Capítulo Único - UMA ENTREVIST



UMA ENTREVISTA DIFERENTE








Devido a uma série de circunstâncias, possíveis apenas no mundo mágico, J. M. Flamel, sua esposa e filho e mais duas amigas acabam indo parar em um Universo Paralelo, uma Realidade Alternativa onde os eventos das Fics que ele escreveu realmente aconteceram. Eles travam conhecimento com os personagens dos livros e com os por ele criados para as Fanfictions. A maioria dos fatos ocorridos é de conhecimento geral e a progressiva integração entre a Bruxidade e os trouxas é maior do que ele mesmo imaginava. Depois de algum tempo nessa realidade fantástica, são chamados para que ele seja entrevistado ao vivo em um Talk-Show da WBC, tendo nossos amigos como convidados especiais, na primeira fila da platéia, onde J. M. Flamel explica como tornou-se escritor, sua visão do Universo da Bruxidade e quais as suas inspirações, entre outras coisas.

Entrevista por Arianne Skeeter-Creevey.



ASC: Boa noite. Como foi que vocês acabaram vindo parar aqui?

JM: Boa noite. Só mesmo magia para explicar, Arianne. Não há outra forma. E eu estou muito contente por estar aqui. Desde que comecei a escrever as Fanfictions eu sempre fiquei imaginando; “Como seria poder conhecer pessoalmente os personagens de J. K. Rowling e os originais de minha criação? Como seria poder interagir com eles, ainda que fosse por pouco tempo?” Então tudo aconteceu.

ASC: Sabemos que somos personagens ficcionais, a maior parte criados por J. K. Rowling e muitos pelos autores de Fics. Mas, desde que fomos criados, possuímos o nosso próprio Universo. O que você acha que fez com que ele criasse tanta força que acabou por trazê-los até nós?

JM: Eu acredito, Arianne, que quando um autor cria um personagem ou uma obra, ele acaba criando uma realidade alternativa, paralela. J. K. Rowling fez isso e os autores de Fics continuaram. Portanto temos, partindo dessa teoria, o Universo Potteriano de J. K. Rowling ou seja, o Básico ou Matriz e muitos derivados dele, cada um deles criado quando um autor escreve sua Fanfiction e estabelece uma nova linha de tempo. Da minha parte, procurei criar as histórias com dedicação, o máximo de exatidão possível e com amor, sentindo vocês como se pertencessem à minha realidade, sólidos, palpáveis, próximos e amigos. Isto é colocar sua alma na história desenvolvida. Mas o que eu acho que deu força, forneceu a energia suficiente para que pudéssemos interagir desta forma não foi apenas o meu esforço.

ASC: E o que mais foi?

JM: O escritor não é nada sem seus leitores, Arianne. Cada um que lê e comenta a Fanfiction dá às histórias e seus personagens a vida, a alma, o calor necessários para que existam. Eu sempre leio Fanfictions de outros autores e jamais deixo de fazer meu comentário, quer seja elogiando, quer seja apontando possíveis pontos meio obscuros ou alertando para alguma coisa que possa subverter o Cânon. Assim como gosto e faço questão de receber comentários no mesmo teor. Então eu acho que foram vocês e os leitores que fizeram a magia de lhes dar tamanha força para permitir que nossos universos se tocassem.

ASC: De onde vem o seu pseudônimo?

JM: Minha idéia foi juntar as iniciais do meu prenome e do meu primeiro sobrenome a uma homenagem que faço ao maior e mais famoso alquimista, amigo pessoal de Alvo Dumbledore, Nicolau Flamel. Quando resolvi criar um “Nom de Plume” para as Fanfictions eu quis ser diferente, não quis utilizar um pseudônimo que incluísse nomes ou sobrenomes dos personagens principais. Talvez isso tenha chamado um pouco mais a atenção.

ASC: Desde quando você é fã de Harry Potter?

JM: Desde 2000, quando folheei “Harry Potter e a Pedra Filosofal”. Depois assisti ao filme no cinema e adquiri, em VHS. Devo dizer que Daniel Radcliffe corresponde totalmente à idéia que eu fazia do personagem, além de ser um ótimo ator. Em 2002 adquiri os livros de 1 a 4. Preferi assim para poder lê-los em seqüência e manter a continuidade. Aguardei ansiosamente por “Harry Potter e a Ordem da Fênix” e não me decepcionei. Senti, como todos os fãs, a morte de Sirius no livro e vi o quanto aquilo mexeu com Harry, que foi perdendo grandes amigos e aqueles que constituíam suas referências masculinas/paternas, o que ficou ainda pior com a morte de Dumbledore, em “Harry Potter e o Enigma do Príncipe”. Vamos ver como a saga será concluída, em “Deathly Hallows”.

ASC: E de onde surgiu a idéia de dar tal rumo a Harry em suas Fics?

JM: Depois de ler “Harry Potter e a Ordem da Fênix”, fiquei pensando: “Como Harry vai lidar com essa perda? O que será da mente do rapaz?” e, com isso, comecei a imaginar como seria a história de Harry Potter que eu mesmo gostaria de viver. Estabelecendo uma nova linha de tempo a partir do final de “Harry Potter e a Ordem da Fênix”, ele começaria a conquistar o respeito de seus parentes, encontraria o amor ao lado de Gina Weasley e disciplinaria o corpo e a mente, com exercícios e artes marciais, como um trunfo para o confronto com Lord Voldemort. Mas isso ainda não era o projeto da Fic. A coisa só começou a tomar forma depois que comecei a tomar mais contato com o universo das Fanfictions, através das obras de Aline Carneiro e do acervo do saudoso site “Potter Shelter Fics”, principalmente a Fic “Que Seja Sempre Assim”, da autoria de M@c Potter, a qual conta aventuras dos Marotos no seu sexto ano em Hogwarts. Foi o primeiro site no qual comecei a postar.

ASC: E foi então que surgiu a idéia de “Harry Potter e o Olho de Shiva”?

JM: Exatamente. Mas, no princípio, ela não seria intitulada assim. Eu havia pensado em “Harry Potter e o Feitiço Perdido”, que seria chamado “Escudo de Shiva”. Mas aí eu me lembrei do fato de que Shiva não usa um escudo. Então, qual seria o nome do feitiço? Ele surgiria quando Harry e os Inseparáveis despertassem sua Terceira Visão, portanto não haveria melhor nome do que “Olho de Shiva”. É um Mantra em Sânscrito, “Agni Chakshu Shiva, bhasmasaya Andhas agha sarpah”, que pode ser traduzido como “Fogo do Olho de Shiva, incinera das Trevas a maligna serpente” que, se for invocado por alguém de bom coração e grande poder, cria uma aura capaz de defletir a Avada Kedavra e mesmo contra-atacá-la com a esfera de energia que é formada. A história inicia-se depois que os Dursley tomam o susto com Moody, em King’s Cross. O primeiro capítulo é todo ele um sonho de Harry sobre os eventos do último verão, ao fim do qual ele duela com Voldemort em plena Rua dos Alfeneiros. Nele há um resumo dos fatos, quando Tio Valter obriga Harry a tornar-se parceiro de exercícios de Duda. A coisa sai melhor do que haviam imaginado e o primo de Harry começa a perder peso, adquire condicionamento físico e deixa de fumar. O progresso dos primos faz com que Tio Valter e Tia Petúnia passem a olhar Harry de maneira diferente e comecem a abandonar seus preconceitos contra os bruxos, principalmente depois de travarem conhecimento com Lupin e Tonks. A partir daí, as situações começam a se desenvolver, muitas delas tendo desdobramentos na seqüência da Fic, “Harry Potter e o Legado de Avalon”.

ASC: Tipo o assassinato de Karkaroff?

JM: Sim. Quando escrevi OdS, já fui pensando em acontecimentos e mistérios que seriam revelados na seqüência, LdA. Quem orientou Carpenter? Teria sido Snape, para manter a confiança de Voldemort? Depois vemos que não. Antes mesmo de concluir OdS, eu já estava começando a montar a estrutura básica de LdA. Quando comecei a escrevê-la, trabalhava em paralelo na Fic Femme-Slash “As Férias Secretas”, Sidestory na qual começam a surgir os pródromos da aliança Voldemort/Osama Bin Laden, a “Conspiração do Terror”. Nela, duas jovens sonserinas que têm um relacionamento “Lesbian-Chic”, viajam para um resort do Nordeste do Brasil. Elas acabam por romper com as Trevas e uma quase morre, mas tem sua vida salva pela outra, orientada pelos oficiais do Exército pelos quais apaixonaram-se. É uma trama que pode parecer meio sem pé nem cabeça, mas que é explicada em LdA.

ASC: Houveram algumas alterações cronológicas e uma diferença com “Zabini”. Como foi isso?

JM: Quando houve a Cerimônia de Seleção de Harry, em PF, é feita a referência ao nome “Blaise Zabini”, que na tradução de Lia Wyler ficou como “Blas” e em EdP surge como “Blásio”. Ao escrever OdS, eu ainda não sabia se Blaise era um rapaz ou uma garota, já que esse nome serve para ambos e EdP ainda não havia sido lançado. Apostei em retratar a personagem como uma garota “Lesbian-Chic”, descendente de italianos, devido ao sobrenome, a qual tem um relacionamento com Millicent Bulstrode. Quando Zabini foi revelado, em EdP, como “Um rapaz negro, de malares salientes”, já não havia como voltar atrás. Não poderia alterar o sexo ou a etnia da personagem, portanto o máximo que pude fazer foi criar um irmão gêmeo, chamado “Blasius”, o qual tem certo destaque em LdA. Além disso eles ainda têm uma irmã mais velha, chamada Sophia. Foi criado todo um passado no qual o avô paterno de Blaise, chamado Salvatore, fora contemporâneo de Tom Riddle e Minerva McGonnagall em Hogwarts, casando-se depois da formatura com uma colega chamada Giuletta Fornari e ambos uniram-se aos Partigiani durante a II Guerra Mundial, sendo elementos de ligação com a FEB, na qual vários bruxos brasileiros também haviam se alistado. Quanto às alterações cronológicas, elas foram necessárias para a ambientação e desenvolvimento da trama, já visando o encadeamento de OdS com FS e LdA. Para isso o nascimento de Harry, que foi em 1980, teve de ser atrasado por oito anos, bem como o de vários dos outros personagens. Sem isso não seria possível fazer a referência a diversos fatos mais atuais, como o atentado ao WTC, o Grêmio na Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro, a Copa do Mundo de 2006, etc. Isso foi necessário para que a Conspiração do Terror fosse algo viável e verossímel. Quanto a Voldemort, sabemos que Tom Riddle nasceu em 1926. Alterei seu ano de nascimento para 1925, a fim de que ele e Minerva McGonnagall pudessem fazer parte da mesma turma de Hogwarts, em 1936. Isso foi fundamental para que eles tivessem um namoro e passassem juntos pelos eventos da época, os quais afetaram até mesmo a Bruxidade, tipo a Guerra Civil Espanhola, a II Guerra Mundial, os anos da Guerra Fria, as Guerras do Vietminh, da Coréia e do Vietnã, etc. Esse foi o período no qual Voldemort andou pelo mundo, adquirindo poderes e conhecimentos, além de formar a primeira geração de Death Eaters. Mas eu creio que tais alterações não prejudicam a essência dos personagens e são coerentes com a nova linha de tempo estabelecida.

ASC: Falando em linha de tempo, você aproveitou alguns elementos do sexto livro, mesmo estabelecendo uma realidade alternativa a partir de OdF. Como foi isso?

JM: No começo eu não iria aproveitar nenhuma das idéias de “Harry Potter e o Enigma do Príncipe”, a fim de não interpolar as linhas de tempo. Mas o desenvolvimento da trama de “Harry Potter e o Legado de Avalon” me fez lançar mão de alguns aspectos, que seriam fundamentais para o desfecho da história. Primeiramente as Horcruxes: Elas são a razão de Voldemort haver sobrevivido aos confrontos com Harry ainda bebê e quando Harry faz com que a imagem de sua memória desapareça, cravando no diário de Tom Riddle a presa do basilisco, na Câmara Secreta de Slytherin. Porém, enquanto nos livros ele fez sete delas, nas Fics ele fez apenas três, a fim de não fragmentar demais sua alma. Outro aspecto foi o Príncipe Mestiço. Enquanto em EdP Tobias era o nome do pai trouxa de Severo Snape, casado com a bruxa Eileen Prince, na Fic LdA Tobias era tio de Snape, filho de seu avô, Christopher, em segundas núpcias com uma cantora e atriz trouxa, chamada Melina Prince, daí a expressão “Príncipe Mestiço”. Tobias deu a seu sobrinho, Severo, um livro no qual há vários macetes para poções e feitiços já existentes, além de instruções para feitiços experimentais. É um Grimório, onde cada detentor acrescenta suas próprias experiências. Quanto ao nome do pai de Severo nas Fics, eu o vi em uma outra Fic e gostei da sonoridade, “Arkanius”, que tinha a ver com um bruxo puro-sangue. Também criei uma irmã caçula para Severo, Nereida. O que aconteceu com ela é a razão para que Severo Snape resolva romper com a Ordem das Trevas, aliando-se a Dumbledore e tornando-se espião da Ordem da Fênix entre os Death Eaters. Outro elemento do sexto livro é o professor Horatio Slughorn, que é mostrado como um agente da Ordem da Fênix que é capturado porque descobriu sobre a última Horcrux de Voldemort, mas é morto por Venom, disfarçado sob a aparência de Madame Pomfrey, antes de poder revelar a informação a Dumbledore.

ASC: Também há os personagens originais que você criou, entre os quais eu mesma me incluo. Poderia falar sobre elas, uma de cada vez?

JM: Sem dúvida, Arianne. É meio engraçado falar sobre os personagens de minha criação vendo alguns deles aqui, sentados à minha frente, inclusive você. Por quem começaremos?

ASC: Janine Sandoval (da primeira fileira da platéia, de mãos dadas com Draco, Janine faz um sinal de “positivo”).

JM: OK. Criei Janine especialmente para que Draco Malfoy se apaixonasse por ela e, devido a esse amor, concretizasse a decisão de romper com a Ordem das Trevas, que já amadurecia há algum tempo. Ela é brasileira, gaúcha para ser mais exato. Nascida em São Borja, pelo lado materno ela descende dos Silva Vargas, família que realmente existe e que é um ramo da minha própria. Seus detalhes podem ser conferidos no “Dicionário das Famílias Brasileiras”. Seu pai era Adriano Sandoval, um Coronel do Exército, falecido em um acidente de pára-quedismo que ela presenciou, quando tinha treze anos. Herdou dele o gosto por esportes radicais, sem deixar de lado a suavidade de uma garota, temperada com o orgulho gaúcho. Embora trouxa, apresentava manifestações de paranormalidade desde a infância, sendo capaz de enxergar criaturas mágicas, tanto que via Dementadores que, após a morte do pai, fizeram-na entrar em choque e depressão e que foram espantados com a ingestão de um bom pedaço de chocolate. Também viu os Testrálios, para espanto de Tonks e Hagrid, quando foi levada para Hogwarts. Por uma conjunção de fatos a jovem por quem Draco se apaixonou, devido às suas características já era o alvo de um plano maligno de Voldemort, sendo vigiada pelos Death Eaters desde a infância. Sua manifestação tardia de habilidades e dons de magia é inédita na Bruxidade e ela torna-se famosa no meio, passando a ser chamada de “A-Trouxa-Que-Virou-Bruxa”. É uma das poucas pessoas que foram capazes de fazer com que Voldemort, Bellatrix e Lucius passassem por um grande ridículo e sobreviveram para contar. Ela foi retratada de uma forma que valorizasse a mulher gaúcha, a um só tempo forte e doce. Suas características marcantes são as qualidades dos Quatro Grandes de Hogwarts, o que poderia encaixá-la em qualquer uma das Casas. Seu perfil dominante a indicou para a Grifinória. Além disso, possui belos e cintilantes olhos azuis e é Colorada.

ASC: Colorada?

JM: Torcedora do Sport Club Internacional, Campeão da Libertadores da América e do Mundial de 2006. Sendo ela uma personagem do bem eu jamais iria retratá-la como torcedora do Grêmio Foot-Ball Porto-Alegrense (risos na platéia).

ASC: De onde podemos deduzir que você também torce para aquele time (mais risos).

JM: Exatamente, Arianne. Bem, a importância dela na história passa a ficar evidente quando ela começa a pensar por que Voldemort a quer. Isso fica explicado quando ela está prisioneira dos Death Eaters em Azkaban. Mas o plano de Voldemort está fadado ao fracasso desde o início (Discretamente, Draco pede silêncio, com o dedo indicador à frente dos lábios).

ASC: E quanto a Sheldrake e Donovan?

JM: Não dá para chamá-los de secundários, pois têm destaque quando casam-se com personagens de certa relevância. Fabian Sheldrake casa-se com Pansy Parkinson e eles fundam uma operadora de canais bruxos de TV por assinatura, graças à qual temos a WBC e hoje podemos estar neste Talk-Show. Luke Donovan casa-se com Cho Chang e administra sua carreira de jogadora de Quadribol, as franquias e os produtos relacionados à imagem dela. Também não podemos nos esquecer de Marino e Daniel, os oficiais do Exército Brasileiro que namoraram e depois casaram-se com, respectivamente, Blaise e Milly.

ASC: O meio militar e a área médica são bastante citados nas suas Fics.

JM: Posso fazer referências com segurança, por pertencer a ambos. Por isso podemos ver nas Fics o emprego de termos médicos e militares, a maneira com que é feito o diagnóstico do problema de tireóide de Luna e a gestação gemelar de Gina através de Ultra-Sonografia, minha área de atuação, além dos comentários de Marino e Daniel e o salto de pára-quedas dos Inseparáveis em Azkaban, seguindo os métodos da Brigada de Infantaria Pára-Quedista. Aliás, os oficiais Marino e Daniel também são Pára-Quedistas.

ASC: Mas você criou uma personagem de relevância para “Harry Potter e o Legado de Avalon”: Valérie St. Clair Malfoy.

JM: É verdade. Para isso foi necessário mexer em toda a família Malfoy, criando mais três irmãos para Lucius: René, Jacques e Danielle. Não sei se nos livros Lucius tem mais irmãos, a única referência à sua família é um comentário de Draco em EdP, sobre seu avô paterno, Abraxas Malfoy, o qual morreu devido a Varíola de Dragão. Nas Fics, são dois pares de gêmeos, Abraxas e Jean-Marc, Gryphus e Gérard. Sendo que os dois mais velhos, Abraxas e Jean-Marc, foram colegas de turma de Tom Riddle e o último uniu-se aos Maquis, depois da formatura. Gryphus e Gérard estudaram em Beauxbatons, tornaram-se Death Eaters e morreram em confrontos com Aurores, sem deixarem descendentes, como Valérie lembra-se em “Amanhã, Quem Sabe...?”, que passa-se três anos após a formatura de Harry. Valérie é filha de René Malfoy e Vivienne St. Clair, a qual tem um parentesco com Lysandra Yaxley, avó de Arthur Weasley. Desde a infância ela sempre foi bastante ligada a Draco e bem parecida com ele, até mesmo fisicamente: loira-platinada, pele clara e olhos cinza-azulados. Seu papel torna-se cada vez mais importante conforme a Fic vai se desenvolvendo. No final, descobrimos que ela era Venom, o misterioso envenenador que agia na Inglaterra, sob as ordens de Voldemort. Encarcerada em Azkaban, ela e Lucius morrem, durante uma rebelião de prisioneiros, na qual vários conseguiram fugir.

ASC: Ayesha Zaidan (da platéia, a bruxa árabe sorri para eles).

JM: Ela possui uma certa semelhança com a personagem Sheeba Amapoulos, criada por Aline Carneiro, mas não muita. Ambas são verdadeiras Videntes, noivas de Sirius Black antes de sua prisão e madrinhas de Harry, mas a marca da testa de Ayesha é a tatuagem de meia-lua das Sacerdotisas de Avalon e ela foi esposa de Osama Bin Laden, ao qual estava prometida desde a infância e com o qual teve um filho, Jemail. O passado apresenta certas diferenças e, quando Sirius foge de Azkaban, ela consegue dar uma ajuda bem disfarçada para facilitar a viagem de Sirius a Hogsmeade. Ele só fica sabendo daquilo depois (Sirius acena com a cabeça, concordando), mas os dois não tiveram oportunidade de um reencontro, pois Sirius foge para sua ilha no Pacífico Sul, reaparecendo quando Harry é incluído no Torneio Tribruxo e depois organizando o QG da Ordem da Fênix. No final do livro, seu desaparecimento é encarado como morte e é aí que tem início a nova linha de tempo, com as aventuras dos Inseparáveis em OdS, cujo epílogo é o retorno de Sirius através do mesmo local por onde havia desaparecido: o Arco da Passagem, no Departamento de Mistérios. Sabemos que ele ficou fora por cerca de um ano e, quando reaparece, nem tudo o que aconteceu com ele no Mundo do Além fica na sua memória (“Melhor assim”, disse Sirius em voz baixa, porém suficientemente audível). Seu reencontro com Ayesha ocorre depois de sua alta do St. Mungus, após a festa pelo seu retorno, na Mansão Black.

ASC: E quanto a mim (risos)?

JM: Você possui um perfil que guarda muita semelhança com sua tia, Rita Skeeter. Talvez pelo fato de ter sido criada por ela, depois que seus pais foram mortos por Death Eaters. Herdou a inteligência, capacidade de observação e um sexto sentido para fatos fora do normal que podem virar grandes notícias ou que podem trazer perigo para alguém. Basta lembrar que, com onze anos de idade, você percebeu que havia alguém tomando o lugar de Draco para raptar Janine, confirmando depois que era Wormtail. Você foi a única que notou o fato de Bichento, que gostava de Draco, eriçar o pêlo e arreganhar os dentes à passagem do impostor. Em seguida “emprestou” a Capa de Invisibilidade de Harry e, seguindo-os, testemunhou todo o rapto, podendo descrever os fatos com precisão. Não é à toa que você tornou-se uma das melhores repórteres da WBC.

ASC: Obrigada. Fale um pouco sobre Derek Mason. As pessoas querem saber sobre um dos melhores Aurores da Corporação.

JM: A figura de Derek Mason surgiu quando resolvi que Harry e seus amigos teriam de aprender artes marciais. Para o combate contra os Death Eaters, nada melhor que o Ninjutsu e resolvi que seria preciso um mestre, mas eu não queria que fosse um japonês, ele teria de ser um Gaijin. Comecei a pensar em um personagem que fosse ocidental, mas criado no Japão. Para isso, sua mãe teria de ser filha adotiva de um Mestre Ninja. Para seu pai eu já havia pensado na figura de um bruxo puro-sangue, um sonserino que não fosse das Trevas e aí surgiu Hiram Mason. Renata Wigder é a mãe de Derek e seu sobrenome é uma homenagem ao nome de um Coronel de Engenharia com quem travei uma grande amizade, há muitos anos atrás. Quanto ao pai adotivo de Renata, foi criada a figura de Ryusaku Komori, grande amigo de seus verdadeiros pais e que assume sua criação depois que eles morreram, enquanto o irmão dela foi criado pelos tios, em Nova York. Creio que o fato de Komori ter ensinado o Ninjutsu a Renata, preparando-a para a sucessão das tradições de Togakure, estimulou a eclosão dos seus dons mágicos latentes. Para criar Ryusaku, pensei na figura de Masaaki Hatsumi, um dos últimos grandes Mestres Ninjas ainda vivos e que, nos anos 80, interpretava Tetsusan Yamashi, no seriado “Jiraiya” e o seu sobrenome é o do Mestre Ninja do filme “Enter The Ninja”, estrelado por Franco Nero. O perfil de Derek é o de um homem que alia os poderes mágicos a uma mente afiadíssima e ao talento no Ninjutsu, desenvolvido desde a infância, quando teve seus pais mortos por Voldemort e foi para o Japão, viver com seu avô adotivo. Ele tinha cinco anos de idade na época e desde então aprendeu a disciplinar o corpo e a mente, elevando seu espírito. Seu nome remete a Derek Flint, o agente interpretado por James Coburn em filmes do final dos anos 60 e o seu sobrenome signfica “Pedreiro” em Inglês. Isso relaciona-se com o fato de que todos os homens da família Mason são convidados a iniciar-se na Ordem dos Pedreiros Livres e ele não é exceção, bastando reparar no símbolo de compasso e esquadro na lapela de seu casaco. Afinal, por que um bruxo não pode ser Maçom? O próprio nome de seu pai é relacionado com a Ordem. Ao final de LdA, ficamos sabendo que ele casa-se com Marilise, a mãe de Janine e que têm uma filha, Sabrina. Pena que não puderam vir hoje (“Mas mandaram um abraço”, disse Janine). Amigo dos Marotos e de Severo Snape, torna-se Professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, sendo dos poucos que duraram mais de um ano na função. Acaba por ser Sensei de toda a turma da AD, ensinando o Ninjutsu-Bruxo, que é a fusão dos duelos de magia com as artes Ninjas. Golpear e enfeitiçar. Se pensam que é fácil, basta que vejam os combates que são descritos nas Fics, inclusive o treino que Draco assiste, quando tem de fazer parte da AD. Ele, que já havia ficado de queixo caído com um salto que Harry dera por cima dele, mais Crabbe e Goyle, não imaginava que Harry fosse capaz de tudo aquilo (Draco e Harry concordam, com acenos de cabeça). Ele é alguém que circula numa boa entre trouxas, sem chamar a atenção e administra uma rede de academias de artes marciais. Graças a ele, nossos amigos desenvolvem o domínio de seu Ki.

ASC: Aliás, vários aspectos da cultura oriental, principalmente a japonesa, estão presentes em suas Fics.

JM: Pois é, Arianne. Acho que devo ter sido Japonês em uma encarnação anterior (risos). Acontece que a cultura oriental salienta e valoriza muito mais do que a nosssa os aspectos místicos e a interação corpo/mente, tanto que um dos elementos comuns às histórias é o domínio e controle do Ki, a energia espiritual das pessoas. No capítulo 3 de OdS, vemos que Harry possui um Ki poderosíssimo, mas demora um pouco mais para liberá-lo e controlá-lo, pois seu espírito ainda não está tranqüilo o suficiente para atingir o estado de equilíbrio. Quando ele consegue, todos ficam admirados com o tamanho da esfera de energia que ele concentra entre as mãos. Enquanto as dos outros não passam do tamanho de uma bola de gude, a dele fica do tamanho de uma bola de tênis (“Até eu me assustei”, disse Harry). Outros aspectos japoneses, principalmente referentes ao Bushido, estão presentes no decorrer das histórias. O conceito de Meiyo ou Enryo, “Honra”, é bastante forte, como podemos ver.

ASC: Razão pela qual muitos leitores acham que seu Voldemort não é tão mau quanto o de J. K. Rowling.

JM: Ela o criou e sabe muito bem como ele é. Mas, na minha visão, Voldemort ainda é humano, por mais transformações pelas quais tenha passado e, como tal, traz em si ambas as sementes, a do bem e a do mal, sendo que deixou a última germinar, sufocando a primeira. O passado tem muito a ver com isso.

ASC: E você valoriza bastante o passado dos personagens.

JM: Não dá para ser de outra forma, Arianne. Ninguém vem a ser o que é por mero acaso. O que somos hoje é o resultado do que construímos por toda a nossa vida. Você disse que meu Voldemort não é tão mau quanto o de J. K. Rowling. Acontece que ele ainda é maligno, cruel, impiedoso e assasssino, mas não deixa de ser, embora visto pela sua ótica um tanto distorcida, justo. Ele não se esqueceu do Bushido, que aprendeu enquanto aluno em um Ryu Ninja Negro no qual, mesmo que as técnicas fossem malignas, o conceito de honra não foi esquecido. E isso ainda foi reforçado quando ele tentou matar Harry e sua maldição retornou para ele. Da mesma maneira que ele passou poderes e habilidades para Harry, ele também recebeu qualidades do bem, que ficaram latentes em sua mente, encobertas pelo seu lado maligno e que foram responsáveis pela sua decisão de abandonar a vida de maneira digna e honrada. Sem contar que não é segredo para ninguém na Bruxidade que o relacionamento entre ele e Bellatrix Lestrange era muito mais do que o de Mestre e Discípula, por mais que tentassem dissimular.

ASC: O Lorde das Trevas optou pelo Seppuku, o suicídio ritual Samurai.

JM: Sim. Mesmo maligno e perverso, Voldemort não poderia viver com aquela Haji, aquela desonra. Portanto escolheu como queria morrer e resgatou sua honra ao partir.

ASC: E partindo do princípio de Yin/Yang...

JM: Todos temos a semente do bem e do mal em nós. Qual delas irá germinar é de nosssa responsabilidade. Há uma história árabe, sobre um velho sábio que encontra um menino que tinha uma expressão preocupada no rosto. Pergunta a ele; “O que acontece, meu garoto?” e o garoto lhe responde: “Sinto que há em mim dois cães disputando para ver qual deles dominará. Um é amistoso, brincalhão, manso e bom. O outro é agressivo, mau e cruel.” O sábio pergunta:”E qual dos dois dominará?” e o garoto lhe diz: “Aquele que eu alimentar.” Novamente temos aí a importância do passado, que vemos com Snape, no capítulo 7 e com Voldemort, nos capítulos 17, 18 e 19 de “Harry Potter e o Legado de Avalon”. É assim que alimentamos o cão que dominará.

ASC: E a ênfase dada às artes marciais, principalmente o Ninjutsu?

JM: Essa informação nos é dada por Derek Mason no terceiro capítulo de OdS. Ele diz que os bruxos das Trevas, em sua quase totalidade, desprezam as disciplinas do corpo e da mente, sendo dependentes da magia e de suas varinhas para canalizá-la. Portanto, são fracos em combate corpo-a-corpo, no máximo utilizando arma branca ou flechas. O treinamento em artes marciais constitui-se em um trunfo, uma arma secreta. Principalmente porque é necessário, para o domínio do Ki, uma pureza de coração e objetivos que os bruxos das Trevas não possuem. Resumindo, bruxos das Trevas não controlam o Ki. Dei ênfase ao Ninjutsu porque eu o acho a mais completa das artes, pois não é só o combate corpo-a-corpo e a filosofia. Os Ninjas eram e são guerreiros completos, com grande conhecimento de Química, Física, Biologia, Toxicologia, Farmacologia, Psicologia, Artes Dramáticas, Camuflagem, Engenharia, etc. Daí a expressão “Guerreiros Multiespecialistas”, usada por Renata para descrevê-los. O domínio de todas essas artes e técnicas é algo que os bruxos das Trevas não conseguem.

ASC: Mas há exceções.

JM: Mais ou menos, Arianne. Voldemort foi aluno de um Ryu Ninja de Artes Negras e tornou-se um excelente guerreiro, mas a maldade em seu coração não lhe permitiu dominar o Ki. Valérie somente o conseguiu porque não estava totalmente entregue às Trevas. Além disso, há outros bruxos maus que possuem um certo grau de domínio do Ki, mas não posso revelar, pois é informação sigilosa (da platéia, Harry dá um sorriso disfarçado) e eu não posso comprometer o continuum da história.

ASC: Compreendo. Então há várias coisas que você não poderá nos dizer.
JM: Sim, Arianne. A história atual de vocês contra o Círculo Sombrio ainda está em andamento e há coisas que, se eu disser, poderão fazer com que o rumo da história se subverta.

ASC: Vemos também várias citações e referências a livros e filmes, além de muita coisa dos anos 80. Alguma razão especial?

JM: Sim. Com as alterações cronológicas, o nascimento dos Marotos foi situado em 1963. Portanto eles, assim como eu, chegaram a aproveitar, em sua adolescência e início da idade adulta, aquele tempo que alguns chamam de “Década Perdida”. Perdeu quem não aproveitou sua exuberância, colorido, espontaneidade e, principalmente, sua música. Atualmente quase que não se ouve mais nada que tenha a qualidade de um Dire Straits, The Police, Depeche Mode, B-52’s, DEVO, Fleetwood Mac, Pet Shop Boys, Cyndi Lauper, Madonna, Duran Duran, Information Society ou do grupo que escolhi como preferido de Draco nesta realidade, o The Cure. Inclusive, Draco pegou um autógrafo de Robert Smith, no casamento de Sirius e Ayesha (Draco faz um aceno de cabeça, concordando). E isso só para citar alguns. Tenho vários CDs que eu mesmo gravei, com uma verdadeira coleção de músicas daquele tempo. Nossos amigos Inseparáveis ainda eram muito pequenos, mas Draco foi retratado como um apreciador daquela época, inclusive há várias comunidades no Orkut sobre os anos 80, principalmente sobre a música. Porto Alegre é famosa nesse aspecto, tendo três festas temáticas dos anos 80 que são bastante famosas: a Killing Moon, que realiza-se mensalmente no Cabaret Voltaire, a Balonê, do Bar Ocidente e a Boys Don’t Cry, patrocinada pela emissora de FM Pop Rock, pertencente à ULBRA e que transmite aos sábados um programa com o mesmo nome, em 107.1 MHz. Para Harry, além desse gênero eu também o retratei como apreciador de Música Eletrônica, principalmente Jean-Michel Jarre e os pioneiros do Technopop, o Kraftwerk, que já está na estrada desde 1970, Rock Progressivo, em especial o Pink Floyd e o Yes, além da New Age Music.

ASC: E isso para não falar dos artistas brasileiros, tipo Paralamas do Sucesso, Titãs, Barão Vermelho...

JM: ... Legião Urbana, Ultraje a Rigor, Blitz, Kid Abelha, Lobão, Lulu Santos, Engenheiros do Hawaii, Tokio, Capital Inicial, e Nenhum de Nós, só para contar alguns dos que mais marcaram. Inclusive, o filho de um dos membros do Nenhum de Nós é colega de classe do meu guri. E ainda há outros que tiveram uma duração menor, mas que também marcaram. Naquela época, mesmo os grupos que tiveram carreiras mais meteóricas e eram mais desconhecidos tinham ótimas músicas, tipo Sempre Livre, Akira S, Hanói Hanói, Zero, etc. Os anos 80 também estão presentes na ação estilo Videoclip, nos diálogos ágeis e humor meio ácido, lembrando muito a saudosa série “Armação Ilimitada. Ou vocês não perceberam que, às vezes, quando Harry e Rony estão conversando é como se estivéssemos frente a Juba e Lula? Aliás, para quem quiser ótimas referências da cultura trouxa do Brasil naquele tempo, recomendo o “Almanaque dos Anos 80”, tendo visto vários exemplares nas livrarias “MAGIA DAS LETRAS”, de propriedade de nossa querida convidada Ayesha Zaidan-Black. Olha a propaganda aí, gente (risos na platéia e Ayesha fazendo um sinal de “positivo”)!

ASC: Você é bastante perfeccionista com suas histórias.

JM: É necessário ser, para não escrever besteira. E ainda assim alguma coisa acaba passando, um errinho de digitação, um equívoco de continuidade, um trecho que fica meio obscuro, etc. Já cheguei a reescrever todo um capítulo, porque um trecho dele estava meio fora de sincronia. A coerência de uma história demanda várias pesquisas. Por vezes tenho de pesquisar vários documentos para justificar um trecho de determinado capítulo ou para situar a história no contexto da História Geral da Humanidade. Isso pode ser visto nos capítulos 17, 18 e 19 de LdA, que contam a trajetória de Voldemort. E ainda é preciso ter um grande cuidado para salvar as alterações que se faz nas histórias e para armazenar os dados, jamais guardando em apenas uma mídia.

ASC: Então você faz várias cópias. Que mídias você usa?

JM: Eu ainda utilizo disquetes de 3 ½ polegadas, embora seja uma mídia antiga e meio sensível. Além disso, também salvo meus dados em uma Pen-Drive. Para arquivos de texto, 128 MB já está bom. E quando as histórias estiverem todas elas com suas respectivas ilustrações, tudo será passado para CD-ROM.

ASC: Fale-me sobre as ilustrações. Os desenhos são todos de sua autoria?

JM: Sim, Arianne. E vão progredindo aos poucos. O estilo é algo com características tanto de Mangá quanto de Marvel, coloridos com o Photoshop. Todos temos nossas influências.

ASC: E quais foram as suas?

JM: É impossível que alguém que desenhe no estilo Mangá não tenha tido influência do grande mestre Osamu Tezuka. Quando eu era criança já assistia a Animes baseados nos seus quadrinhos, tipo “Leão Branco”, “Super Dínamo”, “A Princesa e o Cavaleiro”, “Astro-Boy” e vários outros. Leiji Matsumoto, o desenhista de “Spacecruiser Yamato” (Patrulha Estelar), também é uma influência bastante forte. Entre os brasileiros, Júlio Shimamoto e Cláudio Seto são ótimas referências para o Gekigá, sendo que este último também desenhava excelentes Mangás para a extinta editora Edrel, no final dos anos 60. Outras grandes referências são Kazuo Koike, Ryoichi Ikegami e Goseki Kojima, com “Lobo Solitário”, “Crying Freeman” e “Mai, A Garota Sensitiva”. Watson Portela não pode jamais deixar de ser lembrado, através de seu traço leve e da sensualidade inocente de suas personagens femininas. E não podemos esquecer de Akira Toriyama, com a inesquecível “Dragon Ball” e a engraçadíssima “Dr. Slump”.

ASC: E quanto ao lado Marvel?

JM: Quanto aos desenhistas Gaijin da Marvel, John Byrne, Alan Davis, Jim Steranko e o pioneiro Jack Kirby. Se você prestar atenção na capa de “Harry Potter e o Círculo Sombrio”, verá que a figura de Harry adulto possui olhos meio Mangá, mas a expressão de seu rosto e a posição de ataque, empunhando a varinha com a mão direita e a espada com a esquerda, são totalmente Jack Kirby, lembrando os quadrinhos do Capitão América, na década de 40 e 60.

ASC: Harry sempre em pose heróica (risos).

JM: Não dá para deixar de ser, Arianne. Harry sempre possuiu esse perfil. Mas não vá ficar metido, cara (na platéia, Harry sorri e diz: “Tudo bem”), pois isso é inevitável.

ASC: Você falou em perfil. Como estabelecer as realidades alternativas das Fanfictions, sem comprometer o perfil dos personagens?

JM: Para isso é preciso ter em mente o conceito de “Cânon”, Arianne. Não se pode subvertê-lo.

ASC: “Cânon”? Poderia explicar?

JM: Com prazer, Arianne. A palavra “Cânon” é bastante utilizada em Artes Plásticas e significa o conjunto de proporções, estabelecendo os limites que não se deve ultrapassar, sob pena de comprometer todo o seu trabalho. J. K. Rowling estabeleceu o seu Cânon ao criar o universo de Harry Potter, onde cada personagem possui seu perfil e há uma certa margem de liberdade para que se mexa nele, contanto que não se ultrapassem os limites. Para alguns, essa margem é maior. Para outros personagens, ela é bem estreita. Isso explica porque não se pode mexer muito com certos personagens tipo Harry ou Dumbledore, porque é muito fácil comprometer sua essência. Com outros, tipo Draco, Snape ou mesmo Voldemort, fica mais fácil de trabalhar e criar em cima deles, principalmente passados ocultos. Com Harry não dá para fazer isso. J. K. Rowling estabeleceu o seu perfil de uma forma tal que a margem para criar não é das maiores e corre-se o risco de ultrapassar os limites e descaracterizá-lo. Harry já veio quase completo, por assim dizer (na platéia, Harry faz uma cara de interrogação).

ASC: Ele está curioso, podemos ver pela expressão no seu rosto. Poderia explicar?

JM: Bem, o assunto já foi discutido em vários outros livros e por muitos estudiosos. Harry possui praticamente todos os arquétipos dos heróis. Isso não dá para mudar. Vejamos: Nascido sob a sombra de uma Profecia. Filho de pais amantes da Justiça e da Luz. Fica órfão ainda bebê. Passa por um longo período de provações, vivendo com parentes intolerantes. Desconhece as suas habilidades e o seu passado, até que Hagrid os revela. Tem um inimigo maligno e poderosíssimo, que foi quem tirou a vida de seus pais. Descobre que pertence a um mundo totalmente diverso daquele com o qual conviveu até os onze anos de idade. Faz novos amigos e novos inimigos, vários dos quais acabam por tornar-se aliados. Quando descobre a missão que tem pela frente, lhe é colocada a escolha de dois caminhos, o da Justiça e o da Vingança, dos quais ele escolhe o primeiro. Demonstra honra e lealdade até mesmo combatendo contra o assassino de seus pais e enviando-o para sua última viagem. Isso não dá para mexer, sob pena de fazermos com que Harry acabe deixando de ser Harry.

ASC: E quanto a outros personagens com uma margem de criação mais ampla? Quais seriam? E até onde daria para mexer neles?

JM: É mais fácil criar em cima dos vilões , porque muito do seu passado é deixado propositalmente obscuro. Também fica fácil criar em cima de personagens cuja tendência não está totalmente estabelecida.

ASC: Tipo Snape ou Draco?

JM: Sim. E poderíamos acrescentar o próprio Voldemort. Mas vamos começar falando sobre aqueles que estão mais próximos de Harry: Gina, Ronald e Hermione (da platéia, os três sorriem e acenam). Rony é o primeiro e melhor amigo de Harry. Os dois conheceram-se no Expresso de Hogwarts, aos onze anos de idade. O que dá para modificar em Rony, em relação aos livros de J. K. Rowling? Não muito. Rony sempre foi sensível, inteligente, esperto, espontâneo, leal e sincero, às vezes dando uma falsa impressão de imaturidade. Mas essas qualidades todas não são mostradas todas de uma só vez. Seu amadurecimento vem aos poucos e, nos livros, mais lentamente do que nas Fics. Em EdP ele namora Lilá Brown (“Caracas, se o Duda souber disso ele me esmaga”, Rony brincou da platéia e todos riram). Em OdS ele finalmente declara-se para Hermione, coisa que eu acho que só acontecerá em “Deathly Hallows”. Atualmente são casados e têm dois filhos lindos, um deles já em Hogwarts. Em Hermione também não dá para mexer muito, apenas suavizar um pouco o seu estresse constante. A Hermione original de J. K. Rowling é muito estressada, cobra demais de si mesma, como disse sua intérprete, Emma Watson, em uma entrevista que aparece no DVD de CdF. A minha concepção dela é de alguém um pouco mais solta. Quanto a Gina, sua importância na saga vai crescendo, desde o dia em que deseja boa sorte a Harry, quando ele e Rony vão para seu primeiro ano em Hogwarts. No ano seguinte é ela quem vai e ele a salva do basilisco. No outro ano, sua participação é mais discreta, novamente crescendo no quarto e quinto livros. No sexto ela e Harry, finalmente, começam a namorar. Mas o romance tem curta duração, porque Harry não quer que ela seja ferida por estar perto dele. É aí que nossas opiniões divergem pois, embora tanto em EdP quanto na Fic OdS eles tenham começado a namorar quando Harry estava no sexto ano, em OdS ele tem consciência de que seria pior estarem separados, porque o amor dos dois é uma força poderosíssima, haja visto que flutuam a cerca de meio metro do chão, em seu primeiro beijo. E assim o namoro dos dois prossegue, torna-se um noivado no ano seguinte e em um casamento, logo depois que Harry forma-se na Academia Européia de Aurores. Esses quatro e mais Luna e Neville constituem o núcleo principal, até que Draco e Janine juntam-se a eles. Outro detalhe sobre Gina, nas Fics, é que eu ignorei um pouco o Lexicon e considerei seus olhos como sendo verdes, iguais aos de sua intérprete no cinema, Bonnie Wright e não como castanhos brilhantes, como consta do Lexicon, a maior e mais exata fonte de dados e referências do Universo de Harry Potter.

ASC: E você busca muitas referências lá, não é mesmo?

JM: Assim como todo escritor de Fics do mundo de Harry Potter que tente ser sério e não escrever besteiras. Inclusive, foi lá que encontrei a Árvore Genealógica dos Black, que modifiquei um pouco para poder introduzir alguns elementos, como é visto no capítulo 2 de CS. Bem, outras diferenças vão surgindo, entre Luna e Neville nas Fics em relação aos livros de J. K. Rowling. Em uma tentativa de aproximar um pouco mais as culturas bruxa e trouxa, retratei os fatos como se Luna tivesse uma tia Medi-Bruxa, casada com um médico trouxa, vivendo no Brasil e eles experimentassem terapias alternativas unindo ambas as Medicinas, como um fator precursor para o que vai acontecer no St. Mungus. Neville vai perdendo a timidez, fica mais seguro de si e torna-se um excelente guerreiro Ninja. Luna descobre que muito de suas flutuações de humor tinham a ver com distúrbios de tireóide e se trata, perdendo os olhos saltados. Aliás, você ficou bem melhor, embora já fosse bem bonita antes (“Obrigada”, disse a bruxa corando, enquanto Neville ria). O detalhe de Fernanda Montenegro e Augusta Longbottom serem amigas surgiu como mais um elemento de aproximação entre os dois mundos. Nas Fics Luna é menos excêntrica do que nos livros e o Pasquim é uma revista mais investigativa do que sensacionalista. O pai dela chama-se “Nigel”, ainda que nos livros seu nome não apareça. Escolhi esse nome por achá-lo bastante britânico (risos).

ASC: Fale um pouco das diferenças do Draco em suas Fics para os livros.

JM: Draco Malfoy é um excelente personagem para se trabalhar, pois a margem para criar sobre ele é bem ampla (da platéia, Draco agradece). Nos livros não fica bem claro se ele é leal a Voldemort ou se agiu sob pressão em EdP. Nas Fics, ele já amadurece a idéia de romper com as Trevas desde os doze anos, quando começou a travar conhecimento com a cultura trouxa. Para disfarçar, mantém o comportamento de “Malfoy-Sonserino-Padrão”, até que o fator determinante para seu total rompimento vem, na figura de Janine. A gota dágua é a carta de sua mãe, na qual ele descobre que os Death Eaters sabiam de Janine e que ela deveria ser sacrificada. Aí ele procura Dumbledore, ambos traçam o plano do resgate de Janine, com a ajuda de Tonks e ele retrata-se com Harry, estabelecendo as bases de uma improvável mas sólida amizade. Depois ele e Janine entram para a AD e desenvolvem seus dons, sendo que Janine aprimora suas habilidades paranormais. Quanto aos livros, sua posição será definida em “Deathly Hallows”, eu acho. Assim como a maior parte dos fãs, acho que Draco poderá alcançar a redenção no final. Uma pista disso é que, durante os funerais de Dumbledore, Harry sente “Uma ponta de piedade” ao pensar em Draco. Vamos aguardar o livro para ver no que dá.

ASC: E quanto a Dumbledore?

JM: É quase impossível falar de Alvo Percival Wulfric Brian Dumbledore sem pensar em Sir Richard Harris, que encarnou o personagem nos dois primeiros filmes. Sua interpretação foi extremamente marcante e gerou as inevitáveis comparações entre ele e Sir Michael Gambon, que assumiu o personagem depois de sua morte, que foi bastante sentida. A interpretação do primeiro era algo até aristocrático, enquanto que a do segundo é algo de mais rústico e até mesmo meio sombrio, combinando perfeitamente com o clima dos filmes, a partir de PdA. Na minha opinião, o Dumbledore ideal incorpora características de ambos. Sobre o personagem, Alvo Dumbledore é o pai ou avô que todos gostariam de ter (da platéia, Dumbledore acena e agradece). Instrui, aconselha e, se necessário, repreende. Na hora em que estamos em uma encruzilhada, ele não diz para que lado devemos ir, mas confia que a pessoa irá seguir no sentido correto, baseado em suas orientações. Ele não é infalível, por vezes sua qualidade de acreditar no melhor das pessoas acaba por fazê-lo cometer os “equívocos que os que amam cometem”, como ele mesmo diz, ao final de OdF. Na presente realidade ele atualmente está aposentado da Direção, fazendo parte do Conselho. Vive com Minerva McGonnagall, asumindo um sentimento que ambos mantiveram oculto por décadas. Sempre foi alguém que não se limitou a ficar atrás de uma escrivaninha, tanto que foi para a frente de combate, na Batalha de Avalon. Mesmo com mais de cem anos, ainda haverão muitas coisas importantes para Alvo Dumbledore, podem acreditar.

ASC: E Severo Snape?

JM: Acho que Snape é um dos melhores personagens para se trabalhar, devido ao seu passado misterioso e ambíguo. Nos livros, ele mata Dumbledore em EdP. É estranho dizer isso, tendo o Dumbledore desta realidade bem aqui à nossa frente. Bem, ele foi um dos mais brilhantes alunos de Hogwarts de todos os tempos, creio que do nível dos Marotos, Tom Riddle ou mesmo Dumbledore. Uniu-se aos Death Eaters, foi o conselheiro preferido de Voldemort, mudou de lado, passando a ser espião da Ordem da Fênix e no final cumpre o Voto Perpétuo que fez com Narcisa, matando Dumbledore quando Draco mostra-se incapaz de fazê-lo. Mas quem garante que tudo isso já não havia sido previsto e que já não estava nos planos de Dumbledore? Somente “Deathly Hallows” poderá nos dar a resposta. Nas Fics, Severo ainda é misterioso, fez coisas horríveis no passado e demonstra não gostar de Harry, até que este último retrata-se com ele por algumas coisas que são da conta apenas dos dois e de mim, já que sou o autor (risos na platéia). Seu jeito introspectivo e distante fica suavizado pelo romance com Rosmerta, que culmina em casamento e no nascimento de uma filha, muito parecida e batizada com o nome da saudosa irmã de Severo, Nereida Snape. Há cenas nas quais ele demonstra sensibilidade e, quando a Marca Negra desaparece de seu antebraço esquerdo para nunca mais retornar, vemos que sua felicidade é enorme. Contra todas as expectativas, um de seus poucos amigos em Hogwarts era um grifinório, Derek Mason, ainda que os Marotos meio que estranhassem e os sonserinos torcessem um pouco o nariz, só não hostilizando Mason abertamente porque seu pai, Hiram, havia sido um destaque na Sonserina, tendo sido a segunda escolha de Dippett para a Monitoria, caso Tom Riddle não tivesse podido assumir. Mas Derek sabia que algo de bom existia em Severo e subsistiu mesmo nos anos em que ele foi um Death Eater. Severo, sei que você e Rosmerta estão nos assistindo pela WBC. Desejo muitas felicidades a vocês e Nereida. Vocês merecem.

ASC: Alguns personagens alcançam sua redenção através de uma morte trágica. O que você acha?

JM: Acho que você está falando de Narcisa (Draco, involuntariamente, contrai os maxilares). Fiquei triste quando tive de escrever a morte de Narcisa pelas mãos de Lucius, em OdS. Ela não era realmente má, apenas manipulada por Lucius. Mesmo à distância ele convenceu a esposa a iniciar-se nos Death Eaters, o que o próprio Voldemort considerou um erro, algum tempo depois. A maior prova de que Narcisa não era realmente uma pessoa maligna surge depois de sua morte, quando a Marca Negra desaparece do seu antebraço esquerdo. Ainda que ela tivesse sido iniciada, seu amor maternal falou mais alto quando viu Draco e Janine prestes a serem mortos pela Avada Kedavra de Lucius, em Azkaban. Para um Death Eater realmente convicto, a única coisa que importa é a devoção à causa das Trevas. Ela não podia ficar parada vendo seu filho e a garota que ele amava morrerem, então fez a única coisa que estava ao seu alcance, atirando-se na frente do raio da Maldição da Morte. Antes de morrer, ainda teve tempo para retratar-se com Janine e abençoar a união dos dois. Assim morre em paz, sem vínculo algum com Voldemort e sabendo que seu filho seria feliz com Janine.

ASC: Como você já disse antes, a honra é um traço marcante na imensa maioria de seus personagens, não é?

JM: Sim. Alguns podem achar os personagens meio bonzinhos demais e, em outras ocasiões, excessivamente emotivos. Isso já foi explicado antes, nas Notas Explicativas das Fics. Esse perfil dos personagens deve-se a características de minha própria pessoa, pois valorizo muito esse aspecto, o de ser honrado e manter sua palavra, a despeito das circunstâncias. Acho que eu não poderia me olhar no espelho novamente, se traísse meus princípios. A emotividade tem a ver com o fato de os personagens serem confrontados de forma meio abrupta com uma realidade que desfaz todas as suas ilusões ou também em descobrirem que suas convicções eram erradas ou que estavam fazendo algo que deturpava seus princípios. Exemplos disso são as situações em que Draco procura Dumbledore, Pansy desabafa com Janine, Cho no Baile de Inverno, Milly e Blaise, quando resolvem romper com as Trevas e quando fazem confissões a Daniel e Marino e até mesmo o próprio Voldemort, quando aproxima-se o seu fim.

ASC: Você falou de Cho no Baile de Inverno. Isso nos lembra de Sibila Trelawney. Por que retratá-la como espiã de Voldemort?

JM: Aquele jeito apatetado de Sibila Trelawney tem ótimas características para um disfarce. Muitos outros autores de Fics já resolveram retratá-la como uma Death Eater, vários deles introduzindo um caso com Wormtail. Eu segui essa tendência, além de que nunca fui muito com a cara daquela Vidente Vigarista. Ela agora está numa boa com Wormtail em Azkaban, apenas cumprindo suas penas até o seu término.

ASC: Uma outra característica é de que somente os personagens maus fumam ou bebem em maior quantidade. Como se explica isso?

JM: Não exatamente, Arianne. Fudge era um apreciador de bons charutos e Cho tornou-se alcoólatra no seu último ano em Hogwarts. Acontece que nossos heróis têm, nesta realidade, um estilo de vida bastante voltado para o esporte, no qual não há espaço para o tabagismo e nem para a bebida de forma imoderada. Valérie fuma Gauloises e no final de LdA não fica bem claro se ela estava realmente entregue às Trevas. Voldemort fuma Dunhill (uma rara concessão a coisas trouxas, os cigarros ingleses) e aprecia o uísque de fogo, mas eles já não o afetam mais. Lucius abandonou o uso do cachimbo por insistência de Draco e por ver algumas fotos de lesões cancerosas de boca e garganta, relacionadas ao fumo. O fato de eu mesmo ser um ex-tabagista, tendo abandonado o hábito em 2001, contribui para não enfatizar a presença de fumo nas histórias, sempre procurando retratar o tabagismo como o hábito nocivo que é.

ASC: Mas o alcoolismo de Cho recebeu certo destaque nas histórias.

JM: Sim, recebeu. Bem, toda a Bruxidade sabe dos problemas que ela enfrentou com a bebida, durante o seu sétimo ano em Hogwarts, ela própria não fez segredo disso pois foi um slogan que ela utilizou em uma campanha publicitária dos Tutshill Tornados, enfatizando seu exemplo de superação. Acredito que ela deve estar nos assistindo, lá de Hong Kong, com Chen-Ming Chang, seu pai e mais Luke e Sun-Li, além de sua prima Mei-Ling e do criado de confiança da família, Fong. Meus parabéns, garota. Desde a minha adolescência tive vários amigos que descambaram para o alcoolismo, alguns chegando à dependência. Procurei ajudar na sua recuperação e, em quase todos os casos, conseguimos. As circunstâncias nas quais Cho torna-se alcoólatra são assunto para uma Shortfic que está em planejamento, englobando do final do namoro com Harry, passando pelo Baile de Inverno, quando Sibila a dominou com Extrato de Servidão e culminando no Baile de Formatura de sua turma, para o qual os Inseparáveis foram convidados.

ASC: Falando em namoros, isso nos leva a um outro aspecto, os casais formados ao longo da saga ou seja, os Shippers.

JM: E é um aspecto muito interessante e importante, Arianne. Ele guarda uma relação muito estreita com os perfis dos personagens. E todos os leitores conjecturam sobre quem fica com quem. Nos livros, os primeiros casais surgem em CdF, com Hagrid e Madame Maxime e Cedric e Cho. Em OdF, surge o namoro entre Cho e Harry e reforça-se a suspeita que já vinha desde PdA, de forma velada, sobre Draco e Pansy, a qual fica mais evidente em EdP. Em EdP, temos Harry e Gina e Rony e Lilá, esse último como uma forma dele esquecer-se do clima existente entre Hermione e Krum. Mas J. K. Rowling já deixa claro que o casal Hermione/Rony é o mais certo. Nas Fics, Rony e Hermione começam a namorar em OdS, quando ele finalmente declara-se a ela. Temos também Neville e Luna, casal que fica meio subentendido no final de EdP, durante os funerais de Dumbledore. Os pares de Harry e Draco merecem especial atenção, pois a grande maioria das Fics retrata Gina com Harry ou com... Draco. Bem, o perfil de ambos é tal que se o casal não formar-se com Gina, será melhor que fiquem com uma personagem nova. Entre as Fics que seguem esse caminho, podemos citar algumas excelentes, tais como as das Séries Prometeu e Camaleão, de Aline Carneiro, onde tanto Harry quanto Draco ficam com personagens originais, respectivamente Willy Fischer (neta de Lord Voldemort) e Sue Van Helsing, ficando Gina com Neville. Luna não existe naquele universo, cuja linha de tempo inicia-se no quinto ano de Harry, antes do lançamento de OdF. Outra ótima Fic na qual Harry fica com uma personagem nova é “A Filha de Lord Voldemort”, na qual surge a jovem Juliah Settlers. Podemos citar muitas outras, assim como verdadeiras inconsistências, tais como Shippers Harry/Hermione. Não sei quantos compartilham da minha opinião, mas acho que os dois são amigos demais para namorarem. Shippers tipo Slash entre os personagens principais também soam meio esquisitos, pois o perfil heterossexual está bem estabelecido. Mudar isso seria comprometer sua essência. Alguns Shippers são bastante curiosos, tipo Hermione/Gina, Hermione/Luna, Gina/Luna ou mesmo um dos mais exóticos que já vi, Hermione/Pansy. Mas os Shippers Homme-Slash chegam a ser bizarros, tipo Harry/Rony, Harry/Draco ou Rony/Draco (na platéia, Harry, Rony e Draco apontam uns para os outros e dizem brincando, com voz efeminada: “Nem vem, Biba. Você não faz o meu tipo”). Não tenho preconceitos contra homossexualidade, só acho que não combina com o perfil dos personagens, prejudica sua essência.

ASC: Tanto não tem preconceitos que há personagens homo nas suas Fics, não é?

JM: Sim. Citando uma frase que escrevi para Janine, em OdS, “Tenho amigos em vários países, de todas as orientações sexuais e gosto muito de todos eles”. O relacionamento de Milly e Blaise é conhecido por toda a Bruxidade, inclusive por seus filhos e ninguém se importa. A Bruxidade está ficando mais tolerante com essa tendência. Outra personagem homo é apresentada em CS e ainda vai surgir outro casal, dessa vez homo masculino. Lembra-se, Janine do que você e Draco disseram para as duas, lá no Três Vassouras (“Lembro. Dissemos que não é a orientação sexual que dá má fama às pessoas, mas o comportamento de certas pessoas que dá má fama à orientação sexual”, disse Janine, da platéia), quando elas foram tirar satisfações com vocês? Essa é a situação. Rock Hudson, Freddie Mercury, Truman Capote, Oscar Wilde, Cazuza, Adriana Calcanhoto, Maria Carolina e muitos outros, só para citar o meio artístico, não eram ou são menos artistas ou menos gente do que são, por terem tal orientação sexual.

ASC: Você pode nos dizer algo sobre o que está planejando para nós?

JM: Somente até certo ponto, Arianne, pois não posso revelar detalhes. Só posso dizer que ainda restam muitas emoções e haverão novos duelos pelo Necronomicon, outras vítimas do “Eser Ha-Makot” e vários perigos para Harry e os Inseparáveis (“Tinha de sobrar para nós”, disse Harry), mas todos vão triunfar. Vai dar trabalho, mas vencerão.

ASC: Você entende bastante do Universo de Harry Potter e da Bruxidade. Acha que esta é uma análise definitiva?

JM: Não, Arianne. Não há uma análise definitiva sobre o Universo Potteriano. Esse é um assunto que não se esgota, tanto que inspirou e inspira várias teses universitárias. E eu sou apenas um fã que começou a escrever Fics e que teve a sorte de seus personagens tornarem-se tão fortes e vivos que lhe foi dada esta oportunidade de interagir com eles. Agradeço por isso. Não tenho a menor pretensão de me intitular uma autoridade no universo de Harry Potter, mas me interesso por escrever com exatidão e utilizar minha imaginação, respeitando as fontes e não subvertendo o Cânon.

ASC: Além das Fics, você está preparando algo de original?

JM: Sim, Arianne. Estou escrevendo, paralelamente às Fics, um livro original, tendo como personagens centrais os Vampiros. A história passa-se em Porto Alegre, nos dias atuais e aborda os Cainitas através de um ponto de vista um tanto diferente.

ASC: Vamos, então, aguardar até que seja publicado.

JM: E eu espero que gostem. Que gostem e comprem (risos na platéia).

ASC: Para concluirmos nossa entrevista, Flamel, a quem você gostaria de agradecer?

JM: Primeiramente a J. K. Rowling, é óbvio. Sem ela não existiriam os personagens dos sete livros e não haveria em quem e nem no que nos basearmos para nossas Fanfictions. Em seguida, a vocês, personagens, tanto os criados por J. K. Rowling quanto os originais desta realidade alternativa. Vocês são o fruto de nossa criação e eu estou tendo a felicidade de descobrir que os compus bem, tornando-os o mais possíveis que pude. Não posso deixar de agradecer aos excelentes autores de Fanfictions que me inspiraram a escrever essas histórias, principalmente minha musa Aline Carneiro e M@c Potter, além de outros que serão citados logo mais. Agradeço à minha esposa e meu filho, por sua paciência quando eu alugava o computador, antes de adquirirmos um Notebook (da platéia, os dois acenam para a câmera). Também gostaria de agradecer à excelente desenhista e ilustradora americana, Makani, cujos fantásticos desenhos podem ser vistos no Lexicon, no DeviantArt e no seu site, AccioBrain. Foi o que me inspirou a ilustrar e, agora, a quadrinizar as Fics. E, mais importante, devo agradecer àqueles sem os quais um escritor não passa de um borra-tintas. Falo dos leitores, aqueles que apreciam o que escrevemos e acompanham o desenvolvimento de nossas histórias, comentando e sugerindo. Não dá para citar todos, pois o nosso tempo é limitado. Mas há alguns aos quais não posso deixar de agradecer, em público. Anderson, Belle Lestrange, Bibia, Fernanda, Lamarck, Lunare, Rufus, Rúbeo, Douglas, Glauber e, especialmente, aqueles que tornaram-se meus contatos no Messenger, entre eles Flávia, Solange Fernandes (que lê minhas Fics desde o tempo do Potter Shelter Fics e que não tem mais dado notícias) e Daniela, duas queridas amigas de Portugal, Nathalia e, principalmente, a autora de “A Outra Profecia”, “Obliviate” e a que está em andamento, “Expecto Patronum”, Mia Galvez, com a qual me correspondo sempre que posso. Mas o destaque especial vai para duas que estão presentes na platéia e são minhas principais amigas do MySpace, Letícia e aquela que eu chamo de “Minha Fã Número Um”, a especialíssima Jacqueline Alves Campelo (as duas acenam para a câmera, agradecendo). Se alguém ficou de fora, me perdoe. São tantos a quem eu gostaria de agradecer que não consigo me lembrar de todos, eu precisaria de uma enorme lista. Por último, a toda a Bruxidade, que nos assiste pela WBC e que vive a realidade que tive a satisfação de criar.

ASC: Uma última palavra para a Bruxidade.

JM: “Harry Potter e o Círculo Sombrio” ainda não terminou. Haverão muitas emoções, perigos e surpresas. Depois ainda haverão outras histórias, envolvendo seus filhos em Hogwarts e mais planos de “Sombra & Escuridão”, pois o Círculo Sombrio ainda tentará muito mais coisas contra a Bruxidade. Foi um grande prazer estar com vocês e espero que tenham apreciado esta conversa. Boa noite e até uma próxima vez.

ASC: Encerrando esta entrevista, Arianne Skeeter-Creevey pela WBC, deseja uma boa noite para toda a Bruxidade.




FIM

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