Tranque a Porta



Mary ainda bufava de raiva ao chegar à livraria no horário marcado. Mas depois de passar um tempo olhando para os livros e revistas expostos, ela se acalmou.
Estava pensando que era uma coisa bem típica de Hainault eles se encontrarem em naquele lugar, quando uma das revistas de fofocas lhe chamou a atenção. Ela praticamente a agarrou no seu desespero de poder ler direito a notícia em destaque na capa.
Lá estava Sharon Seymour, a sua Bruxa Madrinha, de braços dados com um bruxo de meia idade e ar aristocrata, e pareciam estar saindo de uma festa muito chique e sendo fotografados de todos os lados. Os dois sorrindo e acenando alegremente. As letras que ficavam mudando de cor logo abaixo diziam: “É anunciado oficialmente o casamento entre o Ministro da Magia francês e a modelo inglesa Sharon Seymour.”
Mary não acreditava no que lia e, como se uma luz se acendesse em sua cabeça, ela percebeu a razão por toda a tristeza de Hainault, o porquê da sua volta repentina e por seu jeito estranho de agir. Sharon estava com outro, e agora era até oficial para a sociedade bruxa.
Ela definitivamente não poderia deixar ele ver aquela notícia. Não agora com tudo o que tinha acontecido entre o D4. Então, sem pensar duas vezes, ela começou a trocar as revistas de lugar, colocando as que tinham a bruxa na capa por trás das que faziam anúncios de poções e outras de receitas mágicas.
- Desculpa a demora. – uma voz calma soou atrás dela e Mary quase derrubou todo o expositor.
- Ah, oi! – ela tentou disfarçar, tentando esconder as últimas revistas com as próprias costas.
- Aconteceu alguma coisa? – perguntou ele percebendo imediatamente o modo disfarçado com que ela ainda remexia nas revistas com as mãos para trás.
- Nada, nada! – ela desistiu de esconder e largou todas de qualquer jeito – Vamos então? – sem esperar uma resposta, ela o agarrou pelo braço e começou a puxá-lo para fora.
- Eu ia comprar um livro de...
- Seu tempo de esgotou com o atraso! Sem desculpas! – ela não deu chance para que ele olhasse para qualquer coisa e praticamente o arrastou da livraria para as ruas movimentadas.
Escondido no outro lado da rua, Doumajyd seguia os dois com cara de poucos amigos.
Um pouco mais afastado dele, Sarah também observava.


***


Nissenson entrou decidido na estufa, sendo seguido de perto por MacGilleain e olhou em volta em busca de algo. Desistindo de procurar, ele perguntou para Vicky, que mais parecia uma das plantas, imóvel sentada ao lado delas.
- Onde está a Mary?
- Em um encontro com o Cavaleiro de Olhos Frios. – disse ela de uma forma mecânica, prestando mais atenção no teto do que ao que estava acontecendo em sua volta.
- Cavaleiro...?... O Ryan?! – admirou-se o Dragão da Corvinal.
Ela confirmou com um gesto de cabeça.
- Ele está colaborando para a situação ficar pior! – reclamou MacGilleain.
- Mary é só a Mary! – Nissenson balançou a cabeça tentando entender – O que esses dois vêem nela?!
- Ei! – Vicky pareceu acordar com aquilo – Não falem assim da minha amiga!
- E que grande amiga que você é, não? – zombou Nissenson – Pretende ficar aí chorando até quando?!
Vicky não respondeu, mas encarou ofendida o dragão que saia em direção a porta dizendo:
- Não vou mais perder meu tempo com isso! Tenho um relatório muito mais importante para fazer!
- Simon! – repreendeu MacGilleain – Você está começando a agir como o Chris!
- Tome cuidado, Vicky! – advertiu Nissenson – Amigo que só sabe dar sermão é um saco também! – e fechou a porta com um estrondo.
- Um pior que o outro... – lamentou-se MacGilleain.
- ADAAAM! – a professora Karoline surgiu da outra extremidade da estufa abraçada com dois vasos imensos de mandrágoras – Veio me ajudar enquanto transformaram a minha ajudante em um zumbi?!
O dragão limitou-se a dar um meio sorriso, nada contente pelo fato de não ter conseguido fugir antes que a professora aparecesse.


***


Mary levara Hainault até um lugar não muito famoso de Hogsmeade que ela e Vicky costumavam freqüentar, onde a atração principal do cardápio eram as bebidas típicas de trouxas. Os dois já haviam recebido os seus pedidos, mas nenhum deles iniciava um assunto, ficando entretidos somente em beber pelos canudos de cores brilhantes.
Ela o encarava tentando imaginar se ele já sabia da notícia do casamento. Tinha decido que faria de tudo para que Ryan se divertisse, nem que fosse a maneira dele, naquele encontro, e que pudesse esquecer da Sharon e da sua expulsão do D4 por um tempo. Já ele olhava fixamente para o conteúdo de seu copo, que experimentava pela primeira vez.
De repente ele levantou a cabeça, flagrando o olhar intenso de Mary, e ela voltou a sua atenção para o copo, fingindo que estivera reparando nele durante todo esse tempo.
- Anhm... o que você pediu? – ela tentou disfarçar o seu embaraço.
- Ginger Ale.
- Aaaahhh... Ginger Ale... – Mary não tinha muita idéia do que era aquilo, mas decidiu arriscar – Os ingredientes do Ginger Ale são incríveis, não? Dizem que tem... gengibre! Tipo, eu nunca sei se gengibre é um vegetal ou um remédio! – ela terminou rindo.
Mas Hainault permaneceu calado apenas olhando para ela, como se não houvesse entendido o que ela acabara de dizer. Sem graça, ela voltou a tomar a sua bebida.
Dessa vez Hainault procurou por um assunto:
- Você... anhm... já esteve em outros encontros aqui em Hogsmeade, não?
- Aquilo não pode ser chamado de encontro! Foi mais como um pesadelo!
- Pesadelo?
Mary se sentiu empolgada em falar:
- No encontro duplo, ele bateu no namorado da minha amiga sem motivo algum! Na outra vez ficamos presos em um restaurante em reformas! Fui inacreditável! E ele ainda ficou doente e desmaiou de febre! Se eu pudesse voltar no tempo eu nunca teria aceitado nenhum deles! Realmente não há nada de bom quando se está com o Doumajyd!
Hainault, com o rosto apoiado nas mãos, terminou a sua bebida fazendo barulho com o canudo, o que fez Mary perceber o que falava. Estava tagarelando sobre Doumajyd em meio a um encontro com Ryan Hainault.
- Eu... anhm... vou pedir outro suco! – e ela levantou e saiu sem dizer mais nada, correndo para o banheiro.
Ao fechar a porta, a primeira coisa que Mary fez foi chutar a parede:
- Por que você é assim, Mary Ann Weed?! Por que fica lembrando do idiota do Doumajyd justo agora?!
Ela forçou seu pensamento para lembrar de coisas legais que Hainault fizera para ela, como na festa da Sharon, quando ele a salvou dos maltratos dos alunos de Hogwarts, quando ele se despediu dela na estação...
- Assim está melhor... – ela respirou aliviada, conseguindo manter aqueles pensamentos.
Então ela aproveitou que já estava ali mesmo para usar o banheiro de verdade, antes de voltar. E foi justo nesse momento que a porta se abriu de repente e Hainault apareceu.
Ele a encarou por um tempo e então informou:
- Geralmente as pessoas trancam as portas quando usam o banheiro. – e fechou a porta.
Mary permaneceu imóvel por um tempo em choque. Então, como se finalmente ela percebera que aquilo não fora uma alucinação, ela berrou.
Seu grito foi tão alto que todos do lugar e das proximidades dele puderam ouvir.

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