A Serpente
Harry chegou rapidamente à casa de Hagrid, Hermione pendia inconsciente em seus braços. Com um sinal, indicou a Rony que abrisse a porta, então os dois adentraram rapidamente, assustando o professor.
-Mas o que está acontecendo? –Hagrid pergunta limpando a barba, na qual havia derramado parte do chá que bebia. Viu Harry correr com Hermione até a mesa onde Fëanor costumava ficar e a deitar lá, empurrando o dragão para o canto.
-Ela foi ferida, está inconsciente. –Rony fala preocupadamente, sua face estava pálida e ele tremia levemente.
-Peguem uma poção para repor sangue, rápido! –Harry ordena enquanto rasgava a camisa de Hermione com um feitiço. Rony ficara rubro de vergonha e logo depois foi empurrado por Hagrid para fora, a fim de dar privacidade para o socorro e pegar a poção.
Agora não, Fëanor. Hermione precisa de ajuda e eu de concentração. -Harry avisa o dragão, que tentara fazer contato mental com ele.
O passo seguinte foi cortar o sutiã e retirá-lo, jogando-o no chão de qualquer jeito. Com o caminho livre levou uma das mãos a cabeça da amiga e se concentrou por instantes. Em sua mente apareceu o esquema de todo o corpo dela, o que permitiu a ele por a outra mão exatamente sobre o coração dela.
O coração estava parado e o veneno havia se diluído no sangue, mas ainda não chegara ao cérebro. Tinha que fazer o coração voltar a bater e impedir que o veneno chegasse ao cérebro, além de tentar retirar o máximo possível do veneno. Começou a murmurar a frase entulessë sírë sercë enquanto pressionava o local onde ficava o coração de Hermione e, na imagem que ainda sustentava em sua mente, viu o coração voltar a bater lentamente, mas fluxo sanguíneo correndo em sentido contrário. O veneno se agrupava e corria um pouco mais lentamente que o próprio sangue.
Segundos depois, pelo ferimento feito pela acromântula, começou a sair sangue e veneno. No início o líquido viscoso era de um vermelho intenso, depois foi escurecendo e se tornando quase negro. Porém, antes de todo o veneno sair, Harry teve que normalizar o fluxo sanguíneo. Com um feitiço, limpou o corpo em torno do ferimento e depois correu até onde os remédios de Fëanor estavam, pegando gaze e o emplastro.
-Vamos, Hermione, preciso que seja forte! –Pede enquanto colocava o ungüento sobre o buraco, depois o cobrindo com a gaze.
Novamente coloca as mãos aos lados da cabeça de Hermione, novamente obtendo o “esquema” de seu corpo, observando a quantidade de veneno que ainda havia e a velocidade com a qual circulava pelo corpo da garota. Concentrando-se o mais profundamente que podia, começa a murmurar um curto cântico e observa que o veneno corria mais lentamente, saindo da corrente principal e indo para os pequenos vasos. Os batimentos cardíacos se normalizando aos poucos.
Poucos minutos depois, a porta da cabana se abre e por ela entra uma arfante e corada madame Pomfrey, trazendo consigo uma maleta. A enfermeira se assusta ao ver que a garota estava seminua e que Harry parecia cantar algo em seu ouvido.
-O que está acontecendo aqui? –Pergunta entre intrigada e chocada, ainda mais ao ver a quantidade de sangue que havia sobre a mesa e sobre Hermione.
-Ela precisa da poção para repor sangue. Não me interrompa. Apenas avise quando a poção começar a fazer efeito e houver passado tempo o suficiente para ela ter reposto ao menos 300ml. –Harry fala rapidamente. Estava pálido e suava frio, os olhos estavam fechados e sua voz um pouco distante.
A enfermeira não contestou ou perguntou nada, apenas abriu a maleta e retirou um frasco de poção cujo conteúdo era vermelho. Sem interrompê-lo, abriu a boca de Hermione e despejou o conteúdo do líquido, depois repetiu o gesto com outra poção, desta vez com o conteúdo verde claro.
-Acho que já passou tempo o suficiente para ela repor os 300ml. –A enfermeira, que havia examinado a garota durante os minutos que se passaram, fala ao observar o relógio e ver que já haviam passado dez minutos desde que aplicara a primeira poção.
-Ok, obrigado. –Harry fala se sentando em uma cadeira. Estava cansado e se sentia sem forças.
-Precisa descansar, dá para ver que não está nada bem. –A enfermeira fala de modo preocupado e Harry assente.
-Vou dormir um pouco, mais tarde eu vou visitá-la. –Harry se levanta um pouco cambaleante, mas consegue andar e sair da cabana.
-E aí, como ela está? –Rony pergunta parecendo preocupado.
-Estável. Me ajuda a ir pro quarto, preciso dormir. –Imediatamente Rony o apoiou e começou a caminhar com ele para o castelo. Hagrid havia batido na porta e entrava na cabana.
Horas mais tarde, Hermione havia acordado, se alimentado e escutado o relato da enfermeira sobre o ocorrido. Agora a garota tentava não corar ao pensar em tudo que Harry fizera, afinal o amigo provavelmente iria visitá-la ainda naquele dia. E, mal acabara de pensar nisto, quando viu a porta da enfermaria se abrir e por ela passarem Harry e Rony, o que já bastou para que sua face esquentasse e ganhasse tons róseos.
-Oi! Pelo visto você já está melhor, está até coradinha. –Rony fala em tom simpático enquanto se sentava a um de seus lados, Harry a outro.
-É bom ver que está reagindo tão bem, ficamos muito preocupados, Anarinya. –Harry tinha o tom suave de sempre e parecia sorrir levemente, o que lhe passou certa segurança.
-Pelo que madame Pomfrey me informou, tenho que lhe agradecer por ter salvo minha vida e não adianta dizer que eu não preciso, pois eu preciso sim! Tenho uma divida de honra com você e não há como você me liberar dela. –Hermione fala determinadamente, o que Harry sabia significar que nada a faria mudar de idéia.
-Neste caso faço minhas as suas palavras, Hermione. Tenho uma divida contigo e devo agradecê-la por salvar minha vida, principalmente porque até hoje nunca fiz nada para lhe dar motivos a isto, na verdade você deveria me odiar e desejar que eu virasse comida de aranha gigante e não se arriscar pra me salvar. –Rony fala em um fôlego só algo que ele parecia ter ensaiado. Harry reparou que apesar de envergonhado, o amigo parecia sincero em suas palavras.
-Creio que sua palavra de que nunca mais fará nada contra mim, já me é um agradecimento bom o suficiente. –Hermione parecia confusa e talvez chocada com a atitude de Rony, mas Harry via naquela situação a oportunidade perfeita para aproximar os amigos.
-Pois eu não acho que seja o suficiente. –Rony e Hermione imediatamente se viraram para ele com expressões curiosas. –O mínimo que Rony pode fazer é se esforçar para desfazer a imagem ruim que fez de você e lhe defender de qualquer um que venha a lhe ofender ou tentar te agredir. Porém, creio que esta é a melhor oportunidade que terão para se conhecerem e tornarem-se amigos.
-Harry tem razão. Acho que agora que você sabe que eu sou diferente do que imaginava e que eu vejo que você é capaz de reconhecer seus erros, a gente possa tentar se conhecer melhor e nos tornarmos amigos. –Hermione fala de modo sério, mas sincero, estendendo a mão a Rony, que a aceita.
-Não sei se vamos conseguir nos dar tão bem assim, mas eu vou tentar. Aliás, eu queria aproveitar para me desculpar com os dois por eu ter ficado parado durante o ataque das acromântulas... eu devia ter ajudado, mas... eu morro de medo de aranhas, é um trauma de infância. –Rony fala completamente sem jeito e Harry dá uns tapinhas nas costas do amigo, mostrando que o entende.
-Tudo bem, cada um tem seus medos. O meu é de altura, por isso não vou aos jogos. Só em pensar em jogadores voando tão rápido e alto me dá vertigem. –Hermione confessa também sem jeito, mas numa atitude clara de tentar amenizar o constrangimento do ruivo.
-Pelo menos você tem um motivo, mas ainda sim, não dá pra acreditar que uma bruxa possa ter medo de altura! –Rony fala balançando a cabeça negativamente, aquela novidade não fazendo nenhum sentido para si.
-Então façamos um pacto. –A proposta de Harry fez os outros dois o olharem desconfiados. –Assim que Hermione melhorar, vamos nos esforçar para fazer Hermione superar o medo de altura e Rony o medo de aranhas!
-Eu não acho que isso vá dar certo! –Rony havia ficado pálido diante da idéia de ver outra acromântula.
-Eu concordo com Rony, por mais incomum que isso seja. –Hermione fala resoluta, não queria nem se imaginar sobre uma vassoura em uma distância maior da que seus pés pudessem tocar o chão ao esticar as pernas.
-Pois saibam que um ser corajoso não é aquele que não possui medos e sim aquele que supera seus medos. E vocês dois sendo grifinórios, corajosos por excelência, deveriam lutar para superar os seus. –Harry fala de modo sábio, mas encorajador.
-Então nos diga de que tem medo e entre no tal pacto também! –Rony fala em tom desafiador e é a vez de Harry corar.
-Bom, no momento, não me ocorre nada. –Responde bagunçando mais os cabelos já rebeldes.
-Não tem medo de nada? –Rony parecia surpreso, mas Hermione apenas sorria compreensiva, já havia percebido que Harry parecia não ter medo nada, nem mesmo seu destino sombrio.
-No momento não. Mas quem sabe eu não encontre um grande desafio e vocês me ajudam a superá-lo? –Havia um tom animado e os olhos de Harry brilhavam diante da idéia de ter uma grande aventura com os amigos, assim como tinha com Ethyar.
-Primeiro vamos nos concentrar no problema da Hermione, afinal qualquer bruxo voa! –Rony fala em tom óbvio, o que deixa Hermione aborrecida.
-Pois eu acho muito mais fácil cuidar do seu problema, afinal geralmente as aranhas não tem mais do que uns poucos centímetros. –Harry pensou em interferir, mas resolveu deixar que os dois discutissem, afinal era um jeito de eles tentarem chegar a um acordo e ainda falarem abertamente de seus medos.
Nos dias que se seguiram, Harry e Rony iam visitar Hermione de duas a três vezes por dia, levando-lhe as anotações que Harry fazia nas aulas e jogando um pouco de conversa fora, as vezes o moreno levava Fëanor e os quatro brincavam. E a cada dia que se passava, o desconforto e a tensão que existia entre Rony e Hermione diminuía, apesar das constantes discussões bobas, era evidente que agora ambos se respeitavam e eram capazes de se divertir juntos.
No dia seguinte ao que Hermione fora liberada da enfermaria, Harry resolvera aproveitar a última oportunidade antes das férias de fim de ano, para tentar por em prática alguns dos conselhos que recebera. Naquele dia havia combinado com Hermione de darem uma volta no jardim, aproveitando que o frio não estava tão intenso.
-Me prometa que não tentará me convencer a participar de uma daquelas guerras de neve bobas. –Hermione pede a Harry ao saírem pelo jardim, indo na direção de onde um grupinho de grifinórios estava.
-Não se preocupe, todos sabem que você não pode cometer excessos, ainda está se recuperando de um ferimento sério. –Harry fala de modo cuidadoso e gentil, pouco antes de alcançarem os amigos. –Fica aqui que eu já volto.
Hermione ficou curiosa com a atitude do amigo, que se dirigiu até onde Rony estava. Porém, ao ver que ele pegava uma vassoura e vinha em sua direção, seu coração acelerou e o “pacto” lhe tomou a mente de assalto, fazendo com que uma fraqueza repentina tomasse suas pernas e a sensação de que o mundo realmente girava lhe invadisse.
-Hoje vamos dar um passeio por Hogwarts e eu vou te mostrar algo incrível que descobri! –Harry percebeu que ela não parecia nada confortável com a idéia e usou seu melhor sorriso para encorajá-la. –Vou te mostrar algo tão bonito, que você se esquecerá de onde estará. –Havia um tom de promessa na voz do moreno, que fez a vassoura flutuar, montou e estendeu a mão em um convite. –Confie em mim. Nunca deixaria que se machucasse.
Hesitante, Hermione aceitou e mal sentiu que apertara a mão do moreno e este a ajudara a se sentar de lado na vassoura, recostando-a em seu peito para aquecer-lhe e protegê-la de um frio maior que encontrariam ao voar.
-Prometo que serei suave e cuidadoso. Agora abra os olhos, Anarinya, e veja um mundo novo e de prazeres incomparáveis. –Harry sussurra no ouvido de Hermione e a sente estremecer, mas depois de alguns segundos a vê abrir os olhos e vislumbrar o horizonte de nuvens tão brancas quanto à neve que cobria o jardim da escola. –Veja o quanto o verde e o branco contrastam com os pontos coloridos que correm por todos os lados, como o castelo se ergue tão imponente e poderoso mesmo, parecendo ainda maior com todo esse frio.
Hermione tremia e Harry sabia que não era de frio, pois sua magia os mantinha muito mais aquecidos do que qualquer lareira, no entanto conforme ia apontando as paisagens, mostrando sua visão sobre as formas e cores, sentia que ela relaxava em seus braços. Depois, de alguns minutos circundando a propriedade, Harry estava bem alto e sobre o castelo, queria mostrar a ela como o lago ficava bonito ao pôr-do-sol especialmente daquele ângulo.
-Aqui realmente é lindo, mas era só isso que queria me mostrar? –Hermione pergunta de modo curioso ao ver que ele lhe apontava o grande lago.
-O que quero te mostrar já vai vir, apenas espere um pouco. –Assim que a respondeu, Harry retirou suas mãos da vassoura e a abraçou, o que a fez se assustar. –Calma, eu estou te segurando. Além disto, sei uma dezena de feitiços que nos fariam chegar com segurança ao chão caso caíssemos.
-Sei que você não mente, mas ainda sim é horrível esta sensação de não estar presa a nada, principalmente quando estou sobre um pedaço de pau. –Harry riu diante daquele comentário, mas não a soltou, pelo contrário, apertou-a mais contra si
-Sírius e muitos outros bruxos teriam um ataque se a ouvissem falando assim de uma Firebolt. –Responde rindo levemente, sentindo que ela também relaxava. Uma linha alaranjada surgiu no horizonte e o fez respirar fundo, antes de começar a entoar uma suave melodia élfica.
Hermione desviou os olhos para Harry por um instante, e momentos depois sorriu suavemente para, a seguir, buscar o horizonte, dedicando-se a apreciar as colorações que o céu pálido e sem graça ganhava e o contraste que formavam com o lago, cuja parte mais profunda não estava congelada. A impressão era que, a cada nota, entoada por Harry, o céu se abria e as cores ficavam mais fortes, assim como o reflexo no azul das calmas águas do lago.
-Isso foi fantástico, muito obrigada! –A noite já tomara o céu, quando Hermione se vira para Harry, que acabara seu canto, e fala parecendo emocionada, o que fez Harry sorrir com o sucesso de sua tentativa.
-Eu que agradeço pela companhia. Elanor e eu sempre víamos juntos a aurora e o ocaso e ela sempre cantava em saudação ao dia e a noite. São de momentos como este que mais sinto falta. –Harry olhava para ela, mas seu olhar estava distante, como se pudesse imaginar Elanor saudando a noite em Almaren.
-E ela tem a voz tão bonita quanto a sua? –Aquela pergunta o pegou de surpresa e o deixou bastante envergonhado, o que a fez rir levemente.
-Na verdade os elfos têm vozes incríveis, mas nenhuma se compara a de Elanor. Só quando a ouvir saberá o que realmente é música. –Havia saudosismo no tom de Harry, que não podia deixar de pensar o quanto seria bom ouvir, junto com Hermione, uma das belas canções de Elanor.
-E o que você acha da nossa música? É muito diferente da música élfica? –Hermione pergunta e Harry tem a impressão de que fora uma tentativa de lhe trazer de seus devaneios.
–Sim, principalmente o rock. Estou aprendendo algumas para ensinar a Elanor quando a vir, acho que todos acharão muito divertidas.
-Canta alguma pra mim? Gostaria de saber como sua voz fica cantando algo mais familiar. –Harry se surpreendera novamente com aquele pedido, mas gostara da chance nova chance que aparecera.
-Cantarei enquanto voltamos, assim não perdemos o jantar. –Hermione apenas assentiu, acomodando-se melhor, enquanto Harry voltava a segurar o cabo da vassoura com uma das mãos.
You've been searching the world to find true love
Looking in all the wrong places
When all of the time you've been blind to love
It's planted as nose on your faces
Você pode procurar em todo o mundo para encontrar um amor verdadeiro
Procurando em todos os lugares errados
Quando todo esse tempo você esteve cega para o amor
Ele está plantado bem a sua frente
It's here, it's now
Open your eyes and see it
Right here, right now
Open your eyes to love
Bem aqui, bem agora
Abra seus olhos e veja-o
Bem aqui, bem agora
Abra seus olhos para o amor
You've been down on yourself thinking something's wrong
Wonder love has never found you
Don't you know it's been right here all along?
If only you look around you...
Você estava para baixo pensando que algo estava errado
E por que o amor nunca te encontrou
Você não sabe que ele tem estado aqui todo o tempo?
Se ao menos você olhar ao seu redor
It's here, it's now
Open your eyes and see it
Right here, right now
Open your eyes to love
Ele está aqui agora
Abra seus olhos e veja-o
Bem aqui, bem agora
Abra seus olhos para o amor
Love has been right by your side
So close that you couldn't see
If love could speak it would shout to the sky
I've always been here
I always will be here
I'm here, I'm now
Open your eyes and see
Right here, right now
Open your eyes to love
Open your mind to love
Open your heart to love
O amor tem estado bem ao seu lado
Tão perto que você não podia ver
Se o amor pudesse falar, ele gritaria para o céu
Eu sempre estive aqui
Eu sempre estarei aqui
Estou aqui agora
Abra seus olhos e veja
Bem aqui, bem agora
-Chegamos, gostou do passeio? –Harry pergunta tentando conter a expectativa.
-Sim. Mas que música foi essa que você cantou? –Hermione parecia curiosa e o olhava de modo estranho.
-Uma que ouvi Lilá cantarolar outro dia. Eu achei interessante e pedi pra ela me ensinar. –Harry estava nervoso e ansioso, mas usava tudo que aprendera com os elfos para não demonstrar emoção alguma.
-Melhor entrarmos, está muito frio aqui. –Harry precisou de uns segundos para entender o que Hermione havia falado, sentiu como se houvesse perdido algo da conversa.
-Pode se aproximar de mim, assim eu te aqueço. –Oferece tentando não se deixar abalar pela mudança brusca de assunto.
-Não precisa, lá dentro deve estar bem quente. –Hermione fala lhe sorrindo tranquilamente, enquanto apertava um pouco o passo para entrar no castelo, que estava quente e bem iluminado.
“Idiota! Burro! Burro!” –Harry se xingava mentalmente e usava de seu máximo auto controle para não dar com a vassoura em sua testa. – “O que achou que ela pensaria depois de ouvir uma música como essa? Na melhor das hipóteses que você é um idiota completamente distraído e na pior... provavelmente que nunca mais deve ficar sozinha com você!” –Harry se recriminava por ser tão precipitado, tentando se acalmar para que pudesse pensar em um jeito de reverter aquela situação.
*
A serpente deitou a língua fora... sentiu o odor do homem no ar... estava vivo, mas sonolento... sentado defronte de uma porta, ao fundo do corredor...
Sentiu um desejo intenso de morder o homem... mas tinha de controlar esse anseio... tinha coisas mais importantes a fazer...
O homem mexia-se...pôs-se de pé num pulo, deixando escorregar um Manto prateado e viu o seu perfil fremente e indistinto erguer-se acima de si, viu uma varinha ser retirada de um cinto... não tinha hipóteses... erguendo-se do chão, atacou uma, atacou duas, três vezes, enterrando profundamente suas presas na carne do homem, sentindo as costelas estilhaçarem-se entre as suas mandíbulas, saboreado o jorro quente do sangue...
O homem gritava de dor... depois calou-se... escorregou pela parede... o sangue alastrava pelo chão...
A sua testa doía-lhe terrivelmente... pulsava, quase a rebentar...
Harry despertou do pesadelo deixando um grito irromper de sua garganta. Remexeu-se descoordenado, ainda com uma profunda e estranha sensação na pele que durante o sonho fora substituído pela pele elástica e dilatável pele da serpente.
Pela expressão do semblante de Harry, era possível imaginar o quanto havia sido perturbante o que sonhara.
O ruivo acordou na cama ao lado, dando de caras com um Harry que fitava cismadamente o nada.
_Está tudo bem, Harry? – Rony perguntou sonolento com os semicerrados.
_Hum..Não...preciso de falar com Dumbledore.
_Sobre o quê? – perguntou o ruivo divisando no escuro a figura de Harry que estava colocando um casaco por cima da camisa do pijama.
_É urgente...-disse impaciente e caminhando para fora do dormitório.
_Espera, eu vou contigo. – o ruivo saiu atrás dele.
Os dois seguiram pelo corredor frio e iluminado pelas tochas fracamente avivadas.
_Pode abrandar e dizer o que de tão urgente tem para falar com Dumbledore e que não pode esperar para... – Rony foi interrompido por um gesto de Harry pedindo silêncio.
_Não está ouvindo nenhum barulho? – perguntou em tom de voz baixa. Ron calou-se durante alguns segundos, escutando apenas a respiração deles. Instantes depois abanou negativamente a cabeça. Contudo, Harry continuou caminhando cautelosamente e atento.
Dobraram uma esquina e depararam-se com um par de olhos brilhando estranhamente para eles.
_O que é isso? – Harry inquiriu aproximando-se.
_O que está fazendo Harry? É melhor...voltarmos para trás...imagina se o Snape aparece... – o ruivo disse descontrolando e parando só quando ouviu o som de um gato. Aproximou-se de Harry e a frente deles encontrava-se a gata de Filch que miava persistente como que querendo chamar alguém.
_É melhor a gente ir...tenho a sensação de que ela não gosta de nós. – Harry disse subindo as escadas e continuando a caminhar até que pararam a frente da gárgula. Pronunciou e a estátua abriu uma passagem que levava a escadas em caracol que os conduziu pra cima, e logo de seguida estavam diante do escritório do director.
Rodeado de vários utensílios, quadros e ao lado a gaiola de Fawkes e sentando na sua secretária, Dumbledore parecia concentrado no que estava escrevinhando.
_Er...Boa noite, professor?
_Harry...Bem, talvez deveria te perguntar porque não está dormindo visto as horas que são, mas não o farei até porque eu também não tenho sono. E se está aqui suponho que tenha algo importante para falar comigo. – pressupôs humedecendo a pena no tinteiro.
_Er… eu tive um pesadelo.
Ao ouvi isso, só então desviou a sua atenção do pergaminho para Harry e também notando a presença de Rony. Convidou-os a sentarem-se e pediu a Harry que relatasse o que havia acontecido e este assim o fez. O moreno narrou tudo desde a sensação que havia sentido, não omitindo qualquer detalhe e mostrando-se culpado pelo que havia sucedido.
Após o relato, Dumbledore nada disse, apenas pousou a pena e cruzou os dedos. Olhou Rony algumas vezes, mas nada dizia e voltava a fixar-se insistentemente o pergaminho. Parecia estar divagando nalguma coisa que por mais que eles se esforçassem já mais adivinhariam, até que por fim quebrou o silêncio:
_Artur Weasley…-pronunciou levantando e andando de um lado pra o outro.
_O meu pai? – Rony perguntou também se erguendo.
_Infelizmente, sim. Sei a escala e se a memória não me falha, Artur era quem fazia a guarda está noite. – Dumbledore disse olhando para o ruivo meio atónico.
_Eu preciso de saber como está…ele deve estar precisando de ir pra um hospital…e será que a mãe já está sabendo? – Rony perguntava-se a si mesmo invadido por uma ansiedade de ver o pai.
_Se acalme senhor Weasley. É melhor informar seus irmãos pra que partam para a Toca. Creio que de nada adiantará fazê-los tentar conter a ausência de notícias. Antes de irem falem com a Minerva. Entretanto, eu vou tratar de saber o que aconteceu. – disse vendo Harry sair do escritório ao lado de Rony, um tanto abalado.
*
Graças ao pó prateado Harry e os Weasley haviam sido transportados em alguns segundos e agora encontravam-se a frente da lareira da Toca. Harry mirou o espaço enquanto ainda se recompunha da sensação daquela ‘viagem’. Com imensas poltronas, plantas, distribuídos pela sala de estar. Junto a entrada, fixa no chão, podia ver-se uma inscrição assimetria que dizia “A Toca”. Na parede diante dele estava um relógio pendurado, apenas com um ponteiro e sem nenhum número. Em volta estavam frases escritas como ‘Hora de fazer o chá’, ‘Hora de das de comer às galinhas’ ou ‘Está atrasado’, entre muitos outros. Ao lado da porta principal estava um a confusão de botas e borracha e um caldeirão completamente enferrujado. Ao lado, um corredor estreito dava acesso a cozinha, de onde veio uma mulher baixa, roliça, sentida que se lançou aos ruivos num abraço apertado.
_Como está o pai? – Gina perguntou passado algum tempo.
_Não se preocupem, vai ficar tudo bem.
_Não seria melhor irmos para St. Mungus?
_Não, Rony. Não queremos atrapalhar o trabalho dos curandeiros... – Molly retruquiu e só então parou ao divisar a figura de um rapaz atrás de Ron, a quem sorriu simpaticamente. – E quem é o vosso amigo?
_Ah...Harry, está é a senhora Weasley. Senhora Weasley este é o Harry e vai passar as férias de Natal connosco. -Fred fez as apresentações, recuperando o habitual tom de voz sarcástico.
_Se a senhora não se importar é claro. – Harry quis dar a entender.
_Claro que não, Harry. A Toca não é propriamente grande coisa, mas fique vontade...-Harry preparava-se pra dizer qualquer coisa, porém Molly continuou. – não incomoda nada, não.- Harry anuiu com a cabeça recebendo um olhar de ternura de senhora Weasley que o fez lembrar de Hanya, Lóte e Elanor.
_Lamento o que aconteceu, senhora Weasley?
_Oh, você não tem nada haver com isso querido. Agora o melhor é irem dormir.
_Mas...-Gina tentou protestar.
_Sem mas, nem meio mais Gina. - senhora Weasley disse determinante.
*
_Rony...eu lamento o que sinto. – Harry quando finalmente já se encontrava deitado numa cama provenciada pela senhora Weasley no quarto de Ron, no quinto andar.
_A culpa, não é sua Harry, portanto não precisa ficar assim. Ei...que tal escrever uma carta pra Hermione a perguntar se ela não quer vir passar as férias connosco?
_Boa ideia... – disse erguendo-se da cama.
Rony levantou-se e foi procurar um pergaminho e uma pena num móvel marrom ali perto. Olhou para Harry e começou a escrevinhar numa letra apertada e em tom irónico:
“Cara senhorita Granger,
É com imenso agrado que a convido para passar as férias de Natal em minha humilde casa. Harry está aqui e certamente está saudoso (nessa altura Harry repreendeu Rony). Se para a sua inteira satisfação quiser trazer algo para se entreter, digo, livros... esteja a vontade. Junto com a carta envio a morada.
Abraços,
Rony Weasley e Harry Potter”
_E pronto. – o ruivo pousou a pena ao lado.
_Não acha que exagerou na ironia não?
_Ironia? Aonde? Eu escrevi formalmente. – Rony respondeu colocando a carta num envelope. – Nossa...você já tentou imaginar Hermione se divertindo e despreocupada? Ou melhor será que ela sabe que essa palavra existe? - Rony perguntou-se jogando na cama.
Harry abanou a cabeça e voltou para a sua.
N/A: Oi, é Lílian, desculpem a demora e ter retirado o capítulo do ar, mas ele necessitava de umas correções no início (minha parte).
entulessë sírë sercë =significa retroceda rio de sangue (tradução aproximada)
A música acima é do filme Lizzie McGuire, creio que muitos reconheceram, e quem canta é o conjunto LMNT, quem puder ouvir, ouça porque é linda.
Thiago J. Potter: Eu não tenho fics principais Thiago, apenas esta eu escrevo em parceria e as vezes não dá pra postar porque acontece desencontros e no caso eu e a Bia ficamos muito tempo sem nos falar porque ela estava sem internet, mas o capítulo chegou e vamos tentar atualizar mais rápido.
Mizita: O Rony e a Hermione já fizeram as pazes e agora a tendência é que sejam como na história que conhecemos. Quanto aos conselhos, você viu que Harry tentou segui-los, mas não deu tão certo quanto ele esperava rsrsrs
Gandalf Dumblemore: O parabéns foi atrasado, mas o capítulo também demorou, então ta perdoado rsrsrsrs Obrigada por ter lembrado.
Lilly: Fëanor ainda é só um filhotinho, mas quando crescer sem dúvida será um ótimo amigo e aliado rsrsrs
Adriana Paiva: Já comecei a traduzir as palavras. E confesso que foi um grande lapso nosso não termos traduzido antes. Não sei agora quais são todas as que ele disse, mas se você tiver curiosidade quanto a alguma é só dizer qual é nos comentários que nós traduzimos nas N/A. E a Mione não perdeu a varinha não, o Rony pegou e depois deu a ela.
Andréa Pismel da Silva: Rony não sabia que estava atrapalhando nada, o Harry nunca falou dos sentimentos pra ele, então vamos dar um desconto pra ele né^^ E quanto ao jeito do Harry, sim ele é muito fofo e muito idealista, bem firme em suas idéias e ideais, coisa de elfo rsrs
Nick Granger Potter: Por enquanto ainda foi visto bem pouco de magia, mas logo iremos mostrar bem mais, afinal a guerra começa a ganhar contornos.
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