Armadilha



Capítulo 13: Armadilha


Ela estava sentada no meio da sala sendo observada pelo pai que andava de lá para cá na sua frente, como que pensando o que diabos ele tinha feito de errado para a filha ser ‘daquele’ jeito. Sim, ‘daquele’ jeito.

- Me diga, por favor... Me deixe... Entender... – ele falava com dificuldade de propósito para ver se ela ficava com pena dele. – O que você estava fazendo naquela sala com amplificadores, uma banda e mais de quarenta alunos observando-a?

- Tocando com a banda. – ela encolhe os ombros.

- Eu estou absolutamente abismado com seu cinismo.

Ela encara Snape com uma expressão de total indiferença. Ela olha também para o pequeno grupo de pessoas que estavam alinhados em fila indiana atrás de sua cadeira e de frente para o Diretor. Do maior para o menor estavam Carlinhos, Mary, Charlie, Greg, Den e, por último mas não menos importante, Draco Malfoy. Este estava com uma expressão divertidíssima. Ele nunca se metera em uma confusão tão séria na escola a ponto de ir para a sala do Diretor, exceto, é claro, quando ele próprio tentara matar o antigo diretor. Mas isso já era um caso totalmente diferente...

- Sev, por favor! Você não vê que está meio que sendo... Melodramático demais? Quer dizer... Eu disse que queria conversar, mas você não deveria ter arrastado metade da Sala para vir aqui.

- São os arruaceiros que eu também quero conversar mais tarde! Estavam metidos nessa confusão e eu também quero castigá-los. – ele falou cerrando os dentes e se aproximando dos demais. – Senhor Weasley, há quanto tempo? A sua última detenção não foi a... Dois dias?

- Exatamente, senhor Diretor. – o garoto ruivo o encara com um olhar exatamente igual ao tom de voz que ele usara.

- E aqui estão os jovens primos da Grifinória que já perderam mais de duzentos pontos só nesse semestre. – ele vai olhando cada um por cima daquele nariz. – Senhor Malfoy, que surpresa vê-lo aqui sem o senhor Potter, senhor Cavalcante...

- É Den! – o loiro exclama com uma expressão de total tédio e cansaço. Afinal, qual era a finalidade daquilo mesmo?

- Senhor Cavalcante, peço que não me interrompa mais... E, ah!, senhor Malfoy pai. Que prazer [i]finalmente[/i] vê-lo hoje! – ele o olha com desagrado, mas Draco não consegue conter o sorriso nos seus lábios.

- Severo, eu...

- Sem desculpas agora. Me deixem a sós com minha filha, mais tarde tratarei de todos. – eles saem deixando Severo com a menina

- Agora que estamos aqui, me diga o que realmente estava pensando quando aprontou mais essa.

Ela se virou para olhá-lo nos olhos.

- Sev, você sabe que eu não vivo sem música. E eu ando tão tristinha. Por favor, eu preciso da banda comigo! E, além disso, ela pode ser considerada uma atividade extra-curricular, como o Quadribol ou aquele troço de Clube das Bexigas.

Ele a olha analisando o pedido.

- Não me olhe desse jeito, eu não estou mentindo! – ela reclama. O pai então desvia o olhar para a lareira e para um estranho relógio em cima da mesa e percebe que estava meio em cima da hora para um compromisso inadiável.

- Você tem razão, estou sendo meio ‘melodramático’. Discutirei o assunto com sua mãe e depois trarei a resposta. Mas quero que saiba que devido a suas ações passadas, não tenho certeza de nada.

- O que? Discutirá com minha mãe? Como assim? – ela havia absorvido somente isso.

- Amanhã, aqui, às dez horas da manhã. Agora, saia. – e ele fala secamente.

Ela se levanta enraivecida e bate a porta. Ele suspira.
************

- Ainda bem que Snape não nos levou para a sala. Eu estaria realmente encrencado se meus pais soubessem. – Hideki falava enquanto ia andando pelo corredor em direção à torre da Sonserina. – Será que seus amigos ficarão bem?

- Com certeza. Sei que Dill sabe o que faz, mas mesmo assim eu ainda me preocupo. Minha cabeça ainda dói... – ela esfrega a testa por entre as mechas.

- Calma, já estamos chegando a sua torre. Realmente me diverti hoje, apesar de ser uma coisa meio... Ilegal.

Ela dá um sorrisinho enquanto se vira para encará-lo, pois haviam chegado na frente do quadro da Sonserina. Ele sorri de volta e depois percebe a situação.

- Então... Eer... – ela começa a gaguejar e a se lembrar, consequentemente do sonho em que eles se beijavam no meio de algum lugar.

- Você sabia que os japoneses também são meio sensitivos? – ele pergunta de uma vez.

- Não... – ela fala meio desconcertada.

- Meu bisavô sabe que vai chover só de olhar para as nuvens, e ele foi considerado o melhor curandeiro que sua aldeia já teve.

- E você? Tem esse tipo de pressentimento? – ela não soube o porquê, mas começou a se aproximar dele.

- Huum... – ele torce a boca, fazendo um bico. – Sinto que este corredor está predestinado a nos ver juntos. E muitas vezes. Juntos, mas... De uma forma bem interessante. - ele também se aproxima.

Ela já sabia o que ia acontecer, e decidiu se adiantar. Deu somente um selinho nele, indicando que daria as honras para o garoto. E ele assim o fez, aprofundando o beijo enquanto eram observados, sem saber, por uma figura escondida no meio das sombras, que só observava a tudo, silenciosamente.
**************

- Nós vamos só os três, você fica. – Snape fala para Draco. – Como pôde se envolver nessa... Brincadeira?

- Eu não sei, Severo. Apenas fui acompanhar o Greg e... Mas por que eu não posso ir vê-los? Não sou mais um adolescente, sabia? Apesar de parecer um... – ele passa as mãos nos cabelos loiros e sedosos. Jacob e Harry se olham meio enojados e divertidos.

- Não quero saber. Você não vai porque não participou da reunião. E por culpa sua nos atrasamos. Mas se quiser pode pernoitar aqui.

- Ótimo, isso que farei. Até porque lá em casa está tudo tão quieto e triste sem Amelinha. Quando chegar quero saber de tudo. Até. – ele se retira para os aposentos de convidados. Ainda queria falar com a afilhada também.

- Tudo pronto? – Jacob pergunta.

- Com certeza! – Harry assente.

- Então, vamos. – Snape ordena e juntos saem da escola para depois rodopiarem e poderem aparatar.
***************

Em uma bela sala, a muitos quilômetros dali, estavam presentes dois casais e uma jovem mulher, sentados esperando, ansiosamente. A lareira estava acesa, esperando por possíveis visitantes, mas eles estavam atrasados.

- Mas por que demoram tanto? Tive de desmarcar um jantar importante hoje por culpa desses bruxos. Cadê a pontualidade britânica, amor? – Goreth pergunta em português, língua nativa do país em que se encontravam.

- Calma, querida. Severo mandou uma carta flamejante pelo Pó de Flu e disse que se atrasaria mesmo. Já devem estar chegando. – o doutor tenta acalmar a esposa. Eles estavam mais a vontade que os demais já que estavam em casa. Ao seu lado estava o casal Foster e, mais perto da lareira, a enfermeira Cristina. Esta parecia bem preocupada, mas não havia falado nada desde que entrara pela porta.

E com um farfalhar de roupas, eis que surgem três homens vestidos em capas de viagens caras. Eles olham a todos e depois se ajeitam.

- Oh, finalmente! Como vai, Diretor Snape? É um prazer tê-lo em minha casa. – Rogério, pai de Den se adianta e cumprimenta o ex-professor em inglês.

- Pode falar em português, Rogério. Os professores tomaram meu elixir. Bem, o prazer é nosso. – ele ia olhando a todos, até que seu olhar parou em Cris, e ela arregalou os olhos meio verdes.

- Estes são Jacob Mont'Alverne e Harry Potter, mestres de seus filhos. – os casais se aproximam para cumprimentar as figuras ilustres da Bruxidade.

- Harry, prazer em finalmente conhecê-lo. Jacob, Severo fala tanto de você! – Cristina ri e mostra suas feições muito parecidas com as da filha.

- Esta, Jacob e Harry, é minha...

- Esposa! Sou esposa dele ainda.Mesmo não usando mais aliança. E tenho papéis lá em casa que comprovam isso, sabem? – ela fala fuzilando Snape com o olhar.

- Senhor Snape, onde está Draco Malfoy? Ficamos sabendo do episódio no Beco Diagonal e queria muito que ele se explicasse. – o senhor Foster falava com certa raiva ao lado da esposa.

- É mesmo! Queria tanto conhecer o padrinho de Dill. Ela disse que ele é uma figura. – Cristina sorri mais ainda, e acaba deixando Harry encabulado.

- Ele não pode vir, se meteu em uma certa confusão, e eu o deixei sozinho lá na escola.

- Não se preocupem com ele, senhores. Draco é mesmo uma figura e ele fez aquilo só para chamar a atenção, sério. Agora, podemos conversar? – Harry ameniza a situação para o lado do bruxo.

E eles se sentam nas poltronas para falar da situação dos filhos.

- Quero falar com você. Agora. – Cris sublinha a última palavra e se vira, saindo da sala. Snape a segue.
***********

- Será possível que você não ia me apresentar como sua esposa?

- Cris... É que eu...

- Não, deixa para lá, devo estar parecendo paranóica. – ela se vira e Snape pode ver o quanto ainda era bonita de costas. Os cabelos não estavam mais escuros, mas tinham também mechas loiras, as roupas simples, uma jeans e uma blusa de manga longa, deixavam transparecer seu corpo, que parecia mais o de uma adolescente.

- Como está Dill? Já começou a tratá-la melhor? – ela se vira de uma vez e ele vê seu rosto jovial sem um pingo de maquiagem.

- Dill. Ah, nem me fale. Ela aprontou outra, Cris. Achei-a dentro de uma sala com uma banda. O que me diz dessa?

- Eu digo que ela é muito boa com isso! Nossa, a banda já esta completa? Nossa... – ela fica pensando sozinha em como a filha fez isso.

- Cris! Por favor, como consegue compactuar com uma coisa dessas? Isso só mostra o quanto Dilll precisa de ajuda para se educar e entrar na linha!

- Como assim se educar? Você está dizendo que eu não eduquei nossa filha direito? – ela pergunta fuzilando seus olhos negros.

- Não, querida. Não disse isso. – ele fala andando para trás e se desculpando. Somente ela poderia fazê-lo agir daquele jeito. – Só disse que nossa filha não tem um comportamento condizente com a educação que nós demos e pagamos e nem condiz com a posição de minha filha.

- Bem, talvez ela poderia ter um comportamento diferente se você não tivesse saído de casa tão cedo!

Ele repentinamente muda o tom de voz, como se o assunto em que estivessem entrando agora fosse delicado e já muito discutido.

- Você sabe que eu tive de fazer aquilo. Tudo está interligado, meu amor. E nada foi em vão, nem nada o é!

- Nunca entenderei isso, por mais que você sempre me explique. Deixar sua família é imperdoável. – ela fala, com rancor. Afinal, ela também crescera sem pai, já que ele também abandonara ela e sua mãe. Cris só queria um futuro diferente para a filha.

- Tudo dependia de atos, tudo estava predestinado! – ele exclama de um modo desesperado, como que pedindo desculpas.

- Desculpas que eu não sei mais se quero ouvir. Dill tem sofrido bastante com sua rejeição. Então eu peço, por favor, dê o braço a torcer e não a deixe definhar naquele lugar sem mim. Porque se isso acontecer, Severo, eu juro que... – ela estava apontando um dedo acusadoramente no peito do homem, quando ouvem um ranger de portas e Jacob entra.

- Estou interropendo algo? – ele era só sorrisos.

- Nada, Professor! Pode entrar. – Cris se afasta de seu marido.

- Ah, querida Cris. Quero dizer que é um prazer finalmente conhecê-la. Mas, deixando o puxa-saquismo de lado... – ele joga os cabelos loiros de lado. – Cris, Harry quer que você faça o favor de ir vê-lo na sala. Ele quer falar sobre Dill.

A enfermeira sai da sala olhando de esguelha para Severo. Este não parecia muito surpreso com o desabafo da mulher, mas isso o preocupava mesmo assim.

- Momento difícil no casamento? – Jacob pergunta, pondo um morango na boca. Ele havia trago nas mãos uma taça da sala.

- Muitas discussões. Às vezes me pergunto... E se eu tivesse simplesmente virado as costas para o meu destino? – ele filosofa, perguntando.

O francês ergue os olhos verdes para o diretor e diz.

- Então, teria sido simplesmente um fim mais rápido para a Bruxidade. Acredite, Severo. Fugir do destino nunca foi bom para ninguém. Você só foi corajoso o bastante para fazer tudo que lhe pediam e que necessitava para apaziguar a Grande hora. – ele abaixa a cabeça e começa a pensar sozinho. Snape suspira e se conforma.
***********

Um grupo de adolescentes estava descansando no pátio do lado de fora do castelo apesar do frio. Uma ruiva com um olhar atento ouvia uma outra ruiva, e todos da roda pareciam igualmente interessados.

- ... E desse jeito as três vadias falaram para o Filch onde estávamos e o que estávamos fazendo.

- Ah, mas eu pego aquelas piranhas mini-atrizes de filme pornô de...

- Dill! – Penny a repreende.

- O que? – ela pergunta só por perguntar, já que estava com raiva por Pen não ter deixado ela terminar de xingar as garotas. Mas a loira não respondeu. O grupo fez silêncio e Dill recobrou a sensatez.

- Temos de nos vingar dessas patricinhas. Não admito que me tratem desse jeito! Idiotas!

- Elas também estão nos devendo aquela vez... No corredor. – Den, o lembrol humano.

- Claro. Elas e o Ian. Mas ele é outro caso. Bem, temos de cuidar disso.

- Temos não! Alguém que tem de cuidar disso! Você não pode mais se meter em confusão essa semana, lembra-se? – Mel.

- Okay. Deixo isso a cargo de vocês. Aliás.... Tenho de ir encontrar Sev. Me desejem sorte. – ela se levanta e cada um fala do seu jeito que a amiga se dará bem.
***********

Ela sobe as escadas após passar pelas gárgulas falantes e bate na porta. Milagre ela bater na porta! Ouve um seco ‘ Entre’ e obedece. O pai estava em pé, olhando a janela, e quando deu por si, Dill entregava-o um pergaminho.

- O trabalho. – e se senta em uma das cadeiras, esperando o veredicto.

- Até que o fez bem. Mas não esperaria mais nada de você, já que sabe disso desde os cinco anos. Graças a mim, claro. – e ele fez uma coisa que a surpreendeu mais que tudo que ela já vira nessa vida. Ele sorriu! Sorriu! Ela ficou até com vontade de se bater para ver se estava sonhando. Mas resolveu que um simples beliscão na perna seria mais discreto. Fez uma careta mínima ao descobrir que estava mesmo acordada.

Mas logo o sorriso se desfez e ele voltou à expressão rude de sempre.

- Mas, mudando de assunto... Falei com sua mãe a respeito da sua... Banda. – ela o olhou nos olhos. Havia um certo peso que significava brigas... Brigas... Tristeza... Discussão... De casal? Sua mãe havia brigado com ele!

- Como você viu minha mãe? – ela perguntou de uma vez.

- Não importa como a vi. Só sei que conversei com ela a respeito da banda... – ele tenta explicar.

- Discutiu, você quer dizer... – ela fala baixinho.

- ... E acho que é uma boa idéia. Então, você tem minha permissão. – ele finaliza.

- Mas, Sev! Eu dei um duro danado para montar a banda, e eu iria adorar continua-lá e... O quê? – ela ouvira direito? Ele deixara?

- Eu dou permissão, Dill. Eu sei que você tem se comportado mal, mas acho que se você concentrar metade da energia que usa para se meter em confusão, você ficará sem metade das confusões. Então... Pode ter a banda sim. – e ele sorriu novamente.

A garota não cabia em si de tanta felicidade, e uma vez na vida conseguiu ver por entre os olhos do homem a sua frente, os olhos de um pai. Ela queria muito agradecê-lo com um abraço, um beijo... E sentiu muita vontade de falar ‘pai’.

- Obrigada... – ela levantou e lhe abraçou. Mas, ao tentar chamá-lo de ‘pai’, veio uma dor no peito, um peso na consciência, que lhe dizia que ele ainda não merecia, e ela se engasgou e acabou falando... - ... Sev!

Ela o largou com um sorriso meio constrangido. Ele só continuou sentado e falou um ‘Pode ir.’ Quando ela saiu, Severo Snape conseguiu enfim relembrar os tempos em que sua filha tanto o amava e respeitava. E o quanto isso fazia falta...
************

Os brasileiros estavam na sala de Jacob, conversando um pouco com Jack, comemorando a decisão de Snape. As ‘aulas’ já haviam acabado, mas o francês chegou como quem não quer nada, e se sentou ao lado deles.

- Que bom vê-los ainda aqui. Tenho uma coisa para lhes dar!

- O que, Jacob? – Penny fala, já com intimidade com o mestre.

- Esses pingentes! – e ele dá um para cada brasileiro. Jack fica com cara de tacho, olhando enciumado.

- E para mim, Jacob? Fala sério!

- Você já tem o seu com a Mel e o Greg, lembra? – o francês o lembra. – Agora, deixem-me explicar o que esse pingentes significam. Eles são pingentes da amizade, e são mágicos...

- Noosssaaaa!!! – Dill fala divertida.

- Quando vocês sentirem alguma coisa mais forte, saberão. Os três saberão. – ele não se preocupa com o comentário da ruiva.

- Sentimentos fortes? Como assim? – Den fala colocando o seu pingente de cristal em forma de floco de neve no braço, onde havia uma correntinha que ele já usava.

- Sentimentos fortes como... Amor, felicidade, amizade... Perigo... – ele fala como quem não quer nada. Os garotos ouvem isso atentos, mas preferem não comentar.

Já no corredor, Den pergunta para Penny.

- Ele não falou sério sobre esse negócio de ‘perigo’, né?

- Ah, ele deve ter nos dado isso por precaução. Mas não quer dizer que algum perigo esteja nos rondando, não precisa se preocupar, Den.

- Não estou preocupado. Só... É meio suspeito. Mas... Esquece. Se tivermos um perigo iminente, sei que você vai nos avisar! Tchau. – eles se despedem com boas-noites e o assunto se encerra.
***********

A metade da semana se passara, e o nosso grupo de jovens bruxos tentava se distrair no pátio molhado de frente para o castelo. Denis pegou o skate emprestado de Dill e tentava fazer umas manobras, mas a chuva fina não ajudava. Mel estava sentada ao lado de Dill e Greg, e Jack, bem, esse estava conversando com duas garotas muito bonitas da Corvinal. Aparentemente, o clima pré-jogo o deixava ainda mais popular e atraente que nunca.

- Não ligue para ele. – era Den, que desistira de andar de skate e se sentava ao lado da prima de Jack.

- Eu não ligo. – ela tentou fazer um olhar de desdém, mas justo nessa hora, Jack dava um selinho em uma das garotas. Ela abriu a boca de indignação, e abaixou os olhos.

- Ele é seu primo. Já devia ter se acostumado.

- Eu sei, mas é difícil. Custa ele me dar... Uma única chance que seja? Eu... Eu sou feia, Den? – as lágrimas invadiam os olhos.

- Claro que não! É uma das garotas mais bonitas que eu já conheci! Sério! Mas... Não pode ficar assim! Escute... Garotos gostam de coisas difíceis. E só valorizam as garotas quando acham que a perdem! Então, sugiro que você arranje alguém que finja ser seu namorado e mostre ao Jack quem é que manda aqui.

- É, é um bom plano. Mas... Quem poderia ser? Ela olha ao redor. – Greg não pode ser... Jack sabe que eu nunca teria algo com ele! E, bem... Ele e a Dill...

- É, Greg não. Que tal um de seus outros primos?

- Os que tem idade para isso já estão fora de Hog! E eu não queria nem ver a confusão que meu pai faria se soubesse de mim com algum primo...

- E o Ian?

- É, acho que pode ser ele! – ela se anima. – Ele voltou a ser meu amigo, sabe! Não é lá essas coisas, mas o Jack morre de ciúmes dele! Vou procurá-lo e... – mas Den não prestava atenção nela, e sim em Penny e Hideki que acabavam de sair do castelo sorridentes e alegres. – Está com ciúmes?

- Não sei se é ciúmes. É mais uma inquietação... Algo que não sei bem o que é. Deve ser coisa de amigo.

- Ou de namorado...

- Não, namorado não. Sei que esse tipo de coisa já passou. Somos como irmãos. Eu gosto daquele japonês, sério. Mas tem algo nele... Não sei, vou ver. Agora, tenho de ir! Marquei com uma garota da Sonserina! – ele sorri satisfeito.

Os dois se levantam e entram no castelo juntos, passando por Greg e Dill, que conversavam animados sobre a banda.

- Tipo, eu tava pensando em um nome que eu ouvi o Sev falar, e que é o nome de um cd muito rox que eu adoro, de uma banda chamada Paramore. Conhece?

- Paramore? Não... Mas, qual é o nome?

- Riot! E o significado é perfeito! Significa ‘confusão’. E eu adoro isso, né? Hahahaha... – eles começam a rir juntos e se olham nos olhos. Estavam bem perto, muito perto. Perto demais... Até que alguém grita e a ruiva levanta a cabeça. Era Ricardo, todo enlameado, que chegava do treino, que ela deveria ter ido. Esquecera. Ela bate na cabeça. ”Ih, lá vem carão!”

- Dill! – ele grita de novo. – Eu fiquei esperando esse tempo todo você aparecer lá no estádio... Por que você não foi?

- Oi, Ricardo. – ela fala sem animação, se levantando. – Foi mal, pô. Esqueci totalmente porque comecei a conversar com o pessoal e...

- Com o pessoal? Para mim você só estava conversando com o Greg ali! – ele aponta para o moreno que ficou sentado. Percebendo a eminente cena que o latino sangue-quente queria fazer, Greg se levanta e vai à direção do casal.

- Iai, cara? Tudo bem? Como foi o treino? – Greg pergunta todo sereno e meio... Cínico.

- Como foi o treino? Não se finja de sonso, Greg! Ficou aqui segurando Dill e ela não foi!

- Iai? Que reuniãozinha bacana! Será que posso participar também? – era Jack, que percebendo a exaltação do argentino, resolveu ajudar. – Ricardo, você estava treinando? De novo? Ah, de que adianta tanto treino, se já sabemos quem vai ganhar!

- Não se meta aonde não é chamado! Dill, quero conversar a sós com você, pode ser? – ele não cai nas provocações de Jack. A ruiva consente e os dois saem par dentro do castelo.

- Agora você entende, não é? Ele é um idiota, não a merece. – Jack fala, olhando de lado para Greg.

- Eu sabia disso há muito tempo, mas... Por que você ta falando isso para mim? – ele arqueou uma sobrancelha e o fitou com os olhos cinzas.

- Vamos conversar, cara. – Jack fala simplesmente, pegando o amigo pelo braço e o guiando para debaixo de um velho carvalho.
***********

O discurso que Ricardo fez a Dill foi mais longo que uma aula entediante de História da Magia. Foi tão entediante, que não vale a pena nem comentar. A única coisa que a garota realmente ouviu foi que se ela não aparecesse no jogo, as coisas não poderiam mais ir para frente, pois parecia que eles estavam realmente se deixando levar pelas provocações e fofocas de todos.

Ah! Aparecer no jogo? Isso era fácil! Fácil até demais! E logo o fim de semana chegou, e a hora do jogo se aproximava. Parecia uma final de campeonato, ou um jogo inicial da Copa do mundo, e todos estava animados.

- Dill! Acorde! Você tem de ser uma das primeiras a aparecer naquele estádio, lembra-se? – Mel joga uma almofada na cabeça da garota. Por que justo na noite anterior ela inventara de dormir mais tarde para ficar conversando com Den, Greg e Jack?

- Ta, ta! Ricardo! Lembrei! – e lentamente ela se dirige para o banheiro do quarto. Ah, era só aparecer no jogo, dar uns gritinhos histéricos e pronto, o argentino ficaria feliz! ”Como homem é fácil de se satisfazer! Aff!”

Ela estava tão relaxada que fez tudo da maneira mais lenta possível. Não que não estivesse mais afim do menino, mas nenhum garoto nunca mandara nela daquele jeito. Até parece que ela sucumbiria aos caprichos dele! Até parece.

- Dill! A escola toda já está no estádio. – ela olha da janela para fora. – Escute, eu estou tentando voltar com o Ian, e preciso encontrá-lo, então, você pode ir sozinha?

- Claro, ruiva, vá lá! – ela fala calmamente, colocando uma calça marrom.

- Ótimo. Nos vemos no jogo.
***********

Penny também estava atrasada. Ela passara a noite inteira rolando na cama, sentindo dores de cabeça. Estava quase decidida a não ir ao bendito jogo quando ela encontrou um envelope que com certeza Mr. Brown, sua coruja, deixara na noite anterior.

Me encontre no corredor da Biblioteca. Tenho um livro para lhe mostrar. Hideki.

Ela sorriu e resolveu se arrumar. Bem que o japonês lhe dissera que não curtia Quadribol. Se arrumou e desceu as escadas para ir ao local marcado.
***********

Dill desceu as escadas e percebeu que era a única Grifinória atrasada. ”Que pessoal viciado!”

Ela estava se dirigindo à saída quando avistou Den, agarrado com uma garota do quinto ano da Sonserina. Ele já havia falado dela, mas ela nunca os vira juntos. Típico dele, um verdadeiro pegador faz tudo na surdina, para depois, se quiser pegar uma amiga dela, a outra nem desconfiar que a amiga já ficara com ele. Dill sabia, ela já presenciara isso. Mas as inglesas, aparentemente não.

Estava quase chegando perto dos dois quando sentiu algo no pulso. Um fervor. Um grito. De dar medo mesmo.

- Aaaaaaaaaaah! – era de uma menina, e a única que faria o pingente de cristal ficar daquele jeito era...

- Penny! – Den largou a menina de uma vez e correu corredor acima. – Dill, você ta sentindo o pulso? O meu pingente ta pegando fogo!
- É a Penny! O grito veio dali! Vamos! – e saíram desabalados.
*************

A loira estava no chão, com as mãos segurando a cabeça, que doía loucamente. Imagens difusas a faziam chorar. Estava tudo errado, tudo!

- Não! Me deixe em paz! Eu não sei do que você está falando! Eu. Não. Sei!

Den e Dill chegaram a porta da Biblioteca onde ela se achava.

- Pen! Calma, calma. A gente ta aqui! O que foi? – Den se agachou até a garota.

- Eu... – ela começou, mas não terminou. De uma hora para outra parou de chorar e levantou a cabeça. O brilho nos olhos indicava que ela não era mais a doce Penélope Foster... era... Outra.

- Eu sou Cleptra. – ela fitou os outros dois.

- O que você faz aí? Sai desse corpo que não te pertence, ô!

- Calma, garota! Estou aqui para avisar a vocês! Eu sou a mesma que falou com vocês em setembro. Lembra-se?

- Ah, aquela louca. Mas... Sai daí!

- Ai, não me bata! Aliás, não bata sua amiga. Tenho notícias importantes. Peguem aquele livro! – e ela aponta para o chão, onde um livro velho e encardido estava estendido. Eles correm até ele e o folheiam.

- Alguém trouxe sua amiga até aqui para atormentá-la. Seu espírito não é mais o mesmo. Vocês têm de ajudá-la. Algo tenta corrompê-la. – a entidade fala rápida.

- E quem está fazendo isso? E por que?

- Ele quer sua visões, uma coisa que lhe vai ser bem útil! Tomem cuidado, pois a cada dia, a cada hora, a data se aproxima, o nó se estreita, e Ele fica mais forte e inquieto.

- Eu já ouvi essa parte! Mas agora a gente quer nomes, Clep! Nomes! Fala! – Den, com impaciência.

- Garoto, eu disse que é Cleptra! Hum! Nomes não são permitidos. Vocês devem investigar para que tudo possa se ajustar. Sofrer é preciso. Abandonar é preciso. Tudo está... – ela prende a respiração.

- O que, Clep? Tudo está o que?

- ... Interligado! Ah! Ele está aqui! Minha cabeça! Penélope está sofrendo! Está! Cuidado! – e o corpo da garota cai inerte no chão.

Eles tentam ampará-la. Tentam fazer Penny reagir, mas antes que pudessem falar algo como ‘Vamos para a enfermaria’, as tochas se apagam e um sussurra é ouvido. Parecia falar uma ladainha rápida.

- Den, vamos embora!

- Mas eu não vejo nada!

- Lumus máxima! – ela acende a varinha. – Vamos! Agora!

E eles saem desabalados pelo corredor com o corpo da menina.
************

Enquanto isso, no estádio, uivos, assobios e gritos de felicidade da parte vermelha e dourada se fizeram ouvir.

- Isso mesmo, Grifinórios! Comemorem! Jack Potter fez uma de suas mais magníficas apresentações! Só podia ser meu amigo! – a voz de Charlie se faz ecoar no estádio. Vaias dos Sonserinos. Beliscão de Harry. – Ai, Professor! Mas é sério, pô!

Jack desfilava no ar com o pomo na mão. 230 a 50 para a Grifinória. Um placar perfeito. Ele desce da vassoura e é cumprimentado por toda a equipe. E logo chegam seus amigos fiéis.

- Valeu, cara! Como sempre, acabou com a gente. – Greg chega humilde e lhe dá um abraço. Mas Jack, todo animado, o puxa e dá logo um beijo na sua cabeça.

- Jack, parabéns, primo. Adorei.

- Onde está Den? E Pen? E Dill? – ele percebe que os brasileiros não apareceram para fazer a festa.

- Jack! Eu estou aqui! – Dill chega ofegante. Estava bonita, mas totalmente descabelada e suada. Parecia também aflita. E... com medo?

- Dill! O que houve? Por que você está desse jeito?

- Pessoal! Perguntas para mais tarde, ok? Penny teve outra visão e outro colapso! Precisamos falar com Harry, Sev e Jacob!

Eles concordam, e mesmo não entendendo muito bem a situação saem correndo pelo meio da multidão.



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1º capítulo de 2008 postado e espero q vcs gostem!!!! mts mistérios estão por rolar!!!
muahahahah!!!! muhahahahaha!!!
então... demorei mt??? axo q só umas 2 semanas, neh?? ^^
bom... capítulo 14 xegando rapidinhoooo!!! já tah pronto só falta os comentários de vcs pra eu postar!!!
então mãos à obra, neh???
capítulo sem músik, mas qm quiser ouvir as outras eh só entrar no meu multiply aí em baixo!!!
bjinhos!!!!!

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