A Tarja Vermelha do D4
Nota das autoras: acho que qualquer fã de Harry Potter que assistiu o seriado japonês (ou mesmo leu o mangá ou viu a versão em anime) Hana Yori Dango, fez uma associação entre as duas histórias, não? Pois terminamos de assistir o primeiro episódio e logo nos veio a idéia para a fic. E cá está! Hanadan para o universo potteriano!
A princípio, pegamos a mesma estrutura da história e a transformamos para que se encaixasse na realidade de Hogwarts. Alguns conceitos sobre a escola tiveram que ser mudados para que a trama pudesse ser contada, mas nada que atrapalhe o entendimento. Digamos que é a história de Hanadan com o cenário de Hogwarts!... Aos que já assistiram ao seriado, esperamos que gostem do nosso trabalho! E aos que ainda não assistiram: Vale muito à pena procurar assistir!
Yoshi! Boa leitura, pessoal!
Nota de revisão - Por que não usamos Harry e Cia na fic? Muitos nos perguntaram isso, então vamos colocar a resposta já no início: teríamos que modificar desde a história dos personagens até as suas personalidades. Pensamos em usar os Marotos, Draco x Gina x Harry... mas em todas essas opções perderíamos muito da essência de Hanadan, que é o que torna essa fic tão legal de se escrever e de se ler. Depois de mais de um ano desenvolvendo a fic, não nos arrependemos de termos usado apenas o universo mágico para escrever, além de ser uma experiência nova para nós com fanfics. E, sinceramente, alguém aí conseguiria ver Harry Potter como Ryan Hainault ou Draco Malfoy como Christopher Doumajyd? Naaaah, eles são muito melhores sendo eles mesmos! xD
***
Hogwarts já teve um tempo de glória, em que desfrutava do posto de Escola de Magia de melhor reputação do Mundo Mágico. Porém, quando o poder e a influência estão presentes e tão atuantes no mundo econômico e político, não há como desvincular a escola das mesmas sombras. Assim, ela foi dominada pelas grandes famílias e somente os que se enquadram em seus critérios são aptos de freqüentá-la.
Por ser a instituição escolhida pela alta elite da magia, Hogwarts passou a aceitar somente alunos com um grande prestígio social. Bruxos que nasceram trouxas ou sem um nome reconhecido por essa mesma elite, não têm outra alternativa a não ser procurar por uma instrução mais singela em escolas pequenas, dispostas a aceitar àqueles que foram rejeitados.
Entretanto, em meio a esse cenário, encontramos uma rara exceção: Mary Ann Weed. Aluna do sexto ano de Hogwarts, bolsista, pobre e sangue-ruim, que tem um modo totalmente diferente de ver a sua escola e seus colegas, praticamente vivendo a margem desse mundo pomposo em Hogwarts. E era exatamente em tudo isso que ela estava pensando, sentada no seu lugar na aula de feitiços, encarando um pergaminho de aviso que fora distribuído pela representante da sua turma entre os colegas:
Baile de encerramento do ano letivo – Homenagem ao D4!
Como é de conhecimento geral, o D4 se formará esse ano. E para tornarmos isto um fato memorável, um baile de encerramento do ano letivo será realizado em homenagem aos Dragões com a participação de todos os anos. Comecem desde já os seus preparativos!
Suspirando desanimada, ela olhou para um lado e viu as meninas da sua sala em um grande alvoroço, contando umas para as outras quais vestes de grife já haviam encomendado e sobre acessórios indispensáveis para serem dignas do D4. Olhou para o outro e viu os meninos discutindo quais as possibilidades do D4 sugerirem iniciar uma tradição para que novos alunos ocupassem os postos deles em Hogwarts.
- ...Inacreditável! – foi a única coisa que Mary Ann conseguiu murmurar diante disso, se afundando ainda mais no seu lugar.
De repente, um grito ecoou pelos corredores, fazendo com que todos ficassem alertas:
- A TARJA VERMELHA!!! JOHN DAWOOD DO QUINTO ANO RECEBEU A TARJA VERMELHA!!!
Um aluno do sétimo ano passou correndo pela porta da sala, anunciando. Imediatamente o professor deu a aula por encerrada e recolheu seu material, saindo sem mais palavras. Logo em seguida todos os alunos levantaram e saíram desembalados pelos corredores, sendo seguidos por muitos outros que já estavam atrás do aluno do sétimo ano.
Mary Ann permaneceu sentada imóvel no seu lugar, ainda olhando para o pergaminho em suas mãos, sem a mínima vontade de se mover.
- Hum... não devemos ir também? Tudo bem em ficarmos aqui? – perguntou uma pequena voz perdida atrás dela.
Mary quase havia se esquecido da aluna transferida. Ela estava em Hogwarts há apenas um dia, vinda da França, e não sabia nada sobre o cruel jogo da Tarja Vermelha.
- Vamos. – disse ela apenas, em resposta, e saiu da sala com a aluna nova seguindo apressada os seus passos.
- O que é essa Tarja Vermelha? – perguntou a garota timidamente.
Achando melhor prepará-la para o que veria, Mary tentou explicar da melhor forma possível:
- É a sentença de morte do D4. Quem recebe a Tarja Vermelha é cercado pela escola e maltratado por todos. É a pior coisa que pode acontecer para qualquer um aqui dentro.
- D4? Eu ouvi falar, mas ainda não faço idéia do que seja...
Elas desceram as escadarias e chegaram à porta do Salão Principal, que já estava lotado com todos os alunos da escola. Se espremendo entre a multidão, as duas conseguiram chegar a um ponto onde tinham uma boa visão do que estava acontecendo.
Um garoto magro e de óculos estava sendo jogado de um lado para o outro, arrastado pelo chão, empurrado e chutado pelos alunos que estavam na frente da confusão. Os outros batiam palmas e soltavam exclamações de alegria com o que estava acontecendo, como se estivessem assistindo a um espetáculo. Então, uma voz estridente de garota anunciou para todo o salão:
- D4!!!
E todos os alunos começaram a bater palmas em ritmo, enquanto entoavam como se fosse um refrão de uma torcida de time de quadribol:
- D4! D4! D4! D4! D4!
Um caminho foi aberto desde a porta principal até a frente do salão, onde se encontrava o garoto esfolado e com o nariz sangrando. E por ali, quatro alunos entraram, praticamente desfilando com seus ares de superiores, e sentaram-se em lugares preparados especialmente para eles pelos outros alunos.
- Esses são o D4. – Mary disse para a colega de forma que só ela escutasse, indicando com a cabeça – Os Quatro Dragões de Hogwarts.
- Dragões... – repetiu a aluna os olhando com um misto de admiração, medo e surpresa.
- Eles são a elite dentre a elite mágica. – continuou Mary – Seus pais fornecem uma quantia enorme de dinheiro para Hogwarts deixá-los terem domínio aqui dentro. Ninguém pode ir contra eles, nem alunos, nem professores e nem o diretor. Até mesmo o Ministro da Magia não quer ter que lidar com eles. Esses... – ela olhou bem para cada um deles e disse como se fosse algo catastrófico – São os que decidirão os rumos do futuro do mundo mágico.
A aluna nova olhou de Mary Ann para os Dragões.
- O que está sentado na primeira poltrona é o Adam MacGilleain, da Lufa-Lufa, monitor-chefe. – continuou Mary, apontando para o garoto de cabelos claros e compridos, que ria junto com os outros Dragões – Sua família é antiga e poderosa, e no passado era muito conhecida por terem apoiado bruxos perigosos. A influência da família MacGilleain e seus contatos são temidos no mundo inteiro.
‘Ao lado dele está o Simon Nissenson, da Corvinal, o melhor aluno da escola. – ela indicou o garoto de cabelos escuros e olhos claros, com uma expressão que demonstrava de longe que ele era o intelecto superior dentre os quatro – Sua família é mundialmente conhecida por sua perícia em poções. Nissenson parece ter adicionado ao legado de família um talento incomparável, natural dele próprio, que o torna um dos bruxos com o futuro mais promissor na sociedade mágica.
Aquele é o Ryan Hainault, da Grifinória. – ela indicou o garoto que estava sentado na poltrona da outra extremidade, de cabelos dourados e olhos azuis – Até onde eu sei, ele não tem algum cargo ou se destaca dentro da escola, mas ouvi dizer que ele tem o talento de encantar a todos quando toca violino. Sua família não tem uma reputação de longa data, mas é extremamente rica e com Aurors famosos.
E por último, Christopher Doumajyd, o líder dos Dragões, batedor da Sonserina. – ela indicou com desprezo o garoto de olhos escuros quase escondidos por um emaranhando de cabelos encaracolados castanhos, que só por obra mágica pareciam permanecer em algo que se aceitava como penteado – Sua família é o nome mais importante do mundo mágico. Dizem que os Doumajyd estão por trás de todas as decisões do Ministério da Magia e que, sem eles, entraríamos em um caos político sem precedentes. Christopher Doumajyd é, sem sombra de dúvidas, o ser mais cruel e ditador que já pisou nessa escola. Ele faz todas as regras aqui dentro e todos o obedecem cegamente.
- Você fala com tanto indignação... – comentou a aluna nova, sem tirar os olhos do líder dos Dragões.
Mary limitou-se a continuar olhando para o ‘espetáculo’.
Nesse instante, alguns alunos trouxeram até a frente do D4 mais um aluno, que lutava para tentar se livrar deles.
- Este é o melhor amigo do Dawood! – anunciou um deles para Doumajyd.
O líder do D4 ajeitou melhor sua posição na poltrona e lançou um olhar ameaçador para esse amigo, dizendo:
- Faça.
O pobre do garoto deu um meio balanço negativo com a cabeça, quase entrando em crise com o seu estado que ia do choro ao desespero, sem conseguir imaginar um jeito de se livrar da tortura.
Doumajyd deu um sorriso sinistro, parecendo estar se divertindo com a situação e levantou calmamente da poltrona, indo em direção ao garoto que tinha recebido a Tarja Vermelha.
- É desse jeito que se tem que fazer, idiota! – exclamou ele ao mesmo tempo em que deu um soco no garoto de óculos que, já sem resistência pelo tanto que tinha apanhado dos colegas, voou longe e caiu no chão deslizando.
- Entendeu?! – rosnou o Dragão ao mesmo tempo em que deu um soco no estômago do amigo do maltratado, que se dobrou ao meio e caiu no chão sem conseguir respirar.
Quase que imediatamente Doumajyd o pegou pela gola das vestes e o colocou novamente em pé, para derrubá-lo com outro soco, se divertindo como nunca.
- Para mim chega. – anunciou calmamente o dragão da Grifinória, Hainault, levantando-se da sua poltrona e saindo do Salão Principal.
Mary o observou sair com sua pose de indiferente e lhe lançou o maior olhar de desprezo que conseguiu. Mas, para a sua surpresa, ele a encarou abertamente quando passou por ela, e sem qualquer reação a mais, saiu pelas grandes portas de entrada.
- Muito bem, Doumajyd! – o aluno que avisara a escola inteira sobre a Tarja Vermelha se aproximou do líder do D4 para lhe dar parabéns e, em troca, acabou levando um soco também.
- Já está bom, Chris. – disse MacGilleain, interrompendo Doumajyd no instante em que ele estava para acertar mais uma vez o imprudente que se aproximara. – Ele já perdeu.
O líder dos Dragões ajeitou o casaco de suas vestes e lançou um olhar superior para as suas vítimas:
- Idiotas. – e saiu, sendo seguido pelos outros dois D4, em meio aos aplausos e assovios dos demais alunos.
Mary viu os três, satisfeitos com o que haviam acabado de fazer, e cerrou os punhos com força, se segurando para não explodir agora, ali, naquele momento contra toda essa grande injustiça que presenciava e não pela primeira vez.
- Você está bem? – perguntou a aluna transferida para ela, preocupada e se mostrando ainda apavorada com o que tinha visto.
Mas Mary não respondeu. Saiu correndo forçando o caminho entre os alunos e subiu na primeira escada que encontrou. Passou por inúmeros corredores, subiu todos os andares e finalmente alcançou o seu refúgio: uma torre na parte mais afastada do castelo, onde era difícil alguém além dela própria ir, apelidada por ela de Torre do Desabafo. Ali era o lugar onde conseguiria acalmar a raiva que borbulhava dentro dela, respirando fundo. A torre tinha uma grande janela, que dava uma vista da imensidão dos pátios de Hogwarts e da Floresta Proibida.
- Eles são idiotas?! O que há de bom no D4?! – ela socou as laterais de pedra da janela, para descontar a sua raiva – Idiotas! Como podem ficar felizes com um jogo estúpido como esse?! Fazer dois amigos se baterem?! – ela chutou a parede em baixo da janela – Que idiotice! São todos iguais!... – ela se apoiou na janela, ergue-se nas pontas dos pés e gritou com toda a sua força – É INACREDITÁVEL!!!
Então respirou fundo, concentrando-se em se acalmar e finalmente se sentiu em condições de voltar para as suas aulas. Lançou um último olhar para toda a paisagem e pensou: “Mais um ano e meio e me formo... Até lá, tenho que me manter firme!... E passar todo esse tempo de maneira pacífica... isso é tudo o que eu desejo...”
Ela ajeitou as vestes e o cabelo, e então voltou pelo mesmo caminho que viera.
Porém, na sua explosão de raiva, não notou que ali do lado, escorado na parede oposta da janela e meio escondido entre uma estátua de um javali, estava Ryan Hainault, segurando um livro meio aberto e surpreso com tudo o que ouvira.
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