Uma Longa Viagem



Olá. Não aguentava mais de ansiedade pra postar o cap. Já faz das que está pronto.

Portanto, não vou enrolar, ok? Vamos a ele.




Capítulo 05 – Uma Longa Viagem





Após aquele primeiro dia de viagem, seguiram-se muitos outros enfadonhamente iguais. O dia começava cedo, com sessões de treinamento para as meninas, que melhoravam cada vez mais. Uma semana após terem partido, Harry finalmente lhes entregou suas espadas, até então sob sua guarda, para continuarem os treinamentos, agora, com armas verdadeiras. Mas, apesar da melhora, continuava gritante a diferença entre as duas. Gina demonstrava uma perícia e agilidade muito superior à de Mione, que por sua vez era, tecnicamente, excelente. Mas faltava-lhe algo.


Com o passar dos dias, o tempo foi tornando-se cada vez mais frio. Trinta e dois dias depois de terem deixado o Condado, o inverno se abatera sobre eles e a primeira neve caiu numa manhã cinzenta, logo após uma chuva que os deixou completamente encharcados e enregelados. Eles haviam acabado de atravessar o rio Cinzento e entrado nas Terras Pardas, praticamente a meio caminho de seu destino. Estavam todos desolados, pois as montarias conseguidas em Bri eram velhas e por isso não podiam cavalgar com a urgência necessária. Viajavam a passo lento, com receio de que, se apressassem mais o passo, acabassem ficando a pé, o que seria ainda pior. Quando a noite chegou, todos se sentiam gratos por pararem e poderem se esquentar um pouco. As rações estavam mais escassas, agora tinham que racionar o que tinham. A caça desaparecera devido ao clima, fazia dias que não encontravam nada para abater. Estavam atravessando uma planície, onde era difícil encontrarem abrigos naturais, portanto haviam perdido um bom tempo até encontrarem um pequeno bosque, por onde corria um riacho. Algumas árvores davam a proteção necessária ao vento frio, então finalmente resolveram acampar. Ao longe, um tanto difusas devido às nuvens carregadas, podia-se ver o contorno das Montanhas Sombrias. Por uma questão de segurança, haviam decidido não se aproximarem muito delas, pois eram dominadas pelos Orcs à noite.



Enquanto Mione se encarregava de fazer um chá bem quente, Gina tentava fazer o melhor possível com os mantimentos que ainda tinham. Harry e Rony ajudavam os Hobbits a ajeitar o acampamento, juntar lenha, tratar dos animais e acender uma necessária fogueira. Jantaram em silêncio, sem ânimo para discutir a situação. Depois, Andy organizou os turnos de guarda, enquanto os magos recolhiam-se em sua tenda. Apesar da insistência por parte de Harry e Rony, Andy se negava a aceitar a ajuda destes para montar guarda, assim como de dormirem dentro da barraca. Assim, todos se recolheram. Depois de passado o primeiro impacto da notícia de que Harry e Gina estavam dormindo juntos, Rony acabou aceitando muito bem a situação, deixando bem claro que, para ele, Harry era a única pessoa no mundo que faria sua irmã feliz, e que se eles se amavam, não seria ele a colocar qualquer empecilho.


Já era alta madrugada, naquela hora em que a noite fica ainda mais fria. A fogueira, armada no meio do acampamento, estava quase se apagando. O vigia, um dos lanceiros enviados pelos Bradembuques, estava sentado próximo a ela, tentando se manter aquecido, enrolado numa manta. O cansaço do dia e o torpor causado pelo frio faziam efeito, e o sono estava começando a vencê-lo. Tentava, a todo custo, manter-se desperto, mas era cada vez mais difícil. Um leve farfalhar de folhas secas sendo pisadas o deixou alerta novamente. Levantou-se de um pulo, jogando sua coberta no chão, sua lança em riste, seus olhos perscrutando a penumbra. Não podia ver ou ouvir mais nada, girou a cabeça para um lado, depois para o outro, tentando compensar com a audição, o que sua visão não enxergava. Então ouviu alguma coisa. Um silvo, que cortava o ar e aumentava rapidamente. Quando tomou consciência do que se tratava, já era tarde demais. Não teve tempo sequer de abrir a boca para dar o alarme, a flecha cravou fundo em seu peito e ele caiu de borco no chão, morto. Figuras disformes, em torno de vinte, começaram a surgir dentre as árvores, na orla da clareira, vasculhando tudo com o olhar. Alguns trataram das montarias, enquanto outras se espalhavam pelo acampamento, procurando seus ocupantes.




Harry dormia a sono solto. Apesar do frio, um feitiço simples deixava o ambiente quente e aconchegante. Sem falar que ele dormia abraçado com Gina. Estava sem a camisa do pijama, e em certo momento virou-se na cama, soltando sua amada. Então acordou com um calafrio. Sentiu que alguma coisa estava errada. Um cheiro nauseante, de carne podre, invadiu-lhe as narinas, ao mesmo tempo em que ele sentiu uma presença na tenda, junto com eles. Abriu os olhos, e viu um vulto disforme se aproximando dele rapidamente. Buscou seus óculos e tentou colocá-los, ao mesmo tempo em que se levantava, mas levou uma forte coronhada em sua cabeça. Ele ainda conseguiu, antes de desmaiar, gritar:



- Gina!



Gina acordou assustada, a tempo de ver Harry cair ao seu lado, com um enorme ferimento na cabeça. Olhou para cima, e uma horrenda criatura olhou para ela, sorrindo malignamente, devorando-a com os olhos. Imediatamente, ela puxou a alça da camisola, que lhe caíra dos ombros.



- Fique bem quietinha, humana. E serei rápido e indolor. Assim que terminar com esse aqui. – Disse a criatura, enquanto se abaixava e pegava Harry pelos cabelos, prestes a decepá-lo com sua espada.
- Ah, mas você não vai encostar num fio de cabelo dele sequer, seu bicho feio. – Disse ela, levantando-se rapidamente.
- E o que você acha que pode fazer pra me impedir, mulher? – Riu o Orc, zombeteiramente.
- Isso! – Respondeu ela, erguendo a mão para ele e gritando – “Estupefaça!”



O Orc foi lançado longe, rasgando o tecido que substituía a porta visivelmente surpreso, caindo no chão aos pés de seus amigos, igualmente atônitos.Gina aproveitou este momento de indecisão para sacar sua espada e assumir uma posição de batalha. Olhou para Harry, caído a seus pés e inconsciente, e se preparou para o que viria e que teria de enfrentar sozinha.


Outro Orc, refeito do susto inicial, avançou sobre ela, certo de que sua presa era fácil. Gina aparou o golpe, sentindo que seu braço quase quebrara sob a força do golpe dado por ele, mas conseguiu sustentar e empurrar seu adversário. Girou para a esquerda e deu um golpe rápido e preciso, na horizontal, na altura do abdômen, atingindo fatalmente seu oponente, que caiu ao chão, seus olhos se apagando ainda com a descrença estampada. Ouviu um barulho no quarto ao lado, o que indicava que o feitiço que usavam para imperturbalizar o ambiente e lhes garantir privacidade não existia mais, então chamou, urgentemente.


- Rony! Mione! Vocês estão bem?




*****




Rony estava sem sono. Apesar de exausto, mal conseguira dormir até então. Ficou ali, deitado, abraçado a Mione. Então, quando a madrugada já ia alta, finalmente estava quase conseguindo dormir, quando ouviu um som diferente e percebeu que alguém entrava em seu quarto. Achou muito estranho, não poderia ser Harry ou Gina, eles nunca entravam ali sem se anunciar. Muito menos os pequenos Hobbits, que não viam com bons olhos o fato de eles dormirem juntos sem serem casados. Também sentiu um cheiro nauseante, que o despertou por completo. Abriu os olhos, e viu uma figura recortada contra a luz, na porta do quarto. Levantou-se de um pulo, sacando sua espada, mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, sentiu uma dor lancinante no ombro direito. O impacto da flecha em seu corpo fez com que perdesse o equilíbrio e caísse sobre Hermione, que acordou assustada.


- Rony! – Gritou ela, olhando para ele e vendo a seta negra fincada em seu corpo.
- Estamos sendo atacados. – Respondeu ele, fazendo um giro com a espada, que ainda estava em sua mão e conjurando – “Protego!”



Uma nova flecha, agora direcionada a Mione colidiu contra o escudo e caiu no chão. Hermione conjurou a sua própria espada, mas estava mais preocupada com o estado de Rony. Enquanto este mantinha o escudo, que agora recebia uma nova saraivada de flechas, pois o Orc recebia a companhia de mais dois colegas, ela analisava seu ferimento, preocupada.



- Acho que a flecha está envenenada. – Disse ela, tocando na ferida, que adquiria um estranho tom acinzentado, que se espalhava rapidamente – É melhor não se mexer, pra não espalhar o veneno ainda mais rápido.




Neste momento, ela ouviu Gina chamando do outro lado - “- Rony! Mione! Vocês estão bem? – E respondeu, de pronto.



- Gina! Eu estou bem, mas Rony está ferido.
- Droga! – Xingou a ruiva – Harry também foi ferido. Está desacordado. Como está Rony?
- Foi atingido por uma flecha envenenada. Acho que posso tratá-lo, mas estou encurralada aqui. – Gritou Mione de volta.
- Esses caras tiraram os homens de combate, achando que não oferecíamos risco de resistência. – Gina falava, pensando rapidamente, ainda mantendo a espada em guarda, enquanto os Orcs a avaliavam, curiosos.
- O que acha de mostrarmos a eles que cometeram um erro, cunhadinha? – Propôs Mione, erguendo sua espada e pondo-se em guarda, rasgando a barra da bela camisola de seda azul anil que usava, para que não restringisse seus movimentos.
- Era justamente o que eu estava pensando, cunhada. – Sorriu Gina, caminhando para a porta de seu quarto, enquanto os Orcs se afastavam, não acreditando na audácia da pequena humana em enfrentá-los.
- Fique aqui e se proteja, Rony. – Disse Mione, acariciando-lhe o rosto.
- Tome cuidado, Mione, eles parecem ser muitos. Eu posso ajudar. – Disse ele, tentando se levantar, mas caindo novamente, devido ao efeito do veneno.
- Fique quieto, por favor. – Respondeu ela, levantando-se e seguindo para a porta – Não se preocupe. Não gosto de lutar, mas sei como fazê-lo. Tivemos ótimos professores, eu e Gina.



As duas jovens emergiram de seus quartos juntas, ficando lado a lado. A beleza e leveza de seus corpos eram a antítese de seus oponentes, disformes e pesados. Mas seus olhos não demonstravam medo ou pânico. Brilhavam com determinação e ódio.



- Adoro quando a caça resiste. – Disse um Orc, arrancando gargalhadas grotescas de seus companheiros – Acham mesmo que podem conosco?
- Caça? Você nos chamou de caça, seu bicho asqueroso e nojento. – Bufou Mione.
- Se achamos que podemos com vocês? – Perguntou Gina, estreitando perigosamente os olhos – Cara, essa caçada vai te dar a maior e última indigestão da sua vida.




Nada mais havia a ser dito. Os Orcs soltaram seu grito de guerra, um grito que notoriamente causava pânico e congelava suas vitimas, na esperança de que causasse algum efeito sobre as duas, mas não funcionou. Quando o bando, de pelo menos oito Orcs avançou sobre as duas, elas estavam preparadas.



Gina desviou do primeiro, que era enorme, abaixando-se e, quando levantou o corpo, trouxe sua espada junto, cravando-a no peito da criatura, que guinchou e tombou de costas. O segundo portava um machado. Desferiu um golpe, mirando sua cabeça rubra, que por sinal era um ótimo alvo, mas esta mais uma vez conseguiu se esquivar, decepando a mão do Orc, pegando seu machado (com a mão ainda o segurando) antes de cair ao chão e lançando-o contra o dono, que não conseguiu desviar e tombou morto por sua própria arma, cravada em sua têmpora. Gina nem o viu atingir o chão, pois já estava lutando com um terceiro oponente, o menor deles, um Orc que tinha praticamente a sua altura. Trocaram alguns golpes de espada, o Orc tentando a todo custo atingir Gina com sua espada, que tinha a ponta chanfrada, mas ela conseguia se defender muito bem e estava empurrando o adversário, com golpes rápidos e sucessivos. O Orc não era muito ágil, então não demorou muito para Gina conseguir atingi-lo no pescoço, encerrando mais este combate. Finalmente conseguiu uma breve folga para respirar, antes de partir para cima do próximo, que estava na entrada da tenda.



Mione, por sua vez, não quis arriscar muito logo de cara. Quando o primeiro Orc veio pra cima dela, antes mesmo dele se aproximar muito, ela girou a espada no ar, num movimento de cima para baixo, gritando – “Sectusempra!” – E o Orc tombou, seu corpo retalhado pelo poderoso feitiço. O segundo já estava em cima dela, não dava tempo para um novo feitiço. Então, ela se desviou dele, deixou que passasse por ela, e cravou sua espada em suas costas, na altura dos Rins. Apoiou seu pé nas nádegas da criatura e, com um forte puxão, arrancou sua arma, pronta para receber o terceiro adversário. Este, vendo todos os companheiros tombarem tão rapidamente, preferiu atacar de longe. Sacou seu arco, preparou uma flecha e lançou-a contra Mione, que deu um sorriso, como se dissesse “Francamente!”. Deu um giro, desaparatando, para assombro do Orc, e aparatando ao seu lado, não lhe dando chance de reação, desferindo um golpe que decepou seu adversário. Olhou em volta, procurando Gina, e a viu do lado de fora da tenda, onde havia muitos outros inimigos. Quando se preparava para seguir a amiga, uma voz fraca chamou, às suas costas.


- Mione!


Ela se virou rapidamente, e viu Rony tentando caminhar até ela, tropeçar e cair. A mancha em seu peito aumentava exponencialmente, estava claro que o veneno era muito forte, e se não fosse combatido imediatamente poderia matar Rony. Mas se ela não saísse para ajudar Gina, certamente esta acabaria sucumbindo, pois os inimigos eram num número muito maior do que elas previram. Estava tentando se decidir sobre o que fazer, quando sentiu uma mão no seu ombro. Virou-se e deu de cara com Harry. Ele tinha um enorme ferimento na lateral da cabeça, que ainda sangrava, mas olhou firmemente através das lentes de seus óculos para ela e disse.



- Vá cuidar do Rony! Eu ajudo a Gina.
- Mas Harry... Você pode estar seriamente ferido também. – Disse ela aflita, enquanto fazia o sangramento parar com um feitiço - “Epyskey” - não-verbal.
- Obrigado! – Agradeceu ele, limpando o sangue do rosto e saindo da tenda – Eu estou bem, pode deixar.


Assim que se virou para sair em socorro a sua amada, seu sangue gelou.



Percebendo que não adiantaria insistir, Mione correu até onde estava Rony, abraçando-o e ajudando-a a se sentar.



- Rony, preciso tirar essa flecha daí. – Disse ela, encostando o fio de sua espada na flecha.
- Tudo bem. – Respondeu ele, segurando a haste bem próxima ao ferimento – Pode cortar, eu agüento.



Mione também apoiou sua mão esquerda sobre a de Rony, para tentar evitar que a flecha trepidasse muito. Com a outra mão, cortou com um golpe de espada a flecha. Rony gritou, mas sabia que ainda não havia terminado. Agora que haviam cortado o “rabo”, precisavam tirar a ponta, que pespontava em suas costas. Mione deu a volta, segurou a ponta com o máximo cuidado, para que esta não a cortasse e, conseqüentemente, não a envenenasse também, e puxou sem o menor aviso. Rony urrou de dor e caiu de lado no chão frio. Hermione segurou as lágrimas que tencionavam cair de seus olhos, levantou-se e correu até sua mochila, retornando instantes depois com um frasco na mão. Sentou-se e amparou o noivo no colo. Este respirava com dificuldade, arfava e suava bastante.


- Não temos tempo para procurar um antídoto para esse veneno agora. – Disse ela, pingando algumas gotas do líquido na ferida.
- Lágrimas de Fênix? – Perguntou Rony, percebendo que rapidamente os sintomas que se espalhavam por seu corpo começavam a regredir – Obrigado.
- Preciso estudar este veneno, para poder elaborar um antídoto depois. – Continuou ela, recolhendo a ponta da flecha e guardando-a com cuidado entre seus pertences – Nosso estoque de lágrimas não é muito grande, precisamos nos precaver.
- Certo! – Concordou ele, levantando-se com dificuldade, amparado por ela – Onde estão Harry e Gina?




*****




Assim que derrubou o Orc na entrada da tenda, Gina viu que havia vários outros espalhados pelo acampamento. À sua esquerda, um dos lanceiros acabara de trespassar um Orc com sua lança, mas devido o peso da criatura, este caiu levando sua arma e deixando-o desarmado. Outro Orc, aproveitando-se da situação, trespassou-o com sua espada, antes que Gina pudesse fazer qualquer coisa. Ela sufocou um grito, e olhou para outro lado. Uns dez metros a sua frente, Andy lutava contra um oponente enorme, com mais de dois metros de altura. Porém, extremamente desengonçado. O pequeno e ágil Hobbit escapou de um golpe de machado, rolou por entre as pernas do Orc, desferindo um golpe mortal com sua espada, herdada de seu pai, Ferroada. Mas antes que conseguisse se levantar, outro Orc prendeu-o no chão com seu enorme pé, e estava pronto a liquidá-lo com sua lança. Gina não chegaria a tempo. Horrorizada com a possibilidade de perder outro companheiro de viagem, resolveu tomar uma medida drástica. Mione já dominava a técnica de desaparatar durante uma luta, mas ela ainda não era tão boa neste quesito quanto a amiga. Não havendo outra escolha, girou o corpo, e logo em seguida surgiu atrás dos dois, cravando sua espada nas costas do Orc antes que este matasse Andy.



- Você está bem Andy? – Perguntou ela, enquanto ajudava o amigo a se levantar.
- Sim minha senhora. Sou-lhe muito grato por salvar minha vida. – Respondeu ele, levantando-se e gritando em seguida – Cuidado!



Outro inimigo atacava Gina. Ela se desviou, sendo atingida de raspão no ombro pela lâmina do Orc. Balançou a cabeça, jogando seus cabelos, que estavam presos num longo rabo-de-cavalo no rosto da criatura, que ficou momentaneamente sem visão. Mas foi tempo suficiente para ela desferir um golpe em seu rosto, partindo seu maxilar. Às suas costas, Andy fora lançado longe por outro Orc que tentava cercar Gina. Ela não viu até ser tarde demais. Seu cabelo ainda balançava, e o Orc agarrou-o e puxou com força, derrubando-a no chão. Gina ficou sem ar com o baque, e sentiu um pé gigantesco prender sua espada no chão. Quando olhou para cima, viu a criatura sorrindo para ela com satisfação e erguendo a espada para matá-la. Sem ter o que fazer, ela apenas fechou os olhos e esperou o fim.



*****



Quando se virou para procurar Gina, Harry a viu sendo derrubada no chão por um Orc, prestes a matá-la. Sem titubear, sacou sua espada e a fez levitar a sua frente. Então a lançou, como uma flecha, atingindo em cheio o Orc, que ficou olhando para a lâmina cravada em seu tórax completamente perplexo.



*****



O golpe não veio. Gina sentiu algo quente pingar em seu ombro desnudo e abriu, relutantemente os olhos. Viu o Orc parado, com uma espada que ela conhecia muito bem, cravada em seu peito, enquanto o sangue gotejava abundantemente. Lentamente a criatura largou sua arma, soltou seus cabelos e tombou de costas, sem vida. Gina olhou na direção de onde deveria ter vindo a espada e seu coração deu um pulo dentro do peito.



- Harry! – Gritou ela, aliviada, mas em seguida – Cuidado!



Dois Orcs corriam para ele, um de cada lado. Harry vinha, cambaleando, em direção a Gina. O ferimento na cabeça ainda o deixava completamente zonzo, estava com o estomago embrulhado. Isso deu aos Orcs a impressão de que ele seria uma presa fácil. Ledo engano. Sem desviar o olhar de Gina, Harry fez um movimento com a mão esquerda e um Orc prorrompeu em chamas, devido um feitiço “Incêndio!” não-verbal conjurado por ele. Um novo movimento, agora da mão direita, um feitiço “Erigis Corpus!” seguido do “Conícis Corpus!”, ainda não-verbais, e o outro Orc subiu aos céus. Harry fez um movimento circular com o braço sobre a cabeça, e a criatura sobrevoou o acampamento, caindo com um baque seco do outro lado da pequena clareira. Quando Harry estava a pouco mais de dois metros de Gina, suas pernas fraquejaram e ele caiu de joelhos no chão. Ela, imediatamente, foi a seu encontro, amparando-o e deitando-o em seu colo, enquanto os dois últimos Orcs que haviam no acampamento tentavam fugir, mas eram mortos pelas flechas dos Hobbits.



- Harry! – Chamou Gina com urgência – Você não devia ter se levantado.
- Você está bem? – Perguntou ele, acariciando-lhe a face – Está ferida?
- Não, não estou ferida. – Ela não se conteve e deu um sorriso – Meu herói chegou bem a tempo... Na hora que eu mais precisava.
- Gina! Harry! – Gritou Mione, correndo para eles com Rony em seu encalço – Vocês estão bem?
- Eu estou, mas olhe esse ferimento do Harry. – Disse Gina para a amiga, que se ajoelhava ao lado do casal.
- Esses caras têm uma mão bem pesada. – Harry tentou brincar.
- E bota pesada nisso. – Disse Mione, examinando a ferida – Parece um pequeno traumatismo craniano.
- Que ótimo! – Suspirou Harry – Pode dar um jeito rápido?
- Só tem um jeito. – Disse ela, tirando novamente o frasquinho com lágrimas de Fênix e pingando na cabeça de Harry – Daqui a pouco vai estar melhor.
- Obrigado. Tem mais alguém ferido? Andy, você está bem? – Perguntou ele, procurando o pequenino.
- Eu estou bem, Harry Potter. – Respondeu ele, da orla da clareira, onde fora confirmar se os Orcs alvejados pelas flechas estavam realmente mortos – Mas preciso ver os outros.
- Hei Harry! – Chamou Rony, que estava verificando também os Orcs – Este aqui, que você lançou pelo acampamento está vivo. Parece que além da mão pesada, eles também têm uma cabeça muito dura. “Incacereus!”



Rony amarrou o prisioneiro com cordas e o arrastou para perto dos amigos. Então começou a interrogá-lo.


- Por que nos atacaram?
- Estávamos caçando. Vimos o acampamento, os cavalos, então resolvemos atacar. – Respondeu o Orc, tentando se desvencilhar das cordas, mas nitidamente temeroso pela magia que havia presenciado até aquele momento.
- Havia mais de vocês? Não os vi. Onde estão? – Foi a vez de Harry perguntar, enquanto se levantava, sua cabeça cicatrizara completamente e ele não sentia mais nada além de cansaço.
- Os outros levaram os cavalos. – Foi Andy, e não o Orc quem respondeu – Acordei com o som dos cavalos sendo levados, quase nos pegam a todos ainda dormindo.
- Quantos vocês são? – Perguntou Rony – Onde estão acampados?
- Duzentos. – A criatura não queria saber de muita conversa – Meu acampamento está a uns cinco quilômetros a nordeste daqui.
- E de onde vocês vêem e para onde vão? – Insistiu Rony, colocando em prática seu treinamento de Auror, tentando conseguir o máximo de informações possíveis.
- Viemos de Moria e estamos a caminho do sul.
- Por que? – Gina entrou na conversa, percebendo o temor do irmão sobre onde daria aquele interrogatório.



Com efeito, o Orc titubeou. Não queria revela mais nada, mas bastou Gina sacar a varinha, murmurar “Lumus!” e aproximá-la de seu rosto para que o resto de coragem que o guerreiro tinha abandoná-lo.



- Um grande mago está reunindo um exército de Orcs ao sul de Minas Morgul. Prometeu que retomaremos a cidade, derrotaremos os humanos e os outros povos da Terra Média. Em troca, forneceremos um exército para que ele possa dominar outras terras. Várias tribos de Orcs, desde Mória aos Uruk-Hai estão seguindo para o sul, contornando Gondor para atacá-los. Outros estão se reunindo nas cavernas, atacarão pelo norte.
- Chú não perdeu tempo mesmo. – Disse Mione, com gravidade.
- Ainda não é tarde. Podemos impedi-lo. – Disse Harry.
- Tolos! – Grunhiu o Orc, com uma risada grave e rouca – É chegado o fim dos homens e de seus amigos nestas terras. Os Orcs dominarão tudo, e vocês hão de se tornar mero alimento para nós. Menos esses deliciosos Hobbits. São tão pequenos, que não passam de petiscos.
- Pode até ser que o fim dos Hobbits tenha chegado, vil criatura. Mas eu lhe prometo que não nos entregaremos sem luta. Assim como garanto que você não estará aqui para apreciar este dia. – Disse Andy, colérico, sacando Ferroada e avançando sobre o Orc.
- Andy! Não! – Gritaram Gina e Mione juntas, mas de nada adiantou. O pequeno Hobbit cravou fundo sua espada no abdômen do prisioneiro, que tombou e morreu logo em seguida.
- Andy! Você não podia ter feito isso. Foi assassinato a sangue frio. – Hermione gritou, horrorizada.
- Era o que ele merecia, minhas senhoras. Se acharem que isso foi crueldade, venham ver uma coisa.


Andy seguiu até o meio do acampamento, o local onde ainda ardiam os restos da fogueira. Ao lado, estava o corpo do vigia, semidevorado. Ao vê-lo, Gina não conseguiu se conter e vomitou. Andy disse.



- Isso sim é covardia. Isso sim é desumano. Eu conhecia esse Hobbit desde criança, éramos primos distantes. Agora mal há o que enterrar.
- Eu compreendo Andy. – Hermione, mais acostumada devido sua profissão olhava para o corpo com repugnância, mas conseguiu se controlar – Mas não podemos agir como eles, não podemos nos rebaixar ao nível deles. Senão, não passaremos de reles animais e não demorará o dia em que façamos o mesmo com nossos inimigos. – Entreolharam-se por alguns instantes e Mione resolveu colocar uma pedra no assunto – Onde estão os outros? Há alguém ferido?
- Sim minha senhora. Temos mais dois feridos e, infelizmente, mais dois mortos. Precisamos enterrá-los pela manhã.
- Acho que isso não será possível meu amigo. – Disse Rony, recebendo um olhar questionador de todos, com exceção de Harry – Escutem! O Orc disse que havia outros com eles, e que levaram os cavalos lá pro acampamento. Pois bem, assim que eles notarem a demora do restante do grupo, vão mandar outros para procurá-los. Temos que sair daqui o mais rápido possível. Agora!
- Mas a pé? – Perguntou Mione, enquanto tratava dos feridos – Não teremos a menor chance! Não estamos sequer na metade do caminho, levaremos meses para chegar a Gondor. Será tarde demais.
- Tem alguma sugestão, Andy? – Perguntou Harry, sério.
- Se os Orcs estão saindo de Mória, estamos bem no caminho deles. A pé, mesmo que saiamos agora, amanhã eles nos alcançarão. Mas, se nós virarmos para sudeste e atravessarmos as montanhas, podemos chegar até o grande rio, fazer barcos e terminar a viagem navegando. Acho que é mais seguro do que continuarmos na atual rota.
- Hei! Você quer que atravessemos aquela cordilheira, que é justamente a casa dos Orcs? Em pleno inverno? É brincadeira, não é não? – Perguntou Rony.
- Não mestre Weasley, não é brincadeira. É a nossa única chance. O problema será arrumar barcos, quando chegarmos no rio. – Disse o Hobbit.
- Pode deixar os barcos por minha conta. – Respondeu Harry – Em quanto tempo atravessamos a montanha?
- Umas duas semanas, talvez. Vai depender do local que escolhermos pra atravessá-la. Não há nenhuma passagem conhecida por aqui. – Respondeu outro Hobbit, um dos guardas que já havia sido tratado, tivera um ferimento no braço.
- Isso pode até ser bom. Diminui o risco de sermos encontrados. – Harry parecia estar analisando toda a situação muito rapidamente, enquanto andava de um lado para o outro.
- Você tem certeza disso Harry? – Insistiu Rony.
- Absoluta! Escutem aqui, vamos levantar acampamento agora. Meninas, peguem o que ainda for útil da barraca. Ela está destruída, mas temos outra. Usaremos essa para cremar os corpos de nossos amigos. Andy, prepare-se para partir. Não deixe nada para trás que possa identificar quem somos. Eles já sabem que Hobbits estiveram aqui, mas não quero que saibam muito mais. Rony, vamos juntar os Orcs, quando sairmos atearemos fogo neles também. Ah! Deixe as vassouras à mão. Vamos voar até as montanhas.
- Voar? Mas você disse que não podíamos voar. – Estranhou Mione.
- Isso foi antes de ter duzentos Orcs na nossa cola, Mione. Não podemos sair daqui a pé, eles seguirão nossos rastros e nos pegarão. A região é deserta, voaremos baixo e velozmente até chegarmos à base das montanhas. Agora andem logo com isso.




Durante os dez minutos que se seguiram, todos no acampamento estavam numa correria desenfreada. Quando tudo estava arrumado, e Harry acabava de acomodar os corpos dos pequenos Hobbits dentro do que restara da tenda, reuniram-se novamente no centro da pequena clareira. Ali, estavam empilhadas as carcaças dos Orcs. Reuniram-se, então montaram em suas vassouras. Harry lançou um pequeno feitiço, que fez com que uma fina linha prateada saísse de sua vassoura e se ligasse às outras. Passou pela de Gina, de Hermione e, por fim, a de Rony, que fechava a fila. Cada um pegou um Hobbit como carona, Andy ia à frente com ele. Quando as vassouras subiram aos céus, com os Hobbits se segurando com tanta força que os dedos já estavam vermelhos pelo esforço, Rony lançou um feitiço sobre os Orcs enquanto Harry lançava outro na barraca com os corpos dos Hobbits. Ficaram parados, por alguns instantes, vendo o fogo se propagar, então Harry instigou sua vassoura para frente e eles sumiram na escuridão da noite. Voavam baixo e em linha reta, em direção sudeste, para se afastarem dos Orcs e ao mesmo tempo, se aproximarem das montanhas. Poucos minutos depois, viram uma fileira de tochas ao norte, encaminhando-se a passos largos em direção ao acampamento em chamas, as quais agora podiam ser vistas a quilômetros de distância. Mais além, ainda mais ao norte, puderam divisar as luzes provenientes de várias fogueiras, indicando o acampamento inimigo.



Apesar do frio enregelante, não diminuíram a velocidade durante toda a madrugada. Harry fez um feitiço que os protegiam do vento gelado, mas mesmo assim a temperatura estava muito baixa e todos estavam congelando sob as vassouras. Pararam para descansar apenas no final da manhã, quando não agüentavam mais se manter sobre as vassouras. Pousaram, montaram novo acampamento e descansaram o resto do dia. Estavam a quilômetros de distancia de seus eventuais perseguidores, e se permitiram descansar um pouco para recuperar as forças. No dia seguinte retomaram o caminho, ainda voando o mais rápido possível. Apenas alguns dias depois, quando se aproximavam do sopé da formação rochosa foi que eles finalmente relaxaram e pousaram.



- Fiquem aqui e montem acampamento, está bem? – Harry disse, para as meninas. Virou-se para os dois guardas que estavam com elas e continuou – Vocês podem arrumar alguma coisa para comermos?
- Aonde você vai? – Perguntou Gina, tremendo de frio.
- Nós vamos procurar alguma passagem para subirmos a montanha. Aqui é muito íngreme, não conseguiríamos. – Respondeu este, abraçando-a na tentativa de aquecê-la, mas seu corpo estava tão gelado quanto o dela – Acenda uma fogueira para se aquecerem, daqui a pouco nós voltamos.
- Ok! E tome cuidado, viu? – Pediu ela, beijando-o.
- Não se preocupe. – Respondeu, virando-se para Rony – Vocês vão para o sul e nós iremos para o norte. Uns dez quilômetros devem ser o bastante.
- Certo! – Concordou o amigo, que também se despedia de Mione – Eu e o meu parceiro aqui não vemos a hora de voar mais um pouquinho, não é mesmo?



O guarda que estava sentado na vassoura não respondeu, mas deixou bem claro, através de uma careta, que não gostara tanto assim da experiência de voar numa vassoura. Ignorando isso, Rony virou e seguiu, velozmente, procurando uma passagem, enquanto Harry e Andy faziam a mesma coisa noutra direção. Uma hora depois, retornavam para o novo acampamento, visivelmente cansados. Quando Rony desceu da vassoura, percebeu que Harry ainda não havia chegado. A nova barraca estava montada, havia uma fogueira acesa e água estava fervendo numa panela. Dentro, Gina preparava um pequeno coelho que haviam conseguido caçar, misturado a algumas batatas e um pouco de inhame. Para Rony poderia até ser uma sopa de pedras. Estava com tanta fome que comeria qualquer coisa. Sentou-se à beira do fogo, para se esquentar, e aguardou a comida ficar pronta. Seu companheiro de viajem estava sentado próximo, tão ou mais cansado ainda do que ele. Mais uns dez minutos e finalmente, Harry retornou. Sentou-se com o amigo, e logo todos estavam apreciando o ensopado. Só depois que terminaram é que resolveram discutir a situação e que direção tomar. Acabaram optando por uma passagem que Rony havia encontrado, menos íngreme e perigosa, além de estar mais afastada das cavernas. Resolveram também, que só começariam a subir a montanha no dia seguinte, pois precisavam se reabastecer o melhor possível para a travessia. Assim, passaram boa parte da tarde caçando e colhendo algumas batatas e outros tipos de raízes que encontraram. Quando pararam, tinham até uma quantidade razoável de raízes, algumas frutas, inclusive uma muito parecida com a Fruta-pão, mas só tinham encontrado dois coelhos. Recolheram-se cedo, para recuperar as energias.




Começaram a subir logo cedo. A névoa encobria o cume das montanhas, misturando-se com o branco perolado da neve. Harry sentia-se de volta a Shangri-lá, local onde havia passado quatro anos de sua vida. Seguiam em linha reta. O primeiro fazia um feitiço para remover a neve do caminho, enquanto o último recolocava a neve no lugar, para não deixar vestígios da passagem deles por ali. Quando começava a escurecer, montavam acampamento, lançando um feitiço na barraca para camuflá-la. Todos dormiam lá dentro agora. Os casais haviam se separado para não constranger os Hobbits, que dormiam na sala. Todos se revezavam para montar guarda. A travessia era muito penosa e lenta, e logo estavam novamente sem alimento. No quinto dia, descobriram que não eram os únicos. Um grande lobo branco saltou sobre um dos guardas, quase o abocanhando. Mas graças aos reflexos de Rony, isso não aconteceu. Este sacou sua espada e atingiu o animal ainda no ar, espalhando seu sangue sobre a neve fofa. Naquela noite, tiveram praticamente um banquete. O churrasco de lobo estava delicioso.


Durante a noite, uma terrível tempestade de neve assolou as montanhas. Passaram três dias inteiros dentro da tenda, ouvindo o vento e a neve em volta. Apenas na manhã do seguinte conseguiram sair, com muita dificuldade, e continuar a viagem. A neve estava muito mais fofa e exigia um cuidado muito maior. Estavam passando por um local muito perigoso. À esquerda, um íngreme paredão. À direita, em profundo desfiladeiro. Andavam em fila indiana, tentando cruzar o trecho o mais rápido possível, quando ouviram um ruído alto e assustador. Harry, que ia à frente do grupo estacou, apurando os ouvidos com muita atenção. Estavam passando sob uma saliência que se projetava além da encosta, ou pelo menos era o que parecia. Ele levantou os olhos para a saliência, pressuroso, e suas suspeitas se confirmaram ao mesmo instante em que um novo som se fazia ouvir e a saliência, que na verdade era neve acumulada, desprendeu-se da encosta.


- Afastem-se! – Gritou ele, lançando um feitiço e empurrando os outros, fora Andy que estava muito próximo a ele e não foi atingido pelo feitiço. Harry ainda conseguiu agarrá-lo e conjurar uma proteção, que os envolveu bem a tempo da avalanche os atingir, arrastando-os para o precipício.
- Harry! – Gritou Gina, caída na neve.



Algo sobrepujou a neve que descia, vindo cair a seus pés. Harry lançara um feitiço “Ascendio!”, lançando seu corpo e o de Andy para cima, escapando da avalanche. Caiu com força, mantendo Andy protegido pelo seu corpo, afundando na neve fofa. Abriu os olhos, cuspindo a neve que engolira.


- Hei! Que susto, cara. Bela escapada. – Disse Rony, ajudando-o a se levantar, nitidamente aliviado.
- Nunca mais faça isso! – Gritou Gina, pulando á frente e socando o peito de Harry. Este olhou atônito para os amigos com um olhar dizendo “Que foi que eu fiz?”. Gina parou de bater, se jogou em seus braços e continuou – Pensei que tinha perdido você de novo.
- Calma, amor. Foi só um susto. Já passou. – Respondeu ele, acariciando delicadamente seus cabelos.
- Muito obrigado mestre Potter. – Disse Andy, conseguindo finalmente, se recuperar do susto – Eu sabia que a viagem com vocês seria emocionante... Sempre quis sentir o que meus antepassados contavam sobre os magos. Mas sinceramente não esperava tanto.
- Acho que nenhum de nós esperava tantas emoções Andy. – Mione falou, assumindo a dianteira do grupo, sorrindo, enquanto Rony voltava para o final da fila, deixando o casal seguir, abraçado – Não mesmo.



A descida da montanha foi muito mais rápida do que a subida. Bem menos acidentada também. Em poucos dias eles haviam deixado as montanhas geladas e inóspitas, e agora seguiam por uma planície. Ao sul uma imensa e antiga floresta, a qual Andy disse chamar-se Fangorn. Apesar do rigoroso inverno, este parecia não incidir muito sobre a floresta, que continuava majestosamente verde. Andy disse não ser uma boa idéia adentrá-la, pois a floreta poderia machucá-los. Rony sentiu imensa vontade de perguntar qual o motivo, mas pensou melhor e resolveu que não queria saber qual era esse motivo. Por outro lado, a orla da floresta fervilhava de vida, e agora eles tinham caça a vontade. A urgência fez com que montassem novamente em suas vassouras, e assim seguiram, ainda em direção ao rio, aonde chegaram poucos dias depois.



Mais uma vez, montaram acampamento. Cada um assumiu uma tarefa, ninguém ficou parado. Harry ficou olhando para o rio por um tempo, não havia imaginado que este fosse tão grande. Não dava para avistar a outra margem. Deveria ser fundo também. Isso significava que meros botes não seriam suficientes para a viagem. Deixou o grupo, procurando alguma árvore para utilizar. Depois de alguns minutos, encontrou uma Faia, de aproximadamente vinte metros de cumprimento e que provavelmente havia tombado durante alguma tempestade, antes do início do inverno. Levou-a até o acampamento, onde cortou o tronco ao meio e depois transfigurou cada parte em um pequeno barco, de aproximadamente dez metros de cumprimento por dois de largura. Como eram muitos, teriam que se dividir em duas embarcações. Carregaram os barcos e depois descansaram o resto do dia, e na manhã seguinte prepararam-se para partir. Quando finalmente embarcaram, Andy, que estava no mesmo barco que Rony e Mione, perguntou.



- Onde estão os remos? Como vamos navegar sem remar?
- Vamos navegar usando magia. – Respondeu Mione – Não precisaremos de remos.



Os barcos deixaram a margem do rio lentamente. Quando se aproximaram do meio, uma forte corrente os pegou e começaram a navegar numa velocidade maior. Os bruxos começaram a se revezar para manter a dirigibilidade das embarcações, desviando-as de troncos que desciam a correnteza ou pedras que pespontavam ameaçadoramente do leito. Ao cair da tarde, encostavam-se à margem direita do rio, onde montavam acampamento, mantendo todas as medidas de segurança que podiam, e descansavam. Podiam pescar a vontade, e alimentação deixou de ser uma preocupação. Na verdade divertiam-se muito, vendo Rony tentar pescar ou preparar os peixes para assá-los. Nestas horas ficava ainda mais visível o parentesco com Arthur Weasley e seu fascínio pelo modo como os trouxas faziam coisas tão simples do dia-a-dia.



Harry ficou extremamente preocupado nos primeiros dias de viagem, pois Gina não se adaptara bem ao balançar da embarcação. Sentia-se muito enjoada, e teve que tomar uma poção para enjôos preparada por Hermione para conseguir viajar tranqüilamente.Só então ele reparou o quanto ela emagrecera. Todos haviam emagrecido. Numa manhã, pouco depois que ela tomou a poção e estavam prestes a continuar a viagem, ele sentou-se a seu lado, cabisbaixo.


- O que foi amor? – Perguntou ela, percebendo que ele queria falar alguma coisa.
- Não devia ter concordado que vocês me acompanhassem. – Respondeu ele, sem levantar os olhos – Olhe só o que estou fazendo vocês sofrerem. Não é justo.
- Eu vim por vontade própria Harry. Meu lugar é aqui, ao seu lado. Não estou ouvindo ninguém reclamar de nada, tampouco.
- Mas olhe pra você, Gina. Está magra e fraca... Por minha culpa. – Insistiu ele.
- Não sabia que você tinha o poder de controlar o clima. Ou afugentar os animais. – Ela disse, ainda séria, mas mudou o semblante e continuou – Já pensou se minha mãe visse a gente agora?
- Caramba! – Respondeu ele, rindo ao imaginar a cena – Ela ia endoidar, não ia? Acho que ela ia fazer tanta comida, fazer a gente comer tanto, que era bem capaz da gente passar mal.


Rindo, os dois se levantaram e seguiram em frente. Finalmente podiam relaxar e aproveitar a viagem e, principalmente, a paisagem. Mas não demorou muito a enfrentarem outro problema. Quando chegaram às Sarn Gebir, as corredeiras, Harry e Rony lançaram um feitiço nas embarcações para que não afundassem. Mas as rochas eram muitas, a corredeira era tão violenta, que o barco onde estavam Rony e Mione acabou batendo de frente numa rocha, espatifando-se e lançando a todos nas águas turbulentas do rio. Rapidamente eles agarraram os Hobbits, lançaram um feitiço muito parecido com o cabeça-de-bolha, mas este lhes cobria o corpo todo numa bolsa de ar. Sem ter muito que fazer acabaram de descer as corredeiras assim, como se estivessem num gigantesco tobogã, sendo lançados de um lado para o outro, submergindo e voltando à tona diversas vezes. Quando, finalmente, chegaram ao fim, Harry finalmente conseguiu se aproxima e trazê-los para dentro de seu Barco. Felizmente não estavam seriamente feridos, apenas alguns aranhões e pequenas escoriações, além do susto, é claro. Teriam que terminar a viagem apertados, todos juntos naquele.Outro momento emocionante foi quando chegaram nos Argonath, as duas gigantescas estátuas milenares erguidas pelos Numenorianos, representando Isildur e Anárion. As estátuas eram incrustadas nos penhascos, e ainda mantinham toda a imponência de outrora. Uma de cada lado do estreito canal em que tornava o rio, por onde eles tinham que passar. Ambas voltadas para o norte, suas mãos esquerdas voltadas numa posição de advertência, como se quisessem dizer aos intrusos e inimigos que não eram bem vindos ali. Na outra mão, um machado. Assombraram-se com sua grandiosidade, na capacidade do povo antigo e principalmente, na longevidade da obra, que parecia ser extremamente antiga, fato confirmado por Andy.



Pouco depois, o rio se alargou ainda mais, e ao longe se podia ouvir o rugir da gigantesca queda d’água à frente, Rauros. Uma imensa cortina de vapor subia longe, ocultando o que vinha a frente. Harry levantou-se, ficando em pé na popa da embarcação e disse.


- Segurem-se.
- Pra quê? – Perguntou Andy, meio ressabiado – Não vamos reduzir a velocidade e encostar, pra procurar um meio de descermos a cachoeira?
- Diminuir a velocidade? – Perguntou Harry, um brilho maroto no olhar – Muito pelo contrário, meu amigo. Nós vamos é aumentar.




Harry lançou um feitiço que fez com que o barco ganhasse grande velocidade, a ponto da proa perder o contato com a superfície da água. Todos se seguraram com firmeza nas laterais, Os Hobbits com olhares desesperados, que pulavam de Harry para a cachoeira e de volta para Harry, o som aumentando a cada segundo, até que o rio acabou e se viram suspensos no espaço. Andy gritou, esperando a queda, mas esta não veio. Pelo menos não como esperava. Quando abriu novamente seus pequenos olhos, viu que os barcos flutuavam no ar, atravessando um arco-íris magnífico e descendo, lentamente, em direção ao rio. Quando estes finalmente tocaram a água novamente, o Hobbit disse.


- Nós voamos! Voamos mesmo, nunca vão acreditar nisso quando eu contar. Um barco voador.
- Isso não foi voar meu amigo. – Respondeu Harry, ainda sorrindo – Digamos que isso foi “cair com estilo”.



Todos deram boas gargalhadas. Sabiam que estavam próximos de seu destino, e isso os alegrava como a muito não se sentiam. Quando a manhã do optuagésimo quinto dia de viagem, desde que haviam chegado à Terra Média, estava chegando ao fim, finalmente avistaram uma cidade litorânea.



- Vejam meus amigos! - Anunciou Andy, emocionado – Aquele é nosso destino. Aquela é Osgiliath.



Mais uma vez, ele aumentou a velocidade da embarcação. Estavam cansados da viagem, suas roupas estavam puídas e rasgadas, ansiavam desesperadamente por uma cama. Finalmente entraram no porto e atracaram o barco, que bateu levemente no atracadouro. Rony foi o primeiro a se levantar, desesperado para pular para terra firme, quando ouviram uma voz bradar:


- Parados! Não se mexam ou seremos obrigados a matá-los! Larguem suas armas e deixem suas mãos à mostra.




Rony parou e olhou para o alto das muralhas, assustado. Identificou o homem que falara logo à frente e pelo menos vinte arqueiros os cercavam, arcos preparados para disparar suas flechas nos recém-chegados. Com muita calma, levantou as mãos e colocou-as no alto da cabeça, gesto repetido pelos outros.



- Caracas, depois de tudo que passamos pra chegar aqui... Não esperava uma recepção dessas. Mas acho que podia ser pior, heh? – Disse ele, com um sorriso sem graça.



Bom, é isso aí. Espero que tenham gostado. Aguardo coments, hein.



Abraços e beijos.

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