Adeus, Avalon!
A claridade tomou conta do aposento onde estava. Não que aquela luz me incomodasse. Nós, sacerdotisas, acordávamos antes do sol raiar. Apenas ainda permanecia deitada, esperando. Esperando e relembrando os fatos da noite anterior. De repente, ouvi passos. Alguém subia as escadas. Levantei-me e vesti meu robe. Já sabia quem era. Bateram na porta e uma voz idosa perguntou:
“- Já acordou, querida?
- Sim, Mestra Clara.
- A barca estará chegando em alguns minutos.
- Estarei pronta.”
Minha audição treinada ouviu os suaves passos da velha senhora se afastarem. Levantei-me e olhei ao redor. Tudo que possuía já estava em um baú. Não era muito, afinal. Ganhara algumas roupas novas das sacerdotisas e algum dinheiro, mas no mundo exterior teria que contar comigo mesma. Meu vestido branco, roupa usual de uma donzela de Avalon, seria guardado para sempre. Agora, vestiria apenas o azul de uma sacerdotisa.
Desci calmamente a colina onde ficava a Casa das Donzelas e olhei ao redor. “Por quê?” Queria gritar. “Por que teria que abandonar o mundo que conhecia? Por que teria que abandonar a paz que conseguira naquele lugar?”
As brumas se abriram quando pedi passagem. Por uma última vez vi Avalon. E todas as pessoas que conhecia e que me criaram. Minha família.
A barca encostou suavemente na margem do lago. A névoa densa já tinha coberto a Ilha. E um bruxo, era o que presumia, me esperava.
“- Srta.?
- Quem é você?
- Meu nome é Remo Lupin, fui enviado por seu avô.
- Prazer em conhecê-lo, sou Lilith.
- O prazer é todo meu, Srta., mas temo que não seja seguro aqui fora. Vou escoltá-la até Hogwarts.”
Naquele momento, a única coisa que consegui pensar foi: “Minha Deusa, a Guerra recomeçou!”
A grande maioria dos bruxos que vão para Hogwarts, lembra perfeitamente da noite de Seleção, de sua 1ª noite no castelo. Apesar de chegar aos 18 anos para ser professora, também lembro perfeitamente daquela noite. Meu jantar foi servido na sala dos professores para não alarmar os alunos. Depois, todo o corpo docente se reuniu naquele lugar e fomos apresentados. Um dos professores, em particular, me chamou a atenção: Draco Malfoy. O único que entrou na sala e encarou os outros com desprezo. Havia algo errado ali, e como vocês verão, eu iria saber o que era a qualquer custo.
Depois de ser devidamente apresentada a todos, fui levada ao meu novo quarto. Quando entrei, fiquei deslumbrada. Aquilo parecia o quarto de uma rainha! Os tons de azul eram magníficos e meu avô tinha acertado em cheio. Azul é minha cor preferida. Depois de conferir meu banheiro: “Uau, um banheiro só pra mim?” – sim, em Avalon todas nós dividíamos um só banheiro – deitei em minha cama, e encarei o teto. Repassei as apresentações e parei na de Malfoy. Os olhos dele tinham algo escondido, como se ele tivesse tentado camuflar algo. Seus olhos eram cinzas?
Acordei bem antes do raiar do Sol na manhã seguinte. Tomei um banho e saí. Simplesmente saí daquela enorme construção de pedra e caminhei para onde realmente pertencia, a floresta, o lago, a Natureza. Era ali que me sentia em casa. Algo martelava em minha cabeça. Aquele triste sentimento de perda. Ouvi passos se aproximando, mas a presença não era ameaçadora. Pelo contrário, parecia estar... com medo?
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!