O começo de tudo



Petúnia estava sentada em uma cadeira perto da janela do quarto da pensão enquanto Válter estava vendo o seu programa favorito na TV o "Acerte e Ganhe". A noite já chegava mais ambos queriam que isso não acontecesse. Sabiam que amanhã seria Segunda e a rotina começaria outra vez. Petúnia iria para o bar aonde é garçonete e Válter voltaria a ser o crupiê do "Cassino Star Blue".
Os olhos daquela garota de dezoito anos estavam fixamente apontados para as difíceis palavras-cruzadas que estavam encima de suas pernas enquanto um lápis bem apontado girava entre os seus dedos até ela escrever a última palavra daquela página do seu passatempo. Alguns segundos depois a cara sorridente do apresentador do programa da TV deu lugar o comercial, fazendo Válter e Petúnia cruzarem seus olhares no ar.

- Três meses aqui parecem pouco, mais é muito tempo.
- É verdade. Mas nós iremos ter uma vida mais digna em breve - falou Petúnia sonhadora.
- Nós já poderíamos ter um teto de verdade sobre nossa cabeças se não fosse pelos últimos acontecimentos - disse Válter tentando evitar que Petúnia percebesse a sua declarável tristeza.
- Calma, meu amor. Nós temos que ser fortes nos bons e nos maus momentos.
- É que esse nosso azar me irrita tanto. Eu queria poder lhe dar um lugar melhor para viver, mas...
- Não se aborreça por tão pouco, Val. Sem presa conquistaremos tudo o que desejamos. O futuro nos pertence - disse Petúnia sonhadora.
- É, só que esse futuro nunca chega - disse Válter se fazendo de chateado, mas tentou mudar de assunto - Parece que foi ontem que nos encontramos pela primeira vez - perguntou Válter abrindo um sorriso para quebrar o gelo que a tristeza criava.
- Não faz tanto tempo assim, Val.
- Se nós não tivéssemos nos encontrado no saguão daquele hotel, Petúnia.

***Seis meses antes***

Petúnia, a futura Sra. Dursley, estava em seu quarto arrumando as suas malas. Ela se preparava para uma longa viagem de verão. Colocava tudo o que via pela frente de uma maneira organizada. Petúnia não devia ter naquela época mais de dezessete e usava um vestido único e rodado cor-de-rosa. Seu cabelo era caído, e sua feição era suave e doce.
As paredes de seu quarto era todas pintadas de amarelo. A sua cama estava cheia de roupas e outros pertences enquanto o armário ia se esvaziando cada vez mais. Quando ela acabou de dobrar as suas roupas e colocá-las no malão, ouviu sua mãe chamando-a.

- Petúnia, querida. Não vá se atrasar - disse Jeannie gritando e dando duas leves pequenas batidas na porta alertando que estava ali.
- Já estou indo, mãe - respondeu Petúnia.

Petúnia fechou o zíper de sua última mala das quatro que levava. Nesse instante, o pai dela, Jerry Evans, entrou pelo quarto.

- Está tudo bem, Petúnia? - perguntou Jerry se aproximando.
- Estou bem, pai - disse a garota - Eu consigo levar as minha próprias malas.

Petúnia tentou pegar suas malas sem sucesso. Seu pai riu um pouco.

- Tem certeza que não quer uma ajuda? - perguntou ele.
- Hum... está certo pai - concordou a menina a contragosto.

Jerry ajudou a carregar as malas para a sala onde estava reunida sua irmã e sua mãe.

- O táxi já chegou, Jeannie? - perguntou Jerry.
- Já. Há cinco minutos. Por que você demorou tanto Petúnia?
- Ela está carregando uma bigorna na mala - interveio Jerry e todos riram daquele comentário, menos Petúnia.

Dentro do táxi, a caminho do aeroporto, Petúnia não conseguia parar de mentalizar como seria as suas férias na América. Aquela com certeza seria a melhor dela em toda sua vida. Quando chegaram no aeroporto não foi fácil encontrar o local de onde deveriam embarcar.

- Jeannie, onde fica o portão 19? - perguntou Jerry com os bilhetes na mão e correndo de um lado para o outro.
- Nos deveríamos ter perguntado na hora em que fomos fazer o check-in.

Jeannie avistou um balcão de informações perto de onde estavam e se dirigiu a ele.

- Boa tarde - disse elegantemente a funcionária do aeroporto à Jeannie - O quê a senhora deseja?
- Boa tarde - respondeu educadamente Jeannie - Você poderia me informar perto de onde fica o portão de embarque 19?

A mulher pegou um telefone perto dela e falou com alguém em termos que Jeannie não compreendia.

- Senhora - disse a moça do balcão tornando a falar com Jeannie - O último avião que estava no portão 19 partiu à 10 minutos.
- Não é possível - disse Jeannie - Aquele era o avião o que eu ia pegar - consultou o relógio para Ter certeza que já tinha passado do tempo - É, pela hora ele já deve ter saído
- Eu posso tentar colocar a senhora em um outro avião, só que não deve ser um vôo direto para Los Angeles.
- Bem, o que você conseguir está bom. Afinal, fui eu que perdi a hora - Jeannie tirou os bilhetes de dentro do seu bolso e os entregou a moça do balcão.

Após algum tempo, pareceu que todo o incidente estava resolvido. Só que teriam que primeiro parar em Nova York para fazer uma conexão depois seguirem em direção a Los Angeles
Petúnia e Lílian resolveram sentar em um banco e esperar que seus pais voltassem, eles foram resolver o problema das bagagens, já que elas estavam em outro avião. Ambas estavam preocupadíssimas pois sabiam que agora demoraria algum tempo para o próximo avião chegar. Para esperarem, tentaram se concentrar em algo. Petúnia olhava fixamente um grande relógio do aeroporto que estava pendurado no teto, Lílian preferia ficar observando grandes aviões decolarem e pousarem. Depois de uma hora, seus pais voltaram.

- Demorou, mas resolvemos o problema - Jeannie comunicou assim que se aproximou de suas filhas - As malas estarão esperando por nós quando chegarmos.
- Que bom! - disse Petúnia em uma falsa voz alegre. Para ela tanto fazia o que aconteceria com as bagagens. Pensado melhor, era melhor ter as bagagens pois suas melhores roupas estavam dentro daquelas malas.

Depois de Jeannie fazer com que suas filhas se acalmassem, uma voz de microfone soa pelo aeroporto.

- Chamada para o vôo 1451 da British Airline com destino à Nova York. Portão de embarque 13.

Comparado com o embarque, o vôo e a chegada foram tranqüilos. Eles conseguiram recuperar suas bagagens e ainda chegaram muito bem em Los Angeles.
Ao saírem do aeroporto chamaram um táxi e Jeannie pediu que os levassem ao Green Garden Hotel. Através da janela daquele táxi os Evans viram a cidade que os esperavam. Grandes hotéis e mansões, lugares lindos, grandes lojas e o melhor de tudo naquele dia, um sol radiante que deixava a cidade com um ar tropical. Aquelas férias prometiam grandes surpresas.

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