Prova de coroação
Finalmente eles chegaram a um dos variados salões do castelo, porém este parecia ser diferente, não só pela sensação que transmitia, como também pelo embelezamento natural que nele havia, era oval, repleto de janelas cristalinas com cortinas longas de seda negra. O lugar tinha cuidadosamente delineados em suas paredes transparentes arcos, lanças, espadas, escudos e diversas armas de batalha e todas pareciam seguir alguma sequência cronológica.
Nas colunas, outros delineamentos do que se pensaria ser episódios da história de culturas antigas. No tecto, despendiam-se enormes luminárias, pois o céu estrelado e luminoso conferia luz àquela sala, que com as cortinas, tentavam impedir olhares curiosos. No chão liso, havia um tapete encarnado que levava até um trono, trabalhado com dezenas de pedras brilhantes e decorado com finos detalhes de relevantes acontecimentos élficos.
A impressão que se tinha, era de que aquele salão fora construído apenas e somente para abrigar aquele soberbo trono, não havendo a necessidade para nenhum outro móvel.
Elanor conjurou uma mesa, com cadeiras pra que se acomodassem. Os conselheiros olharam-se procurando saber qual deles tomaria primeiro a palavra. Martano, decidiu então ser ele.
_Os Istari, Haryon, são descendentes dos Ainur, espíritos primordiais, que desceram a Terra com o objectivo de ajudar a construir Arda e servir aos Valar, nós. No entanto, Os Sagrados , resolveram ser independentes e fundaram a Heren Istarion, Ordem dos Magos, para que seus "negócios" fossem independentes dos nossos.
_Os primeiros e mais conhecidos são Gandalf e Sarumam, ambos magos muito poderosos, conhecedores da magia pura, mas como todos os humanos, cheios de fraquezas de carácter. – fala a voz austera de Failon.
_Com o passar do tempo, os Istari começaram a se aproximar mais dos humanos até que se misturaram a estes. Conforme essa mistura foi se intensificando, os elfos e os sagrados foram se afastando, até que as relações terminaram. O último membro do Heren Istarion foi um mago chamado Mérlin, a mais de mil anos. Desde então, a sede assim como os documentos, diários e pertences dos Istaris estão guardados aqui, selados até que um herdeiro Istari viesse reclamar seus direitos. – explica Lóte a Haryon.
_E eu sou esse herdeiro? – pergunta o jovem inconsciente da atitude que devia tomar.
_Serais, se passar por um teste, Haryon. – confirma Elanor provocando um olhar contrariado de Failon dirigido a Haryon.
_E também terei acesso a esses documentos deixados por Istaris?
_Terais Haryon, e como estais ciente da presença de Melkor no mundo bruxo, eu acredito que esses documentos podem ser-vos útil de alguma forma. Contudo, vós podeis ou não optar por permanecer em Almaren.
_Não, eu quero ficar aqui, para mim não há terra no mundo igual a Almaren. E estou disposto a ser o herdeiro, proteger os Ezellohar e minha terra. - fala destemido.
_Isso é porque vós não conheceis o mundo inteiro Haryon. -declara Elanor que estava sentada ao lado do garoto.
_Almaren somente já me agrada, é aqui que imaginava as aventuras, era daqui que partiria a conquista de terras desconhecidas…enfim, nunca pensei em uma vida fora deste lugar.
_É bom ouvir isso de vossa parte, porém o que vos ligais ao mundo bruxo é muito mais poderoso. E não pode permanecer aqui, pois ‘Um dos dois deverá morrer na mão do outro, pois nenhum poderá viver enquanto o outro sobreviver...’ – pronuncia Hanya chamando a atenção do jovem com a frase, o que os obrigou a explicar a história a Haryon e responder as várias perguntas.
_Nunca vos perguntais o porquê de vossa cicatriz? – pergunta Melroch.
_Sim, só que…
_Melkor te fez essa cicatriz te marcando como seu inimigo.
_Então eu posso o vencer e ficará tudo bem.- fala determinado.
_Haryon, ninguém aqui vos pode garantir isso, só por ter algo na profecia que denuncia a sua vantagem em relação ao Melkor, não significa que possais derrotá-lo.- afirma Lóte querendo que ele percebesse bem o quão difícil poderia ser vencer Melkor.
_E que vantagem é essa?
_Não sabemos, isso é o que vós procurareis descobrir…isso vos levará ao mundo bruxo e lá também conhecereis o seu povo de origem e fará novos amigos.
O garoto permaneceu mudo erguendo a cabeça para o céu nocturno.
_Não conheço outro lugar que não seja este... -fala pensativo.
_Ora…Haryon, não era vós que estavas desejoso de correr perigos? - pergunta Martano animador.
O garoto sorriu e mirou Martano: _Mas não pensei em algo tão predestinado. Queria sair pelo mundo a procura de aventuras junto com Ehtyar. Eu é que ia encontrá-las e não elas que viriam ao meu encontro.
_Não vos preocupeis que tendes uma vida inteira para traçar as suas próprias vitórias. - fala Lóte encorajadora.
_Vós achais que Haryon fará com que se esqueça as memórias gloriosas, as conquistas daqueles que já cessaram? Ele não ultrapassará os limites de onde ninguém chegou. - fala Failon com sua voz puxada.
_Se tiver de acontecer, acontecerá. Haryon pode fazer suas vitórias não encobrindo as de outros elfos ou Istari e sim levantando-as ainda mais.
_Por que continuais a exaltá-lo? Isso seria um esforço excessivo. É mais do que permite a força humana. – Failon falou.
_Mas isso não significa que não possamos depositar confiança de que os feitos de Haryon possam ser admirados por outros povos. Pois serão dignos de serem apreciados.
_Para isso é necessário uma índole extremamente elevada. Haryon, vós estais arriscando a própria vida por uma simples miragem. - Failon dirigi-se ao jovem.
_E quem apontou que ele não quer correr esses riscos? Ele quer, o que ele poderá fazer é tão genuíno que dificilmente será imitado ou esquecido. - afirma Hanya no mesmo tom do elfo.
_Exactamente. Eu vou, eu desejo correr esse risco, pois sei que valerá a pena, será pra vos defender. - fala Harry.
_Desse modo, vós deveis estar a pensar na glória de mandar, a cobiça…-fala e de seguida olha pra Haryon e continua. _ Já pensais nas consequências? Nos mortos? Nos perigos? Nas tormentas? As crueldades que experimentareis? Depois de tudo seguireis por um caminho sem retorno até que a dura inquietação da vida te persiga. Eles a vos chamam de ilustre, de fama, glória soberana…puro engano.
A que novos desastres determinarás a este povo e esta gente, Haryon? Que perigos, que mortes virá atrás desses actos imprudentes que vós chamais de coragem? Crê que a promessa de paz se concretizará facilmente? E vós? Que famas, vós vendes nele? Que futuras histórias? Que triunfos? Que palmas? Que vitórias? Isso não sucederá, já que tanto vós como ele resolveis chamar de esforço e valentia à ambição e notoriedade. E como julgam que ele alcançaria essas tais proezas?
_Com treinamentos…- começa o garoto, mas logo é interrompido.
_Precisamente. Não tem cidades ou terras infinitas que não se conquistam erguendo armas, se quereis ser louvado por vitórias. E armas tanto podem vos levar a essas vitórias tal como a sucessivos fracassos.
_Ele não irá sair por aí a conquista de terras ou a matar pessoas. - fala Martano.
_Mas precisais conquistar o povo dessas terras, trazê-lo para o vosso lado. Haryon, vós ireis criar inimigos.
_Seria um tolo se não criasse. – fala irónico.
_E como acha que se defenderá deles? Com meras palavras? Estão pondo vós correr atrás de perigos incertos e incógnitos através de exaltações e elogios.
Maldito, maldito o primeiro Istari que, pela primeira vez admirou o mundo Élfico. Maldito, seres ínfimos e sem valores. – fala a voz solene e audível de Failon.
Os demais calaram-se, pensando nas palavras dele. E sabiam que no fundo, Failon devia ter uma certa razão ao afirmar que Haryon correria atrás de vitórias difíceis de serem vencidas.
A figura do elfo guerreiro apresentava uma autoridade, uma respeitabilidade, que lhe permitia falar e ser ouvido atentamente. As suas palavras tinham o peso da idade, a autoridade provinha exactamente dessa vivida e longa experiência e daí a sua oposição às aventuras de Haryon, que ele considerava insensatas e capazes de lançar o ser humano ao sofrimento e alienação. O aspecto respeitável, a atitude descontente, tudo resultava da sabedoria resultante da experiência de vida.
_Esses perigos levá-lo-ão a insanidade, a ambição, tanto a ele como a vós e ao nosso povo.
_Então que essa loucura e ambição sejam canalizadas no objectivo que Haryon quer. - Melroch fala tentando propor uma alternativa que pudesse mudar a opinião de Failon.
_Vós estão pondo nele esse desejo desmedido de exceder os limites.
_Quantas vezes terei de repetir que para querer salvar muita gente, ele não precisará de ir para além… - Hanya se pronunciou.
_Mas foi isso que vós tendes dito desde o início. - Failon disse.
_Nós temos referido que ele seria capaz de trazer a glorificação do nosso povo, a quem é reconhecido um estatuto de excepcionalidade. Pelo seu esforço contínuo, pela sua persistência, pela sua fidelidade à terra, os elfos como que se divinizam…-começa Elanor, porém também logo é interrompida.
_ E tornando-se assim dignos de altear, conferindo um estatuto quase de imortalidade que é, afinal, o prêmio máximo que se pode oferendar a um ser humano. Acham que o amor conduzirá Haryon a esses feitos eminentes? E não me refiro ao amor no sentido vulgar da palavra, mas o amor num sentido mais amplo: o amor desinteressado, o amor da origem, o amor ao dever, o empenhamento total nas tarefas que se propõe, a capacidade de suportar todas as dificuldades, todos os sacrifícios e sofrimentos. É esse o amor que manifestará ele?
_Se é esse amor capaz de permitir a tantos libertar-se da ira de Melkor e conduzi-lo a dispersar os feitos dos seus por toda a parte e tornar-se, também ele, recordado, por que não?
_Confiaremos nele as nossas vidas? Entregamos nas mãos dele a paz por qual tanto lutamos? Tendes realmente esperança de que ele será o temor de Melkor? Que ele será o fenômeno inadiável que nos tem ausentado? Acham que ele reescreverá as vitórias do passado?
_Eu poderei ser um príncipe e garanto-lhe que verá um novo exemplo de amor e coragem. O amor que sinto nunca será movido ou influenciado. - fala o jovem.
_Vós não imagineis no que está se metendo. E não me refiro a Melkor e sim a essas idéias desvairadas que estão germinando em seus pensamentos. Vivereis desmerecedor de um nome engrancedor e contudo continuais a julgar que sereis excelente. Haryon, serão vãs façanhas. E sabeis por quê? Porque vós mesmo não sabeis se quereis ser um herói pra que todas reconheçam ou se quer ser um herói para nosso povo. Os membros da ordem esperam ver renovada em vós as memórias dos Ezellohar. Quer passar por tudo isso?
_Nada é feito sem sacrifício. Sei que haverá um lugar, quando tudo acabar…mas enquanto esse tempo passa lento eu me darei ao atrevimento de querer alcançar onde achais que é impossível. Pretendo mudar sua opinião acerca dos Istaris. Eu não sou igual aos demais que criaram desumanidades, pois eu sou Harry Potter e não tenho vontade de governar o Céu, a Terra ou o Mar.
_Por que não vós contentais com a simples sorte de viver? – Failon pergunta com olhos cansados.
_E por que amar o que é fácil de se conseguir? Em mim não corre o sangue da tradição.
_Quereis ser reconhecido pelas mesmas razões que os outros Istaris foram?
_Eu falei que não pretendo ser um rei austero, coroado sem mérito. Tão pouco me agrada a idéia de sentar em um alto e luxuoso trono com expressões severas e ar de divino, isso, não me dá gozo. Espero aventuras ásperas de perigos.
_Quem sereis vós? Que costumes, que leis, que herdeiro Istari teremos? Vós não sabereis lidar com seus inimigos, que imagino não serão poucos, também não saberá lidar com os caminhos incertos da vida. Conviverá lado a lado com a morte e mesmo assim não aprendereis nada. As pessoas que confiam em vós morrerão em guerras que vós despertareis. E no fim sentireis a insegurança, quando não saber o que escolher ou como defender o povo. Ficareis tão perdido que apenas de vós restará um fraco humano que ainda segura o fino fio da vida.
_Ethyar treinará comigo? – pergunta querendo afastar as palavras ditas por Failon.
_Que demência, não só quer levar a si mesmo de encontro a morte como também deseja levar um elfo. - fala Failon antes de abandonar a sala em passos largos.
_Não, Haryon. Ethyar receberá ensinamentos da família dele, mas pode realizar algumas aulas de combates convosco. – fala Hanya tentando alentá-lo.
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O sol brotou por entre as desmesuradas montanhas de Almaren. Nos céus ainda eram notórias pinceladas de misturas das cores nocturnas e da madrugada. Os fios ainda delicados da luz matinal tocaram a superfície branda das águas do mar, tornando quase transparente o azul das águas. Uma brisa fresca que vinha do mar alisava as águas e a beleza do horizonte que se descortinava, unindo o céu liláceo com o mar. Os rastos da noite se desvaneciam como um véu dando lugar ao início da manhã. O sol nascia e reflectia as cores vivas das árvores das margens.
Com um movimento quase imperceptível, uma bela figura masculina emergiu das águas, respirando profundamente e contemplando o astro que começava a brilhar. A vastidão das águas era interrompida por pequenas ascensões de terrenos, semelhantes a pequenas ilhas, repleta por sinuosas fileiras de árvores.
Satisfeito, colocou-se de pé e caminhou para fora das águas do lago, o sol matinal acalorou-lhe a pele nua. Vestiu a calça branca que usava para treinar, e começou a sequência de exercícios sugerido por Failon e que o colocariam consciente de todo o seu corpo e de tudo o que se passava ao redor. A sua mente nos últimos anos só se dedicava a aqueles treinos que por vezes contava com a participação de Ethyar. Outra coisa que não saía de seus pensamentos era: ‘Aquele com o poder de vencer o Lord das Trevas. ‘
O problema não era essa profecia. O seu interesse era aquela cidade, sempre vivera em Almaren, uma terra com uma nobreza muito distinta. Lembrou-se dos contos que lhe contavam na infância. Para Haryon, Almaren era e continuaria a ser a mais bela vila do Mundo, um paraíso. Tinha águas cristalinas, admiráveis montanhas e tinha a vantagem de as suas paisagens serem também criadas pela afoiteza dos vulcões.
O corpo movia-se quase que sozinho, acostumado ao ritmo intenso dos treinamentos, porém a face era expressiva, não era como a de Failon, fria, e que não demonstrava cansaço ou prazer. Os membros de Haryon tinham-se desenvolvidos nos poucos anos, agora, eram ágeis e os movimentos flexíveis, resultado dos treinamentos matinais com o elfo guerreiro.
_Está ouvindo o silêncio dos Ezellohar? Eles não suspeitam, dormem desprotegidos, não calculam o mal que vós causareis e de como seus actos farão as sombras caírem sobre Almaren. -retruque Failon.
Haryon manteve-se concentrado, tivera de aprender a habituar-se aos aparecimentos imprevisíveis de Failon. Ele aproximou-se do garoto e deu início a um treinamento mais activo do que o das outras vezes, obrigando Harry a esforçar o corpo para além dos próprios limites com os feitiços com os quais lhe mirava. A magia que saía voluntariamente das mãos do elfo atingindo-o cada vez mais fortemente. Era visível cortes tanto profundos como superficiais em sua pele. O sol agora resplandecia alto como uma bola de fogo. A pele reluzia com o suor e a respiração ficou cada vez mais acelerado.
Failon estava com aquele porte venerável e toda aquela reacção por parte do jovem parecia desagradá-lo profundamente. O corpo esguio dominava o ambiente, os pés descalços absorvendo energia da terra coberta pela grama.
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Chegara o dia do teste que o coroaria como Príncipe Istari caso fosse aprovado e provaria a Failon sua incompetência caso não conseguisse superar os desafios. Harry tinha apenas dez anos, mas treinava muito mais que qualquer um, inclusive Ethyar, estava determinado a conseguir se tornar o herdeiro Istari, pois este seria o primeiro passo para que ele pudesse estar à altura de enfrentar os desafios que o destino lhe guardava.
A ansiedade o fez se levantar antes do nascer do Sol, o que testemunhou de seu quarto antes de descer e aguardar Martano, que lhe daria as instruções para cumprir o teste. Estava a apreciar o jardim, quando ouviu a voz do amigo lhe chamar.
-Haryon! Vim te desejar boa sorte! – Ethyar disse animadamente ao se aproximar do companheiro.
-Vou precisar... disseram-me que só poderei usar magia para passar pelos desafios e sabes que tenho muita dificuldade nisto. – Harry fala cabisbaixo, não estava nem um pouco confiante desde que soubera desta condição.
-Mas que atitude é esta? – Ethyar fala segurando firmemente o ombro do amigo. Nasceste bruxo, mas a magia flui tão naturalmente em suas veias quanto nas minhas! O que precisas é de concentração e harmonia, o que terás de sobra quando parar de se preocupar com o futuro, ao invés de se ater ao presente, que é de seu domínio. – As sábias palavras do amigo fizeram-no pensar por instantes, nos quais regulou sua respiração e se acalmou.
-Tens razão, não adianta pensar no que farei quando chegar, se tomar o caminho errado. – Harry fala mais sereno, atitude aplaudida por Martano, que se aproximava com um pergaminho na mão.
-Fico feliz por estar calmo, precisará estar focado em tua missão. – Martano entregou o pergaminho a Harry, que o abriu, deparando-se com um mapa. – Terá que seguir o mapa e pegar as gemas que representam o fogo, a água, o ar e a terra. Haverá elfos o observando pelo caminho e que o socorrerão caso seja necessário, no entanto, caso precise de auxílio, será declarada a falha no teste.
-Entendi. Não se preocupe, trarei as gemas e passarei com honra pelo teste. – Harry declarou confiante. Depois se despediu de Ethyar e Martano, antes de seguir para os desafios que o aguardavam.
Harry observou que dois de seus desafios eram no caminho até uma das montanhas, o terceiro já era na direção oposta, no mar, o que não lhe dava boas perspectivas. Tomou a direção das montanhas seguindo o caminho traçado no mapa.
Já passara duas horas desde que Harry começou a jornada e até o momento não havia encontrado nenhum ser hostil. O ponto que indicava o local onde ficava a gema, estava alguns metros à frente. Harry observou, cauteloso, a clareira que havia a sua frente, várias árvores caídas e alguns buracos fundos no chão. Caminhou devagar pela terra acidentada e no ponto marcado não viu nada que se parecesse com uma gema ou que pudesse a estar guardando, na verdade, só havia um campo aberto com um grande buraco perto.
-Será que a gema da terra está em baixo do solo? – ponderou pensativo, olhando o buraco que parecia dar em um túnel.
Antes que Harry pudesse sequer pensar em fazer algo, sentiu um tremor vindo do solo e logo depois um verme gigantesco saiu da terra sob seus pés, que graças a seu excelente reflexo, saltaram para longe da criatura. A aparência era a de uma gigante minhoca cega e cor de salmão, seus anéis eram maiores que Harry e a boca lembrava a de uma solitária com dentes afiados que formavam um grande círculo no topo da cabeça.
-Agora tenho certeza de que a gema está no túnel. – Harry fala receoso, sem saber como passar pelo bicho que voltava a investir contra ele.
Depois de saltar para perto de uma árvore, atraiu um cipó por magia e o usou para subir em um galho, na tentativa de sair do alcance do verme gigante. No entanto, mal começou a atravessar a copa e já estava sob ataque. Apanhou um galho quebrado e pensou em lançar a ponta afiada no verme, mas lembrou que não poderia, já que só podia lutar usando magia. Usou o pedaço de galho como vara para saltar sobre o verme, vendo que na sua “cabeça” só havia a bocarra, nenhum olho, nem ouvidos ou nariz.
“Ele é cego, surdo e não pode me farejar!” –pensa animado, percebendo que o verme o perseguia sentindo as vibrações no solo feitas pelo seu deslocamento.
Usando de sua concentração, Harry levitou um tronco caído no chão e já velho, quase podre. Foram necessários alguns minutos para fazê-lo alcançar os três metros de altura e depois arremessá-lo a uma boa velocidade. Assim que o tronco caiu no bosque, o verme foi rapidamente atrás, mergulhando no solo e provocando um grande tremor no caminho. Mais alguns minutos de concentração e Harry fez um movimento brusco com as duas mãos erguendo-as acima da cabeça e depois as movendo rapidamente e espalmadas para baixo, fazendo o túnel desmoronar, o que lhe daria tempo para entrar no outro túnel e pegar a gema.
O caminho subterrâneo era escuro e acidentado, mas como também era retilíneo, isso não importava. Assim que atravessou a distância calculada conjurou uma chama pequena, mas que fora o suficiente para refletir o brilho da gema que tinha o tamanho de sua mão. Rapidamente pegou a jóia e pôs na bolsa que carregava, também ouviu o barulho de terra sendo escavada e soube que em breve teria companhia, por isso novamente usou magia no túnel, dessa vez para abrir caminho para cima, coisa que pelo terreno já acidentado não foi difícil.
Correu o máximo que pôde na direção que havia memorizado de tanto observar o mapa, até que a distância segura parou as margens de um rio para beber água e novamente pegar o mapa e analisar o caminho a seguir. A caminhada durou mais três horas, principalmente porque caminhou mais devagar para poder comer alguns frutos que achou. Começou a escalada e dentro de minutos chegou à trilha onde havia um grande ninho, neste entre ovos estava uma grande pedra verde como os olhos de Harry, era do tamanho de sua mão e a superfície era perfeitamente lisa, seu interior brilhava como se houvesse uma chama acesa no interior da pedra.
Antes que pudesse se aproximar do ninho, Harry ouviu o guincho de uma águia gigante e um dragão a atacando, no pescoço do dragão jazia a pedra do fogo. Sorrindo, Harry pegou a pedra do ar e depois fez contato mental com a águia, o que era uma tarefa até fácil, já que falar com animais era um de seus passatempos favoritos.
“Se aproxime e deixe-me montá-la, poderei assim ajudá-la a enfrentar o dragão e salvar seu ninho!” –Harry falou com confiança e minutos depois a águia já estava mergulhando e manobrando a frente de Harry, que audaz e hábil pulou sobre as costas da ave, encaixando as pernas na região abaixo das asas.
“Manobre para a esquerda se afastando da montanha, depois circunde e mergulhe, usando a nuvem para inverter e se colocar sobre o dragão. Eu irei pular nas costas dele e tentarei afastá-lo.” –Harry disse em pensamento para a ave, que imediatamente começou a manobrar.
O dragão lançava potentes labaredas que passavam a um triz da águia, que infelizmente não conseguia compensar com sua velocidade, o tamanho e destreza do dragão. Harry então aproveitou uma súbita rajada de vento e resfriou água de uma nuvem atirando pedaços cortantes de gelo no dragão, que por causa da rajada de vento, teve que parar no ar para se defender, dando a chance perfeita para a águia manobrar e deixar Harry em posição para mudar de montaria.
Assim que caiu no dorso do dragão, acomodou-se em seu pescoço, as pernas curtas não atrapalhavam as asas, apesar de buscar apoio nestas, as mãos seguraram na corrente pesada que sustentava a jóia no pescoço da criatura mágica. Como não poderia deixar de ser, o dragão começou a se movimentar tentando tirar aquilo de cima de si, não podendo nem usar as chamas pela falta de ângulo, já que Harry estava na base do seu pescoço.
“Se acalme, não quero lhe fazer mal.” – em pensamento Harry tentava passar tranquilidade e confiança para o dragão. –“Quero somente a pedra que está contigo, além de querer que me leve ao pé da montanha.” – apesar de sua abordagem ser correta, o dragão não era dócil como a águia e continuou tentando derrubá-lo com manobras bruscas e que usavam ocasionais correntes de vento para desestabilizá-lo.
Vendo que não conseguiria a colaboração do jovem dragão, Harry usou um feitiço de doma que Melroch havia o ensinado, isso fazia os animais ficarem mais dóceis, apesar de não ser muito efetivo em longo prazo. Tentou uma vez e nada mudou, na segunda vez o dragão pareceu confuso e, mais duas tentativas depois, o ser alado se acalmou e pareceu mais dócil ao comando de Harry, que se sentia bastante cansado. Aproveitou a ‘carona’ para chegar até o mar, onde estaria a última pedra e, considerando que só estavam com uns rasgos na roupa e uma queimadura no braço, as chances de conseguir cumprir as tarefas eram muito grandes.
Assim que sobrevoou o mar, respirando a brisa marinha, pareceu ganhar um novo fôlego, adorava nadar e o dia estava quente, perfeito para um mergulho. Retirou delicadamente a gema do colar e a colocou na bolsa, depois fez o dragão mergulhar e ordenou que lançasse chamas no ponto onde a gema da água deveria estar. Como nada se moveu e não houve reação aparente, Harry apenas saltou em direção ao mar, mergulhando e descendo até uma altura onde pôde ver uma caverna submarina.
Harry subiu a superfície para buscar ar e calculou a distância até a caverna. Murmurou um cântico complexo e fez duas guelras aparecerem atrás de suas orelhas e peles crescerem entre seus dedos das mãos, melhorando a sua mobilidade ao nadar. Mergulhou e começou a descer o mais rápido que a pressão permitia, mas antes que pudesse se aproximar da caverna, uma sombra negra tomou a sua frente e os peixes que estavam em seu redor fugiram assustados. Pouco tempo depois, ele identificou o dono da sombra, um gigantesco Kraken. A criatura semelhante a um polvo gigante avançou furiosamente para ele, se colocando entre Harry e a caverna, como se estivesse guardando a jóia da água.
Sem saber como agir, Harry somente tentou afundar mais e passar agilmente pelos tentáculos, mas o polvo liberou uma “tinta” tóxica que o deixou zonzo e com dificuldade em respirar, o que o deixou paralisado e ao alcance de um tentáculo que envolveu seu corpo sem dificuldade. Sua pele ardeu como se algo ácido estive a corroendo, ao mesmo tempo sentia seu corpo ficar dormente, em breve seria o lanche do Kraken se não fizesse algo e logo.
“Eu não tenho armas, mal posso mover meus braços... o fogo poderia queimar sua pele fina, mas com toda essa água eu não conseguiria... droga! Não tem nada aqui além de água! Não dá para lutar com água...” – Harry interrompeu seus pensamentos e sua mente logo o lembrou que água possuía várias formas e a ideal no momento seria o gelo.
Concentrou-se o máximo que pôde e segurou com as duas mãos o mesmo tentáculo. Logo depois um brilho azulado envolveu o local e a água começou a se solidificar ao longo do tentáculo, a súbita mudança de temperatura assustou o ser marinho, que soltou Harry, o qual rapidamente nadou para dentro da caverna. A gema azul estava em um pedestal sobre a água, em um bolsão de ar dentro da caverna, o qual Harry aproveitou para respirar sem as guelras. A besta do mar ainda tentou alcançá-lo com outro de seus cem tentáculos, mas as curvas dentro da caverna impediam o braço de alcançar seu alvo, que agradecia, enquanto descansava.
Depois de duas horas descansando, Harry começou a pensar no que faria para sair. Pegou uma estalactite e moldou-a como uma lança, reforçando-a com o metal do colar onde antes estava presa a gema do fogo, derretendo-o por magia. Como último preparativo, rasgou uma parte de sua roupa e cobriu a queimadura, que estava esverdeada, provavelmente sofrera alguma reação com a toxina liberada pelo monstro marinho.
Assim que saiu da caverna, Harry deu de cara com o Kraken, a criatura agora tinha o olhar fixo em Harry, que era do tamanho de um de seus olhos. O primeiro pensamento de Harry era o de que iria morrer, afinal o Kraken tinha o tamanho de uma ilha e cem fortes braços.
“Olá! Eu sei que pode lhe parecer estranho, mas eu só quero ir embora.” – Harry fala a mente do ser marinho, que a principio não demonstra ter sequer escutado, apenas segura o garoto com um de seus tentáculos, fazendo-lhe uma pressão tão forte que quebrou um de seus braços. –“Pare com isso, não quero te machucar ou lhe fazer algum mal!” – Harry foi levado até perto da cabeçorra do Kraken, que parecia olhá-lo com desprezo.
Já que o Kraken não quis colaborar, Harry aproveitou a proximidade para provocar uma zona de alta pressão na lança que tinha na mão, a qual, assim que foi solta, partiu em alta velocidade para o olho do monstro, fazendo-o se agitar de dor, liberando mais da toxina escura. No entanto, Harry já estava preparado e fechou suas guelras, nadando o mais rápido que pôde, pegando impulso nos tentáculos que se moviam alucinados. Ele já alcançara a superfície quando um rodamoinho gigante começou a se formar, Harry seria sugado para o fundo e devorado pelo Kraken.
Como forma desesperada de tentar sair dali, Harry se concentrou o máximo que pôde nas mentes que visitara aquele dia, tentando achar o dragão que o levara ali. Gritava em pensamento por socorro enquanto seu corpo cansado tentava lutar contra a correnteza que aumentava a cada momento. Quando já não tinha mais forças para se mover, um som familiar lhe chamou a atenção e ao olhar para o céu, Harry pôde ver a águia gigante que salvara aquela tarde e que agora aparecia para lhe retribuir o favor.
“Obrigado, minha amiga, fique certa de que jamais esquecerei o que fizeste por mim!” – Harry se comunica com a águia assim que está lhe retira do mar, carregando-o em suas fortes garras.
N/A: Oie, aqui é Bia…Antes demais, pedimos desculpas na demora da postagem deste capítulo...Surgiram alguns probleminhas com a mão da Lily. Comentem muito, hein…Bjs
N/A²: Oi, aqui é a Lílian, devem saber que estou com tendinite, os caps estão saindo meio devagar, mas prometo que não vão parar, já temos as idéias para o próximo cap. Aliás, no próximo cap Harry vai para Hogwarts. Agora me digam, o que acharam do teste e da explicação sobre os Istari? Qualquer dúvida perguntem que dentro de um ou dois dias a resposta virá na área de comentários.
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