Acordo de Dragões
Já estava amanhecendo quando os Dragões voltavam pelas ruas desertas de Hogsmeade. Apesar de estarem doloridos e todos mancando, eles brincavam de jogar para o alto a maçã que MacGilleain havia dado para Doumajyd, e vendo quem a conseguia a pegar antes de cair no chão.
- Parece que os sermões do Adam funcionam às vezes! – disse Nissenson rindo.
- É claro que funcionam! – defendeu-se MacGilleain jogando a maçã.
Ela rodou um instante no ar e caiu bem nas mãos de Doumajyd, que lhe deu uma grande mordida e então a ofereceu para Hainault. O Dragão da Grifinória a encarou por um instante e depois olhou para o amigo.
- Já não teve o seu troco? – questionou Doumajyd – Pode voltar a comê-las.
Sorrindo, Hainault pegou a maçã e lhe deu uma mordida fraca.
- Viu? Não é fácil? – perguntou Doumajyd.
- É. – admitiu Hainault.
- Então, bem vindo novamente ao D4! – declarou Doumajyd.
Os quatro começam a rir, voltando a jogar a maçã mordida.
- Mas, Chris, uma coisa eu preciso deixar bem clara.
- O quê?
- Eu realmente gosto da Mary, ela é uma grande pessoa. E também acredito no que você disse, que não deixará ninguém machucá-la. Mas... se você não cumprir com isso, não vou pensar duas vezes em ficar no seu lugar, ok?
Doumajyd sorriu com o seu típico convencimento:
- De acordo!
***
No dia seguinte, Mary estava na torre segurando nas mãos a carta que havia escrito e a olhando fixamente, decidindo se a mandaria ou não.
- O que está fazendo?
Ela quase teve alma arrancada do seu corpo. Estava tão concentrada em seus pensamentos que não havia percebido que Ryan Hainault estava ao seu lado.
- Na-nada! – ela escondeu a carta o mais rápido possível dentro do seu casaco – ...Ah, o que aconteceu?! Você está todo machucado!
- Eu cai. – respondeu simplesmente ele.
- Caiu? Da onde? Só se foi da Torre de Astronomia para ter feito todo esse estrago! – ela se aproximou bem dele, analisando o rosto com várias partes roxas e curativos – Esta doendo muito?
- Obrigado por ontem.
Ela se deu conta de quão próxima estava e se assustou com ele falando, então começou a falar também bem rápido:
- Ah, eu agradeço também! Foi divertido! Quando vamos nos encontrar de novo? Que tal próximo final de semana? Não, não consigo esperar tanto! Que tal hoje depois das aulas?
- Mary?
- Sim?
Ela percebeu que ele estava se aproximando, com a intenção bem clara de beijá-la e ficou totalmente paralisada, sem saber o que fazer. Mas quando seus lábios estavam quase se tocando ela reagiu e o empurrou com força. Ele fez uma careta de dor e soltou um gemido.
- Ah! Desculpa! Eu não queria... eu... Me desculpa! – pediu ela sem graça.
- Se eu não fizesse isso, você nunca falaria a verdade. – ele sorriu, disfarçando a dor que ainda sentia – Não continue enganando a si mesma, Mary.
Ela não respondeu e demonstrou-se confusa com aquilo, não admitindo que na verdade ela meio que sabia o que ele queria dizer.
- Vocês realmente dão trabalho. – continuou ele – Você e o Chris. – e saiu da torre rindo, deixando uma Mary pensativa para trás.
***
Durante todo o dia, Mary não viu nenhum dos Dragões pela escola. Vicky também resolvera recuperar o tempo perdido e trabalhava triplicado nas estufas, não deixando nada para ela fazer. Então sua única alternativa foi ir para o seu dormitório e terminar seus trabalhos. Porém, ela não conseguia se concentrar direito em nada, depois do que Hainault havia lhe dito.
Depois de tanto tempo admitindo que gostava do seu Cavalheiro de Olhos Frios, Mary já não tinha mais tanta certeza. Ela realmente gostava de estar com ele, e havia se divertido no dia anterior. Mas o impulso que tivera de manhã ao empurrá-lo para longe mostrava bem que na verdade ela não estava mais tão certa do que sentia.
Ela se sentou pesadamente na sua cama, sem vontade nem mesmo de abrir seus livros. Foi então que viu, jogado de qualquer jeito em cima da escrivaninha, a iguana roxa de pelúcia que ganhara de Doumajyd quando foram o zoológico. Ela a pegou e a colocou na mão, abrindo e fechando a boca dela, para que fizesse o barulho estranho que a assustara daquela vez.
Talvez... não fosse uma coisa tão ruim dar uma chance a Doumajyd. Ele já havia lhe dito que gostava dela. Apesar de todas as confusões e de muitas vezes ele agir de uma forma idiota e bruta, tudo o que ele fizera até então era pensando nela. Quem sabe se ela lhe desse uma chance...
A gaveta onde ela havia selado a esfera que Doumajyd lhe dera começou a tremer violentamente. Mary ficou indecisa em se deveria libertá-la ou não, mas assim que um cheiro de queimado e uma fumaça escura começaram a sair pelas frestas da madeira, ela apressou-se em desfazer o encanto, se ajoelhando na frente da escrivaninha.
A esfera voou até ela e a pequena figura de Doumajyd já estava formada na fumaça por detrás do vidro.
- Oh. – cumprimentou ele.
- ... O-oh. – respondeu ela, bem consciente de tudo o que estava pensando um instante atrás.
- Se você tivesse dado um jeito de jogar essa esfera fora eu teria a matado! Não é qualquer um que-
- Doumajyd! – ela o interrompeu tomando coragem para falar – Me desculpa! Eu descobri o que aconteceu aquele dia no zoológico! Que você bateu no Kevin por minha causa!
Ele deu um meio sorriso, dando a entender que estava tudo bem agora, e disse:
- Não quero mais lembrar disso.
- Na verdade... eu também não. – concordou ela rindo, sentindo-se imensamente aliviada.
- Venha para a Torre de Astronomia agora! Tenho uma coisa para mostrar! – e a imagem desapareceu no redemoinho de fumaça.
- Inacreditável... – murmurou ela zangada, ainda encarando a esfera – Ele definitivamente não aprende!
Mas ao praticamente pular para ficar de pé e pegar o seu casaco para correr para torre, ela não pode esconder o quão contente estava. E no seu atrapalhamento acabou chutando a sua mochila, que bateu na escrivaninha e derrubou os seus tinteiros e penas.
- Ah, droga. – ela pulou em um pé só, colocando o casado, e correu para a porta, ainda fazendo uma careta de dor.
- Senhorita Weed?
Mary quase caiu sentada no chão assim que se deparou com a figura da sua professora chefe de casa, parada na sua porta, com a mão no ar como se estivesse prestes a bater.
Ela apenas confirmou com a cabeça, surpresa demais com a situação, já que nunca um professor viera falar pessoalmente com ela antes. Os professores, exceto pela professora Karoline, não lhe davam muito mais atenção do que aos fantasmas da escola.
- Senhorita, Weed. Estou aqui para informá-la que a sua estadia em Hogwarts terminou. Você deve reunir os seus pertences e pegar o expresso para Londres antes da meia-noite.
-... O-o quê?! – perguntou Mary chocada.
- Arrume seu malão, senhorita Weed. Você não é mais uma aluna desta escola!
Definitivamente um buraco negro havia surgido embaixo dos pés de Mary.
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