Visitas
Harry Potter e a Herança das Trevas
Cap. 1 - Visitas
- Desça já Moleque, tem gente da sua laia aqui!
Harry demorou alguns segundos para assimilar as palavras que o tio dissera antes de bater a porta do quarto. Na linguagem “educada” dos tios, gente da laia dele normalmente significava Bruxos, embora vez ou outra o comparassem a marginais e vagabundos de quem ouviam falar. Embora Bruxos são a única categoria que eles não expulsariam de sua casa, dado o enorme medo de magia que eles sentiam de tudo que era mágico. Medo esse que os fez deixarem Harry em paz desde o seu retorno ao n°4 da rua dos Alfeneiros.
Fazia pouco mais de um mês que havia regressado de Hogwarts. Pouco mais de um mês desde o enterro de Dumbledore. A saudade do velho bruxo havia sido amenizada pela presença constante de Fawkes, a fênix companheira do velho diretor o esperava em seu quarto com uma série de coisas, entre as quis livros, velhas anotações, uma mochila de viagem, e, o mais surpreendente, a espada de Griffindor. Tudo isso era, de acordo com uma carta entregue pela ave junto com todas essas coisas, a parte da herança de Dumbledore que lhe cabia, sendo a espada algo que ele deveria guardar até encontrar o seu novo dono, essa parte Harry não entendeu muito bem. Desde então a ave havia, para desespero de seus tios, se instalado no quarto do garoto, que não se incomodou com os protestos dos tios e não prendeu nem Fawkes e nem Edwiges, que apesar de visivelmente enciumada acabou se entendendo com a nova colega de poleiro.
Os livros eram outro alento, saber que eles pertenceram ao velho diretor lhe dava um ânimo diferente para lê-los, era como se assim pudesse conhecer um pouco mais de seu velho mentor. Eram desde livros de feitiços e alquimia até livros de História e velhos diários de viagem, esses últimos eram de longe os seus favoritos.
Ainda estava distraído por essas reflexões quando descendo as escadas, varinha em punho, tomou um susto ao ver quatro cabeças ruivas se virarem para ele com e o cumprimentarem.
- E aí Harry, beleza?
- Como é que você está cara?
- Como vai Harry?
Fred, Jorge, Carlinhos e Gui estavam na sala de estar dos Durleys, estes visivelmente apavorados, seja com os Gêmeos de quem a língua de Duda devia se lembrar muito bem, seja do despojado Carlinhos com o canino que usava como brinco e as botas de couro de dragão sobre a mesa branca de tia Petúnia, ou Gui com as horríveis cicatrizes deixada por Greyback. Harry também sentiu um frio na espinha ao vê-los ali, sabia que não era para buscá-lo pois o grupo da Ordem que viria buscá-lo só viria no dia do seu aniversário, sendo que ainda faltava muito para esse dia. Já imaginava que os “ex-cunhados” fossem querer tirar satisfações com ele, mas esperava que quando isso acontecesse já fosse maior de idade e pudesse usar magia para se defender, ou pelo menos que teria a senhora Weaslley por perto para conter os filhos.
- Oi! - Respondeu Harry com certo receio de se aproximar do grupo de ruivos, que parecia se divertir com o constrangimento do rapaz.
- Não precisa se preocupar cunhadinho, - Começou Fred, - Nós viemos em paz. - Completou Jorge, ambos indo até Harry e o puxando para a poltrona.
- Olha aqui seu moleque, que negócio é esse de ficar trazendo visitas aqui na minha casa, eu não vou admitir uma coisa dessas.
- O Harry não sabia que viríamos aqui senhor Durleys. Se dependesse de nós e dos nossos pais, o Harry estaria morando conosco nesse momento, todos o consideramos um membro da família, infelizmente o professor Dumbledore deixou bem claro que ele deveria permanecer aqui até o dia do seu aniversário, quando poderia deixar de vez essa casa. Como o assunto que temos a tratar com ele e muito importante e urgente, não pudemos esperar e tivemos de vi aqui, agora eu agradeceria muito se o senhor e sua família nos deixassem conversar com Harry a sós.
Harry viu seu tio Valter passar por vários tons de cor enquanto a veia em seu pescoço saltitava a olhos vistos, não fosse a óbvia desvantagem numérica e a aparência de Gui ele provavelmente explodiria ali mesmo, ao invés disso ele saiu da sala correndo com a mulher e o filho escada a cima rumo aos quartos.
- Gui, você é demais! - Disseram os Gêmeos em uníssono, Carlinhos gargalhava no sofá e o mais velho dos irmão Weaslley tinha um sorriso vitorioso no rosto.
- E aí cunhadinho, já adivinhou o motivo da conversa. - Perguntou Gui assumindo um tom não tão sério quanto o usado com os Durleys, mas inda assim foi o suficiente para fazer com que Carlinhos parasse de rir e os Gêmeos adotassem um ar sério que não lhes era comum. Harry também ficou com um ar mais sério, como sempre que chegava o momento da ação as dúvidas e medos se dissiparam. O que quer que eles quisessem fazer ele não se deixaria intimidar.
- Imagino que vocês tenham vindo falar sobre o meu namoro com a Gina.
Carlinhos soltou um assovio alto e bateu sonoras palmas antes de se dirigir aos irmãos que começavam a mexer nos bolsos. - Podem passar o ouro rapazes, eu ganhei a aposta.
Harry olhava para os ruivos sem entender nada. “Mas de que aposta eles estavam falando?”.
- Sabe o que é Harry, - Começou a explicar Carlinhos. - É que nós fizemos uma pequena aposta sobre qual seria a sua reação a uma visitinha dos seu queridos cunhados, e eu apostei que você ia estar bem nervoso, mas assim que começasse a falar você ia bater de frente com a gente sem pensar duas vezes, espero que você não fique chateado com a gente, sabe, é uma velha tradição Weaslley.
O moreno olhava para a cara de cada um dos quatro irmão Weaslley presentes com cara de quem não tinha engolido essa história muito bem quando, contrariando as expectativas, começou a gargalhar, levou alguns minutos até se controlar o suficiente e perguntar. - Vocês não vieram aqui só para isso eu suponho.
- Na verdade Harry, nós realmente viemos aqui falar sobre a Gina. - Disse Carlinhos.
- É isso aí Harry, que história é essa de agarrar a nossa irmãzinha na frente de toda a Grifinória pra depois terminar com ela sem mais nem menos.
- E vocês preferiam que eu continuasse com ela e a transformasse no alvo favorito de Voldemort, - Os quatro tremeram ao ouvir o nome do bruxo das trevas. - e qualquer comensal que quiser ganhar uns pontinhos com o chefe. - Respondeu Harry com uma boa dose de sarcasmo e irritação, do jeito que os Gêmeos haviam falado parecia até que ele tinha brincado com a garota. Os quatro perceberam a variação no humor do moreno, mas foi Gui, que entendeu perfeitamente os pensamentos do rapaz, que tomou a palavra.
- Olha Harry nós não achamos que você tenha brincado com a Gina ou coisa do tipo, nós conhecemos você e o seu caráter, tenho certeza que você gosta muito da nossa irmãzinha, mas eu não acho que você tenha tomado a decisão certa ao terminar com ela, me deixe terminar por favor, - Disse ao ver que o rapaz iria argumentar. - A Gina é minha irmã, e o que eu mais quero é o bem dela, eu concordo com você quanto a possibilidade de tornarem ela um alvo para atingir você, essa realmente é uma possibilidade, mas correr ou não esse risco é uma escolha que ela tem que tomar, não você. Ela já é um alvo por ser uma Weaslley, e o fato de ser a caçula só a torna um alvo ainda mais tentador para quem quiser atingir a nossa família, ser a sua namorada não vai piorar muito a posição dela. Além do mais, a sua decisão pode ter conseqüências bem desagradáveis.
- Coma assim. - Perguntou Harry, ele decididamente não podia estar entendendo direito. Parecia que eles o estavam ameaçando à voltar com Gina.
- Eu sei que isso soou meio que como uma ameaça Harry, mas não é, o problema é que no futuro, a Gina pode não reagir bem a lembrança dessa situação toda. - Carlinhos falou, embora desse a impressão de não querer tocar num assunto o qual estava evitando ao máximo.
- Você conhece a Gina. - Agora era Gui quem falava novamente. - Ela é orgulhosa e cabeça quente como qualquer Weaslley. - Harry não conseguiu reprimir um sorriso ao lembrar dessas duas características tão marcantes da sua ruiva. - O problema é que ela pode entender a sua decisão como falta de confiança e querer te dar o troco.
- Como assim dar o troco. - Essa última parte da conversa não agradou Harry nem um pouco.
- Eu não sei, vai depender da imaginação dela e do quão magoada ela estiver, por isso pense bem no que você vai fazer Harry. - Disse Gui já se levantando para ir embora.
- Nós já nos acostumamos a idéia de ter você como cunhado, então não vacile. - Disse Carlinhos que já havia se levantado para acompanhar o irmão.
- Você ouviu cunhadinho. - Disseram os Gêmeos, e os quatro aparataram, deixando Harry com um mal pressentimento a respeito do tal “troco“.
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Era véspera do seu aniversário e Harry estava lendo mais uma vez a carta que Fawkes havia lhe entregue quando chegou na rua dos Alfeneiros.
Caro Harry,
Se você estiver lendo essa carta isso quer dizer que eu não fui muito feliz no intento de regressar do nosso passeio noturno, só espero que, apesar do que tenha acontecido, você tenha podido retornar em segurança para Hogwarts.
Sei que você deve estar lamentando a morte desse velho tolo, mas eu realmente gostaria que você não se deixasse abater, como eu lhe disse certa vez, para a mente bem estruturada, a morte é apenas a próxima grande aventura. Sei que estou deixando um fardo muito pesado sobre seus ombros, um fardo tão pesado que não consigo imaginar outra pessoa que fosse capaz de carregá-lo, fico mais tranqüilo quando lembro dos bons amigos que tens e que não hesitarão em ajudá-lo no que for preciso.
Confio plenamente na sua capacidade de concluir a missão que lhe deleguei em nossas aulas noturnas, mas eu gostaria que a deixasse de lado por algum tempo. Sei que se lembra da nossa conversa sobre como, mesmo sem suas salvaguardas, derrotar Lorde Voldemort será uma tarefa extremamente difícil de se concluir. Pensando nisso esse velho que vos “fala” teve o atrevimento de planejar um pouco mais da sua vida. Na véspera do seu aniversário uma velha amiga minha chamada Ártemis irá buscá-lo para um pequeno treinamento, sei que pode parecer pouco, mas será essencial para o seu futuro. Peço também que cumpra esse meu último pedido, não deixe de viver a sua vida com medo das conseqüências da profecia ou das ações de Voldemort contra as pessoas próximas a você, sei que você será capaz de protege-las como já fez várias vezes, não se subestime meu rapaz, viva a sua vida, como seus pais fizeram, e independentemente do que o futuro lhe reservar, seja feliz.
DIM-DOM
Harry se levantou de um pulo. “É ela”. Saiu do seu quarto com a mochila dada por Dumbledore sobre o ombro. Por ser ampliada magicamente, todas as suas coisas cabiam ali com folga, dispensando o uso do malão, levava a gaiola de Edwiges numa mão e a varinha na outra, a final, não podia correr riscos desnecessários. Fawkes vinha voando ao seu redor cantando alegremente, uma prova de que realmente era a amiga de Dumbledore na porta, felizmente seus tios não estavam em casa, haviam ido buscar Duda na delegacia, pelo que havia entendido o primo fora preso ao tentar assaltar um casal de idosos próximo a um policial.
Assim que abriu a porta teve uma surpresa, esperava uma senhora de cabelos brancos como Dumbledore, mas o que viu foi um bela mulher da sua altura, com longos cabelos negros como a noite e olhos azuis como os de Dumbledore, neles se podia ver um brilho que transcendia poder. Usava roupas que lembravam vagamente uma mistura de vestes bruxas e trouxas, feitas de um tecido que parecia liquefeito tal era a forma que se movia junto com ela.
- Olá Fawkes, como vai velha amiga. - A mulher cumprimentou a ave que havia pousado no seu ombro. - Olá Harry Potter, meu nome é Ártemis, vim buscá-lo, com Alvo já deve ter lhe avisado eu presumo.
- Sim, ele avisou. - Respondeu Harry ainda visivelmente espantado com sua nova professora.
- Então vamos logo, seus amigos estão nos esperando.
- Meus amigos?
- É claro, você não achou que Alvo fosse cogitar a idéia de separar o mais famoso trio de alunos que Hogwarts já teve não é. - O garoto se recuperou de um choque apenas para pular direto para outro, definitivamente não havia imaginado nada disso. - Vamos rapaz, não temos o dia todo. - Quando Harry olhou para ela seu queixo caiu de novo, Ártemis havia conjurado um portal através do qual se via uma sala feita de mármore branco, ela já havia atravessado o portal e aguardava que Harry fizesse o mesmo. Impressionado, o garoto atravessou o portal se perguntando o que mais iria encontrar do outro lado.
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