O Primeiro Acidente
2. O Primeiro Acidente
— Ah ruiva, a sua cabeça é perfeita! Não há nada de errado com ela. — comentou com a boca cheia Tiago, enquanto dava uma boa mordida no pão doce e deixava uma certa quantidade de melado em volta de seus beiços. Lily apenas o fitou, franzindo a testa para aquilo. Além de ser arrogante e prepotente, nem conhecia os modos básicos de educação numa conversa. Que impressão a nova colega poderia ter dos alunos de Hogwarts? Sem se importar com a aparência, o moreno continuou, ignorando o aborrecimento alheio. — E mesmo porque, sua boca está nela.
Nisso, a moça corou violentamente, chegando-se a confundir a pele branda de sua face com seus cabelos bem-cuidados num único tom.
— Potter, eu já me acostumei com seu baixo nível, mas a Fernanda aqui não. Não poderia ser gentil pelo menos uma vez em sua vida? O que ela iria pensar?
— Pensaria que vocês têm uma turma muito legal! — a novata sorriu, dirigindo seus olhares por todo o grupinho reunido no meio do corredor enquanto alunos apressados corriam por este para chegar em suas salas antes que ficassem para fora ou, na pior das hipóteses, ganhassem uma suspensão. — Na minha outra escola não era assim. — e abaixou a cabeça com um certo quê saudosista.
— Gente, vamos logo! Ficaremos sem lugares se nos atrasarmos mais ainda do que já estamos. — falou o lobisomem. Sabia que uma conversa ali duraria uma eternidade.
— Obrigada Remo, pelo menos alguém aqui me ouve.
A grifinória jogou um olhar aborrecido a Tiago, que limpava a boca com as mangas das veste. Era impressionante como o jogador de quadribol mais cobiçado da escola se diminuía na presença da garota; se humilhava, se fazia de bobo e charmoso ao mesmo tempo. O importante era que nunca desistia e amava Lily; não a deixaria em paz nunca. Os seis alunos tomaram rumo para o quinto andar com a ruiva na liderança. Andava com passos largos e decididos, como se estivesse cobrindo pegadas deixadas por alguém que passara antes por ali, pois tamanhas eram sua força e irritação. Tentando acompanhar a monitora, Fernanda deu alguns passos em falsos com a pressa, fazendo-a cambalear na quase corrida trajetória. Tentando memorizar rapidamente os corredores num flash, se distraía com muita facilidade, dando trombadas em archotes terrestres (que por sorte estavam apagados, do contrário queimariam suas madeixas negras) e em um ou outro aluno desavisado que vinha em direção oposta a ela, porém não havia como evitar a colisão. Todos aqueles quadros em movimento, fantasmas flutuando no ar como brumas, aquele aspecto britânico que conhecia há tanto tempo; tudo a tirava da realidade.
Ainda com a cabeça nas nuvens e olhando enfeitiçada para o teto pelos detalhes, sentiu um forte empurrão no seu ombro direito e, ao mesmo tempo, uma mão puxando-a para trás com brusquidão. A primeira coisa que viu foi o garoto gordinho e com cara de roedor, além de colega de Lily, passar apressado por ela no caminho para poder acompanhar seus amigos mais de perto. O puxão, no entanto, foi dado pelo moreno amigo da ruiva. Se não fosse por ele, teria sido derrubada no chão por causa do “rato”. Este não era o rapaz que lhe mandara cantadas, mas o outro que não dissera nada na breve conversa que tiveram. Após recuar, Fernanda olhou outra vez para o adolescente que lhe auxiliou. Ele era tão lindo...
— Eu... — perdeu a fala. Como podia acontecer isso bem naquele momento? Sempre ficava muda quando numa situação de desconcerto e aquilo já virara hábito para ela. Ele, do outro lado, a mirava com um breve sorriso nos lábios (e que lábios!), admirando sua confusão.- Eu ..quase...
— Vamos Almofadinhas. — a voz de Remo soou distante e ofegante. Isso fez com que Sirius desviasse seu olhar para o nada, um escuro vindo de uma porta além do corredor que se encontrava. Provavelmente os marotos deviam estar no andar superior.
— Vamos — simplesmente disse quanto desatou a correr como se fosse hipnotizado pela voz lembrando-o da prova de transfigurações.
—Burra! — murmurou para si própria a besteira que fizera; “nem ao menos agradeci!” e passou a seguir o rapaz, mas desta vez sem tirar os olhos de seu guia.
Segundos depois da correria, chegaram numa sala quadrada onde todos os demais alunos já haviam se ajeitado em suas carteiras (com exceção de Tiago, Rabicho e Aluado, pois procuravam um lugar bom para se sentarem). Lily, por outro lado, fora até a frente e conversava baixinho, com o peito arfando e a testa brilhando ocasionalmente com suor de acordo com a incidência dos raios de luzes que lhe tocavam, com uma senhora de cabelos castanhos quase que grisalhos, um vestido negro e um broche na gola bem no meio do pescoço. Esta apenas assentia seriamente tudo o que a aluna dizia. Depois de um tempo, a ruiva pôs suas coisas numa carteira próxima à mesa dos professores, depois fez um coque nos cabelos, mas não os prendeu. Apenas queria tirá-los de seu rosto, jogando-os para trás.
“Que ótimo! Hoje deve ser o dia internacional do mico!” pensou Fernanda ao ver todos sentados e esperando o início da prova, enquanto ela permanecia em frente a porta do lado de dentro. Alguns batiam com a ponta da pena na mesa demonstrando impaciência, outros segurando a cabeça na mão com o cotovelo apoiado na mesa e ela ali, no fundo da sala, sem saber o que fazer ou com quem falar. Em Beauxbatons sempre existia uma monitora em cada sala para orientar os estudantes quando tinham dúvidas (o que era uma coisa fresca em sua opinião, contudo queria muito que estivesse na França naquele momento). A mulher que Lily lhe falara antes veio em sua direção e, não sabendo o que fazer, a garota saiu do meio do caminho, desbloqueando-o para a senhora passar e seguir pela porta, o que não aconteceu. A bruxa veio até Fernanda e sussurrou para a morena num tom severo.
— A senhorita Evans me disse que é a senhorita quem foi transferida, não é isso?
— Isso mesmo, senhora. — respondeu cabisbaixa como se tivesse medo de receber uma detenção, afinal não conhecia os costumes daquela escola.
— Sei. O professor Dumbledore me contou mais ou menos o caso. Espero mesmo que sua avó melhore.
— Obrigada, senhora.
— Bem, como pode ver, tenho que aplicar minha prova agora e não posso conversar mais. Encarregarei Evans de lhe mostrar tudo aqui nesse breve tempo que permanecerá conosco neste ano letivo. Espere em frente do Lago até a hora do almoço, sim? É um lugar tranqüilo quando não é importunado.
— Claro. Farei como a senhora me disse. Obrigada mais uma vez.— a garota sorriu, mas não teve retribuição. Como assim um lugar que é tranqüilo quando não importunado? Será por causa da tão famosa Lula Gigante?
Minerva saiu andando em direção ao quadro negro e, graças às suas experiências com os professores, deu meia volta e começou a retomar sua trilha pelo corredor. Antes, porém, não pôde reprimir uma vontade de lançar um olhar de esgueira sobre um certo rapaz moreno sentado na última carteira da sala, preocupado em jogar sua cabeça para trás para se livrar dos incômodos fios em sua testa. Mais uma vez aqueles olhos a atraíram com os seus como se fossem imãs. Arrg...por que sentia-se tão incomodada com isso?
O início de verão é muito bom. Sempre foi. Já começavam suas características desde o fim da primavera, com sua manhã gelada e o resto do dia um calor infernal. Depois de alguns minutos tentando achar o caminho para a parte externa do castelo, encontrou-o. Deixou a porta e foi andando sem rumo pelos jardins da escola. Viu uma árvore grande e de tronco grosso, o que lhe chamou atenção, afinal nunca vira espécie assim na França ; num relance de segundo poderia jurar em vê-la se movimentar. “Não, estou ficando louca. Foi o vento. O vento. Árvores não se mexem! Ou as daqui sim?”Questionou-se duvidosa ao ver os galhos se moverem livremente apesar do vento nem estar tão forte assim. Mais a frente, viu um homem enorme entrando numa quase choupana na orla de uma Floresta um tanto sombria. “Céus! Agora mesmo tenho certeza que estou tendo alucinações! Estou vendo gigantes aqui! Até Madame Maxime é menor.” E continuou andando até chegar na margem de uma silenciosa extensão de água. Tudo calmo, sem gritos de alunos, nenhum funcionário chato para lhe aborrecer.... hummm....e aquele lago parecia tão convidativo...
Sentou-se em sua beirada e tirou delicadamente os sapatos e as meias três quartos. Aquele não era o uniforme de Hogwarts, embora a roupa que Lily lhe arrumara fosse muito parecida: camisa branca, gravata preta, saia colegial e um sobretudo sem símbolo algum. Quando finalmente ficou descalça, colocou seus pés lentamente dentro do lago e expirou. Tão gostosa aquela água e na temperatura ideal. Bem, já que tinha que esperar por três horas o término do exame, podia relaxar.
— Ah, tava realmente fácil a prova de hoje.
— Aluado, para você tudo é fácil! — Resmungou Rabicho entediado. — Ei Pontas, o que foi? — perguntou ele voltando-se para o amigo.
— Cara, tô morrendo de fome. Não comi quase nada de manhã. Eu comeria um lobo até.
— Opa, cai fora, Pontas.— defendeu-se Remo. Conhecia muito bem suas brincadeirinhas, especialmente as maliciosas.
— Ai Aluado, você sempre bancando o certinho. Me dá nos nervos de vez em quando. Não me referia a isso. Me referia a comer de verdade; comida, sabe?- fez uns gestos infantis com as mãos, demonstrando total inocência, o que era meio estranho ver isso vindo de Tiago Potter, o conquistador de Hogwarts.— Não é Almofadinhas?— perguntou ao amigo que ficara mais para trás. Era sempre assim. Quando brigavam, depois nem se lembravam o motivo da divergência e do nada voltavam a se falar como se nada aconteceu. Isso era tão comum...
— O que? — o maroto voltou para a realidade olhando quase que assustado para os lados.
— Ei, em que mundo você está Almofadinhas? Acho que você era quem devia se chamar de Aluado e não eu. — disse Lupin ajeitando a alça de sua mochila que começara a lhe apertar no ombro.
— Querem me deixar em paz por um minuto? — pediu rispidamente sem fitar ninguém diretamente.
Dessa forma, os outros três pararam de andar e se voltaram para o amigo, vendo-o de uma maneira inquisidora.
— Que foi agora, Sirius? — perguntou Pedro se esquecendo de usar seu apelido.
— O que foi o que? — retrucou mal-humorado e fazendo cara de cínico.
— Não finja, conhecemos você muito bem. Pode ir falando. — ordenou Remo.
— Ah marotos, e vocês não sabem? É obvio que ele está pensando na garota nova. Vocês não viram que o pouco tempo que ela ficou na sala da Minerva ele não tirou os olhos de cima dela? — Tiago abriu o jogo, voltando a andar na direção do Salão Principal para o almoço. É, sempre era difícil esconder algo, ainda mais do animago. Viviam juntos, tinham a mesma opinião sobre tudo (ou quase tudo); como enganá-lo? Era mais fácil fazê-lo com sua mãe do que com Tiago.
— Na garota nova? — fingiu-se de desentendido, acelerando ainda mais o ritmo de seus passos.
— Não tente disfarçar Almofadinhas. Ela é realmente muito bonita.
—Sim, mas já vou avisando que não quero nada com ela!
— Não comece Sirius. De santo, você não tem nada. Sei quais são suas intenções perfeitamente com uma garota, ok? Te conheço muito bem, senhor Black.
— Só que dessa vez, a sua mente poluída está errada. Só achei a moça simpática, foi só.— disse simplesmente ainda sem encarar os amigos. Entretanto, um músculo em sua bochecha o traiu, porque se movimentou ligeiramente.
— Simpática? Você nunca achou uma garota simpática. Vocês nem trocaram uma palavra! — argumentou Remo.
— Querem saber? Acho que prefiro o antigo Sirius. — comentou Rabicho.
— Vocês não me entendem, nem sei por que estou aqui conversando sobre isso com vocês! — arrebatou o rapaz.
—Ah, não me venha com aquela viadice de novo! Sabemos muito bem o que quer com
ela! — Pontas sorriu maliciosamente e viu que o amigo apenas piscou desconcertado. Isso que acontecia por ter um passado que o condenasse e, se não fosse ele mesmo, diria que Potter estaria com toda a razão.
— Desculpe — falou Remo, fazendo pose de intelectual na conversa. — Mas que papo é esse?
— O Almofadinhas me contou ontem que queria encontrar o grande amor da vida dele.— Tiago começou a rir, depois de fazer uma pose quase que teatral, mostrando aquilo como se fosse um dramalhão.
— Não exagere, Pontas! — retificou o amigo um pouco corado. O simples fato de revelar que ele, o garanhão, parara com seus namoricos não lhe agradava nem um pouco. É como um leão sem sua juba. Humilhado, indefeso, recatado.... — Não sei nada sobre a garota.
— Mas isso nunca foi impedimento para você, Almofadinhas — falou Rabicho rindo do próprio comentário.
— Olhem aqui, querem me deixar em paz? Não posso nem olhar para nenhuma garota sem ganhar fama de cafajeste?
— É difícil agora, cara — disse Remo.
Querendo parar o mais rápido com aquela discussão sem nexo, Sirius apertou ainda mais seu andar e entrou mais a frente no Salão Principal, deixando os três para trás.
— Como se não o conhecêssemos.... — murmurou Potter. — Ele pode querer bancar o anjo caído, mas nunca poderá se livrar da carga genética. Vejam a prima dele.
E olharam para Belatriz na mesa da Sonserina. A moça, que era indiscutivelmente linda, parecia se divertir muito com uma conversa que iniciara com um rapaz moreno nada atraente, mas cheio de anéis de ouro nos dedos e vestes bastante novas para um fim de ano letivo. O que mais levaria uma Black a falar com alguém assim? Dinheiro! Coisa que se distanciava drasticamente dos dogmas de Sirius.
Ao verem, este já se acomodara no lugar de sempre e começara a se servir de lasanha com os talheres de ouro. Não muito longe dali, Lily trocava idéias animadamente com uma loira também muito bonita, mas segundo as más línguas, nada inteligente. Um rostinho de veela numa mente de trasgo. Contudo, isso não foi nenhum motivo para Sirius rejeitá-la, muito pelo contrário. Para que conversa quando se tinha uma relíquia como aquela ao seu lado? Ou embaixo, dependendo do caso....
— Ei amor, como foi em transfiguração? — perguntou Tiago à ruiva, que parou com sua conversa e sua expressão mudou rapidamente.
— Se me chamar de amor mais uma vez Potter, eu juro que te mando para a Ala Hospitalar. Tenha mais educação. Eu estou conversando! E é Evans para você! — assim, lhe deu as costas, voltando seu diálogo com a loira.
— Eu também te amo! Mas me diga, onde está sua amiga? Aquela novata? — disse se servindo de purê de batatas. Tal pergunta fez Black praticamente pular da cadeira. Conhecia perfeitamente as intenções do melhor amigo para seu azar (ou sorte, talvez).
Entretanto, a reação de Lily não foi diferente. Ergueu o pescoço e passou a procurar por algo pelo salão, o que foi meio difícil por haver vários alunos em pé.
— Droga, eu esqueci da Fernanda. Mas ela deve ter vindo; Dumbledore a trouxe mais cedo para conhecer essa parte do Castelo.
— Não seria aquela menina sentada ao lado da Belatriz na mesa da Sonserina? — perguntou Tiago desinteressado; só o fez para provocar rebuliço com a informação.
Sirius, que tomava suco de abóbora, se engasgou e passou a tossir repetidamente, batendo no próprio peito para que parasse com a ajuda de Pedro que lhe dava tapinhas nas costas. O que Fernanda poderia estar fazendo lá?
— Vou buscá-la. Dumbledore me pediu para não a deixar durante sua adaptação aqui. — Lily falou baixinho.
— Mas o que estaria fazendo lá? — indagou Remo.
— Talvez....não tenha me visto. — e acariciando os lábios devagar, a ruiva observava a cena. A nova amiga não conversava com ninguém lá e isso sempre era um tanto chato quando se ia para um lugar onde não conhecia ninguém. Como se lembrava dos primeiros dias de Hogwarts! Não podia deixa-la lá... — Eu já volto.
E saiu da mesa, atravessando metade do salão, e indo até a “mesa inimiga”. Nesse tempo, dois dos marotos ficaram olhando no que daria aquilo. A moça foi até lá e trocou algumas palavras com Fernanda, que num momento concordou com a cabeça. No entanto, algo aconteceu. Quando se distanciava de seu banco para sair da mesa, Belatriz colocou um pé em sua frente para que tropeçasse e derrubasse seu prato cheio de lasanha. A morena de fato cambaleou, mas pôde segurar a comida antes que tudo a sujasse e, graças à rapidez de Lily, que sacou a varinha a tempo, um feitiço foi lançado para que a ex- aluna de Beauxbatons não caísse no meio do Salão.
Aparentemente, nenhum professor viu, pois conversavam muito seriamente, talvez sobre os ataques de um tal Lord das Trevas. A Mesa da Sonserina se encheu de risos com a cena e a garota ficou mais vermelha que os cabelos de Evans. Snape era um dos que participaram da brincadeira de mal gosto (junto com Belatriz) e estava sentado bem próximo ao ocorrido. Ao ver que a amiga ia jogar uma azaração para a sonserina puro-sangue, Fernanda a impediu.
— Não Lily, deixa para lá.
A ruiva, pensando melhor, abaixou a guarda.
— Agradeça que não tenho poder suficiente para não lhe dar uma detenção Black, senão isso não ficaria assim.
— Estou morrendo de medo, sangue-ruim. — provocou Belatriz com sua inconfundível maldade no olhar.
Todos voltaram a rir novamente, o que chamou a atenção do pessoal da Grifinória.
— Parece que deu problema lá. — comentou Rabicho mais preocupado com sua comida. Sirius e Tiago, porém, não puderam deixar de observar.
— Melhor parar com isso, Seboso. Aliás, já lavou suas cuecas hoje? — perguntou a ruiva ao ver o rapaz morrer de dar risada.
Sua expressão se tornou indecifrável de repente. Era difícil concluir se, em pensamento, ele a xingava ou estudava a idéia de amaldiçoa-la. O pessoal dali riu ainda mais e essa foi a deixa para Lily e Fernanda saírem sem serem percebidas. Ao chegarem na mesa da Grifinória, a monitora se sentou de um lado e a acompanhante junto de Sirius Black. Contudo, ao ver que quem faria companhia durante a refeição era aquele gentil rapaz que lhe ajudara de manhã a não ser pisoteada, ela perdeu o equilíbrio e quase derrubou o prato e tudo que nele havia. Por reflexo, Sirius foi rápido e a ajudou, envolvendo seus rígidos braços em torno dela e, com um corte no ar com a varinha, impediu que um desastre acontecesse. Que bom que ainda tinha alguns reflexos gerados graças aos jogos de quadribol com Tiago nas férias!
Aquela tão conhecida perda de voz voltou e atacou a moça, deixando-a incapaz de agradecer pela ajuda. Não sabia se o motivo foi a excelente velocidade com que ele fizera tudo ou o fato de ter sido ele quem fizera tudo. Entendendo a confusão dela, Sirius a soltou e voltou a sentar-se, o que fez Pontas querer pular de tanto rir com a cena.
— Não ligue para eles. Sonserinos é a pior raça de bruxos que já existiu. — comentou Remo adicionando mais suco em seu copo.
— É sempre assim?
— Direto. Você não viu o que fizemos ontem com o Seboso. — falou Tiago com um sorriso lembrando-se do agradável momento do dia anterior.
— O que fizeram? — ela se inclinou na mesa curiosa para ouvir melhor.
— Ah, nada. Os alunos do quinto ano sempre são sem-graça, com algumas exceções, é claro, viu Remo? — a monitora deu uma piscadela para o amigo a sua frente, coisa que um certo animago não gostou.— Mas conte, o que está fazendo aqui na Inglaterra, Fernanda ?
— Não me chame de Fernanda. É um nome muito comprido e eu não gosto muito. Prefiro Fefa — e sorriu. Colocou um pouco de lasanha na boca e, depois que terminara de mastigar, começou — Bem, antes eu morava aqui na Inglaterra, mas minha família é descendente brasileira. Sabem, ainda bebê, vim para cá e anos depois fui enviada para a França. Não gosto muito daquele lugar. É só gente rica e nojenta. Sabem, não sei quanto a vocês, mas acho que o interior de uma pessoa está muito além de dinheiro e coisas materiais. Tive que estudar em Beauxbatons forçada. Já devem ter reparado que não tenho o mínimo sotaque francês, não? Estive anos lá, até que minha avó adoeceu e tive que voltar. Sou a única neta dela e como sou sozinha... — curiosamente sua voz foi morrendo.
— Como assim é sozinha? — indagou Tiago sem entender.
A moça apenas olhou para sua comida e, por reflexo ou não, Sirius podia jurar que vira uma lágrima saindo dos olhos e logo sendo reprimida por uma de sua mãos femininas discretamente. Lupin também reparou no estranho fato e, suspeitando que aquele não seria um bom assunto para se falar, perguntou:
— Mas sua avó é de Londres?
— Não. Daqui de Hogsmeade. Por isso vim para cá. Não sei quanto tempo terei que estudar aqui. Sabe, tenho tanta saudade das cidades grandes... — e fez uma cara um pouco mais agradável.
— Mas já estamos no fim do ano letivo. Não seria inteligente você vir depois do verão?
— Sim, mas acontece que Dumbledore achou melhor porque não estou começando a escola no primeiro ano como sempre acontece. Ele acha que é melhor eu me adaptar antes do sexto ano começar.
— Ah, então vai estudar com a gente. Por curiosidade.....em que casa ficará? — Tiago limpou sua boca com o guardanapo.
— Grifinória. O chapéu Seletor me escolheu ontem à noite. Sabem, não sei se estou no caminho certo. Ele me disse que tenho um pouco de características sonserinas.
— Err......bate na madeira, menina. Você viu como hostis eles são. — disse Lily.
— Pois é.
— O que você fazia com a Belatriz? — perguntou Sirius interessado.
— Ah, o nome dela é Belatriz? É a pessoa mais grossa que já conheci. Na verdade, pensei que vocês sentariam lá, por isso fui naquela mesa. Não conheço os métodos daqui.
— Logo você se acostuma. — encorajou Remo amavelmente.
A moça apenas sorriu, corando um pouco. Conversa vai e conversa vem, foram feitas as devidas apresentações, isso deixou Fefa muito mais à vontade com os novos amigos. Contou como eram os costumes franceses, a escola e sobre suas traquinagens lá.Os assuntos dela agradaram bastante Sirius, que nunca passara tanto tempo conversando. Não eram assuntos vagos ou extravagantes como os de Bela (quando se comunicavam) ou monótonos. Confessou-lhe que odiava as aulas de poções e que a antiga professora tinha uma certa cisma com sua pessoa, mas que há um tempo atrás fora demitida. No fundo, estava muito feliz de sair de lá e estudar num lugar novo.
— Vocês foram até o lago hoje? A água está tão quentinha. — falou pensativa.
— O Lago fica muito bonito nesta época do ano. Não é, Almofadinhas? — Tiago se voltou para Sirius, que o olhou sem entender. — Que tal apresentar à Fefa as redondezas?
O garoto ergueu uma sobrancelha. Ah, sabia onde aquilo iria parar.
— Acho que não, Pontas. Isto é, não vai dar. Talvez outra hora — e sorriu encabulado. Nunca fora assim com ninguém. Sempre aceitava qualquer coisa que aparecesse na sua frente sem pensar duas vezes. O que acontecera?
— Por que não? Afinal, você é quem está com o mapa. — provocou Remo.
— Que mapa? — questionou Lily. Tudo o que vinha daqueles quatro era de se desconfiar, ainda mais um artefato.
— Ora ruiva, o Sirius conhece cada detalhe dos terrenos de Hogwarts. Poderia mostrar tudo à Fefa com grande facilidade. Você quer? — perguntou à morena.
— Eu....eu adoraria.— a moça ruborizou, porém não o olhou nos olhos.
— Além do mais Almofadinhas, você não tem aula de adivinhação agora. Pode levar o tempo que quiser e ela não é obrigada a assistir a nenhuma aula.
— Bem.....
— Puxa, olhem o horário. Logo começa a aula e eu odiaria perder adivinhação.
— Desde quando Tiago?— perguntou Lily franzindo o rosto com aquilo. O maroto nunca se preocupava em matar ou não as aulas. Por que seria diferente agora?
— Vai ralhar comigo se quero ser um aluno exemplar, amor? Não entendo as mulheres às vezes. — contrariada, a ruiva se revoltou e saiu da mesa sem falar mais nada. Ao ver o efeito, o maroto imitou-a, junto com os outros dois amigos. — Bom, vamos nessa. Até mais, crianças.
E acenou, deixando o casal sozinho no meio da mesa quase vazia da Grifinória.
— Er....então.....vamos até o Lago? — perguntou Sirius desconcertado pela situação.
— Claro, eu adoraria!
E não demorou nada para que ambos largassem seus lugares e saíssem do ambiente para o descontentamento de alguém não muito longe dali.
— Hogwarts é um lugar muito tranqüilo. Você irá gostar. — falava ele caminhando sem pressa na direção do Lago.
— Não parece. Os Sonserinos têm muitas brigas com vocês, grifinórios, não? —perguntou Fefa admirando a beleza do cenário naquele fim de Primavera.
— Bem, é que você pegou a história no meio. Sabia que muitos dos seguidores de Voldemort foram sonserinos?
— Merlim, não diga esse nome! É horrível, é como se ele estivesse aqui agora. — censurou assustada.
— Uma pessoa não pode fugir de seus medos. Devemos enfrentá-los mesmo que não o vençamos.
Quem visse não acreditaria naquilo. Sirius Black conversando sem estar encostando em nenhuma parte de um corpo feminino! Aquilo era quase que impossível e não se via todo dia. A cada pouco, arrumavam um assunto diferente para discutir e trocar opiniões. Fefa não tinha irmãos e, o único do grifinório, não era lá um exemplo de companheiro.
— Me desculpe por esta manhã.
— Pelo que?
— Você me segurou no corredor para não cair. Se não o fizesse, eu estaria com minha avó agora por pisoteamento.
Os dois riram juntos.
— Não há de quê. Pensei que tinha te machucado porque você não me respondeu nada.
— Ah, eu sou desligada assim mesmo. Não ligue. Ufa, finalmente chegamos. Uma boa caminhada do Castelo até aqui, não?
Sirius assentiu. Fefa se agachou e começou a tirar os sapatos pela segunda vez naquele dia e, sem seguida, a meia. O maroto, por mais que se esforçasse em não olhar (se é que tentava), falhava. Não pode deixar de lhe escapar, era mais forte que ele próprio. Voltando-se de pé, Fefa mergulhou o pé até metade do tornozelo e arrastou-o na água, sentindo-a massagear e, até um certo ponto, relaxar. Segundos depois, sentou-se na beirada.
— Está muito bom. Ponha os seus também aqui. É refrescante.
— Não sei.....
— Ah, não me leve a mal, mas você não tem cara de ser certinho igual o seu amigo Remo; você parece ser bem rebelde.
Mais uma vez, riram juntos, mas agora Sirius mostrou os seus belos dentes brancos e jogou sua cabeça para trás num gesto prazeroso. A aluna poderia jurar que viu seus olhos vivos brilharem de excitação.
— Digamos que sou um rapazinho que não gosta de regras.
— Parece mesmo.
Copiando a amiga, tirou seus sapatos e meias e pôs seus pés na água morna. Uma temperatura muito boa aquela e fresca, como Fefa falara. Coitado dos marotos. Eles naquela sala quente e sufocante tendo aula de adivinhação, o que era um saco em sua opinião aquela disciplina. Era muito mais agradável ficar ali com a moça.
Uma breve brisa fez os cabelos dela balançarem harmoniosamente, deixando-a mais bonita ainda. Em seu olhar havia uma certa tristeza, algo saudosista assim como naquela manhã. Talvez estivesse pensando na ex-escola, na avó doente, nas amigas francesas. Como poderia saber? Lembrou-se de Remo e sua peculiar timidez. Estava parecendo ele! Verdade que nunca tivera .... uma conversa inteligente com uma garota antes, ainda mais com aquele clima calmo e natural. Droga! O que acontecia com ele?
— Essa é a parte mais legal do castelo. — ela quebrou o silêncio, o que fez Sirius se espantar. Geralmente, as mulheres apenas ficavam sentadas quietas e observando a paisagem; não puxando assunto na companhia masculina, apenas partiam para o ataque com ele. Fernanda diferente, não tirava os olhos das montanhas longínquas.
— Não me diga que conhece todo o castelo?
— Claro que não. Mas o que pode ser mais lindo do que essa imagem?
— Agora poderá vê-la sempre, já que vai morar em Hogsmeade. O que sua avó tem?
— Os feitiços estão falhando com a idade, sabe? O curandeiro disse que é normal, mas minha avó é tão exagerada às vezes...
— Por que diz isso?
Charmosamente, ela arrumou uma das madeixas sobre a testa para trás da orelha antes de falar para o acompanhante, que não perdeu nenhum detalhe da cena.
— Porque além de ser puro sangue, quer que todos os elfos a sirvam ainda mais do que antes agora com essa doença. Para ela, seria uma humilhação fazer uma xícara de chá com as próprias mãos sem magia. Eu acho isso um absurdo! Não bastar ter aquelas criaturas trabalhando como escravos agora estão duas vezes mais.— e parou um pouco para respirar, porém logo continuou — Não gosto muito deles. Acho-os interesseiros e falsos, mas fazer o que?
— Eu também os detesto. O elfo da Mansão Black é ridículo, mentiroso, age como se fosse o servo mais leal que já existiu desde de que mundo é mundo.
— São seres realmente irritantes.
— É. E seus pais? Também são como sua avó?
Mais uma vez Fefa se calou. Na hora do almoço, Sirius, que pensou ter visto-a lacrimejar, se esquecera totalmente ao lhe perguntar sobre ela ser sozinha. Tomando coragem, a moça disse numa única vez.
— Meus pais morreram há uns anos, quando entrei em Beauxbatons. Pensei que ia sentir falta deles, mas não foi tão duro assim. Sabe, sempre fui independente na vida. Me entristeço de vez em quando, só que logo passa. — e deu uma pausa. — Como a minha avó sempre quis que eu tivesse uma educação fina, me mandou para a França, afinal tudo aconteceu na idade de entrar para a escola.
— Por que não veio para Hogwarts?
— Minha avó não gosta muito de vocês, mas por favor, não me leve a mal por isso.
— Caramba, eu esperaria qualquer resposta, menos essa. — Sirius riu bobamente.
— Parece exagero, né? Nunca me acostumei a viver como puro sangue e ter uma fortuna tão grande que servia mais para ser admirada do que ser usada com algum propósito benéfico. Há tantos bruxos realmente talentosos e nascidos trouxa por aí que valem muito mais do que todo o dinheiro do mundo. — O olhar de Fefa se perdia no horizonte banhado pela luz radiante do sol de primavera.
— Eu acho o mesmo. Até saí de casa por causa disso no verão passado.
— Mesmo? Me conte!— ela se voltou para ele.
— Não é lá uma grande história.
— Mas eu quero saber. Se não me contar, me informarei de outra forma. Nunca desisto tão fácil. — e sorriu meigamente.
Visivelmente contrariado, Sirius se levantou e tirou lentamente sua varinha das vestes e passou a girar entre os dedos. Por uma fração de segundo, Fefa pensou que o rapaz a atacaria por causa de sua ousadia. Talvez ele fosse alguém que não gostasse de falar de sua vida intima e sua insistência o havia aborrecido, embora parecesse ser um rapaz espirituoso. Cuidadosamente, colocou sua mão sobre sua varinha também, mas por cima do sobretudo para não chamar atenção. Certa vez, aprendera em Beauxbatons a ser cuidadosa com tudo, desde a aparência (claro!) até a se defender na mais perigosa situação.
O maroto, entretanto, começou a lançar pequenos raios vermelhos sobre a superfície do lago como se fossem pedrinhas, que batiam na água, faziam uma parábola no ar e voltava a tocar na água, sempre seguindo esse ritmo até se perder de vista. Lançando vários desses consecutivos, confessou com a cara ainda contestada.
— Bem, não há muito o que contar. Minha família inteira com sua mania puro-sangue me fez perder a paciência rapidinho. Deixei todos para trás: pai, mãe, irmão, avós, todos e passei a morar com o Tiago.
— Sério?
— Sim, por que?
— Cara, que máximo! Nunca tive a chance de me rebelar nem nada, mas admiro muito quem o faz. Isso mostra que você deve ser corajoso.
— Bem, sem querer mostrar arrogância nem nada.... — ele sorriu vaidosamente. — eu sou bem corajoso sim.
— Ah é? — perguntou ela com a cabeça inclinada para cima e um sorriso desafiador. — Só quero ver qual será a sua reação quando a Lula Gigante sair do lago e te perseguir por ficar perturbando-a com esses feitiços.
— Acha mesmo que tenho medo daquela aberração? Eu a faço de besta com os olhos fechados. — disse com um ar de superioridade. Enquanto discutiam, nenhum dos dois percebeu que ao longo do tempo aquelas águas iam ganhando maiores movimentos.
— Não me leve a mal, mas a humildade não é muito o seu forte, não?
— Bem, eu....
Nisso, algo saiu de dentro do Lago com um grande estrondo, molhando toda a margem, inclusive eles.
— Mas o que...? — Almofadinhas falou enquanto inutilmente tentava se secar passando as mãos no rosto e torcendo as extremidades das vestes, contudo, parou ao contemplar o monstro que saía de dentro da água.
Algo pontudo e enrugado estava à mostra. Uma espécie de chapéu de bruxa, mas muito, muito maior e com cor rosea. Aquilo ia cada vez mais aumentando até que seus olhos do tamanho de duas goles negras e saltadas foram expostos. Os tentáculos fixos ao que seria boca para nós, humanos, possuíam seis outros tentáculos do mesmo tamanho e dois maiores ainda e com mais agilidade. Seus movimentos eram pequenos, mas rápidos como sua exibição, dando à dupla um certo tremor por causa de seus vinte metros de altura expostos. Seus ruídos grossos e altos se assemelhavam a um bicho gravemente ferido implorando por ajuda. Sirius, apesar de já ter visto aquilo outras vezes, não pôde negar o susto que sentiu com a aparição. Já Fefa arregalou os olhos atônita. Agora entendia o que a professora queria dizer com “lugar tranqüilo”.
Então aquela era a lula gigante. Apesar de ter lido há alguns anos Hogwarts: uma história, se lembrava perfeitamente dos detalhes e, como acreditava antes, pessoalmente era bem pior.
— É melhor sairmos daqui!
— Não. Não há perigo; a Lula é dócil e eu sei dominá-la facilmente. — insistiu o rapaz.
Nesse momento, como se o animal ouvisse o que dissera, um de seus tentáculos maiores foi em direção a Sirius com uma velocidade tão alta como a da luz. Aquela não era uma Lula normal; era uma Lula com características mágicas também, fazendo jus ao seu atual habitat. Antes que ela o tocasse, Fefa, que ainda tinha sua mão sobre a varinha desde da exibição de Sirius, tirou-a e lhe lançou um feitiço marrom ainda a metros do tentáculo chegar à terra firme para alcançá-lo. O efeito foi que todo o corpo do bicho começou a tremer compulsivamente como se recebesse uma descarga elétrica.
Tal cena fez com que o maroto se surpreendesse. Como ela podia ser tão rápida mesmo com a mão já pronta? A rapidez da luz era muito alta e nenhum ser de Hogwarts faria aquilo. Nem Tiago com seus reflexos de quadribol. Só ela.
Com a defesa da garota, o animal foi recuando ferido aos poucos para dentro da água novamente, se afastando...até que quando Fefa se voltou para Sirius dando as costas para o agressor, este foi mais uma vez rápido e,com um de seus tentáculos avantajados, lhe deu uma rasteira por trás fazendo-a cair de boca no chão sobre um dos braços. Ao ver a cena e perceber que o monstro não a agarrava (ainda), Almofadinhas tomou a iniciativa e lançou desta vez um estuporante nele, que não resistiu e foi afundando e gemendo ruidosamente pelo lago, causando uma grande turbulência nas águas até que desaparecesse por inteiro, deixando as águas se acalmarem a cada segundo.
— Fefa, você está bem? — o moreno foi até ela e a virou cuidadosamente, pegando em seus ombros e em sua cintura o que (se não estivesse dolorida) teria feito a moça estremecer com o toque daquele homem em si. Pondo-a deitada com a cabeça para cima, ele deixou-a respirar e se acalmar, sempre se certificando se a ameaça passara mesmo.
— Eu...eu acho que quebrei o braço— falou roucamente, pois não agüentava a dor, o que fez com que seus olhos lagrimejassem.
— Qual?
— O direito.
— Aquela maldita Lula! Ela te deu uma rasteira e, como o chão está liso com a água, você escorregou com mais facilidade. Como você fez aquilo? Contra-atacar tão rápido. Ela nem tinha se movimentado! — Sirius perguntou com seus olhos fitando-a e um de seus braços passado por trás de suas costas, fazendo com que sua cabeça não ficasse apoiada na terra.
— Aprendi na outra escola. Sabe, posso parecer uma moça indefesa e tudo o mais, mas sou muito ágil mesmo com meu braço quebrado — colocou o braço para mais junto de si, aninhando-o ao peito como se pudesse lhe escapulir.
— Mas você podia ter morrido!
— Todos nós podemos morrer a qualquer momento. E nem me venha dizer o que fazer ou não.
— Eu não fiz nem ia fazer isso.
— Ótimo, porque também não gosto de ser controlada.
O grifinório sorriu. Aquela senhorita de indefesa não tinha nada, nem as palavras, assim como ele; diferente de Bela ou qualquer outra das meninas com quem saíra na vida. Ao perceber as atenções do maroto par si, não conseguiu evitar corar e foi obrigada a olhar para outra direção para disfarçar sua confusão, o que não deu certo. Sirius acariciou levemente suas costas como demonstração de carinho,deixando-a sem ação. Ah, ficaria muito grata se parasse com aquelas atenções desnecessárias que tanto a intimidavam.Querendo sair (ou não...) daquela situação embaraçosa, argumentou.
— Meu braço está doendo.— murmurou.
— Peraí que vamos dar um jeito nisso rapidinho. — apontou sua varinha para o braço direito a sua frente e disse “Férula”.
No mesmo instante, uma tala de madeira com alguns trapos juntos se anexaram no membro de Fefa, deixando-o imobilizado. Ao ver o que acontecera, a novata o girou parcialmente para conferir o trabalho do maroto como se precisasse dar lhe alguma nota pelo feito.
— E agora vamos?
—Sim...mas ...eu... — hesitou.
— O que foi?
— Preciso de ajuda para me levantar porque do jeito que sou posso quebrar uma perna sem o menor problema também. Sou uma desastrada.
— Bom, nesse caso.. — ele olhou ao redor para ver se ninguém os vigiava.
De súbito, levantou-se carregando a garota nos braços.
— O que é isso? Está louco? — disse tentando-se se desvencilhar e sair daqueles braços fortes e seguros, embora algo nela não queria nada disso.
— Calma, se continuar assim, nos dois cairemos e vai ser pior.— o maroto tomou rumo ao castelo.
— Black, estou com o braço quebrado e não a perna. Posso andar perfeitamente, sabia?
— Primeiro, não me chame nunca mais de Black; segundo, se continuar se debatendo desse jeito, você vai escorregar de novo e piorar a situação. É o que quer?
— Claro que não, mas se me virem assim com você no primeiro dia de aula, o que pensarão de mim?
— Que já no seu primeiro dia de escola já enfrentou uma Lula Gigante e se defendeu sem nenhum problema.
— Acontece que não fui eu e sim você quem a afastou.
— Hum....digamos que estamos quites. Agora, pare de reclamar e fique quieta para te levar à enfermaria senão te lanço um encantamento que a obrigue a caminhar somente com os braços e com as pernas juntas. Irá parecer uma múmia de tão dura.
Fefa apenas sorriu com a brincadeira.
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N/A: Nossa, finalmente estou com minha net d volta!!! Vcs nao imaginam como é ruim ficar 40 dias sem ela......Em compensaçao, escrevi bastante minhas fics......acho esta aqui eu concluo em julho.
Estou tao feliz de estar de volta!!! E fiz duas irmazinha na net q adoro muito e, depois d muito tempo, elas comentaram essa fic.
Espero q aqueles q tiveram duvida do nome Fefa Carvalho tenham esclarecido q ela nao é francesa.
Agradecimentos:
Fefa: É claro, a mais interessada de todas na fic. Obrigada pelo carinho por essas semanas, preocupaçao e elogios. Acredite, adoro quando chega a hora d eu ter q t entregar a fic......fico ansiosa e com certo medo d vc nao gostar do meu trabalho, contudo faço tudo com o m,aior carinho e com dedicaçao. Logo atualizo d novo. Nunca me canso d ler seus comentários e agradeço demais por eles. Agora, posso tc mais com vc. a Fernanda está cada vez mais se adaptando à nova rotina. Nao perca o proximo capitulo heim....vc vai gostar , mas nao quero ninguem passando mal.
Andy SLy: Cara adorei seu nome......minha irmazinha sonserina. Obrigada por ter lido a fic......vlw pela sua solidariedade. Imagine só o q o Sirius vai fazer? Nenhum BLack é confiável.
CIssy Sly: minha caçulinha......o suspense tem muita graça sabia? Até agora nunca desisti das minha fics e nao pretendo desistir agora, senao tm gente q me mata. Vai se preparando....terá Remo e Lily sim! A Tonks é futuro, neh?
Aninha: HOje eu leio "Unidas"pode deixar. Coitado do James......ele vai ajudar o Sirius a ficar com a Fefa. A bella é um mal carater, nao vai querer se separa do Sirius tao facill. Mas nao julgue tao duramente os personagens...alguns podem mudar d atitudes....
Obrigada à todas pelo carinho e tudo o mais....tenho muito prazer em escrever essa fic graças a vcs.
BEijos e obrigada d verdadeeeeeeeeeee.
Gude Potter
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