A Casa dos Black
Capítulo11 -A Casa dos Black
Caminharam apressados à medida que o frio aumentava e o vento tornava-se intenso. O céu estava tapado por uma camada cinzenta.
Afastaram-se do centro em direcção ao leste de Londres. Assim que iam avançando no caminho, os prédios iam dando lugar a modestas moradias.
Cruzaram as tranquilas ruas da cidade, àquela hora vazias, acompanhados apenas por uma névoa que pairava no ar, enregelando ainda mais o final da tarde frio e nublado.
Em rápida sucessão, Srª Weasley, Harry, Rony, Hermione e Gina passaram por teatros, e todo uma infinidade de bares, cafés, restaurantes, clubes, lojas de variados artigos, até que por fim, dobraram uma esquina e adentraram numa rua isolada com uma fileira de pequenas residências rectilíneas e acanhadas.
Nenhum automóvel circulava pela rua, e frondosos freixos que as ladeavam, davam um aspecto ainda mais infame e aumentavam a sensação de ser uma rua de aparência abandonada.
Os quinze minutos da caminhada terminaram quando avistaram, ao fundo da rua e do lado direito, uma loja de aspecto deplorável e imundo de toldo que por debaixo da sujidade, Harry deduz que talvez fosse de cor branca. Em letras visíveis podia ler-se: “Purge & Dowse Ltd.”
Nas duas portas havia avisos pendurados e uma placa em letras grandes que dizia ‘Fechado para Renovação’, o que desviava a atenção dos moradores da rua.
A vitrine empoeirada resumia-se a pedaços de manequins lascados, que exibiam perucas antigas colocadas ao acaso. Aproximaram-se na vitrine e Harry espantou-se com o facto da Srª Weasley dirigir uma palavra de cumprimento a uma manequim antes de ter dito que queriam ir para o Hospital de São Mungo de doenças e lesões mágicas visitar Arthur Weasley. A manequim acenou ligeiramente com a cabeça e fez sinal com o dedo articulado.
Segundos depois foram sugados para dentro da vitrine chegando à recepção do hospital.
O movimento era frenético. O lugar estava apinhado de feiticeiros e feiticeiras.
Os curandeiros de mantos verde-claros, caminhavam entre as filas, fazendo perguntas e tomando notas em pranchetas.
_Venham, Venham! - ouviram Srª Weasley chamá-los.
Harry, Ron, Hermione e Gina seguiram-na para uma fila, onde tiveram de aguardar enquanto o número de pessoas a frente deles diminuía.
Quando foi a vez deles, Srª Weasley avançou para a secretária perguntado o andar em que Arthur Weasley se encontrava. Depois de uma olhar por uma longa lista, a feiticeira deu-lhes a informação de que era no segundo andar.
Seguiram por uma porta e dirigiram-se para um corredor estreito. Nas paredes, à volta deles era notório retratos de famosos curandeiros, avisos, frases, o guia das instalações...
Minutos depois, entraram por um outro corredor, onde estava escrito em cima ‘Ferimentos Causados por Criaturas’ . A segunda porta à direita ostentava as seguintes palavras: Enfermaria Dai Llewellyn – Perigos: Mordidelas Graves.
A segunda porta foi aberta revelando um homem já com uma certa idade, de rosto rubicundo e suíças grisalhas. Ostentava um manto verde-claro com um emblema bordado no seu peito: uma varinha e um osso, cruzados.
_Olá. – Srª Weasley cumprimentou-o. – Viemos visitar Arthur Weasley, meu marido. Como ele está?
_Ele está bem, estamos esperançados em como iremos descobrir um antídoto que permita que os ferimentos se fechem, as presas da serpente eram invulgarmente fatais e o pouco veneno que conseguiu injectar também bastante incomum, porém não foi o suficiente para deixar o senhor Weasley numa situação mais crítica, mas terá de permanecer aqui, durante mais alguns dias em observação. Podemos dizer que teve sorte em ter sido socorrido a tempo. Podem entrar. – dito isto, Srª Weasley dirigiu a Harry um olhar de agradecimento.
A enfermaria era pequena e bastante lúgubre, pois a única janela era estreita e estava colocada muito alto, na parede em frente da porta deixando passar pouca luz. A maioria da luz provinha das bolhas de cristal cintilantes no tecto. As paredes eram revestidas de madeira de carvalho. Havia apenas três camas, todas elas separadas por cortinas e algum mobiliário velho. Num canto estava um armário de vidro e ferro para medicamentos e poções.
Arthur Weasley era um homem magro, quase calvo, mas o pouco cabelo que tinha era quase tão ruivo como o dos filhos. Ocupava a cama no extremo da enfermaria.
Ao lado da cama havia um criado mudo com uma única gaveta no móvel onde estava uma jarra com água, um copo ao lado e um exemplar de O Profeta Diário.
O lençol da cama, tal como os travesseiros também era branco, e outro cobertor estava dobrado nos pés da mesma.
Sr. Weasley esboçou um sorriso tranquilo ao ver os seus visitantes se aproximando.
_Como está você, Arthur? - perguntou Srª Weasley, curvando-se para o beijar na face, observando-o ansiosamente. – Ainda parece um pouco macilento.
_Sinto-me optimamente – declarou Sr. Weasley em voz alegre e entendendo o braço são para abraçar Gina. – Se, ao menos, me tirassem as ligaduras, estaria pronto para ir para casa, mas...
_O curandeiro com que cruzamos disse-nos que os ferimentos ainda não estavam fechados. - Ron lembrou.
_É, comecei a sangrar horrivelmente assim que experimentaram. – explicou Sr. Weasley alegremente, estendendo a mão para a varinha, que estava pousada na mesinha-de-cabeceira. Agitou-a fazendo aparecer cinco cadeiras ao lado da cama para todos poderem sentar-se. Disseram-me que já tiveram casos muito piores que o meu e, entretanto, basta-me tomar uma Poção de Reposição de Sangue de hora a hora. Mas aquele tipo além – indicou, baixando a voz e fazendo um sinal para a cama da frente, onde jazia um homem com um ar fraco e esverdeado, que olhava pra o tecto – foi mordido por um lobisomem, pobre homem. Não há cura.
_Um lobisomem? – segredou Srª Weasley, com um ar alarmado. – E é seguro estar numa enfermaria pública? Não deveria estar num quarto particular?
_Ainda faltam duas semanas para a lua cheia – lembrou-a Sr. Weasley calmamente. Sabem, os Curandeiros estiveram a conversar com ele está manhã, tentando convencê-lo de que poderá levar uma vida quase normal. Mas, bem, e quem são estes jovens? Nunca vos tinha visto antes.– perguntou olhando de Harry para Hermione.
_Os meus amigos: Harry Potter e Hermione Granger, vão passar as férias de Natal connosco. - Rony anunciou ao pai.
_Harry Potter? A sério?! – perguntou recebendo um olhar de Srª Weasley que abanou afirmativamente a cabeça. – Muito prazer. – disse sorrindo vivamente tanto pra Harry como pra Hermione, estendendo a mão que estes retribuíram.
_O Harry salvou-te a vida, pai. Ele acordou a meio da noite aos gritos. Teve um pesadelo em que você estava sendo atacado no Ministério e aí fomos avisar Dumbledore. – Ron contou resumidamente não reparando no constrangimento de Harry quando mencionou ‘aos gritos’.
_Através de um pesadelo? Ora, aí está uma coisa que não se vê todos os dias. Hum...deve ser esquisito...ter...pesadelos que se cumprem. – concluiu apressadamente, embora Harry tivesse a certeza de que não era bem aquilo que ele pretendia dizer. _Mas, obrigado, se não fosse você, sabe-se lá onde eu estaria agora.
_Não diga isso, Arthur. O importante é que você está a recuperar bem. – Srª Weasley afirmou reconfortando as almofadas atrás dele.
_Bom, vai contar-nos o que aconteceu, pai? - Ron perguntou.
_Bem, vocês já sabem, não é? É muito simples...tinha tido um dia cansativo, passei pelas brasas, fui apanhado de surpresa e mordido.
_O seu ataque veio n’O Profeta Diário, Sr. Weasley? – Hermione perguntou, indicando o jornal que estava no móvel ao lado da cama.
_Não, é claro que não! Estava a folhear as últimas notícias. - respondeu com um sorriso ligeiramente amargo. – O Ministro não quer que toda a gente saiba que uma enorme serpente obscena...
_Arthur...! – avisou Srª Weasley.
Ao ouvir isso, Harry sentiu algo semelhante a um veneno percorrendo-lhe as veias, gelando-o e fazendo-o suar enquanto observava o homem bem disposto diante de si. Pensou na forma cruel em que havia atacado Sr. Weasley na noite anterior.
_...Bem...hã...quando me...apanhou. – resumiu.
_Bem, Arthur, é melhor irmos andando. Está a ficar tarde, noutro dia ficarei mais. E além do mais você precisa de descansar. – disse Srª Weasley levantando-se.
_Está bem! Daqui a alguns dias estarei pronto pra tirar estas ligaduras e ainda estarei a tempo de ir passar o Natal a casa. – anunciou confiante. _E mais uma vez, obrigado Harry.
_Não tem de quê, Sr. Weasley.
_Adeus querido. – Srª Weasley arqueou-se depositando-lhe outro beijo na face como fez quando ali entrou e os outros pronunciaram ‘Melhoras’ antes de saírem da enfermaria.
Seguiram a mesma trajectória e entraram por um corredor que dava acesso ao rés-do-chão onde eram cuidados os enfermos com Doenças e Acidentes Mágicos.
_Neville? – Gina reconheceu um garoto que estava ao lado de uma velha feiticeira com um ar temível, envergava um vestido comprido verde com uma estola de pêlo de raposa ruída pelas traças e um chapéu de bico, enfeitado com o que era, sem sombra de dúvidas, um abutre embrulhado.
_Er...Olá, tudo bem? – perguntou virando-se pra eles e tentando disfarçar o ar deprimido.
_Sim! - Rony exclamou sorridente.
_São amigos seus, querido Neville? – perguntou a avó num tom amável.
_São, avó. – o garoto respondeu entretendo-se a observar os próprios pés.
_E como vai Srª Weasley? – perguntou e olhou para Ron e Gina, e recebendo um sorriso como resposta. – E você deve ser Hermione Granger. – Hermione ficou espantada por Srª Longbottom saber o seu nome. – E você, Harry Potter. O Neville contou-me tudo a vosso respeito. – os olhos voaram subitamente para a cicatriz de Harry e estendeu uma mão a este tal como tinha feito com os outros.
_O que te traz por cá? – Harry perguntou amável deixando todos calados por alguns segundos em que trocaram olhares.
_O que significa isto? – perguntou Srª Longbottom bruscamente. – Não contaste aos teus amigos sobre os teus pais, Neville?
O garoto inspirou fundo, olhou para o tecto e abanou a cabeça.
_Bom, não é motivo para ter vergonha! -exclamou srª Longbottom colericamente. – Devias sentir orgulho, Neville, Orgulho! Eles não perderam a saúde e a sanidade para que o seu único filho se sentisse envergonhado deles, sabes!
_Não tenho vergonha deles. – retorquiu Neville em voz baixa continuando a evitar o olhar de Harry e dos outros.
_E como eles têm estado? – Srª Weasley perguntou preocupada.
_Acabamos de chegar agora. Ainda não estivemos lá dentro, mas se quiserem podem entrar connosco. – a simpática senhora de cabelos convidou-os a entrarem com eles.
_Se não for incómodo. -Srª Weasley adiantou.
_Não, claro que não. – disse girando a maçaneta da porta.
Entraram na enfermaria que tal como a do piso superior era pequeno. Harry reparou que não era bem uma enfermaria, era mais um quarto particular.
_ Desculpem perguntar, mas o que lhes aconteceu? -Harry ousou perguntar.
_ Frank e Alice Longbottom eram aurores e membros da Ordem da Fénix, na mesma altura que os teus pais também eram, Harry. Eram os mais perspicazes da Ordem e, tal como os Potter, os únicos a sobreviverem a três encontros contra o Quem-Nós-Sabemos. Eles foram torturados até a loucura pelos seguidores do Quem-Nós-Sabemos. -Hermione e Gina taparam a boca com a mão e Ron deixou espetar o pescoço para vislumbrar os pais de Neville e parecia mortificado. – E desde então eles estão internados aqui. – Srª Weasley respondeu num tom de voz baixo, porém audível.
Frank e Alice Longbottom encontravam-se junto a janela fitando algo fora dela que só quando se aproximaram dela conseguiram ver o que era: neve, que preenchia os espaços livres à volta do hospital.
Frank e Alice pareciam estar completamente absortos em algum ponto difícil de distinguir e Harry notou que uma ou outra palavra desconexa atravessam os lábios de forma confusa e que nenhuma delas faziam sentido.
_Eram muito respeitados no seio da comunidade mágica, sabem – Srª Longbottom disse à medida que se aproximavam do casal. – Ambos eram extremamente dotados. Eu...sim, querida Alice, que foi?
A mãe de Neville levantara, envergava uma camisa de noite. O seu rosto era magro e cansado, os olhos esbugalhados e o cabelo caía-lhe em mechas finas e sem brilho. Não parecia querer falar, ou talvez, não conseguisse, mas fez um gesto tímido em direcção ao Neville, segurando qualquer coisa na mão estendida.
_Outra vez? -perguntou Srª Longbottom num tom levemente cansado. – Está bem, querida Alice, está bem... Neville, aceita aquilo, seja lá o que for?
Neville já estendera a mão, na qual, a mãe enfiou o papel amachucado de uma pastilha elástica.
_Maravilhoso, querida. – disse a avó de Neville numa voz de alegria fingida, dando-lhe palmadinhas no ombro.
Este porém, acrescentou baixinho:
_Obrigado, mãe.
A mãe voltou a sentar-se olhando a neve novamente.
Harry fitou-os. Sentiu raiva dos Comensais que haviam feito aquilo à Alice e Frank Longbottom que pareciam ser óptimas pessoas. Haviam os deixado completamente incapacitados, mas ele tinha a impressão de que, mesmo com as mentes afectadas, eles já estavam reconhecendo o filho. Harry não se lembrava de alguma vez ter tido tanta pena de alguém. Pensou em escrever uma carta à Lóte, muito reconhecida em Almaren pela sua capacidade de curandeira pudesse talvez ajudá-los de alguma maneira.
_O que foi, querido? – Srª Longbottom perguntou à Harry.
_Estava pesando numa maneira de ajudá-los.
_És bom menino, Harry, mas creio que já não há solução. – comentou a avó de Neville lançando um olhar afectuoso ao filho e à esposa.
_Eu insisto, afinal de contas, não custa tentar. – Harry disse afável vendo Neville pôr o papel no bolso.
-E como você pensa que poderia ajudá-los? –Sra. Longbottom pergunta de modo complacente, parecia feliz pelo neto ter amigos preocupados.
-Eu fui criado entre elfos e uma das minhas mães elfas é uma estudiosa na área da cura. Penso que poderia lhe enviar um relatório detalhado sobre eles e esperar que ela possa apresentar algum tipo de tratamento. –As faces da senhora e de Neville pareceram se iluminar, como se resgatassem uma esperança a muito perdida.
-Acha mesmo que ela poderia ajudar meus pais? –Neville pergunta com os olhos úmidos, talvez, pela primeira em sua vida, pudesse ter esperança de recuperar seus pais.
-Bom, vai depender do que ainda resta da mente deles. Posso examiná-los? –Aquela pergunta surpreendeu os dois, então Harry se apressou em acrescentar. –Só vou observar a mente deles, ver o quanto ela foi danificada, não é nada demais.
-Se é assim, tudo bem. –Neville parecia confuso, mas estava ansioso para saber se haveria mesmo alguma chance para os pais.
Harry se aproximou de Alice e pôs suas mãos aos lados da cabeça da mulher, depois sussurrou palavras que os demais não ouviram, então seus olhos se conectaram aos de Alice e ele foi sugado para um redemoinho de imagens. Só precisou de alguns segundos para ordenar as imagens, eram lembranças de tempos presentes e tempos antigos. As mais recentes eram um pouco distorcidas, as vozes eram muito graves e mal se podiam compreender, já as antigas pareciam bem vivas e estavam muito nítidas, até mais do que era o normal em uma pessoa.
-Neville, eu quero que converse com ela, diga as matérias que você gosta e as que não gosta e porque. –Harry pede e Neville, apesar de hesitar, obedece.
Rapidamente a mente de Alice se preencheu de suas próprias lembranças da época em que estuda em Hogwarts, o que mostrava que ela estava fazendo associações, comparando as opiniões de Neville às lembranças dela e então tirando suas próprias conclusões.
-Obrigado, Neville. Agora vou querer que faça o mesmo com seu pai. –Harry deixara Alice e então se dirigira a Frank.
Harry repetiu todo o processo, pedindo desta vez para que Neville falasse sobre os feitiços que mais gostava e os mais difíceis de aprender. Depois fora a vez da Sra. Longbottom re-lembrar a infância do filho.
-E então Harry, vai poder ajudá-los? –Rony pergunta parecendo tão tenso quanto os demais e só então Harry percebeu que os presentes na sala mal respiravam.
-As lesões são sérias, mas ainda há uma boa parte da mente deles que está sã, principalmente a memória. O problema é mais no como eles interpretam e armazenam as novas informações. Vou fazer um relatório mais detalhado a Lótë e esperar pelo diagnóstico dela, mas acredito que dará para ao menos melhorar um pouco o estado deles. –Foi o suficiente para a senhora chorar silenciosamente e Neville abraçá-lo calorosamente.
-Essa é a melhor notícia que eu poderia receber! Se meus pais se curarem eu juro que ficarei lhe devendo minha vida! –Harry apenas sorriu compreensivo, mas um pouco sem jeito.
-Creio que agora seja melhor deixarmos Alice e Frank descansarem, devem ter feito muito esforço mental. –Hermione se pronuncia ao perceber a vergonha do amigo.
_Tem razão, é melhor irmos embora. Até a próxima. – Srª Weasley despediu-se.
_Gostei muito de vos conhecer. E muito obrigada, Harry!- Srª Longbottom disse.
_Feliz Natal. – ouviram Neville dizer quando iam a sair.
A porta fechou-se atrás deles.
_Eu não fazia ideia nenhuma. – confessou Hermione.
_Eu também não. - disse Rony num tom rouco.
_Nem eu. – sussurrou Gina.
_Foi por isto que Bellatrix Lestrange foi enviada para Azkaban, por usar a maldição Cruciatus nos pais de Neville até eles enlouquecerem. – Srª Weasley contou-os. _Mas agora, vamos pra casa, está quase na hora de jantar.
Depois de uma viagem de vassouras que durou alguns minutos finalmente Srª Weasley, Harry, Rony, Hermione e Gina se encontravam a frente de Grimmauld Place, número doze, onde estavam a passar as férias a convite de Sirius. Uma porta delapida surgiu de nada, espremendo-se entre os números onze e treze, logo seguida das paredes sujas e janelas cheias de fuligem. Encontravam-se diante da Casa dos Black. Não havia um buraco de fechadura ou sequer uma caixa de correio.
Srª Weasley avançou sobre os degraus de pedra que levavam a uma porta pintada de preto, já esfolada e corroída, tirou a sua varinha e bateu uma vez com ela na porta. Girou a maçaneta prateada em forma de uma serpente enroscada e apressaram-se para dentro da casa antes que algum Muggle os visse e está mesma materializou-se assim que todos entraram.
Harry passou o limiar e entrou no hall. As janelas estavam abertas e a luminosidade através dos diversos e antiquados candeeiros a gás pendurados nas paredes tinha sido prevenida pela Srª Weasley que desde que chegaram ali, feito já alguns dias, se ocupou da limpeza da casa com a ajuda deles. O cheiro a humidade, a pó e a algo podre e adocicado já não se encontravam ali e tão pouco os vários retratos enegrecidos pelos anos, a maioria dos móveis e o retrato da mãe de Sirius que havia perto da escadaria havia sido removida. Sirius fizera questão de banir todos os retratos ou qualquer lembrança que o fizesse recordar a sua família. A Casa dos Black tornara-se num lugar confortável, de um jeito mais prático e eficiente.
Embora fosse um lugar onde Sirius ia de vez em quando, agradeceu a Srª Weasley por tê-lo tornado num sítio habitável e cómodo. E Harry compreendia a opção que Sirius escolhera em não habitar a casa que segundo o próprio trazia-lhe desagradáveis lembranças e por isso usá-la como sede da Ordem.
Não muito longe dali havia uma escadaria que dava acesso ao piso superior, onde ficavam os quartos. Depois de ter contornado um bengaleiro enorme, talhado, ao que parecia, de uma perna de troll, avançou em direcção a sala, e não muito longe da lareira, encontrava-se a árvore genealógica dos Black, numa antiga tapeçaria, bordada com fio de ouro que ainda brilhava e mostrava todos os membros da família Black.
Lupin, quem Harry conheceu como sendo um dos melhores amigos de seu pai, discutiam animadamente sobre algo com Tonks, Fred e George que se encontravam por ali discutindo animadamente sobre algo.
Pouco tempo passou, até ouvirem a voz de Srª Weasley no andar de baixo avisando que o jantar estava pronto. Harry também havia quase se habituado a comida de Srª Weasley que apesar de deliciosa, possuía ementas que ele nunca experimentara em Almaren, optando preferencialmente e sempre que podia por frutas.
_Têm de se apressar, daqui a pouco estarão a chegar os membros para uma reunião da Ordem. Comer e falar é algo que eu inúmeras vezes avisei que era mal-parecido, Ron! – Srª Weasley disse provocando risos, enquanto o ruivo ainda pegava numa taça de sobremesa antes de abandonar a mesa. – Prontos, agora andor. - apressou-os pra cima, de seguida dando um jeito nos pratos sujos.
Rony, Hermione e Gina estavam próximos ao escritório da Mansão Black, onde tentavam escutar as conversas por uma orelha extensível. Haveria uma importante reunião da Ordem da Fênix aquela noite e todos estavam curiosos para saber do que se trataria.
-Vão começar a reunião, Dumbledore acabou de chegar. –Gina, que estava mais perto da outra ponta da orelha, avisa aos outros dois.
-Ótimo, bem na hora. –Harry, que acabara de surgir em seus passos silenciosos, assustando-os, fala em tom firme e com um ar mais formal que o normal, trajando suas vestes élficas e trazendo sua espada em uma bainha presa a cintura.
-Porque está usando isso? –Rony pergunta de modo desconfiado, mas logo deixa o assunto de lado quando o vê indo na direção do escritório.
-Harry, você não pode entrar lá... –Hermione tenta falar, mas Harry já abria a porta para entrar. Sua postura era imponente, olhava a todos de cima para baixo e seus olhos verdes estavam com um brilho intenso, causando grande impacto.
-O que está fazendo aqui, Harry? E que roupas são essas? –A Sra. Weasley se levanta e pergunta parecendo sobressaltada, principalmente diante da visão de seus filhos mais jovens, que seguiram Harry até a cozinha.
-A situação é formal, estou apenas vestido de acordo. –Harry responde sem dar muita importância à pergunta, seus olhos observando e analisando cada uma das expressões das pessoas na sala.
-Harry, você não foi avisado de que não poderia participar da reunião? Ela é apenas para os membros da ordem. –Lupim fala de modo calmo, sem querer aumentar a tensão do momento.
-Vocês irão falar sobre Voldemort e comensais, por tanto diz respeito a mim. –Harry parecia firme em sua decisão de ficar.
-Harry, você ainda é uma criança, não tem que se envolver em nada disto... –A Sra. Weasley começa, mas Harry a interrompe.
-Eu sou Haryon, Príncipe dos Istari, não uma criança. –Harry pôde ver que muitos o olharam entre surpresos e desconfiados.
-Este título élfico não vale de nada aqui. Então se vire e saía, antes que alguém te ponha para fora. –A voz fria e dura de Snape, debochando de sua posição, fez os olhos esmeralda faiscarem visivelmente.
-Esta “ameaça”, só mostra o quão é ignorante. Para conquistar este título passei por um duro teste e antes de vir para cá, me tornei o mais jovem ser, em vinte séculos, a terminar a primeira fase de estudos élficos antes dos 16 anos. Sou mestre em espadas, em adagas, combate corpo-a-corpo, interação com animais e sobrevivência na selva. Agora, se ainda não me acha preparado, pode se erguer e tentar cumprir a “ameaça”. –Harry tinha o olhar fixo e agressivo, seu tom era uniforme e desprovido de emoções, uma de suas mãos estava perto o suficiente para desembainhar a espada em dois segundos.
-Além de orgulhoso é arrogante como o pai, só podia ter mesmo o sangue ruim dos Potter! –Snape estava furioso pelo desafio e o tom respeitoso, mas mal se erguera e fora içado no ar de ponta cabeça.
-Harry! –Hermione ralha com ele, chamando a atenção de todos, que procuravam sem sucesso a varinha do rapaz, que só movera a cabeça, para continuar com o contato visual. –Você ficou louco?
-Ele tem que me respeitar! Fora de Hogwarts ele não é meu professor e eu não sou obrigado a engolir suas ofensas. –Harry tinha o tom duro e, agora, fazia Snape girar rapidamente em torno de si mesmo.
-Respeito não pode ser imposto, tem que ser conquistado. –Hermione fala em tom baixo e calmo, surpreendendo os bruxos presentes e fazendo Harry entender que estava agindo errado.
Harry fecha os olhos e respira fundo, no momento em que Snape começa a despencar na direção da cadeira onde estivera sentado. Porém, pára pouco antes de bater com a cabeça na mesa, depois é girado no ar em posição correta e posto gentilmente no chão. Contudo o que mais espantou os presentes, foi ver que era Hermione a Erguer as mãos e fazer gestos como se manipulasse o corpo do professor a distância.
-Desde quando se ensina magia sem varinha em Hogwarts? –Tonks pergunta olhando para Dumbledore, que parecia observava Hermione.
-Está é uma ótima pergunta, Tonks. –Dumbledore fala lançando um olhar interrogativo a Harry.
-Quando conheci Hermione, comentei que preferia fazer magia sem varinha e então ela disse que eu não devia contar pra ninguém que eu era free-handed...
-E você obedeceu? Não acredito que escondeu isso de mim, seu melhor amigo, enquanto ensinava esses truques pra ela! –Rony estava vermelho e olhava para Hermione com o mesmo olhar de antes de ficarem amigos, o que fez Hermione revirar os olhos e se afastar um pouco, apoiando-se levemente na mesa.
-Não são truques, Rony! E Harry não me obedeceu , eu não ordenei nada. O que eu fiz foi alertá-lo de que tal habilidade é muito rara por aqui e sinal de que um bruxo é muito poderoso, o que poderia provocar medo excessivo das pessoas ou até mesmo inveja, já que os bruxos tendem a ter certos sentimentos um tanto ambíguos diante de dons raros. Como um rapaz inteligente e responsável, Harry ocultou de todos sua habilidade e me pediu para ensiná-lo a usar corretamente a varinha, eu aproveitei e pedi para que ele me ensinasse a fazer magia sem varinha.
-E garanto que foi muito mais difícil para Hermione, ela teve que se dedicar muito para aprender, principalmente porque sou um professor muito rigoroso. –Harry completa tentando diminuir a tensão de Rony.
-Isso é verdade, Harry não se contenta em me levar ao limite, tenho que ultrapassá-lo aula após aula. Ele é talentoso e perfeccionista e cobra o mesmo de mim. –Hermione deixa transparecer em sua voz o quanto ele era exigente, mas olhando-o com admiração.
-Se eu agüento Snape numa matéria chata, posso agüentar Harry numa matéria legal! –Rony fala como se fosse óbvio, fazendo Snape bufar irritado e Sírius, que olhava a tudo divertido, rir.
-Bom, agora que sabemos que Harry parece ter tanta habilidade quanto determinação, creio que possamos começar esta reunião. –Dumbledore fala enquanto fazia quatro cadeiras aparecerem do outro lado da mesa.
-Meus filhos não vão participar. Eles ainda são muito novos e eu não permito! –Molly Weasley fala de modo determinado, olhando severamente para os dois filhos mais jovens.
-Pára com isso, mãe! Se eu não ficar, Harry depois vai me contar tudo. Ele não mente, apesar de saber omitir. –Rony fala se sentando na cadeira e demonstrando que ainda estava um pouco chateado com o amigo.
-Deixe, Molly, o fato de eles saberem talvez os torne mais prudentes. –McGonagall aconselha a matriarca Weasley, que se vê obrigada a permitir que Gina e Rony ficassem.
Os próximos dias que se seguiram passaram rapidamente. Hermione havia elaborado o que dizia ser uma espécie de uma agenda de trabalhos de casa, alertando de que estes eram muitos, principalmente os de Poções e que portanto o melhor seria fazer um plano para os terminarem mais cedo. Com o apoio da Srª Weasley, durante três dias de seguidos aproveitavam as manhãs para fazer os deveres escolares, aproveitando as tardes no Beco Diagonal para as últimas compras e preparativos de Natal. Entretanto, Sr. Weasley já tinha tido alta em St. Mungus e estava de volta ao trabalho mesmo depois dos conselhos de Srª Weasley que achava que deveria ficar uns dias em repouso.
O último acontecimento, ainda o estava deixando perturbado. O fato de Voldemort o ter feito olhar tudo pelos olhos da cobra e tê-lo de certa forma obrigado a atacar Sr. Weasley era algo que não lhe desamparava os pensamentos. Ele mergulhara em sua mente e podia voltar a fazê-lo quando bem quisesse.
E ele, Harry havia interpretado corretamente as intenções da serpente quando este deslizava pelo chão ao encontro de Sr. Weasley, mas nada poderá fazer pra impedir que este fosse ferido.
Estaria ele tão vulnerável ao ponto da próxima vez numa outra situação as coisas se agravassem?
E se ele vira o ataque, provavelmente Voldemort também, portanto se ele conseguia aceder aos seus pensamentos e emoções, porque o processo não poderia funcionar ao inverso?
Harry deixou-se cair na cama do quarto que dividia com Ron que dormia profundamente na cama ao lado.
Tentou esvaziar a mente. Apaziguar as vozes das pessoas que tinha ouvido nesse dia, qualquer acontecimento recente ou lembranças triviais que vinham a cabeça despropositadamente.
Fechou os olhos e tentou libertar-se de qualquer tipo de emoções ou sentimentos.
Tal como controlou a respiração, também tentou disciplinar a sua mente. Concentrou-se em não pensar, em não se recordar ou sequer sentir...
A cicatriz picava cada vez mais desagradavelmente e isso incomodava-o imenso, mas ainda assim não tinha abandonado a ideia de despovoar sua mente com qualquer coisa, por mais ínfimo que fosse.
Viu um orfanato... Dumbledore falava com um menino bonito, alto, de cabelos negros, embora possuísse uma palidez fora do normal... o mesmo agora andava pelos corredores que Harry conhecia... Viu um grupo encapuzados e de longas vestes negras... fúnebres... todos estavam curvados ligeiramente numa cortês vénia... esperando algo... algo ou alguém que chegaria dentro de breve... a qualquer instante... o mesmo menino agora tinha feições adultas erguia uma varinha na mão direita e lutava... fervorosamente... incansável... uma gargalhada gélida... cruel... soou dentro da cabeça de Harry fazendo-o levar uma mão a cicatriz que pulsava continuamente... a dor aumentava a cada algo novo que via que Harry pensou que alguém estava decepando cada membro de seu corpo... o rosto era ofídio, com fendas estreitas no lugar das narinas... olhos vermelhos e brilhantes de pupilas verticais... As mãos eram como aranhas grandes e pálidas com dedos longos e brancos... Ouviu uma voz arrastada... marcante... pérfido pronunciando num tom de voz baixo: Harry Potter.
Harry abriu os olhos. Gotas de suor deslizam pelo seu rosto. A cicatriz ainda continuava a pulsar, mas diminuíra a intensidade. Não pôde deixar de sentir que a sua primeira tentativa pra invadir a mente de Voldemort lhe tinha enfraquecido a resistência da mente, em vez de a fortalecer e perguntou-se a si próprio, profundamente desinquieto, onde estaria Voldemort.
Aquela noite de Natal deixava a todos animados. O espírito natalício havia invadido a Casa dos Black através das decorações que todos se entretiveram a fazer nos últimos dias. Os candelabros baços estavam decorados com grinaldas de azevinho e fitas douradas e prateadas. A neve mágica cintilava criando pequenas montanhas com cumes sobre as carpetes gastas e ao lado da lareira com peúgas vermelhas penduradas.
Uma grande árvore de Natal decorada com fadas verdadeiras, estrelas e luzes substituíra a velha árvore genealógica de Sirius e as cabeças empalhadas dos elfos que havia no hall foram trocados por figurinhas de Pai Natal e outros elementos natalícios.
Quando jantavam, Harry viu-se a desejar que aquele dia se repetisse em todos os dias de vida. Todos sorridentes e alegres. Estavam ali rostos conhecidos e felizes. Depois, subiram pra a sala.
_Feliz Natal. – Sirius cumprimentou ao que todos responderam prontamente um outro ‘Feliz Natal’. Sirius e Lupin procuraram as poltronas que ainda estavam vazias junto à lareira e Tonks conversava com Hermione perto da árvore que cintilava em luzes de três cores diferentes.
Harry aproximou-se do padrinho e do Lupin. O primeiro fitava as labaredas dançantes e parecia que os seus pensamentos estavam distantes dali e o segundo degustava uma taça de um líquido de um tom avermelhado escuro.
_ Está a ser um dos meus melhores Natal, Harry, sabe. Sinto saudades de quando a única preocupação era que um único Pub em Hogsmead ou qualquer outro sítio tivesse cervejas amanteigadas ou qualquer outra coisa que caísse bem desde que estivéssemos todos juntos. Sinto inveja daqueles tempos...
Natal em família era algo que não existia na família, não havia nada de animador por cá, o dia de Natal era como um outro dia qualquer. E por isso, ao invés de estar passando momentos desagradáveis aqui e sem ninguém com quem dividir um delicioso e farto jantar, preferia estar com Pontas e ali, o Aluado. – Lupin sorriu resignado. Sirius parecia lamentável, mas mesmo assim não deixou que as recordações contagiassem a felicidade de ter a casa cheia.
_E está gostando de estar cá, Harry? – perguntou Lupin.
_Claro que sim. Em Almaren não temos uma época especial chamado Natal, mas também comemoramos datas importantes segundo o calendário élfico.
Ron aproximou-se do monte dos presentes à volta da árvore de Natal e esfregando as mãos uma na outra, entusiasmado como se fosse uma criança.
_Oh, Rony, não exagera, mais um pouco e diria que você até está com os olhos brilhando de tanta alegria. – Gina disse pra um Rony praticamente surdo ocupado em rasgar os papéis de embrulho.
Hermione abanou a cabeça vendo Rony e ajoelhou-se ao lado de Gina pra ler as etiquetas que tinham o seu nome. Pegou num embrulho de papel azul com um laço prateado. Leu a etiqueta, era de Harry. Abriu-a e deparou-se com um enorme dicionário que traduzia as expressões da língua élfica para inglês. Folheou alegre o dicionário e reparou que este tinha sido feito pelo próprio Harry e estava tudo ordenado por ordem alfabética e com direito até a detalhes de pronúncia.
Fred e George apareceram vestidos de pai natal e entre anedotas distribuíam algumas das prendas.
_ “Como se preparar para os N.OM.s.” –Rony leu o título do imenso livro de capa dura que segurava nas mãos e de seguida censurando Hermione com o olhar. _Um livro, Hermione?
_Sim, os N.O.M’s serão no final do ano e quanto mais cedo se mentalizar e se preparar melhor. – ela respondeu sem vontade de dar corda ao assunto.
Sirius e Lupin ofereceram a Harry um conjunto de excelentes livros denominados por Magia Defensiva Prática e como Usá-la Contra a Magia Negra, contendo umas ilustrações soberbas, a cores, que se moviam, exemplificando todos os contrafeitiços e encantamentos que descreviam.
Sr. e Srª Weasley deram-lhe uma camisola tricotada à mão e Ron uma caixa enorme de Feijões de Todos os Sabores.
E de Hermione, recebera um cordão com um pingente em forma de uma folha, feita de cristal que transmitia uma sensação de calma. Ela dissera-lhe que era pra dar boa sorte.
Não conseguira dormir a noite toda, estava ansioso e inseguro demais para dormir e se concentrar. O reflexo disto era o incontável número de vezes que já passara pelas estantes da biblioteca atrás de algo interessante para ler, mas sem achar nada que despertasse seu interesse. Sua mente ficava jogando seus pensamentos na direção de Hermione e suas possíveis reações, quase se arrependia de ter dado a ela o dicionário.
-Anar, significa Sol e nya é um sufixo indicador de posse, portanto Anarinya significa “meu Sol”. –Harry gelara ao ouvir a voz de Hermione se aproximar, demorando alguns instantes para tomar coragem e se virar, observando-a caminhar na direção dele com uma expressão indecifrável. –Quando descobri isto, fiquei um pouco confusa, talvez chocada, porém lembrei-me de quando me chamou assim pela primeira vez e perguntei o que significava e você disse que eu saberia quando estivesse pronta para saber.
-Me desculpe, eu não tinha o direito de ludibriá-la desta forma, agi de modo covarde e trai sua confiança. Não se preocupe que nunca mais a chamarei assim e também não farei nada para atrapalhar seu namoro com Krum...
-Eu terminei com ele há pouco mais de um mês. –Aquela notícia o fez olhar nos olhos dela pela primeira vez, procurando algum sinal de tristeza ou mágoa.
-Sinto muito, prometo que não tornarei as coisas ainda mais difíceis pra você... –Harry já estava cabisbaixo de novo, o jeito curioso como ela o olhava estava deixando-o sem saber o que fazer.
- “It's here, it's now… Open your eyes and see it… Right here, right now… Open your eyes to love” -Harry olhara para cima, surpreso por ouvi-la cantarolar aquilo, a expressão ainda indecifrável, os olhos castanhos estudando suas reações, enquanto continuava a se aproximar.
Contudo, nada do que pudesse imaginar, o prepararia para o aconteceu. Hermione finalmente chegara bem próxima de si, se colocara nas pontas dos pés e então beijara-lhe os lábios suavemente. Primeiro foi apenas uma leve pressão, depois ela beijava e sugava levemente seu lábio inferior e superior, uma carícia leve e ritmada, além de muito prazerosa.
-Obrigada pelo empurrãozinho. Eu nunca havia suspeitado de nada, então quando ouvi esta música, achei que estivesse exagerando que fosse algo da minha cabeça, apesar dela ter me ajudado a ver o quanto você era especial pra mim, pois eu desejei muito que fosse verdade. Então, quando li o significado de Anarinya, mal pude me conter... –Harry demorou a encontrar sentindo nas palavras doces e sussurradas de Hermione, mas quando o conseguiu não pôde se conter.
-Está querendo dizer que corresponde meus sentimentos? Que quer namorar comigo? –Harry pergunta exultante, abraçando Hermione fortemente, sentindo que poderia explodir de tanta alegria.
-Sim, eu gosto muito de você e ficaria honrada em ser sua namorada, Haryon. –Hermione estava levemente corada, mas sorria largamente, enquanto acariciava-lhe o rosto.
-Prometo que farei por merecer sua confiança, melda. –Harry a abraça forte, sentindo seu coração bater fortemente em seu peito.
-O que significa? –Hermione pergunta em tom curioso, afastando-se o suficiente apenas para olhá-lo.
-Querida, amada. – A resposta não passou de um sussurro, até porque seu olhar poderia mostrar com muito mais precisão o real significado da palavra.
-E pode ser usado no masculino? –Harry sorriu ainda mais ao ouvir aquela pergunta.
-Sim, mas não aconselho. É o modo como minhas mães me chamam. –Hermione riu ao ouvir aquilo e Harry se sentiu ainda mais entorpecido com aquele som.
-Neste caso, prometo que estudarei aquele dicionário até achar algo a altura de Anarinya.
-Não precisa. Gosto de como você diz meu nome, o som da voz faz meu coração pular ensandecido no peito. –Um sorriso novo se formou nos lábios róseos de Hermione, deixando-o encantado e curioso, porém estes sentimentos logo foram esquecidos ao sentir que novamente os lábios de sua amada tomavam os seus em uma dança lenta e envolvente.
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