ela estava corrigindo. Ele lhe lançou um olhar gelado.
- Por mim tanto faz. Na maioria das vezes eu passava o Natal sem meus pais. Mas minha mãe deve estar pirando sem mim desde setembro. Ela me adora. Obsessão, na minha opinião, sacam?
- Eu e meus pais geralmente damos uma enorme festa lá em casa. Mas, acho que esse ano terei de ficar mesmo por aqui. Sinto que isso tudo é culpa minha, gente. Desculpe. – Penny fala.
- Ah, por favor. Não é só culpa sua. Não seja egoísta. É culpa também do Severo, que quer porque quer me manter ao lado dele. Eu mereço. – ela abaixa a cabeça, lendo as anotações e fazendo careta.
- Pow, a festa lá em casa não é ruim! Temos comidas aos montes... Gente de todo o jeito e muitos presentes... Vocês vão gostar.
- É... Legal. – ela fala simplesmente com o olhar perdido. Perto deles estavam Greg e Charlie conversando, e lá chega Tiff e Karol. A morena parece procurar alguém pelas mesas. Den se encolhe.
- Me esconde, me esconde, me esconde!!
- Por que?
- A louca da Karol!
- Pensei que vocês...
- Pensou errado, Mel. Ela é um saco quando não está beijando ou... – ele ia falar algo proibido para menores de dezoito anos. – Opss... Esquece, vou me esconder. – e sai correndo da mesa. Mas já era tarde, porque a Corvinal chata o viu.
- Ele ia falar mesmo o que eu achei que ele ia falar? – Penny perguntou.
- Ah, pode ter certeza que sim. Porque ela faz! – um sorriso de Jack. Penny o olhou e achou que o garoto estava mais bonito que nunca, mas saiu do devaneio antes que alguém percebesse.
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No último dia de aulas e provas, eis que o céu amanhece mais cinza que nunca. Depois das últimas provas, durante a tarde, já estavam liberados para irem de Pó-de-Flu para a casa dos Potters.
- Já arrumou suas coisas, Dill? – era Mel.
- Quase... Bem, você vai com a gente mesmo?
- Claro!! Mamãe e papai sempre estão por lá. Eu já tenho um quarto só meu lá, também. Ah, e o Greg também vai, talvez.
- Por que talvez?
- Parece que ele tem de ir na casa da mãe primeiro, obrigação de Natal. – ela explica. – Hum... Por que vocês não estão se falando direito? Brigaram?
- Eu e Greg? Aff... Sei lá. Ele não tem puxado muito papo... E essas provas, nossa, estou tão nervosa... E ainda tem a idiota da Tiffany que não sai do pé dele.
- Ah, a Mcclange? É uma ridícula. Mas, você vai ver, Dill. Logo, logo ele vai dar um fora nela. Não se preocupe.
- Não estou preocupada, Mel. Imagina... Eu me importando com isso! Hunf! – era mentira. Ainda bem que Mel não era Legilimens.
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- Façam uma fila, garotos. – Tonks pediu. – Nooossaa! Todos vocês irão para a casa do Harry?
- Sim, Tonks, para o Natal! Você vai vir com o Lupin, não é?
- Claroo!! – ela sorri. – Acho que esse ano será um dos melhores. Então, entrem e digam bem claro o destino, okay? Nos vemos logo.
Eles haviam passado com louvor em todas as matérias. Era bárbaro, no próximo bimestre agora, já poderiam ter aulas normais com os outros, sem precisar de aulas extras. ”E já não era sem tempo!”, Den exclamara. Agora, de malas prontas e todos contentes, iam se hospedar na Mansão Potter.
E uma pitada de pó e pronto... Pararam na frente de um gradeado de uma lareira que não era de Hog. De lá se via parte de uma enorme sala, cheia de poltronas confortáveis e dois sofás grandes. Em um dos sofás, sentada de um jeito quase adolescente, havia uma ruiva, que ao ver os meninos saltando da lareira, se levantou com um sorriso doce.
- Olá, vocês! Bem vindos à minha casa.
*********
- Mãe! – Jack a abraçou com ardor. A mulher quase caiu para trás, mas achou graça e plantou um beijo na face do moreno.
- Jack, meu menino. Olhe só para você! Cresceu e arranjou um novo arranhão! – ela olhou o arranhão recente no rosto causado pelo jogo contra a Corvinal, em que a Grifinória ganhou de lavada. – Seu pai me contou, estou orgulhosa!
- Mãe, deixa eu te apresentar... Esta é Penélope Foster! – a loira se adianta.
- É um prazer, senhora Potter.
- Gina, por favor. – ela sorri, simpática.
- Este é Denis Cavalcante. – o loiro a olha de maneira indefinida. Havia achado-a muito bonita.
- Prazer.
- E, a Dill. Que dispensa apresentações.
- É claro! A filha do Snape. O Harry não fala de outra coisa.
- Espero que coisas boas!
- Mas é claro! E, Mel! Você está mais bonita que antes, que linda! – a mulher abraça a sobrinha, pareciam quase irmãs.
- Obrigada, Tia!
- Agora vocês podem ir se instalar. Jack, Mel, mostrem os quartos a eles, sim? Mas... E o Greg?
- Ele ta na casa da mãe dele. Vai vir só antes do Natal.
- Oh... Que chato. Bem, espero vê-lo logo. Daqui a pouco teremos chá, não se atrasem.
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A semana passou muito rápida. Com Harry de férias, eles passavam as manhãs todas brincando no imenso jardim da mansão, ou simplesmente conversando e fazendo pequenos truques, já que Jack já tinha dezessete e já podia fazer feitiços fora da escola. Apesar dos muitos quartos disponíveis, Dill e Pen dormiam juntas no quarto com Mel, e o mesmo com Jack e Den, isso quando dormiam, pois todas as noites se reuniam para falar besteira com Gina e sempre dormiam tarde. E muitos amigos apareciam na casa do Jack para fazer uma visita.
Logo eles conheceram os pais de Melany, Rony e Hermione, e juntos sempre vinham com uma penca de primos desconhecidos da garota e seus tios ruivos. Os brasileiros ficavam chocados com uma família tão grande e... Ruiva.
Então, no fim de semana, tiveram um jantar mais calmo, onde só os donos da casa e os pais de Mel estavam com os jovens.
- Então eu e Harry saímos correndo e o Rony ficou lá, parado, tremendo de medo! E nós tivemos de voltar e pegá-lo pelos braços! – os outros riam. – Foi realmente engraçado!
- Há há há. Muuuiiito engraçado mesmo. Principalmente na hora. Fala sério, às vezes tenho meus momentos fracos. A Hermione é que exagera. – Rony fez uma cara de irritado e as orelhas ficavam vermelhas.
- É, o Rony até que ta certo. Temos sempre nossos momentos fracos, mas... Não é toda hora como ele.
- Gina! Respeite seu irmão mais velho.
- Calma Roniquinho. Bem, quem quer sobremesa? – ela se levanta e vai buscar o prato.
- E vocês, garotos? Não se meteram em muitas confusões esse ano não?
- Que nada, Tio. Estávamos até quietos.
- Ou quase. Dill fez um pouco de tudo esse ano. Dill e Den.
- Obrigada pelos créditos. – ela agradece, com graça.
- Ah, claro! Eu soube! Montou uma banda e tudo. E debaixo daquele nariz torto do Snape. Corajosa, você, hein? Ai! Por que fez isso?
- Isso lá é jeito de falar do pai da garota, Ronald? – Mione ralha.
- Não, Tia Mi, tudo bem. Eu também não vou muito com a cara dele não.
- Dill, mas você sabe que ele só quer seu bem.
- Huum. Isso é o que ele diz, mas ainda não demonstrou muito isso. Ah, e quem é que sabe o que se passa naquela cabeça? Ele não é um Oclumente, como o Den? Então... Sei lá.
- Você tem de confiar nele, oras. É a cosia certa a se fazer. E o Severo já nos deu várias provas de que te adora. Para nós já. – Mione.
- Ele sempre falou de você. – Rony.
- E a gente sempre via o quanto doeu nele ter de vir e deixar você e a Cristina lá no Brasil. – Harry.
Eles a estavam confundindo. Como assim ele falava dela? E por que ele nunca foi atrás delas?
- Todas essas perguntas serão respondidas logo. – Harry a olha nos olhos.
- Logo... Logoo.... Eu estou ouvindo isso desde o começo desse ano, e nada dessa conversa esclarecedora. – ela explode. Os amigos estavam quietos, só observando a cena. – Por mim, que ele viesse logo era falar na minha cara tudo que tem pra falar.
- Bem, você já deve ter percebido que o seu pai...
- É muito fechado, reservado e frio. É, eu percebi, tio Rony, mas que ele deixasse tudo isso de lado, oras! Ele não foi assim com minha mãe, quando se conheceram.
- Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.
- Que seja. Eu sou a filha dele. A filha do diretor. A revoltada, a fora dos padrões. E, neste ano todo, ele ao invés de tentar se aproximar, me rejeitava. Só agora vem mudando.
”Huum, estão mexendo em um assunto não muito legal, isso não vai dar certo...”, Den pensa.
- Então, Dill. É assim, vai indo aos poucos... Devagarinho...
- Desse jeito só seremos amigos daqui para o ano três mil.
- Dill...
- Escutem: não quero mais falar disso. E se continuarem a tentar empurrar meu pai para cima de mim, vou-me embora. Esse é um assunto nosso. Não se metam. – e ela sai como um furacão da mesa, deixando todos estáticos.
- Volteeeeii!! Querem mousse de morangos silvestres ou de tangerina asiática? O que foi? – Gina entra na sala animada.
Ninguém respondeu.
***********
No começo da segunda semana de Dezembro, o dia amanheceu totalmente nevado. As árvores estavam cobertas de neve, parecendo um bolo de glacê. As flores murcharam, a grama estava dura e afundava quase até o tornozelo. Apesar da pequena discussão com os adultos, Dill já estava de cabeça fria, havia até pedido desculpas a Harry, Rony e Hermione. Mas as palavras deles ainda ecoavam. Ela estava de novo sentindo falta da mãe.
E para piorar seu estado de espírito, havia passado a noite anterior sonhando com Greg. Fora um sonho estranho, em que ambos se sentiam envergonhados, queriam desesperadamente dizer algo, mas só conseguiam se olhar. E no fim... Ela o beijara. Estranho.
Em uma sala perto da entrada da mansão havia um piano muito bonito. Nessa sala, Gina costumava se sentar e ver as horas passar enquanto ouvia o pequeno Jack martelar o piano, o que lhe rendara 49% a menos da audição, segundo a própria, mas já havia muito tempo que o piano havia sido tocado. Ela entrou lá, enquanto os amigos ainda tomavam café na sala de jantar. Observou tudo, mas não resistiu ao impulso de se sentar e abrir a tampa que escondia as teclas do piano. Ela sabia sim tocar piano, mas apenas o básico. Só que tinha uma música que ela simplesmente amava e que fora a causa dela querer aprender a tocar aquele instrumento, e foi essa única música que ela sabia de cor que ela começou a tocar: Miss you love, do Silverchair.
**********
Havia um espelho de frente para o piano. As mãos dela deslizavam pelas teclas, de olhos fechados, não se importando muito com o barulho externo. A letra da música passava na sua cabeça, estava meio que em um transe.
Foi quando ela terminou, abriu os olhos e viu alguém encostado na porta da sala, que ficara entreaberta. Gregory Malfoy a olhava diretamente, com os olhos brilhando.
- Por que você não canta?
- Essa música é boa demais para a minha voz...
- Fala sério. – ele chegou mais perto, e se sentou ao seu lado, de frente para ela, no banco.
- O que aconteceu? Pensava que você só viesse antes do Natal. Ainda faltam umas duas semanas...
- Hum. Me esqueci que você é Legilimens...
- Quer conversar ou não?
Ele deu um suspiro. Nem precisou de Legilimência para saber que o garoto estava em apuros: suas roupas estavam molhadas, a calça jeans que ele usava tinha manchas de neve, e o cabelo ainda estava úmido. Até as costumeiras luvas contra o frio e abertas nos dedos estavam mais sujas, como se ele tivesse escalado algum muro. As malas, que ele deixara na entrada da sala, estavam cheias de gravetos, e muito mal feitas.
- Eu briguei com minha mãe e fugi da casa do meu padrasto.
- Huum. Eu posso até imaginar o que aconteceu, mas... Fala.
- Você já deve saber que meu padrasto é ninguém menos que Córmaco Mcclange, pai da Tiff. Então, lá fui eu para a casa da minha namorada mala, reencontrar minha mãe e ver meu padrasto chato. Adorável!
- Imagino! – ela sorri da cara exasperada do garoto.
- Minha mãe não é muito normal, Dill. Ela... Simplesmente me deixa louco! Assim como deixou meu pai. Eu sei que deveria gostar dela, afinal foi ela quem me deu a luz, cuidou de mim e tal, mas... Ela não tem nada na cabeça, só se preocupa com aquele babaca do marido dela, e está louca para me ver casado com a Tiffany. E a Tiff... Nossa, estava me deixando maluco também, porque não saía do meu pé. E, para piorar a situação, minha mãe me colocou para dormir no quarto dela... Debaixo do nariz do Córmaco.
- Hum. E você deve ter aproveitado, não é?
- Não, não dessa vez. – ele falou sem pensar. Depois repensou e cobriu a boca com a mão. – Quer dizer... Eeerr... Não queira saber.
- E eu não quero. Continua. – apesar de não ter gostado da informação, foi engraçado vê-lo ficar vermelho.
- Então. Eu sabia que tinha algo mais nisso. Aí, ontem à noite ouvi uma conversa da minha mãe com a Tiffany. Bem, foi a gota d’água. Elas diziam que a Tiffany tinha que aproveitar para engravidar e a gente ter uma desculpa para casar. Eu arrumei minhas coisas e me mandei.
- É, realmente... Essa foi demais. E Draco?
- Nem me fala. Ele está viajando, justo agora. Fugi sem avisar a ninguém. – ele balançou a cabeça. – Então... Tem algum instrumento que você não saiba tocar?
- Acho que nunca vou conseguir entender o triângulo. Sabe, nunca engoli aquele negocinho de ferro tocando.
- Ah, sei. – ele começa a sorrir de lado, olhando para o espelho.
- Olha, tem neve no seu cabelo, deixa eu... – ela estica a mão para tirar os flocos, e sente como o cabelo do amigo era macio.
- Pow, seu cabelo é mais macio que o meu. Na certa o shampoo também é!
- Babosa e ébano, meu amor. Importado pelo Draco da Amanzônia dos índios Tupinambás.
- Ajudando o aquecimento global, hein?
- Tudo por um cabelo lindo e sedoso. – eles começam a rir juntos, e Dill percebeu que ainda não parara de amaciar o cabelo dele. Eles se encaram, e na hora que ela retira a mão, o garoto a segura e beija a sua palma. Um beijo doce, delicado, que fez ela sentir um arrepio só de ver a cena. Ela não poderia se descontrolar. Quando ele levantou a vista e deixou-a abaixar a mão, ela viu que nos olhos dele só havia ternura e carinho. O silêncio foi melhor do que falar alguma besteira.
Mas justo quando ele ia criar coragem para falar algo, um barulho de porta abrindo se ouve.
- Greg! – era Mel. – O natal deve ter chegado mais cedo!
Ele sorri e se levanta para cumprimentar a amiga. Logo todos da sala vão para o local ouvir a história do garoto. Mas a ruiva ainda continuou balançada pelo que houve.
***********
Depois do que houve entre os dois, a garota ficou meio “encucada”, mas felizmente naquela casa enorme, ninguém conseguia ficar muito sozinho com alguém graças às bagunças e brincadeiras.
Logo que Greg contou toda a história para o senhor e senhora Potter, foi humildemente acolhido por eles, e passou o resto da semana por lá. Não demorou muito, porém, para que Pansy mandasse uma coruja desesperada, perguntando pelo filho. Gina teve a bondade de mentir, dizendo que nem sequer vira Greg desde setembro.
O Natal chegou com mais neve que nunca. A casa ficou cheia desde a manhã, quando as mulheres da família Weasley e Potter se reuniram na cozinha para preparar a ceia. Os avós de Mel era uma graça, e juntos, entretinham uma sala cheia de adolescentes com as mais diversas histórias dos pais.
Draco apareceu um pouco depois do almoço, infelizmente.
- Pai! Como soube que eu estaria aqui?
- Harry me avisou. – ele indicou o moreno que estava brincando com um sobrinho menor. – Ah, cara... Odeio aviões. Ainda sobrou almoço?
- Venha, Malfoy. Eu separo algo para você. – e ele sai com Gina e Greg para a cozinha.
Ao entardecer mais pessoas apareceram, inclusive Gabriel Longbottom e seus pais.
- Esses são Luna e Neville Longbottom, pessoal.
- Muito prazer conhecê-los, finalmente! – uma mulher muito loira e de olhos saltados e azuis os cumprimenta.
- Olá! – o homem de rosto redondo e faces rosadas e bondosas é mais tímido. Ele se parecia muito com o filho, mas este claramente era mais extrovertido, pois logo saiu de perto dos pais e foi conversar com os colegas de escola.
Porém, no meio dessa algazarra toda, a filha do Diretor se perguntava quando seu adorado pai iria dar as caras. E se lembrava da mãe. ”O que será que ela deve estar fazendo agora?”
Tonks e Lupin chegaram com um dos filhos mais novos, que tinha os incríveis poderes metamorfomagos da mãe. Ted Lupin era realmente engraçado. Ele não parava de encher o saco de uma menina muito bonita chamada Victore, que era uma das muitas primas de Melany.
- Esses dois ainda irão casar! – ela exclamou depois de outra peça pregada pelo garoto.
Então, a porta se abre e dois casais entram de uma vez, chamando a atenção de todos. Nenhum dos presentes os conhecia, mas foi preciso menos de um olhar para Den e Penny saírem correndo ao seu encontro.
- Pai! Mãe!
Eles começaram a se cumprimentar, mas ninguém entendia nada. Den levou os pais até o sofá, já que a mãe, Goreth, ficara muito emocionada com o reencontro.
- Meu anjinho! Como cresceu! Está mais forte, mais lindo! Ah, que lindo! Que saudades!
- Mãããe! Por favor! Deixa eu apresentar vocês para o dono da casa.
- Nós já o conhecemos, filho.
- Claro, claro. Pessoal: estes são Goreth e Rogério Cavalcante, pais de Den. E este outro adorável casal, vocês se lembram, não? São Ann e Joseph Foster!
Os adultos foram cumprimentados por todos da festa enquanto eram servidos por Gina. Mas Dill ficou lá parada. ”Se eles vieram... Cadê a Cris?”
Um segundo abrir e fechar de portas denunciou a entrada de mais alguém. Uma mulher entrava ao lado de Severo Snape. Ela era meio alta, morena, usava um bonito vestido que acentuava suas curvas. Cristina Andrade tinha um sorriso nervoso no rosto, que se desfez ao ver sua quase cópia, Dill.
- Ah!! Mãe! – ela sai correndo e a abraça.
***********
Depois de todo esse reencontro e matada as saudades, a noite passou rápida. Os brasileiros não desgrudaram dos pais nem mais um momento. Conversaram, trocaram pequenas confidências, riram...
Dill, a mais animada, não parava de explicar à mãe o que havia acontecido durante o semestre, como havia aprontado todas, recebido os castigos, os feitiços, os namoros... E nessa, acabou deixando Snape de escanteio. O homem nem ao menos reclamou, só se levantou e foi falar com os demais.
Em uma sala mais reservada, Greg e Draco conversavam também. O jovem senhor contou como foi sua viagem de negócios, e agora ouvia novamente as angústias de sua cria desesperada.
- E aí, quando eu ia falar o que realmente queria, a Mel chegou e, bem... Acho que foi melhor assim. Me impediu de cometer um erro. – ele olhou para o pai, que tomava bem o décimo copo de uísque de fogo, mas estava mais sóbrio que qualquer um da casa. – Então? O que vai falar?
Ele abaixou o copo, contrariado, e perguntou:
- Você é virgem?
- O quê!?
- Fala logo, Gregory! Você é virgem? Porque, puta merda, você é emotivo demais para não o ser.
- Draco! – Greg o repreendeu com um tom de voz parecido com o de Mel, Hermione e Penny. Ele pegou na garganta, um pouco confusou e fez um “hãn,hãn”, para limpá-la, voltando ao seu tom normal, grave, mas sussurrado. – Não é hora para isso, você sabe.
- Eu sei. Eu só acho que você deveria seguir o conselho do Jack. Ele é filho do Harry, mas... Sabe o que diz. – ele dá de ombros. – O que custa tentar, certo?
- Errado. Ela nunca me perdoaria. Até porque ainda estou oficialmente com a Tiff.
- Huum! Sua mãe me mandou uma coruja, aquela medieval. – ele toma um gole a mais. – Por que ela não liga, hein? Bem, me passou maior sermão. Sua irmã está com ela, mas eu a trago para o Ano novo.
- Certo. – ele diz simplesmente. Ele estava mais exasperado que antes. A garota não lhe saía dos pensamentos, e era obrigado a fazer tudo a seu lado, estava começando a achar melhor a Mansão Mcclange. ”A que ponto cheguei, Merlim?”
Então, Severo entra na sala. Também tinha um drinque na mão.
- Curtindo a festa?
- Estou a mil. Nossa, Severo... Você tinha dito que sua mulher era bonita... Mas eu não imaginei tudo isso, não!
- Menos uísque, Malfoy. – Snape olha friamente para Draco. – Segure a mão dele para impedir o próximo copo, sim, Greg?
- Pode deixar, padrinho.
- Afinal, não estamos aqui para ver mais um ‘showzinho’. Da última vez que ele fez isso, conquistou sua mãe. Não quero que a minha mulher acabe assim. – ele ia se virar para sair quando Greg teve uma idéia perfeita. De uma vez se levantou. Era melhor pô-la em prática agora.
- Padrinho!- ele se virou com um olhar de interrogação. – Eu estou muito afim da sua filha, sabe? E queria saber o que acha disso, antes que eu faça algo.
Snape o olhou meio espantado com a repentina declaração. Ele analisou a pergunta, olhou para Draco, que apenas deu de ombros e disse:
- Se eu disser que não aprovo você ainda vai dar em cima dela, não é?
- Mas é claro. – ele deu um sorriso maroto. Mesmo não sendo Legilimens, aquilo queria dizer um ‘sim’.
- Melhor você que o Mendonza. Só não a machuque, sim?
- Pode confiar, Padrinho. Ah, mas não foge não! Se me ajudar, prometo que você também vai sair ganhando. – ele sorri vitorioso.
- Então, qual é o plano?
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bom... capítulo postado!!!
demorou, mas saiu!!! huahuahua!!!
a escritora tava viajando e por isso demorou...
mas este capíulo ganhou o record de capítulo mais rapidamente escrito!!!
visto q levou, no máximo, dois dias!!!!!
huahuahuahua!!!
sem respostas pros coments pq tah mt tarde!!! huhahuahu!! (01h10min horário de Brasília)
bom... espero q gostem!!!!
capítulo 16 logo, logo!!!!
bjinhos!!!!
ps.: algém sabe como colocar músik nos capítulos??/ eu tava querendo fazer isso pra deixar a leitura mais interessante... qm souber poderia me dar um toque? no coment? brigadinha!!! ^^
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