Caindo as máscaras



4. Caindo as máscaras


A excitação era geral em Hogwarts. Faltavam dois dias para os NOM’s acabarem e três para o ano letivo encerrar-se. Mesmo cansados de tanto estudarem, todos os alunos estavam num pique só; conversavam alto pelos corredores enquanto se dirigiam ao Grande Salão, um ou outro sonserino jogava azarações nos lufa- lufas sem se importar com a desobediência às regras e havia até quem contasse aos amigos os planos para as férias nem começadas.
Aos poucos, as mesas das Casas foram se enchendo e murmúrios se espalhando pelo lugar. Fefa, que acordou cedo e pretendia conversar com a Professora McGonnagal sobre sua adaptação ali, estava adorando tudo, inclusive o uniforme dourado e vermelho que usava. Era como se tivesse sido transportada a um outro universo, pois aqueles costumes não se assemelhavam em nada com Beauxbatons. Para começar, nem existia aquele método de divisão em quatro turmas, mas enfim, era divertido. Tentando ser a mais cuidadosa possível (sim, porque quase tomara duas vezes banho de lasanha no dia anterior), serviu-se de omelete e bacons fritos, seguidos de suco de abóbora, seu favorito. Ao seu lado, Emily lhe fazia companhia e lhe contava sobre a prova de Transfigurações.
— Eu não sou lá muito fã de Transfiguração, mas a prova estava realmente fácil; mesmo porque eu passei metade do ano estudando só ela.
— Parece ser bem difícil — comentou a morena.
— Mas só parece. Olha só, você conversa com a Minerva e ela vai te dar todas as dicas possíveis sobre Hogwarts.
— Ela tem uma cara ranzinza. —balbuciou Fernanda, brincando com a comida ao revirar o garfo no prato sem destino.
— Ah, isso é apenas fachada — delatou a loira, se inclinando para que a amiga somente ouvisse numa ação cúmplice. — Você precisa ver como ela fica quando ganhamos a Taça de Quadribol. Acho que chega dar uns vinte beijos no Tiago.
— Por que?
— Oras, ele é o apanhador da Grifinória. Sempre pega o pomo. — e deu uma pausa ao olhar a porta do Salão — e por falar em Tiago...
Será que o maroto vinha? Se fosse ele, Sirius também chegaria junto. Sentindo seu coração bater mais forte e o estômago se revirar; assim, Fefa se voltou para a direção vista pela colega. Lá, vinham Jessei e Lílian. Frustrada por não vir quem pensara e não entendendo o comentário de Emily, perguntou:
— O que elas têm a ver com o assunto?
Quase que cochichando, a resposta veio.
— Acontece que o Potter arrasta uma dúzia de centauros por causa da Lily.
— É?
— Sim. Desde que os dois se conheceram, o Tiago só joga elogios para ela. Isso, é claro, aumentou de uns tempos para cá.
— Entendo. Pensei que fosse brincadeira.
— Nada disso.
— Mas por que a Lily não o escuta?
— Ela não gosta do exibicionismo dele. Acha que, por andar com Sirius Black, é tão safado quanto ele.
Sem gostar muito da observação, a novata passou a mastigar a comida com mais força do que deveria, o que quase a fez morder a língua brutamente.
— Não creio que Sirius seja...— porém, foi interrompida antes de completar sua conclusão.
— Muda de assunto. —implorou a colega um tanto que assustada.
Assim, a ruiva e a acompanhante se juntaram às duas e se sentaram, conversando alegremente sobre as férias.
— Nossa, estou morrendo de saudades de casa. — Jessei desabafou.
— Eu nem tanto. Só em lembrar que minha irmã cara- de- cavalo estará lá.... — a monitora se desanimou, espetando com tudo uma fatia de bacon na bandeja com o garfo.
— Qual é mesmo o nome dela?
— Petúnia.— contou secamente.
— Com certeza ela tem inveja de você, Lily; você é bruxa e ela não. — encorajou Mily.
— Às vezes eu não a suporto!
E a garota continuou a se servir. Sem querer se intrometer na conversa, Fefa achou melhor não opinar, afinal nem sabia o problema real para tanta revolta e chateação. Percebendo que a novata estava ali sem comentar, ela, por mais que estivesse magoada, decidiu consertar as coisas já que não tinha culpa do comportamento de Black; depois de se tornarem amigos, é obvio que o defenderia de intrigas.
— Olha Fefa, acho que fui muito mal - educada com você ontem. Me desculpe, sim?
— É claro. Minha atitude não foi a das melhores também.
— Você não tem culpa de nada; só quis defender seu amigo.
— Esquece isso Lílian. Sou eu quem tenho que pedir desculpas. Você quem me ajudou na minha adaptação e tudo o mais. Lamento por tudo.
E a morena sorriu. Por mais que ainda descordasse dela, a outra estava enganada sobre seu “namorado”, contudo, era melhor o assunto morrer ali mesmo. Por falar em Sirius, onde ele poderia ter se metido? Sua prova começaria em minutos e há quase uma hora que descera para esperá-lo e dar-lhe boa sorte antes do exame. Será que era verdade sobre ele ter outras namoradas por ai? Será que estaria com alguma delas naquele momento? “Não, ele não faria isso comigo! Eu o mataria” pensou intrigada. Com a ansiedade evidente em suas veias, derramou por acidente seu suco quando tentara pegar o copo para tomar o líquido. Isso o que resultava do nervosismo.
— Está tudo bem, Fernanda? — questionou Jessei ao vê-la arrumar tudo com a varinha nervosamente.
— Oh sim. Foi uma distração. — disfarçou. “Tomara que elas não tenham poderes de oclumência” torceu.
— Melhor. Pensei que você estaria ainda magoada comigo, Fefa. — expôs Evans.
— Não. Foi um acidente mesmo. O que? Acha que eu estava pensando no Black?
— É você quem está dizendo.
— Lily, deixe a menina em paz com esse assunto. Depois dessa, ela nunca se envolveria com Sirius, não é Fefa?
A garota parou com a limpeza e apenas sorriu, corando. Ah, se soubessem...
— Meninas, só conversei com ele um pouco; sabem, coisa de amigos. Nunca me envolveria com alguém interesseiro. Sou uma moça um tanto que certinha e não me deixo levar pelos vadios do mundo.
— Isso mesmo, flor. Há dezenas de mulheres que se deixam usar, mas nenhuma de nós quatro cairemos nessa, né? — explicou Mily com uma cara séria; como se fosse um discurso para os soldados antes de uma batalha.
— Isso.— riu Carvalho com o jeito da loira. Voltando a brincar com a comida, soltou: — Fiquem tranqüilas; sempre escuto meus amigos.
— Faça isso, Fefa. Queremos o melhor para você e conhecemos os garotos daqui muito bem. — argumentou Jessei — e por falar em garotos...ah... sentirei falta do McMillian no próximo ano letivo. Ele é tão lindo.
— Por que sentirá falta? — indagou a novata, contudo a monitora lhe explicou.
— Ele termina o sétimo ano agora Fefa.
— E quem é?
— Aquele de pé da Corvinal, conversando com o Flitwick na mesa dos professores. É que ele está de costas, senão você o veria melhor.
Virando o pescoço para as mesas dos professores, a morena viu um garoto loiro, alto e magro falando com um senhor baixinho do outro lado de uma longa mesa com o corpo docente tomando seu café. O rapaz, porém, fazia movimentos rápidos com as mãos e, ora ou outra, ajeitava as vestes. Charmoso....mas nem se comparava a Sirius. Ah....nasceria o homem que fosse igual ou melhor que seu maroto. Ele era perfeito mesmo com aversão de Lily. Ela nem o conhecia direito! Provavelmente apenas o queria destruir por inveja ou outro motivo, como a suposta má influência sobre Tiago, segundo Emily. Sirius era tão lindo...
Mesmo com sua opinião diferente das outras, decidiria contar mais tarde seu novo relacionamento; até lá, poderia ter outra visão de mundo dele e ela própria também.
Voltando-se à conversa, mentiu:
— Bonito, mas nenhum homem daqui me atrai.
— Nenhum? — uma voz masculina falou ao seu ouvido sedutoramente. Ao mover seu corpo para ver de quem se tratava, embora desconfiasse, foi arrebatada por um beijo no qual nem lhe deu tempo para respirar. O atraente animago, que povoava seus pensamentos há segundos atrás, lhe puxava para si e aprofundava a ação.
Ao terminar (graças a ela, que estava já sem ar) olhou ao redor. Ali, estavam as três veteranas paralisadas e com expressões atônitas, três rapazes, nos quais dois riam de se acabar e um, tímido, fitava tudo; isso sem contar o choque da parte feminina do Salão principal.
— Bom dia, Fefa! — saudou o conquistador na maior empolgação.
— Black, o que significa isso? Como se atreveu a beijá-la? — censurou Lily.
— Desculpe, mas não posso beijar minha namorada? — declarou num tom sarcástico.
Houve um silêncio mortal na rodinha, o que atraiu mais alguns expectadores ao redor. Sirius sorriu e sentou-se do lado da morena, começando a se servir de torradas e geléia, como se aquilo fosse algo mais natural do mundo em irritar a ruiva. Esta, por outro lado, olhou com profundo desgosto a novata, que corou furiosamente. “Não acredito que ele fez isso!”
— Então vocês estão namorando?! Mentiu para nós, Fernanda?
— Eu...
— Nós a recebemos com tanto e carinho e não pôde confiar na gente nem um pouco? Teve que nos enganar? — ofendeu-se Jessei.
— Meninas, por favor...faz pouco tempo...
— Olha, eu entendo que namore, mas por que mentiu? Se é isso o que você quer, não a impediríamos, porém ainda acho que você irá sofrer muito.
— Ei....o que quer dizer com isso? — interveio Almofadinhas com uma expressão hostil em seu perfeito rosto. Se Lílian queria implicar com Tiago, tudo bem; mas ele não nunca lhe atormentara!
— Quero dizer, Black, que você é o pior partido que já existiu. Não passa de um mulherengo, difamado, que só pensa em se aproveitar das alunas desse lugar. Se eu pudesse, daria a maior detenção de sua vida. — a monitora desabafava tudo com os olhos quase saltando das órbitas. Sirius nunca lhe tentara fazer nada, mas quantas amigas suas já choraram por ele, inclusive Jessei, que se não fosse pelos seus conselhos, também seria mais uma de suas. Não queria que Fefa passasse pela mesma situação; simpatizara com ela desde de o início. Por que a enganara? Será que merecia?
— Olha Evans, aquilo tudo passou, ok? Não sou mais como antes. Se estou com a Fernanda é porque realmente gosto dela.
— Você é um mentiroso de primeira, mas se pensa que deixarei a Fefa cair nas suas más atitudes se enganou.
— Más atitudes? Ora sua...— nisso, Sirius se levantou e empunhou sua varinha. Entretanto, Tiago, que parara de rir há um certo tempo ao ver a situação se agravando, correu para o lado de seu lírio e o abraçou de lado.
— Agora você passou dos limites, Almofadinhas. Se quiser brigar com a minha ruiva, terá que brigar comigo.
— Sai Potter. Não preciso da sua ajuda nem da de ninguém para me defender desse cachorro. — a moça o empurrou com ódio e levantou-se bruscamente, chamando atenção de todo o salão agora.
— Ai, Lily — reclamou Tiago. Como ela sabia do “cachorro”? Seria intuição? Ou acaso?
— Chega Lílian, não é para tanto. — Fefa imitou seus movimentos e começou a alterar a voz mais alto.— Escute, a vida é minha e eu faço com ela o que bem entender. Já sou madura o suficiente para tomar minhas próprias decisões e digo isso com anos de experiência. Se eu decidir namorar Sirius ou fazer algo mais (certas meninas das proximidades gemeram), só eu posso me reprimir — com essas palavras na mente e o cérebro borbulhando de raiva, não se conteve. — Além do mais, você não é tão pura assim não, portanto não pode querer dar lição de moral. Do contrário, não ficaria aos beijos com o Remo embaixo do Salgueiro Lutador em vez de assistir aula.
Essa frase foi impactante.Todos os alunos começaram a murmurar no Salão e comentarem sobre a monitora da Grifinória.
— A Evans? Não acredito!
— Ela nunca faria isso.
— Bem que eu desconfiava que ela era santinha demais.
— Aquela menina não sabe de nada. Quem pensa que é?
— Só porque entrou aqui há pouco já pensa que é a dona da escola?!
— Bem feito. Verdade ou não, assim a Evans larga a mão de ser prepotente e arrogante.
Até Slughorn fez seus comentários.
— Por isso que eles faltaram na minha aula ontem! Evans safadinha — e coçou os bigodes.
Muitos dali pareciam até se divertir com a situação. Contudo, a mesa da Grifinória era a mais calada. Jessei e Emily apenas olhavam sérias da amiga para Fefa; Rabicho ria mais do que nunca; Tiago olhava com uma cara ameaçadora para Remo, que não sabia onde por a cabeça de tanta vergonha; Sirius não falou nada, apenas observava a situação; bem feito para ela! Lily, por sua vez, ficou mais vermelha do que nunca estivera em sua vida e seus olhos começaram a lacrimejar. Sem reação e incapaz de dar uma boa resposta, saiu correndo dali para fora, o que aumentou mais os comentários, especialmente os sonserinos. Não lhe agradava por nenhum momento ouvir agora as pessoas falando mal em suas costas. Sua imagem de aluna exemplar estava arruinada. O que os professores pensariam dela? E seus demais colegas? E Remo?
— Tadinha, a sangue- ruim foi chorar no banheiro. — alguém perto dali conspirou.
— É pouco o que ela merecia. — responderam.
Ao ver o que fizera, Fernanda sacudiu a cabeça e sentiu um grande arrependimento por tudo. “O que eu fiz?” pensou com desespero. Por mais que a amiga não devesse se intrometer em sua vida, não tinha culpa. Sirius, seja lá o que fizera no passado, suas intenções não eram ruins e ela sabia disso.
— Fefa — Sirius a chamou.
— Agora não.
Querendo resolver o mais rápido possível o mal entendido, Fefa saiu atrás da ruiva. Chegando ao Saguão, não viu ninguém. “Droga” pensou.




— Sei que você não é nem um pouco amiga da sangue- ruim, mas também já está exagerando na risada, Black.— informou Snape entediado, cujo lado na mesa havia ninguém menos que Belatriz sentada, rindo de se acabar da situação. Nem comia mais para aproveitar aquele momento de satisfação.
— Você não entende, Severo? Agora com esse aviso da sangue- ruim sobre o meu primo, a novata terá mais certeza ainda dos deslizes de Black.
— Que quer dizer?
— Quero dizer que já tenho o plano bem aqui — e apontou para o couro cabeludo — na minha cabeça. E lhe digo que Evans ajudou muito colocando a incerteza naquela sonsa.
— Então separará os dois logo, Black?
— Logo não. Ainda hoje. — e a garota sorriu, vendo de longe a confusão dos marotos ao finalmente se ajeitarem para tomar seu café da amanhã.




“Ela tem que estar em algum lugar”pensou, torcendo para que sua busca terminasse
o mais rápido possível. Sirius já havia procurado nos lugares internos do Castelo em que estivera com Fefa no dia anterior; sala comunal, enfermaria, corredores, voltou ao Salão Principal e nada. Sua prova começaria em poucos minutos, porém tinha que falar com Fernanda, esclarecer algumas coisas e contar-lhe outras. O que Lily dissera, de certa forma, não estava errado. Realmente, era um mulherengo de primeira , mas aquilo foi antes. Antes de mudar de idéia, antes de terminar com Belatriz, antes de conhecer Fefa...
Por hora, sua maior preocupação, colocando os NOM’s em segundo plano, não deixava de ser em como encarar a namorada depois de tantas intrigas. Ia de um lado para o outro, corria pelos caminhos e até chegava a atropelar gente durante sua busca. Passados minutos andando e não encontrou quem queria nesse tempo, apoiou-se com os braços abertos no parapeito de uma janela no segundo andar, tombou a cabeça para frente, fazendo-a encostar no vidro gelado da manhã, e bufou. Respirou firme e fundo, já quase sem esperanças e desanimado. “Uma hora vai aparecer.”Concluiu. Será? E se Evans houvesse convencido ela? E se não quisesse mais saber dele? E se...o odiasse? Sirius sentiu seu estômago contrair-se. Merlim, por que? Nenhuma mulher nunca fizera isso! Era algum tipo de feiticeira francesa que os ingleses desconheciam? O que havia de errado?
Com todas essas perguntas na cabeça, o rapaz de repente notou: havia alguém sentado nas margens, movimentando suas pernas para dentro da água (podia perceber isso mesmo estando há metros de distância), uma morena que ocasionalmente mexia seus cabelos. “É ela! E eu nem lembrei do Lago!” Desatando a correr mais uma vez, não acreditava que nem lhe passara pela a cabeça verificar aquela região.
Apressou-se contra vários alunos indo na direção oposta e subindo as escadas, ansiosos pelo último dia de prova. O animago, contudo, nem se importou: continuou a empurrar os colegas e fazia de tudo para alcançar o exterior.
— Black! — gritou o monitor da lufa-lufa ao ser jogado para fora da trajetória pelo animago como se estivessem num jogo de futebol americano. Ignorando a censura, continuou.
Sentiu o sol sobre sua face e um breve calorzinho sobre ela, entretanto, tinha coisas mais urgentes a se fazer do que tomar sol lá fora. Indo em direção ao Lago, avistou o Salgueiro lutador. Será que Lily estaria ali com Aluado naquele momento? Sacudiu a cabeça, tentando ignorar aquelas idéias sem importância, prosseguiu. Depois de tanta procura, ali estava Fernanda Carvalho, relaxando e....chorando?
Sirius se aproximou cautelosamente da namorada, que enxugava uma lágrima por vez, e antes de se sentar ou fazer qualquer barulho, a novata tomou a palavra, murmurando com a voz embargada:
— Deve estar me achando uma idiota.
— Como posso pensar isso?
— Fácil. Quem você já conheceu alguém que mal chega num lugar novo e já arruma escândalos no primeiro dia praticamente? Não passo de uma idiota. — e afundou o rosto inchado nos joelhos, agora dobrados e junto ao peito.
— Fefa, você apenas se defendeu, não entendo porque tanto remorso. A Evans te atacou, não foi? Quem é ela para dizer o que fazer ou não? — assim, o animago sentou-se ao seu lado direito com as pernas dobradas para não se molhar, abraçou-a de lado e iniciou uma caricia em sua cabeça, tentando confortá-la.
— Eu disse que nunca me envolveria com você, entende? Lily me disse que Sirius Black não prestava e que o melhor que eu poderia fazer é ficar longe de você. Entende?
— Não muito — respondeu confuso. Se a garota lhe ofendera na mesa, como fizera, porque possuía remorso com o que dissera em seguida? Seria uma forma de vingança, não?
— Ah — suspirou— eu não devia ter dito aquilo sobre ela e o Remo. Me sinto uma criança agora. Coitado, ele não teve culpa de nada e é tão quietinho. — afundou o rosto agora no ombro do namorado, chorando mais do que nunca e molhando suas vestes.
— Bom, desculpe, mas isso tenho que concordar. Todos ficaram zuando o Aluado por causa daquele beijo.
— Ah, Sirius! Quero ir embora! Sair deste lugar. Eu nunca deveria ter deixado a França. Todos devem pensar que sou uma interesseira e mal - educada que só veio para atrapalhar a rotina.
— A primeira pessoa que disser isso na minha frente vai levar um Cruciato bem na barriga. Ninguém tem o direito de falar de você assim, ainda mais comigo por perto.
— Ah Sirius. — e se jogou em seus braços, virando-o finalmente para si e apertando o corpo oposto contra o seu. Aquele era o melhor homem do mundo! Nem o conhecia direito, mas podia apostar tudo para confirmar isso. Separando as cabeças um pouco, o jovem jogou para trás os fios rebeldes sobre o rosto da moça e o trouxe para si da mesma forma que fizera na noite passada.
Aquele era o único jeito poderia deixá-la melhor. Não pelo o ato em si de beijar, mas por receber carinho e proteção de alguém daquele lugar; lugar em que ninguém mais iria querer nem olhá-la. Lugar que nem teria mais amigos; sim, pois Jessei e Emily com certeza tomariam partido de Lílian e com razão. Já eram amigas há anos, porque mudariam de opinião com a entrada de uma aluna nova? E os demais colegas? Pedro,Tiago e Remo? Pedro não fora com sua cara desde de o primeiro momento (assim como ela em relação a ele), Tiago é gamado em Lily, não gostaria nem um pouco de saber que a ruiva passara a ter uma má imagem e Remo....bem...melhor nem pensar nele.
Depois de tantos mimos e carinhos, ambos se separam e ela deitou-se em seu colo de um jeito manhoso, enquanto Almofadinhas passava a desembaraçar seus cabelos lentamente, dando sono à namorada. Aquilo era tão bom.....a cena lembrava bastante o ataque da Lula; era só o que faltava para o dia ficar completo.
Mesmo com tantas atenções, Fefa interrompeu o silêncio.
— Sirius, você não é um galinha como dizem não?
— Eu...— e parou. Agora mais do que nunca, seu passado comprometia. Ah, o que era aquilo! Aqueles hábitos se findaram há dias, por que temia a pergunta, que seria muito compreensiva se tratando de Sirius Black? Tentando evitar virar vítima de intrigas como as daquela manhã, simplesmente fora sincero. — Bem, de fato, fui um pouco vadio nesse assunto.
Nem terminara de falar e de ímpeto, a morena se soltou de seus braços e se sentou, olhando fixamente em seus olhos. Não exibia nenhuma expressão, nem de raiva nem de compreensão, apenas o fitava, o que foi retribuído. Tudo estaria acabado? Será que ela era tão tradicional que não aceitaria seus furos? Podia garantir que tudo acabara!
Pigarreou e continuou com as perguntas.
— Mas e agora?
— Agora não mais.
Apenas falou isso. Fernanda o contemplou tão profundamente que nunca fizera com ninguém. Deveria acreditar? Por que não? Nunca tivera provas contra, excluindo o comentário da enfermeira. Ah, mas o que ela poderia saber a vida afetiva de Sirius Black? Se ele dizia, não havia um motivo de duvidar.
— Então....antes foi mesmo, não?
— Sim. Faz diferença?
— Não. Não posso te condenar pelo passado. Além do mais, quem sou eu para tal coisa?
— Não é questão disso, é questão que seja o que tenha acontecido, não tem importância agora tem?
— Não. — e sacudi a cabeça, recebendo um macio beijo em troca. Ao terminarem, Fernanda olhou no relógio e arregalou os olhos aflita.
— Sirius, o seu NOM’s! Você está atrasado! Não deveria estar aqui comigo!— se afobou tentando se levantar. Foi o grifinório que a segurou pelos ombros e a obrigou a se acalmar.
— Calma. Tenho meus modos marotos — e sorriu de um jeito safado e despreocupado.
Vendo seu olhar negro de curiosidade, Sirius colocou sua mão esquerda entre a blusa e o corpo para apanhar algo junto ao pescoço. Ao trazer a mão de volta, Fefa viu uma espécie de ampulheta anexada a uma corrente de ouro que passava em volta de seu pescoço. Ao visualizar isso, a aluna não sabia se ria ou se assustava.
— Céus! É um vira-tempo. Como conseguiu um? — e passou o indicador sobre o objeto quente graças ao contato com o corpo masculino dele.
— Afanei.
— Você o que? — a bruxa não acreditou. Que costumes aquele gato tinha?
— É, não se assuste. Eu e o Tiago somos especialistas nisso. A gente sempre pega emprestado e logo devolvemos as coisas da diretoria.
— E quando pretendem devolver isso? — perguntou ainda fascinada pela areia roxa brilhante.
— Bem, digamos que esse vira-tempo nos apossamos — declarou e recebeu um olhar de repreensão, portanto se apressou em explicar tudo. — A Minerva até se cansou de procurar esse aqui — e sacudiu a ampulhetinha — já faz muito tempo.
— Você é terrível. — desabafou a garota se debruçando sobre o namorado e dando-lhe um selinho com um sorriso.
— Mas você gosta. — e se beijaram mais uma vez.
Ao terminarem, Sirius se levantou, após beijar a mão da namorada, fazendo-a corar, e pondo sua mochila nas costas, Fernanda interveio.
— Espere.Vocês têm prova de poções agora, não?
— Sim.
— Pode me emprestar o livro de poções? Quero saber o que pode cair na prova. Ontem não apenas folheei um exemplar.
— Claro. — o rapaz se agachou no chão, abriu a mochila com a varinha e passou a procurar seu livro, até que o encontrou, oferecendo-o a morena.
— Obrigada, te devolvo depois.
— Não preciso desse lixo. — comentou pomposo, reorganizando-se com sua mochila.
— Ah, que modesto — disse sarcasticamente com um sorriso, observando-o.
— Você vai ver. Vou gabaritar essa porcaria. — tornou a pegar o vira-tempo com a mão, mas sem tirar os olhos da moça.
— Só quero ver heim?
— Verá. Até mais. — assim, deu uma volta com a ampulheta e sumiu.
Fefa voltou-se para o horizonte do Lago e pensou feliz “tenho muita sorte”. Onde acharia um cara como aquele? Na França? Talvez, mas é quase impossível. Além de lindo, era o ser mais confiável e especial do mundo. Sim, pois depois de tudo, não poderia desconfiar dele nunca mais. Aquilo era tudo intriga das grifinórias certamente.
Ainda inconformada com a sorte abriu distraidamente as páginas do livro do maroto e passou a estudá-lo. Caso não soubesse que aquilo pertencia ao namorado, não seria nada difícil concluir que o dono era um rapaz. O garrancho de letra, orelhas nas folhas, típicos palavrões escritos; até o livro de Tiago era melhor para se entender algo, mesmo assim , não iria desistir de se adaptar à Hogwarts. Céus, quantas poções que nunca vira na vida! Verdade que nunca dedicara muito sua vida ao estudo de poções, mas agora era tudo novo. Leu página por página no livro e se divertia ao ler os recadinhos não apagados pelos marotos, seus diálogos enquanto jogavam feitiços no professor ou nos alunos durantes as aulas. Até que.....havia uma página branca de pergaminho solta no meio. Mas.....o livro tinha tinhas amareladas. O que estaria fazendo ali? Seria que ela própria havia rasgado por acidente? Será que é de outro livro? Do que se tratava? Seria a continuação da Poção Paralisante? Querendo saciar sua curiosidade, abriu e leu.

“Almofadinhas,

Acho que sua memória está prejudicada, mas mesmo assim vou refrescá-la. Hoje é lua cheia e, em alguns minutos, eu e o Rabicho desceremos até o Salgueiro. O Aluado já foi lá. Não deixe de ir, porque ele ainda fica bem rebelde nesses tempos e é necessário os três para contê-lo.
Demoramos um longo tempo tentando te encontrar. Depois da aula de adivinhação, o vimos no mapa sentado com a tal Fernanda Carvalho na beira do Lago. Você é mesmo um safado! Eu tinha certeza que aquela história de mudança afetiva era passageira. Os Black nunca mudam. Você só precisava de um estimulo para trazer o velho Sirius de volta a ser um cachorrão conquistador e agora você voltou.”


Fefa parou a leitura por uns instantes, estreitou os olhos e prosseguiu.



— Entendeu?— perguntou Belatriz andando apressada por uns dos corredores desertos do Castelo de uma forma quase que saltitante, caminhando ao lado de um Snape meio que constrangido.
— Claro que entendi. Você não pára de repetir há uma hora. — desabafou irritado. A maior característica de Bela era o determinismo e a ambição; nisso, ninguém se comparava a ela. Talvez nem o próprio tal Lord das Trevas que tanto comentavam.
— Ah, estou tão ansiosa! — a moça comentou rindo.
— Quer tanto acabar com aquela garota? Coitada, o que lhe fez?
— Em primeiro lugar, ela não é uma garota e sim uma vadia! Em segundo lugar, essa fulana entrou em meu caminho e eu não recomendo isso a ninguém. E em terceiro lugar, é para o Sirius entender que comigo ninguém se brinca.
— Bom, você sabe o que faz — falou Severo observando a sonserina olhar em todas as direções como se alguém pudesse espioná-los e delatá-los, enquanto na verdade, era outra coisa o motivo de tanta atenção.
— Eu não, nós! — enfatizou a última palavra. — Se bem os conheço, aqueles quatro passarão aqui a qualquer momento. Sempre fazem alguma travessura por aqui depois das provas.— e espiou pelo lugar vendo se os avistava — Melhor você ir e procurar aquelazinha.
— Mas, e se eu não achá-la? E se quando eu aparecer você não...— mas Black o interrompeu.
— Olha aqui, apenas faça, ok? Até você encontrar aquela sonsa, é tempo suficiente para encontrar o Sirius. Agora chega. Não é bom nos verem juntos.
— Está bem. Até mais tarde.
Desse modo, o rapaz saiu, deixando a puro-sangue sozinha no 9o andar, passando a admirar os quadros para usar sua distração como desculpa por estar ali. Um deles eram senhores de cabelos brancos e bebiam contentemente, brindando a cada pouco sem se importar por haver uma telespectadora ali.
Ela passou cerca de meia hora ali, sem fazer nada. Será que não viriam? Será que mudaram de tática? Será que desistiram de “passearem”por ali? Não, os marotos sempre apareciam por ali em grupo, prontos para aprontar alguma. Mais do que impaciente, Belatriz tinha suas costas apoiadas numa parede, batia um dos pés ritmicamente, jogava a cabeça para trás e bufava. Mas não. Não desistiria agora. Depois de tanto tempo que conseguira prender Sirius, não o deixaria livre para uma novata sem classe. Ela era muito mais mulher que a tal Fefa e mostraria isso a ela. Mostraria que com os Black ninguém se brinca. De olhos fechados esperando o tempo se acelerar psicologicamente, ouviu de longe vozes masculinas altas e sorriu em tom de vitória. Abriu os olhos e esperou que seus donos se aproximassem excitados na conversa.
— Só por isso Almofadinhas? Coitada da Papoula, acho que não é para tanto. — declarou Remo pensativo e com o cenho franzido, andando ao lado de Rabicho e Sirius com sua mochila na mão.
— Como assim, só? Isso podia ter me custado muito com Fefa. — retrucou Sirius.
— Ainda não creio que seja para tanto. Não acha Pontas? — questionou Remo olhando um tanto tímido para o amigo parecendo um cão que abaixa as orelhas para o dono.
Tiago, sem dizer uma palavra, mortificou sua expressão para o lobisomem, mostrando claramente seu ódio por ele. Quando estavam a menos de um metro de Belatriz, que ninguém a vira parada até então, Rabicho delatou:
— Ora, acho que temos companhia, marotos.
Assim, foi inevitável que não visse a jovem plantada ali, cuja expressão não era das mais simpáticas, porém podia ser a mais linda e delicada do mundo. Ah, como Belatriz Black tinha e conhecia a arte de enganar. Os quatro grifinórios pararam e a contemplaram curiosos até que esta sorriu. Aquela exibição dos dentes brancos e sedutores os paralisou. Perigosa e astutamente com as mãos na cintura, se aproximou de Sirius e simplesmente afirmou.
— Preciso falar com você.
— Não temos nada a falar — respondeu de mau-humor.
— Ah, se enganou Black. Temos que falar e agora.
— Já disse que não. — falou com aspereza na voz.
— Muito bem, mas não me responsabilizo pela a sua amiguinha novata. — desafiou autoritária.
O que poderia acontecer com Fernanda? Será que estaria bem? Ou...o que aquela garota fizera com sua namorada? Seja o que for, Sirius não deixaria a situação por isso mesmo. Cedendo, concordou visivelmente contrariado.
— Muito bem, o que você quer?
— Já disse. Quero falar com você.
— Pois está falando.
— Não aqui, querido primo. Venha comigo.
— Para aonde? — ergueu uma sobrancelha. Vindo de quem vinha, não podia ser boa coisa.
— Venha comigo. — repetiu, dando as costas para os demais e saindo caminhando em direção ao corredor que viera mais cedo com o Snape. E assim Sirius o fez para a surpresa dos amigos ali presentes.



Não, não podia ser sério. Aquele bilhete não podia significar o que ela pensava. Não, não! Devia ser um bilhete para outra pessoa e não para seu Sirius. Entretanto, sabia que aquilo fora escrito era de Tiago para Sirius; já os vira se chamando de Pontas e Almofadinhas antes. O motivo daqueles apelidos não sabia, entretanto sabia quem era quem pelas conversas que presenciara. O que significava aquilo? Por que em lua cheia devia estar no Salgueiro lutador com...qual é mesmo o nome? Rabicho? Quem é ele? Seria o Lupin? Não....talvez o Pedro; não lembrava.Outra pessoa? Ou quem sabe um objeto. Aluado? O que era mesmo? Seja o que for, porque era rebelde? Por que Sirius nunca comentara nada sobre isso? Seria muito cedo para o começo do relacionamento? Como assim sua mudança afetiva era provisória? Sirius a teria enganado para poder beijá-la? Enganara-lhe? Como? Não era possível. Ele acabou de lhe confessar que mudara. Andando sem saber exatamente em que localidade do Castelo, a moça começou a passar mal, a ver tudo rodar com tantas perguntas em mente, completa com as pesadas lágrimas manchando seus delicado rosto.
Ele voltara a ser o mesmo galinha de antes, traindo-a com outras alunas? “E então, até onde chegou com ela? Ela é boa?” O que queria dizer aquele trecho? Será que Tiago sugeria que ela e Sirius tinham....? Não! Nunca em sua vida tiraram uma conclusão de sua pessoa assim. O que as pessoas podiam estar pensando dela? Agora mais do que nunca depois do escândalo com Lily mais cedo. O que fizera?! Ah, e ela que pensara que não se importaria com a opinião alheia! Bem que a amiga a alertou para ficar longe de Sirius Black! Por que não a ouvi, por que? “Já devem ter feito tudo a essa altura?” Céus! O que Sirius e suas namoradas faziam de tanta loucura para ser conhecido assim e ter esse tipo de fama? A velha história de sua fuga de casa? Todas suas conquistas sabiam dela? E...Merlim! Jessei também sabia; ela mesma mencionara na noite anterior. Será que os dois tiveram algo? Será pela amiga tão tímida e estudiosa que Evans insistira em preveni-la contra Black? Aposta? Sua fama estava assim tão baixa?
Fefa continuava a avançar pela escola com os olhos cegos por causa das furtivas lágrimas. A cada conclusão e lembrança sentia uma faca entrar em seu coração. Não queria mais lembrar...não queria mais lembrar.....queria voltar para a França e pensar que tudo não passava de um sonho. O amava. Sim, talvez fosse cedo para afirmar tal coisa, entretanto esse sentimento não podia significar outra coisa. Estava apaixonada por Sirius!
Namoradinha oficial? Que dizer que a estúpida e idiota da Belatriz era sua....namoradinha oficial enquanto ela, Fernanda , fazia o papel de outra? Uma amante, praticamente! Mentiras e mais mentiras! Por que Sirius? Por que fizera isso? Por que a enganou? Sabia que o maroto mantinha seus segredos, mas aquilo era demais.Quase sem conseguir andar direito, a moça sentou-se no chão depois e se apoiar com as mãos nas paredes. Seu rosto, antes risonho e rosado, não passava de pele inchada e molhada, além de olhos vermelhos e doloridos de tanto choro. Saquear o 3 Vassouras? Um restaurante perto da casa de sua avó? Uau, em que se metera? Ou melhor...com que se metera. Ele não era um ser humano. Era um animal; um cachorro vadio da pior espécie. Maldito. Como brincara com seus sentimentos!
Um ou outro aluno passava por ali e observava o desespero da morena. Uns fingiam que não ouviam ou viam nada. Outros até faziam menção em ir até ela, contudo se continham e recuavam, como se possuísse uma doença fatal e contagiosa. Alguns até chegavam a rir de Fefa.
— Bem feito! Quem mandou fazer aquilo com a Lily.
— Pensa que a escola é dela e pode ser folgada.
Maldita Hogwarts! Malditos alunos! Por que? Por que? Bem que sua avó disse. Por que não a ouvira? Por que se deixara levar por rapazes irresistíveis? Aqueles olhos, aquele corpo, aquelas palavras, aqueles beijos....
Até quadros e fantasmas se afastavam dela. Por que tanta preocupação? Sem olhar para nada, apenas com os olhos fechados escutou uma voz venenosa que a fez arrepiar.
— Está chorando no primeiro dia de aula? Oras, isso não é normal por aqui nessa época do ano.
Ao virar o rosto e descobrir de quem se tratava, não gostou nem um pouco da resposta...Severo Snape.Este, por outro lado, teve um enorme prazer em verificar que a tal novata se acabava em lágrimas. Tentando bancar o bonzinho, provocou.
— O que aconteceu? Posso ajudá-la?
— SAI DAQUI! — rugiu a menina, se levantando e pondo-se a correr mais que podia. Seguindo-a, num determinado lugar a puxou pelo braço, obrigando-a a encará-lo.
— Me escute. Quero apenas conversar, sim? Acalme-se.
Ele esperou alguns segundos para que a morena descansasse. Ruidadosamente, inspirava e expirava deixando o peito levantar e contrair.
— Pronto? — não esperando resposta, prosseguiu — Quero falar sobre o seu adorado Black.
O sangue dela estancou. O que era aquilo? O que aquele seboso pretendia fazer? Não tinha um bom caráter, ah não mesmo. Pelo pouco que conhecia sabia disso. Qual era sua intenção? Humilhá-la? Destruí-la perante os demais sonserinos? Era isso? Não podia render-se. Não podia dar o gostinho disso àquele infeliz, arrogante que tentara envergonhá-la perante a toda escola. Iria dispensar aquele seboso e depois resolveria tudo com Sirius.
— Diga — mandou displicentemente.
— Nada, eu apenas queria me desculpar pelo incidente de ontem.
— Ah,é isso? — virou o pescoço. “Quanta perda de tempo”pensou.
— Sim, agi muito mal com você e peço que me perdoe. — o garoto abaixou a cabeça. Que ótima atuação!
— Se é só isso, tudo bem. Tenho outras coisas a resolver. — e pôs-se a caminho do dormitório. Sem ter conseguido o que queria, começou a segui-la.
— Er....eu sinto que você não me perdoou. — andava de mal jeito para tentar acompanhar seus passos corridos.
— Não....tá tudo bem— ela enxugou outra lágrima — pode ir.
Não convencido e querendo mais, Snape apertou os dente com raiva e pegou num dos braços pálidos da adolescente pela segunda vez naquele dia. Entretanto, sua força estava além do pretendido e não só a virou para si como também lhe deu um hematoma roxo.
— Qual o seu problema heim? — reclamou, esfregando com cuidado o local atingido.
— Olha, não creio que tenha acreditando em nenhuma palavra minha, mas vou lhe mostrar que estou mesmo arrependido, te ajudando.
Ao ver que a grifinória ergueu uma sobrancelha curiosa, Snape, que queria muito rir se controlou, e abriu o jogo num sussurro.
— O tal Sirius é um mentiroso. Ele não presta.
Fefa se surpreendeu. O que Ranhoso poderia saber sobre seu relacionamento com
Sirius? Será que não se arrependera mesmo? Será que....aquele bilhete tinha alguma relação com tudo aquilo? Será que fora forjado? Será que seria alguma intriga da oposição? Involuntariamente, seu coração deu um salto. Podia tudo ser mentira; o bilhete, aquela conversa....tudo. Não, Sirius nunca a trairia nunca; em nenhuma situação. Tinha certeza. Tudo era um engano.
— Ah é mesmo? — desafiou com um sorriso.
— Sim.
— Pois eu não acredito. Isso é mentira.
— Eu não estaria tão certo — Snape sorriu estrategicamente.
— Não.
— Ah, — suspirou com um certo desapontamento na voz — então, acho que perdi tempo vindo aqui te avisar.
— Perdeu.
— Será?
Fefa, pela primeira vez, o fitou curiosa.



— O que acha? Está bom? — indagou Belatriz fechando a porta da Sala. Apenas fazia tal pergunta mais por cortesia do que preocupação de como ele se sentia.
— O que quer? — Sirius respondeu impacientemente e um tanto quanto ansioso. Para sua prima levá-lo para a Sala Precisa, algo bom não poderia ser e sabia disso por conhecê-la há anos.
O local, que conhecia há muito tempo também, possuía uma decoração muito familiar; na verdade, estava idêntica à sala da Mansão Black. Sofás de couro de dragão, não muito longe um mini bar com copos e garrafas cheios de wisky de fogo, lustre repleto de pingentes de cristais caídos, um longo tapete persa com vários desenhos decorativos de cores pouco vibrantes como marrom e vinho, as janelas mais transparentes do que nunca, cobertas parcialmente por cortinas longas e de veludo na cor azul marinho. E, neste amplo cenário não muito feliz para Sirius, uma grande lareira com detalhes de ouro e platina a sua volta. Nela, o fogo crepitava num processo natural e pouco quente. Na realidade, aquilo só estava ali para reforçar as idéias de Bela e não por estar frio. Vendo o modelo nada saudosista, o rapaz começou, sarcástico:
— Ah, que lugar encantador.
— Sabia que você iria gostar. — sorriu, entrando em sua brincadeira ao se aproximar. — Na verdade, sempre soube que você aprecia o passado, como todos os Black. — e sorriu enquanto caminhava ao redor do quarto, passando em frente da janela cuja vista era a mesma do verdadeiro Largo Grimmauld.
— Aonde quer chegar?— perguntou levantando uma sobrancelha, desconfiado.
— A lugar nenhum.
— Mesmo? Então me diga priminha, por que a decoração tão original? Não me diga que a Sala Precisa está com algum problema e leu errado seus pensamentos .
Nessa hora, a risada estridente de Belatriz soou pelo cômodo. Uma risada fria e maléfica como um presságio de morte. O maroto, pela primeira vez em quinze anos, estremeceu com o som. Já o ouvira antes, mas não assim. Sentando-se no sofá, pôs– se a pensar. Daquela vez, sabia que a moça tinha algum plano contra si. Por que? O que ele teria feito? Entretanto, a resposta apareceu em sua mesmo num breve estalo: Fernanda. A sonserina não deixaria eles namorarem e ela provavelmente já sabia dos dois, ainda mais depois da manhã turbulenta e cheia de revelações no Salão Principal. Definitivamente, tinham algo em comum: a determinação.
— Você sempre foi inteligente, Sirius, mas há um motivo para te trazer nessa cópia de sua casa.
— Ah, não me diga que minha mãe implorou para que eu voltasse.
E sorriu mais uma vez. Aqueles sorrisos se tornavam mais perigosos do que qualquer feitiço lançado pela mulher; ela sabia como induzir alguém.
— Você sabe que não. Só queria trazer você de volta... ao passado.
— Passado?— não entendera. O que Belatriz ganharia em lembrá-lo de coisas que já passaram? O que poderia ser?
— Sim, há coisas que, mesmo com o tempo continuando, não podem ser esquecidas. Veja você mesmo: mesmo tendo saído de casa, nunca se esquecerá deste lugar, assim como não esqueceu.
— Faz pouco tempo que fugi; não tem nem um ano.
— É, mas mesmo passando vários anos sem ir para sua casa, nunca vai esquecê-la. Nem que passe mais de uma década em Azkaban.
— Nunca irei para lá; não tenho motivos. E você prima? Ficará imaculada até quanto tempo das Artes das Trevas?
Não respondeu, apenas bufou. Seus olhos direcionaram a esmo, não focalizando nada nem ninguém e por um minuto, Sirius pensou se a prima fosse mesmo humana. Nunca se emocionava com nada; tudo era apenas diversão e indiferença, nada de sentimentalismo. Mesmo assim, o que podia mais assustar a puro sangue seria uma ida para a prisão. Aquilo não era digno para uma lady como ela, com a educação mais fina possível e com grande fortuna ao seu dispor. Caso fosse para Azkaban, seria por algo que realmente amasse. Seria possível tal coisa vindo de uma mulher assim? Ao se sentir derrotada psicologicamente, tratou de afastar logo tais temores ao voltar para a conversa.
— A questão é que tudo o que se passou entre nós não poderá ser esquecido com tanta facilidade como isso — girou a mão esquerda para demonstrar o redor. — e, se me conhece tão bem como pensa, deveria saber que sou uma aranha e faço teias. Caso alguém caia nelas, é impossível sair. É o que acontece com você, amor. Você é minha presa e não se livrará de mim. — Se aproximando sorrateiramente como uma cobra, sentou-se ao lado do grifinório, quase o obrigando a sentar-se sobre o braço da poltrona, já que a medida que Belatriz avançava, perdia território, tanto figurativa e literalmente. De ímpeto, a morena pegou na gola de seu sobretudo negro e o impediu de continuar com sua fuga.
Não demorou muito e ela postou-se em seu colo macio e tão cobiçado. O cheiro inebriante e suas palavras peçonhentas, além de sua beleza exótica, tiravam-no do sério. Uma bruxa em todos os sentidos e nem precisava da varinha. Ah, aquela “menina”tinha o dom de torturar. Se seguisse o caminho das trevas como suspeitava, aquela seria sua missão: torturar, machucar, matar....
Lentamente, o fez deitar sobre o estofado e, ora a unha arranhando frestas de seu tórax desnudo, abria os botões da camisa. Ao passar a mão, seguiu a boca pelo caminho percorrido e massageava-o com os lábios carmim. Com tudo aquilo, Sirius só pôde responder aos estímulos jogando a cabeça para trás, tirando-a da fronteira do sofá ao passá-la por cima do braço do objeto.
Rindo pelo resultado esperado, alfinetou:
— A carne é fraca.
De fato, ele sentia-se como numa teia de aranha; queria sair dali, queria se livrar dela, mas todo seu cérebro congelara, parara de ordenar seus membros. Mas não podia aquilo, não estava certo; agora tinha uma namorada. Já traíra muitas namoradas, porém Fernanda não seria igual. Por mais que Bela continuasse a levando-o ao céu como sempre, Sirius sempre soube que antes dele, havia o inferno e esse seria o ponto crítico: se livrar do inferno, a pior parte.
— Saia daqui — gritou o rapaz, dando um empurrão na acompanhante, que agora fazia cócegas com a língua numa região próxima à orelha. Tanto foi a força do movimento que a puro-sangue recebeu, a fez cair para trás, perto dos pés masculinos.
Ajeitando-se, reclamou com ira no olhar:
— O que pensa que está fazendo?
— Não te quero.
— Ah não? Não foi isso o que aparentava há segundos — disse triunfante ao lembrar das reações recentes do maroto.
— Não me ouviu? A única que quero e gosto é a Fernanda Carvalho e, pelo o que sei, esse não é seu nome.
Com o rosto ardendo e as unhas apertando mais que podia os pulsos alheios até fazê-los sangrar , Belatriz se atirou para cima do primo, dando-lhe uma cotovelada proposital na boca do estômago, o que deixou Sirius indefeso e dolorido com a falta de ar. Nessa deixa, a morena colou seus lábios aos de Almofadinhas, obrigando-o a acompanhá-la naquilo; tão forte como uma verdadeira Black .....e determinada.
— É uma grande mudança, Black!
Quando a voz interrompeu, ambos pararam e miraram a porta. O rosto pálido de Fefa entendera tudo.


+_+

N/A: Hey, lembram de mim?
Depois de meses sem postar, embora eu já tenha toda a fic comigo, apareci. Acho q vou tomar uma decisão dolorosa com respeito a esse mundo mágico do qual participo. Creio que pararei com a autoria de fics, nao por falta de idéia, que eu tenho que sobra, mas por falta de tempo.
Nao é certeza ainda, mas acho que postarei o ultimo capitulo dessa fic em fevereiro.
Quero agradecer a todos que me acompanharam nesse tempo e me apoiaram. Ao que criticaram, tambem agradeço, pois mesmo que tenha sido dificil, eu evolui em todos os aspectos....
Estou um pouco perdida sobre que eu já agradeci e tal, portanto farei um agradecimento universal.

MUITO OBRIGADA POR TUDO E TENHAM UM FELIZ NATAL E UM BOM 2008.

Todas minhas fics foram atualizadas em todos os sites que as postos. Aproveitem, presente do Papai Noel....

Beijos...
Gude Potter

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