A Batalha Final
N:A: Antes de mais nada, queria pedir desculpas pela demora na postagem deste cap. Foram vários motivos, e agradeço imensamente a todos que não desistiram em acompanhar o final da FIC. Mas não vou enrolar mais, fiquem com o cap.
Cap postado novamente, com a música inserida, ok?
Capítulo 14 – A Batalha Final
A noite foi longa e trabalhosa. Ficaram até tarde montando a estratégia para o dia seguinte, e quando resolveram descansar a madrugada já avançava. Porém, antes do sol nascer, já estavam de pé novamente, organizando suas forças. Quando o sol primaveril começava a despontar no horizonte, os portões da cidade eram abertos, dando passagem ao exército. Do outro lado do vale, isto não passou despercebido. Assim que os vigias perceberam, avisaram Chú, e este acompanhava a movimentação com um olhar arguto.
- O que acha que eles estão pretendendo? – Perguntou Draco, a seu lado.
- Estão desesperados. – Respondeu Chú – Sabem que invadiremos novamente a cidade a qualquer momento. Querem poupar a vida dos civis, vindo lutar em campo aberto. Assim, quando os vencermos, as baixas serão apenas militares, e o povo, mesmo derrotado, estará salvo. Muito altruísta, não acha?
- Não sei. Potter não seria tão ingênuo a ponto de levá-los para uma derrota assim, tão visível. Ele deve ter alguma surpresa preparada.
- Não importa. O que quer que esteja planejando, ainda temos pelo menos o dobro de soldados que eles. Não conseguirão vencer. Que venham ao nosso encontro, estaremos esperando de braços abertos e lanças em riste. – Finalizou Chú, saindo para dar suas ordens.
Não sou escravo de ninguém
Ninguém é senhor do meu domínio
Sei o que devo defender
E por valor eu tenho
E temo o que agora se desfaz.
Colunas e colunas de soldados saíam pelos portões, perfilando-se ao longo dos muros do castelo. As primeiras eram formadas por lanceiros, portando escudos que lhes cobriam praticamente todo o corpo. Logo atrás, escondidos pelos escudos e também portando lanças, os Hobbits. Mais atrás, os Elfos, anões e arqueiros, e por último, os cavaleiros de Rohan. Quando todos estavam em posição, deixaram as muralhas Anaryon, Harry e os demais. Rony assumiu uma posição junto à infantaria, ao lado do mestre anão, enquanto os demais, montados a cavalo, foram para a frente da coluna.
Enquanto isso, um oficial se atrasava em assumir seu lugar no campo de batalha. Senar trafegava entre os feridos. Finalmente tomara coragem para falar o que desejava. Quando a encontrou, ocupada em tratar dos feridos, quase desistiu. Mas na hora em que se virava para sair, Éolyn se virou vendo-o. Levantou-se imediatamente.
- Comandante Senar? Aconteceu algo? Por que está aqui?
- Perdoe-me, minha senhora. Não queria lhe atrapalhar. Só vim aqui me despedir.
- Se despedir? Como assim?
- Princesa... Estou saindo para lutar. Será uma batalha terrível, e apesar de querer muito a vitória, não sei se conseguirei voltar desta vez.
- Senar, continuo não entendendo o que quer dizer.
- Sempre fui muito fiel à família real. Conheço a senhora desde que era pequena, e aos poucos a vi crescendo e tornar-se uma bela mulher. E aos poucos, o sentimento de carinho e proteção que eu sentia, começou a mudar, tornando-se algo diferente, maior. Sei que não sou merecedor de sua atenção, mas não podia partir para a morte, sem revelar o que aflige meu coração há tanto tempo.
Houve um silencio longo e constrangedor entre os dois. Durante o qual, Senar preferia estar já no campo de batalha, sob mil lanças a continuar fitando aqueles olhos confusos. Virou-se para sair, mas teve seu braço seguro.
- Senar, espere. – Pediu Éolyn, finalmente – Por que nunca me disse nada antes?
Ela estava confusa. Nunca reparara em nada. Senar era alguns anos mais velha do que ela, estava prestes a entrar na meia idade. Sempre o vira como um homem sério, um soldado, nunca como alguém que pudesse ter sentimentos. Mas ali estava ele, na sua frente, se declarando. Ela se surpreendeu por um momento, mas não podia deixá-lo partir para a batalha sem entender melhor o que estava acontecendo.
- Como eu disse, não sou digno. – Respondeu ele – Além do mais, eras apenas uma criança. E quando percebi que te tornáras uma muher, apaixonara-te pelo mago Weasley. Não poderia falar nada, então. Nem mesmo depois, já que amargavas tua decepção amorosa. Mas agora... Com a morte a minha espreita...
- Nem fale uma coisa dessas, Senar. – Argumentou ela, com urgência – Por que acha que vai morrer?
- Sempre fiz de tudo para protegê-la, minha princesa, muito mais do que a todos os outros. Não posso suportar a idéia da cidade cair, e a senhora ficar nas mãos de nossos inimigos. Por isso, vou lutar com todas as minhas forças, darei a minha vida hoje, para que nenhum Orc atravesse nossas defesas e toque em você.
Lágrimas escorriam pela face rosada da jovem, diante de tanta devoção, nunca antes revelada. Ergueu sua mão, acariciando o rosto cansado e marcado por batalhas, e disse.
- Senar, posso lhe pedir um único favor? O último para sua princesa?
- Claro, minha senhora. Peça o que quiser, e se estiver ao meu alcançe, eu atenderei seu pedido.
- Fique vivo. Não importa o que aconteça, volte vivo desta batalha. Temos muito a conversar, talvez a viver, e não poderemos aproveitar esta oportunidade de nos descobrirmos se você morrer hoje. Volte paa mim, comandante. É uma ordem.
Os olhos, até então apagados e sem vida, brilharam ardentemente. No mesmo instante, enquanto um sorriso se formava em seu rosto, Senar parecia rejuvenescer vários anos, encontrando novamente uma razão para viver.
- Esta é uma ordem que cumprirei com prazer, minha princesa. – Disse ele, pegando a mão que ainda repousava em seu rosto e beijando, delicadamente.
Éolyn sorriu em resposta. Senar fez uma respeitosa reverência, virou-se e saiu, pronto para assumir seu lugar na frente de batalha.
Viajamos sete léguas
Por entre abismos e florestas
Por Deus nunca me vi tão só
É a própria fé o que destrói
Estes são dias desleais.
Sou metal, raio, relâmpago e trovão
Sou metal, eu sou o ouro em seu brasão
Sou metal, me sabe o sopro do dragão.
Quando Senar tomou seu lugar, à frente da infantaria, viu Anaryon adiantar-se de seu lugar, posicionando-se de frente para as tropas. Sacou a espada e falou com o exército.
- Hoje não lutamos apenas por Gondor. Ou apenas por Rohan. Ou pelo Condado. Não lutamos pela glória dos Anões ou pela supremacia dos Elfos. Todos que aqui se encontram, lutam por um objetivo. A liberdade da Terra Média. Para que todos os povos possam voltar a viver em paz e harmonia, e por isto sim vale a pena morrer. Então, eu os convoco. Povos da Terra Média, pelo que lutamos hoje?
- LIBERDADE! LIBERDADE! – Gritaram milhares de vozes, em uníssono.
- Então ninguém nos vencerá hoje, tenho certeza disto. – Concluiu Anaryon, voltando a tomar posição.
- Muito bem... – Apoiou Harry, lhe sorrindo, e fazendo uma reverência – Majestade!
Um sorriso rápido em resposta, e o lider daquele povo sacou sua bela espada, e com ela ordenou que a batalha começasse.
Os lanceiros começaram a marchar. O outro exército veio de encontro, com os Orcs berrando e urrando, na tentativa de intimidar. Se pudessem ver os olhos de seus adversários, saberiam que a tentativa era inútil, pois nenhum soldado demonstrava medo ou receio. Todos marchavam resolutos, cientes de que muitos estavam a poucos minutos de encontrar a morte, porém confiantes de que esta não seria em vão. Eles venceriam.
Quando as duas linhas de soldados estavam a aproximadamente cinquenta jardas uma da outra, estacaram. Ficaram se medindo por algum tempo, testando a paciência. Obviamente, quem perdeu a paciencia primeiro foram os Orcs, que com um grito de guerra, avançaram. Ninguém se mexeu um milímetro sequer, apenas se apoiaram com mais firmeza, para suportar o choque. Os pequeninos Hobbits apoiavam seus enormes pés descalços na terra, e ajudavam a segurar os escudos. O som do choque dos machados, lanças e espadas contra os escudos reverberou pelo ar, mas a linha de defesa não se abalou. Os Orcs tentavam, a todo custo, sobrepujar os escudos. Batiam, empurravam, gritavam, mas ninguém cedia. Então, ao som de uma ordem, todos os escudos foram levantados, de uma só vez, pegando os Orcs de surpresa. Muitos perderam o equilíbrio e caíram, tornando-se presas fáceis para as lanças Hobbits. Antes que pudessem fazer algo, os escudos foram mais uma vez baixados, e aqueles inimigos que estavam dentro do perímetro, mortos.
Esta operação foi repetida mais três vezes com sucesso, até os Orcs recuarem um pouco, e começarem a atacar com os arqueiros. Imediatamente a formação mudou, e os defensores agora se defendiam da chuva de flechas que caia sobre suas cabeças. Ao mesmo tempo, os Elfos disparavam suas flechas, mas mesmo assim, os Orcs conseguiram abrir uma brecha, e voltaram ao ataque, rompendo a barreira. Harry olhou para Anaryon... Isso já era esperado. Não adiantava mais adiar, a partir de agora a luta seria de peito aberto. Uma trombeta soou sobre as muralhas, e a cavalaria partiu para o ataque. Os pequeninos Hobbits trataram de sair da frente, enquanto poderosas patas avançavam sobre os soldados Orcs, pisoteando e espalhando a morte. Seus cavaleiros desferiam golpes violentos e certeiros, abatendo vários inimigos.
Reconheço meu pesar
Quando tudo é traição,
O que venho encontrar
É a virtude em outras mãos.
Minha terra é a terra que é minha
E sempre será minha terra
Tem a lua, tem estrelas e sempre terá.
Os bruxos logo se espalharam pelo campo de batalha, mas sempre um dando proteção a outro. Mione lutava próxima a Cho, Gina a Harry, Luna a Neville, e Rony se esforçava ao máximo para se juntar a eles. Em um dos flancos, estavam Arthur Weasley e o sr Chang, que apesar da insistência dos mais jovens para que não entrassem em combate direto, lá estavam. Não portavam espadas, mas suas varinhas conheciam muitos feitiços, e nenhum Orc durava muito tempo na frente deles.
Senar avançava pelo outro flanco, resoluto em superar aquele dia. Mas não seria nada fácil. Com ele, a maioria dos Elfos, sob o comando de Mellon, que agora lutavam com suas longas espadas. Porém, os Orcs tinham percebido que ali a resistência era menor, e queriam sobrepujar as defesas naquele ponto. Mellon lutava valentemente, derrubando um Orc sobre o outro, fazendo uma pilha de corpos, e quanto mais ele derrubava, mais Orcs apareciam. Mas ele não demonstrava cansaço. Movia-se com suavidade, mal parecia estar pisando no chão. Com o decorrer do tempo, começou a ver seus companheiros tombarem, assim como os homens, comandados por Senar, o qual também resistia bravamente.
Numa nova avalanche de inimigos, Mellon se viu cercado. Parou e olhou em volta, buscando uma saída, mas não encontrou nenhuma. Percebeu que encontrara seu destino, e só lamentava o fato de nunca mais poder ver sua esposa e seu filho. Ficou esperando pela morte, que foi ordenada logo em seguida. Mas ele não se entregaria assim, tão facilmente. Bramiu sua espada prateada, ceifando a vida de um Orc. Desviou-se do segundo e cravou-lhe a espada no abdome. Ainda derrubou o terceiro, antes de finalmente ser atingido na perna. Matou o oponente que o feriu, capengou e foi novamente atingido, agora nas costas. Fechou os olhos, aguardando o golpe fatal. Esperou, mas este não veio. Relutantemente abriu os olhos, sem sequer atentar para o som a sua volta, e viu Mirie, sua esposa, entre ele e seus inimigos, de espada na mão, protegendo-o. Com as vistas escurecendo, tombou ao chão. Um instante depois, Hermione surgiu a seu lado. Conjurou um escudo, protegendo-os. Mirie tomou-o em seus braços, sussurrando.
- Ainda não é chegada a hora de nos deixar, meu marido. Tens que ver nosso filho crescer.
- Mirie, não vou conseguir agüentar muito tempo. – Disse Mione, esforçando-se para manter o escudo protetor.
- Como pude ser tão cego? – Sussurrou o Elfo – Como não percebi qual o motivo para virdes até aqui?
- Você não podia adivinhar, Mellon. E eu não podia contar-lhe o que meus sonhos revelavam. Mas não podia deixar que morresse desta forma. – Justificou ela.
- Será que um dia me perdoará por tudo que eu disse e pela maneira como a tratei desde que aqui nos encontramos?
- Só se você sobreviver, meu marido. Agora se levante. Hermione irá nos ajudar a sair daqui.
Com muito esforço e a ajuda das duas, Mellon conseguiu se erguer. Mione abraçou os dois, e com um giro, levou-os para o hospital.
A luta continuou, acirrada e sangrenta, sem grandes avanços por qualquer dos lados até o final da manhã.
Quase acreditei na sua promessa
E o que vejo é fome e destruição
Perdi a minha sela e a minha espada
Perdi o meu castelo e minha princesa.
Quase acreditei, quase acreditei
Harry lutava na frente. Já perdera seu cavalo, morto por uma lança, e agora lutava no chão. Pouco mais ao lado, Gina também não tinha trégua. Também estava no chão, mas por opção. Tentava se aproximar mais de Harry, mas tinha certa dificuldade. Pouco mais à sua direita, lutavam Anaryon e Cho, lado a lado.
Harry acabava de abater um grupo que estava a sua frente, e aproveitava o breve descanso para respirar e recuperar o fôlego, quando sentiu o chão vibrar sob seus pés. Levantou os olhos na direção de onde vinha um som de passos, e deu de cara com um gigantesco Troll vindo em sua direção, com uma enorme marreta nas mãos. Ele mal teve tempo de se proteger e foi atingido violentamente no peito por uma marretada, que o lançou no ar. Seu corpo fez um arco e caiu a quase dez metros de distância. Uma dor lancinante atingiu seu tórax, e só por isso ele não perdeu os sentidos. Sentiu, mais do que ouviu, novamente os passos, e conjurou novamente seu escudo, bem a tempo. O Troll desfere novo golpe, que reverbera em seu escudo, que por pouco não se rompe.
Gina ouviu o som do impacto, e soube que algo acontecera a Harry, antes mesmo de olhar. Quando o vê caído, e a criatura tentando matá-lo com aquela marreta, gritou desesperadamente.
- Harry!
Mas antes que conseguisse reagir, um vulto gigantesco passou por ela, quase a derrubando. Hagrid. O meio gigante ignorava tudo e todos a sua volta. Atropelou todos os Orcs que tentaram entrar em seu caminho, e como uma locomotiva desgovernada avançou e pulou sobre o Troll, tirando-o de cima de Harry e começando uma luta corporal com ele. Mas Harry não teve refresco. Assim que o Troll saiu, um bando de Orcs saltou sobre ele, desferindo golpes de espada e machados contra seu escudo. Ao ver aquilo, Gina sentiu o sangue ferver nas veias. Sentiu um calor subir-lhe e esquentar o rosto, depois migrar para suas mãos. Daí ela liberou, enquanto gritava.
- Deixem-no em paz!
De seus dedos, brotaram diversos fios prateados, que ao atingirem os Orcs, despejaram um tipo de descarga elétrica, nocauteando-os. Quando mais nenhum Orc se atrevia a atacar Harry novamente, ou mesmo ela, que ainda tinha os filamentos brotando das pontas dos dedos, ela pode finalmente se aproximar de Harry.
- Harry! Harry, você está me ouvindo?
- Gi... Gina... Não consigo respirar. Ajude-me...
Sem esperar mais nada, ela o abraçou e desaparataram, ressurgindo no hospital, onde ela não poupou seus pulmões.
- Mãe! Socorro, o Harry está ferido.
Enquanto ela o deitava numa cama, Molly corria para ver o que acontecia.
- Harry! Harry, o que aconteceu? Onde você foi ferido? – Perguntou a bondosa senhora, enquanto procurava ferimentos, mas Harry perdera a consciência. Então ela encontrou um amassado na armadura, na altura de seu peito – A armadura. A armadura está amassada, deve estar pressionando seu tórax.
Com a ajuda de Gina e Éolyn, retiraram a placa de armadura que lhe cobria o peito. Embaixo, seu tórax estava fundo, e Gina soltou um leve grito de pavor.
- Calma filha. Acho que são apenas algumas costelas quebradas. Mas o que foi que o atingiu desta forma? Por que ele não se protegeu?
- Um daqueles Trolls o acertou com uma marreta, mãe. Ele ergueu um escudo, mas o golpe foi muito forte.
- Bom, posso cuidar disso. Ele só vai precisar descansar, e daqui algumas horas estará recuperado. – Sentenciou Molly.
- Eu sei que a senhora cuidará bem dele para mim, mãe. – Disse Gina, sorrindo e se levantando da cama – Agora, preciso ir. A situação não está nada boa lá fora.
- Filha, por favor, tome muito cuidado.
- Pode deixar, mãe. Eu estou tomando todo o cuidado do mundo. E não é só por mim agora.
E, por honra, se existir verdade
Existem os tolos e existe o ladrão
E há quem se alimente do que é roubo
Mas vou guardar o meu tesouro
Caso você esteja mentindo.
Olha o sopro do dragão...
Molly não compreendeu o significado das últimas palavras ditas por sua filha, mas não tinha tempo para se preocupar com aquilo naquele momento. Mais tarde a interrogaria a respeito. Concentrou-se em tratar de Harry, e instantes depois este acordou.
- Sra Weasley... Como? O que?
- Calma, meu filho. Você foi ferido na batalha, e Gina o trouxe para cá.
- Gina? Onde ela está? – Ele despertou de vez, e tentou se levantar, mas a dor em seu peito fez com que caísse na cama novamente, gemendo de dor – Mas que dor é essa? O que aconteceu?
- Você teve várias costelas fraturadas, meu querido. Não pode se levantar tão cedo, precisarei de um certo tempo para tratar disso. Não é tão simples assim.
- Onde está Gina? – Ele repetiu a pergunta, aflito.
- Ela voltou para a batalha, Harry. Disse que precisava voltar e ajudar.
- Senhora Weasley, por favor. Precisa fazer algo, consertar o estrago de alguma forma. Não posso ficar aqui deitado, enquanto Gina e os outros estão lá fora lutando.
- Mas Harry... Não é assim que funciona, você precisa de um tempo para se recuperar...
- A senhora não está entendendo. – Harry praticamente gritou – Malfoy está lá fora, Molly. Ele vai atrás dela. Não posso ficar aqui deitado, esperando para ver o que aquele lunático vai fazer com a mulher da minha vida. Faça qualquer coisa mas, por favor, me faça levantar desta cama e voltar lá para fora.
Molly percebeu a preocupação e o desespero no olhar do rapaz. E sabia que ele tinha razão, sua filha estava em campo aberto e podia ser alvo de Malfoy ou qualquer outro louco a qualquer momento.
- Está certo. Tem um feitiço que pode colocar as costelas de volta no lugar. Mas vai doer muito e não elimina a fratura, você vai continuar sentindo dores no local.
- Vou poder me levantar e voltar para o lado de sua filha? – Inquiriu ele.
- Sim mas...
- Então faça, Molly. Por favor.
Receosa, a matriarca apontou a varinha para o tórax deformado e inchado do rapaz e murmurou um feitiço. Assim que a luz púrpura que saiu da varinha atingiu o local, Harry soltou um agudo grito de dor, que pode ser ouvido por todo o hospital e chamou a atenção de todos. Rita Skeeter, que estava próxima, correu e ajudou Éolyn a segurá-lo. Quando o feitiço terminou, Harry continuou deitado mais um pouco, arfando. Então se sentou na cama com dificuldade. Pegou a peça de sua armadura, que estava no chão, reparando-a com um feitiço. Éolyn a pegou de sua mão, ajeitando-a em seu corpo.
- Obrigado! – Agradeceu ele, ao término e se levantando com dificuldade.
- Potter! É visível que não tem condições de lutar. O que acha que vai conseguir, se voltar lá deste jeito, além da própria morte?
- Eu não espero, Rita. Eu vou conseguir a vitória. E proteger os que amo. Depois disto, não importa o que vai acontecer comigo.
Dito isto, ele girou no ar e desapareceu, rumo ao campo de batalha novamente.
*****
- Acho que já está na hora de vencermos esta guerra. – Anunciou Chú.
- Acha prudente, senhor? – Perguntou Li.
- Por mim, já teríamos entrado há muito tempo. – Malfoy deu de ombros – O que estávamos esperando?
- Eles se cansarem, Draco. Só isso.
Os três sorriram e saíram da tenda, caminhando tranqüilamente.
*****
O quarteto estava separado. Desde que Mione fora ajudar Mirie, Rony não a avistara de novo. O mesmo ocorrera com Harry, que não encontrava Gina. Em certo momento, os dois irmãos se encontraram, e passaram a combater juntos, dando apoio aos anões. Ainda no centro da batalha, estavam Cho e Anaryon, ainda lado a lado. Estavam cansados, mas não cediam terreno. De repente, soldados Orcs começaram a abrir caminho, o que chamou a atenção dos dois. Logo surgiu o comandante das forças Orcs, Grork, que sorria maliciosamente para o casal.
- Vejo que agora, carrega um mago a tiracolo. Acredita mesmo que eles poderão garantir sua vida para sempre? – Disse ele.
- Lady Chang luta a meu lado, não está aqui para proteger-me, verme. – Respondeu Anaryon, a fúria gerada pela sede de vingança reverberando em sua voz.
- Que bom, principezinho. Pois temos negócios a terminar.
- Sim temos. Eu estava esperando anciosamente por você. – Anuiu o príncipe e em seguida se virou para Cho – Aconteça o que acontecer, por favor, não interfira.
- Não posso ficar aqui parada se sua vida estiver em perigo. – Contestou ela – Não me peça uma coisa dessas.
- Sinto muito por estar pedindo isto, mas é uma questão de honra, entende? O que você faria se encontrasse Malfoy neste campo? A honra de minha família deve ser lavada, e compete a mim fazê-lo ou morrer tentando.
Cho nada falou, e seu silêncio manifestou sua opinião. Anaryon ergueu sua espada e foi em direção do Orc. Este o fitava com desdém, certo de uma vitória fácil. Girava seu enorme machado na mão, e ancioso, logo partiu para o ataque.
Anaryon esquivou-se agilmente. Ele sabia que não conseguiria vencer usando a força bruta, pois seu inimigo era muito mais forte do que ele. Teria que usar sua velocidade e destreza com armas. Quando desviou-se do golpe, passou por baixo do braço do Orc, e tentou aproveitar a oportunidade para atingí-lo no flanco, mas o comandante também conseguiu se esquivar. Girou o machado novamente, interrompendo o movimento que fazia e desviou-o, na intenção de atingir a cabeça de Anaryon, que teve que aparar o golpe com sua espada. O Orc tentou se aproveitar de sua força, desferindo um forte golpe, mas Anaryon conseguiu pular, evitando ser atingido. Fitaram-se um pouco mais, até que novamente o machado pareceu ganhar vida e perseguir Anaryon. Mais uma vez ele o evitou, e desta vez conseguiu aproveitar a brecha na defesa inimiga e acertar um golpe, que atingiu a perna direita da criatura. Este olhou para o ferimento, sorriu e disse.
- Bem melhor do que da última vez. Matar seu irmão não teve a mínima graça, mas você pelo menos está se esforçando.
- Pode acreditar que sim. E meu esforço há de ser recompensado, verás. – Respondeu Anaryon.
Ele julgou que o ferimento na perna reduziria os movimentos do Orc, e por isso atacou. Mas ele estava enganado e demonstrando ainda grande agilidade, foi a vez do Orc se esquivar do ataque e, quando Anaryon passou por ele, Grork desferiu um golpe com seu machado, visando as suas costas. Anaryon girou o corpo bem a tempo, mas mesmo assim a lâmina atimgiu-o de raspão, cortando o metal e a malha e rasgando sua carne.
- Empatados novamente. – Riu o Orc.
De onde estava, Cho teve que se segurar para não matar aquela criatura com sua varinha. Estava tão concentrada na luta entre os dois, que nem percebera que ao redor, a batalha também morria aos poucos, e os soldados de ambos os exércitos assistiam o duelo entre seus generais. Só percebeu que havia alguém a seu lado quando Mione a tocou. Olhou para o outro lado e encontrou Gina e Rony. Mas nem sinal de Harry.
- Não importo se me fatiar com seu machado. Só vou parar de respirar depois de você. – Disse Anaryon, colocando-se em guarda novamente.
É a verdade o que assombra
O descaso que condena,
A estupidez o que destrói
Eu vejo tudo que se foi
E o que não existe mais
Tenho os sentidos já dormentes,
O corpo quer, a alma entende.
Recomeçaram o embate, e agora ambos partiam abertamente para o ataque, sem nenhuma tentativa de se esquivar ou se proteger. Assim, vários golpes desferidos por Anaryon acabaram encontrando seu alvo, e logo o general sangrava abundantemente. A situação de Anaryon não era muito melhor, pois tinha sido atingido mais duas vezes de raspão pelo machado, uma no torax e outra na altura do abdomem. Mas não desistia. Após desferir mais um golpe de espada, que atingiu e inutilizou o braço esquerdo do Orc, este o atingiu com a empunhadura do machado, jogando-o a dois metros de distância, completamente aturdido. O Orc caminhou até ele, arrastando seu machado, e pisou em seu peito.
- Agora chega de brincar, humano. Vamos ver se seu sangue é tão doce quanto o de seu irmão. Depois, vou atrás do resto de sua família, e acabarei com todos os descendentes dos homens do norte, todos. – Girou o machado sobre a cabeça, prestes a desferir o golpe final.
Ao ouvir a promessa de que toda a sua família seria assassinada, Anaryon recuperou a objetividade. Não poderia se deixar ser morto daquela forma e permitir o fim da raça dos Numenorianos na Terra Média. Desesperado, enquanto o machado girava no ar, ergueu sua espada, que ainda estava segura em sua mão, e cortou o tendão da perna que o prendia no chão. Imediatamente o Orc soltou um grito de dor e fúria, perdeu o equilíbrio e tombou de lado, enquanto Anaryon se levantava e o ajudava a cair, empurrando seu corpo para o chão, pulando sobre ele em seguida e desferindo um golpe certeiro, decapitando-o. O corpo, caiu ainda em espasmos no chão, enquanto Anaryon se levantava, limpando sua espada.
- Não hoje, criatura. Não será hoje que os Numenorianos deixarão de existir, muito menos pelas suas mãos.
- Realmente! Será pelas minhas. – Disse Wang Chú, saindo detrás de uma coluna de soldados Orcs – Afinal, sou eu quem manda aqui, meu caro príncipe.
Surpreso e ferido, Anaryon deu alguns passos para trás, e foi aparado por alguém.
- Então, agora a briga é conosco, Chú. – Disse Rony, colocando Anaryon para trás de sí – Você já trouxe muita dor e sofrimento para essas pessoas, e nós vamos impedí-lo.
- Isso mesmo, Rony. Chega de mortes, vamos resolver isso entre nós, Wang Chú. – Mione posicionou-se ao lado do noivo, de varinha em punho,
- Ora! Os amigos do Potter. Vocês acham mesmo que podem me vencer? Que possuem poder mágico o bastante?
- Nós temos sim, pode acreditar. – Agora era Gina quem se apresentava ao lado do irmão.
Chú olhou para o trio por um segundo, depois soltou uma estrondosa gargalhada.
- Ora vejam só. Parece que para ao menos uma coisa esse bando de Orcs imprestáveis serviu. Onde está Harry Potter? Terá ele sucumbido durante a batalha?
- Não!- Disse uma voz dentre os soldados de Gondor, e um corredor se formou, permitindo a passagem de quem falara – Você já deveria saber, que não sou tão fácil de se matar assim, Chú. Malfoy sabe, por experiência própria, que sou realmente duro de matar.
Harry caminhou até os amigos, e recebeu um olhar questionador de Gina, que não entendia como ele poderia estar ali, ferido como estava quando ela o deixou. Ele tentou confortá-la com uma piscadela, não muito convincente, e tomou posição a seu lado.
- Deixe este povo em paz, Chú. O seu problema é comigo, então vamos resolvê-lo de uma vez.
- E por eu vou me expor tanto, tendo milhares de soldados que podem fazer isto no meu lugar? – Chú indicou os soldados as suas costas, confiante.
- Você não tem mais exército, mago. – Um de seus oficiais disse – Nosso general, que lhe jurou fidelidade, está morto. Além do mais, não somos capaxos dos humanos, que você pode descartar como bem quiser. Somos Orcs, e não gostamos nada da maneira como tem nos tratado.
- Deixe de ser ridículo, criatura ignorante. Obedeçam. Ataquem! – Gritou Chú.
- Não. Lute suas próprias batalhas. Se vencer os magos, que tantos de nós já mataram, daí voltaremos a apoiá-lo. Senão, voltaremos para nossas terras, para cuidar de nossas feridas.
- Malditas criaturas! – Urrou Chú, voltando a se virar para Harry, que não escondia um sorriso vitorioso no rosto – Não cante vitória ainda, Potter. Eu queria matá-lo de qualquer jeito, pessoalmente, pelo que fez com a minha mão.
- Muito bem, vamos resolver isso de uma vez. – Sentenciou Harry, sacando sua espada e preparando-se para a contenda.
Esta é a terra-de-ninguém
Sei que devo resistir
Eu quero a espada em minhas mãos.
Eu sou metal, raio, relâmpago e trovão
Eu sou metal, eu sou o ouro em seu brasão
Eu sou metal, me sabe o sopro do dragão.
Uma clareira começou a se formar ao redor. Por todo o campo, a luta cessara, e os soldados se concentravam no que acontecia ali. No palácio, o silêncio preocupou a todos, que se aproximavam dos muros para ver o que acontecia. No hospital, porém, não havia descanso. Os feridos continuavam chegando, e ninguém ali percebeu o que acontecia do lado de fora.
Enquanto Harry estudava os movimentos de Chú, outro bruxo também se preparava para lutar. Li mantinha-se fiel a seu mestre, e não pretendia deixá-lo lutar sozinho. Sacou sua espada, mas quando se adiantou em direção a Harry, teve seu caminho interrompido.
- Você não estava pensando em atacar meu amigo pelas costas de novo, estava? – Perguntou Rony – Definitivamente, você não é um cara legal.
- Weasley! – Grunhiu Li.
Rony nada respondeu. Sacou sua espada, posicionando-se entre Li e Harry. Fitaram-se seriamente por um instante, e então partiram para a luta. Li avançou, mas antes de cruzarem as espadas, saltou sobre a cabeça de Rony, tentando atingí-la na passagem. Este, ao perceber sua intenção, jogou-se no chão, dando uma cambalhota sobre si mesmo e erguendo-se em seguida. Virou-se bem a tempo de aparar um novo golpe. Aquela, com certeza, seria uma luta de vida ou morte. Hermione, ao largo, assistia a luta temerosa, roendo as unhas. Sabia que não poderia interferir, mas o medo de que algo acontecesse a Ronald a estava corroendo por dentro.
Rony empurrou Li com força, partindo para um ataque rápido, com golpes por cima, visando também a cabeça do adversário, que se protegeu, aparando-os com sua espada, e caminhando para trás. Num desses golpes, porém, ele se esquivou, e o golpe de Rony cortou o vazio, desequilibrando-o. Li se aproveitou da oportunidade, deu uma voadora e atingiu, com seu pé esquerdo, Rony em sua face, jogando-o para trás, de costas no chão, arrancando um grito de pavor de Hermione, que quase avançou em seu socorro, sendo segura por Gui. O ruivo levantou-se de imediato, cuspiu um pouco de sangue, pois a pancada machucara sua boca, e falou.
- Muito bem, então parece que essa briga vai ser pra valer mesmo. Ótimo, então não preciso me conter, nem ser delicado com você. – E partiu para cima de Li novamente, com um grito de fúria.
*****
Gina estava extremamente preocupada. Apesar de tentar tranquilizá-la, ela sentia que Harry ainda não estava recuperado. Ela não sabia o que ele havia feito, mas tinha certeza de que não estava bem. E não tinha a mínima condição de enfrentar Chú sozinho. Sacou sua espada, com intenção de juntar-se a ele, mas uma voz arrastada e ferina gelou seu sangue.
- Você está cada dia mais linda, Weasley. – Sussurrou Malfoy, a poucos metros dela – Acho melhor não se meter no assunto dos dois. Na verdade, já temos nossos próprios assuntos para resolver, não acha?
Ela sabia que este dia chegaria. Mas estava preparada para enfrentá-lo.
- Malfoy, não quero lutar com você. – Respondeu ela, num tom cansado – Por favor, vamos encerrar este assunto. Percy está morto, sua mãe também. Nada pode trazê-los de volta. Não precisamos nos matar por isso.
- E você realmente acredita que tudo isso é por ela? – Riu Draco, sarcásticamente.
- Não é? – Estranhou Gina.
- Claro que não. Quando aconteceu, até fiquei com raiva de você, Gina. Mas na verdade, sei que nunca mataria minha mãe.
- Então por que tudo isso? Por que continua com esse rancor todo, por que deseja minha morte?
- Por que você nunca me quiz, por isso. Me apaixonei por você, sempre a amei, e você nunca olhou para mim. Sempre foi louca pelo Potter, mesmo enquanto ele era dado como morto. – Draco respirou fundo e então continuou – Se você me desse essa chance, se dissesse que pode me olhar com outro olhar que não esse de repulsa, eu juro que mudaria. Abandonaria essa vida por você, Gina. Poderíamos ser felizes, nós dois, juntos.
- E apagaríamos todo o passado? Esqueceríamos tudo de errado que você já fez? As pessoas que matou, as vezes que tentou assassinar Harry? Quando usou Pansy, fazendo-a se passar por mim? Olhe ao seu redor, Draco. Tem idéia de quantos inocentes morreram por sua causa? Se tivesse detido Chú antes dele atravessar o portal, poderíamos ter evitado tanta dor e sofrimento... Mas você não nos ouviu, veio e fez tudo aquilo com a Cho. Tem idéia de que ela quase morreu?
- Fiz... Fiz tudo isso por você, Gina. Se tivesse me aceitado, se tivesse me escolhido ao invés do Potter... Mas não. Nunca me deu uma chance, sempre foi louca por aquele quatro-olhos. A Chang também. Como, duas das mulheres mais bonitas de Hogwarts, se apaixonam por ele? Alguém tinha que pagar. – Draco parecia fora de si, seus olhos vidrados, esbugalhados, fitando Gina com um sorriso doentio no rosto – Mas eu perdoo você, Gina. Se abandonar o Potter agora e vir comigo, garanto que seremos felizes juntos.
- Eu não vou deixar o Harry, Malfoy. Eu o amo, e ele me ama também. Nunca poderia viver com você. E tem mais, sou uma Auror, esqueceu? Tenho a obrigação de levá-lo para pagar por seus crimes. E é isso que vou fazer. Só não quero lutar com você, não desejo ferí-lo.
- Então... – Balbuciou ele, sua face transformando-se numa máscara lívida de ódio – Se eu não a terei, Potter também não. Vou matá-la, Weasley. E é óbvio que está com medo de mim, por isso não quer lutar. Sabe que vai morrer.
- Engano seu, Malfoy. Mudei muito nos últimos tempos, não sou mais a mesma menina dos tempos de escola. Se lutarmos, vou vencer, talvez matá-lo. E não pense que gosto da idéia.
Draco gargalhou grotescamente. Sacou sua espada, e avançou sobre Gina. Esta, por sua vez, sequer moveu um músculo. Apenas quando a lâmina descia sobre sua cabeça foi que ela ergueu sua espada e aparou o golpe. Deu um giro para a esquerda, e na passagem, deu uma rasteira na perna direita de Draco, que perdeu o equilíbrio e caiu ao chão. Levantou-se rapidamente, voltando ao ataque, e Gina novamente se defendeu. Trocaram uma sucessão de golpes, que empurraram Gina para trás. Apesar de sua perícia, a força de Malfoy, somada a sua fúria, faziam com que ele ganhasse terreno. Mas nenhum de seus golpes a atingia, e logo ele teve que parar para descansar. Gina permitiu, e aproveitou o momento para se recompor também. Tentava encontrar uma forma de evitar o pior, mas não via como.
Draco atacou novamente, e ela se preparou para fazer o que seria necessário.
*****
Quando ouviu aquele grito, sabia de quem era. Acordou assustada e pulou de sua cama, um tanto desorientada. Na cama ao lado, Éomer também acordara, assim como Dobby.
- Mestre Harry Potter precisa de Dobby. Dobby deve encontrar seu mestre. – Disse o pequeno Elfo-Doméstico, nervoso.
- O que está acontecendo Dobby? – Perguntou ela, pressurosa.
- Dobby não sabe, menina Lucy. Mas Harry Potter está ferido, Dobby precisa ajudá-lo.
- Ele deve estar aqui também. – Disse Éomer, também se levantando – O grito pareceu ser muito próximo.
- Vamos procurá-lo então. – Sentenciou a menina, saindo correndo por entre as camas e feridos.
Atravessaram o salão, e do outro lado viram Harry. Ele estava se levantando de uma cama, conversando com as pessoas em volta. Mas parecia meio tonto, sem firmeza nas pernas. Mesmo assim, girou no ar e desapareceu, sem ouvir os gritos de Lucy, implorando para que a esperasse.
- O que aconteceu? Ele está ferido? – Perguntou, quando chegou ao local.
- Não foi nada grave, minha querida. – Tentou acalmá-la Molly, falhando miseravelmente. Estava escrito em seu rosto, o quanto ela estava preocupada – Harry sofreu um pequeno ferimento, mas já está bem. Tanto que voltou para a luta.
- Se ele estava bem, por que gritou daquele jeito? - Inquiriu ela.
- Bom, é que às vezes, mesmo um ferimento pequeno pode doer bastante, sabe? – Molly tentou convencê-la, mas sem convicção alguma na voz.
As crianças voltaram para suas camas. Poucos minutos depois, pereceberam a movimentação em volta, todos estavam indo para as janelas ou conversavam, nervosas.
- A luta... – Começou Éomer, concentrando-se em escutar algo – Parece que está parando a luta.
- E o que isso quer dizer? Que vencemos? – Perguntou Lucy, esperançosa. Não aguentava mais aquele som de guerra em seus ouvidos.
- Não sei. Se tivéssemos vencido, os soldados estariam comemorando. Está tudo quieto. Quieto demais. Acho que está acontecendo alguma coisa lá fora.
- Dobby... Sei que está ferido, mas eu estou com muito medo. Será que você conseguiria ir lá fora descobrir o que está contecendo e voltar aqui para nos contar? – Pediu a menina.
- Ele está muito ferido, Lucy. Pode voltar a sangrar e até morrer se fizer muito esforço. – Repreendeu Éomer.
- Dobby está bem, e vai ver o que está acontecendo para menina Lucy. – Intrometeu-se o pequeno Elfo, desaparecendo a seguir.
Reapareceu alguns minutos depois, extremamente pálido, não só pelo esforço mas também pelo que vira.
- Pararam a luta. – Anunciou ele, com sua voz esganiçada, o que chamou a atenção de outras pessoas no hospital para eles. – O irmão do Menino-Éomer lutou contra um grande Orc e venceu. E agora, mestre Harry Potter e menina Gina também estão lutando com bruxos das trevas.
- O quê? Que foi que você disse, Dobby? – Molly chegou apressada, praticamente atropelando a todos em seu caminho – Minha Gina está lutando? Com quem?
- Com jovem Malfoy, senhora. E amigo de Harry Potter também luta. E mais ninguém, todos estão assistindo a luta.
- Por Mérlin, preciso ver o que está acontecendo com minhas crianças. – Desesperou-se a matriarca, saindo correndo pelas portas, em direção aos muros.
- Dobby, você está bem? – Perguntou Lucy – Pode nos fazer mais um favor?
- Dobby está bem, só ficou um pouco cansado. O que menina Lucy deseja?
- Dobby, sei que está cansado. Mas você poderia nos levar lá para fora, junto de Harry e Gina? – Pediu a menina, sob o olhar reprovador de Éomer.
Dobby não respondeu, apenas segurou as mãos dos dois, e todos desapareceram. Ressurgiram no meio do campo de batalha, ao largo de um círculo formado por soldados, anões, Elfos e Orcs, que assistiam algumas pessoas combatendo. Sem perceberem, estavam ao lado de Hermione. Lucy olhou para os combatentes. De um lado, Rony se levantava do chão, após ser atingido no rosto. Do outro, Malfoy também estava se levantando, enquanto Gina se prepara para continuar a briga. E no centro, ela vê Harry lutando contra Chú, e sente seu coração parar de bater, enquanto solta um grito.
*****
Ele tentava ignorar a dor em seu peito, precisava se concentrar. Apesar de Chú ter perdido a mão, pelos movimentos que fazia com a espada, dava a nítida impressão de ter se adaptado a sua nova condição. Percebeu quando Rony intercedeu a seu favor, puxando briga com Li, e sentiu seu sangue gelar quando percebeu Gina discutindo com Malfoy. Confiava plenamente em sua ruiva, mas temia perdê-la. Não suportaria caso isso acontecesse. Tentou clarear as idéias. Se quisesse ajudá-la, teria que vencer Chú primeiro.
Chú, percebendo sua distração, atacou. Tentava surpreendê-lo. Harry reagiu por puro instinto, desviando-se do golpe. Imediatamente sua mente clareou, e apesar de continuar atento ao que acontecia a sua volta, concentrou-se na luta. Girou sua espada, de cima para baixo, e o choque entre as lâminas foi tão intenso que fagulhas multicoloridas pipocaram no ar. Chú era muito mais habilidoso do que os outros, seus movimentos eram graciosos e largos. A luta era franca e aberta, e ambos buscavam atingir de forma definitiva seu oponente. Chú tentou um golpe visando a perna de Harry, mas este novamente conseguiu se esquivar. Harry respondeu de pronto, atingindo seu oponente de raspão no braço. Afastaram-se, visando recuperar o fôlego, olhos fixos e determinados no outro. Logo em seguida Chú atacou. Harry girou no ar e desapareceu, ressurgindo atrás do outro, mas este estava preparado, e quando Harry desferiu seu golpe, Chú conseguiu aparar. Ainda aproveitou para, com a perna direita, tentar dar uma rasteira em Harry. Este recebeu o golpe, e por pouco não caiu, mas acabou perdendo o equilíbrio, abriu sua guarda e Chú se aproveitou, desferindo um golpe em diagonal contra seu torax, que atingiu em cheio. E foi isso que Lucy viu ao chegar ao local do combate.
*****
Li se assutou com a ferocidade do grito de Rony. Sempre acreditara que o jovem tivesse muito mais pompa do que capacidade, que se apoiasse na fama do amigo para se garantir enquanto lider, mas agora percebia que estava enganado. Rony vinha em sua direção com o olhar decidido, o olhar de um guerreiro hábil e confiante, sem medo da morte.
Rony parecia um hipógrifo desembestado. Partiu para cima de Li, desferindo violentos golpes com sua espada, que obrigaram o outro a se defender com certa dificuldade, sempre recuando. Até que abriu sua guarda, e Rony o atingiu com um bem colocado gancho de esquerda, no queixo, jogando-o ao chão. Na queda, Li perdeu sua espada, ainda sem acreditar no que acontecia. Rony se aproximou, mas não o atacou novamente. E quando este o olhou, o ruivo disse.
- Se gosta de luta corpo a corpo, por mim tudo bem. – E jogou ele também sua espada no chão.
- Sim, eu adoro. – Anuiu Li, levantando-se com um sorriso no rosto – Você não tem idéia do erro que cometeu, Weasley.
- Sério? Eu ia te dizer a mesma coisa, Li. – Rony retribuiu o sorriso – Ninguém te falou que já sai no braço com um lobisomem?
Ambos assumiram posição de combate. Li atacou primeiro, desferindo um golpe lateral, que Rony bloqueou com facilidade. Este devolveu o golpe, também bloqueado, mas Li sentiu um pouco mais, já que Rony ainda usava sua armadura. Por ser de um metal leve, ele mal sentia que a estava usando. Li tentou um novo golpe, com seus punhos, e desta vez Rony se protegeu com seu antebraço. Li girou no sentido anti-horário, e conseguiu encaixar um novo golpe de perna, atingindo a lateral do corpo de Rony. Este cambaleou de lado, mas logo se recuperou. Quando Li atacou novamente, este desviou o golpe com o braço esquerdo e desferiu um forte murro em seu queixo, lançando-o para trás. Não o deixou tomar fôlego e partiu em sua captura, numa sucessão de golpes. Li conseguiu proteger ou esquivar de alguns, mas outros entraram e o deixaram desnorteado. Não podia acreditar que alguém trajando armadura pudesse ser tão ágil e persistente. Tentou uma voadora, mas Rony segurou sua perna em pleno vôo e jogou-o de volta.
Desesperado, Li sacou um punhal e avançou contra Rony, atingindo um ponto desprotegido de seu braço esquerdo e arrancando um grito de dor e fúria do ruivo. Este tentou ignorar a dor, e quando Li atacou novamente, agora visando sua garganta, também desprotegida, mas Rony deu um giro desviando, e com um golpe certeiro do cotovelo, tirou a arma da mão de seu oponente. Completou, desferindo um golpe com seu antebraço no rosto de Li. Virou-se, e com o braço ferido agarrou-o pelos colarinhos e em seguida, atingiu-o com um direto no nariz. Repetiu o golpe mais duas vezes, e quando o soltou e percebeu que estava prestes a tombar, liquidou a luta com um gancho de cima para baixo, que nocauteou Li antes que este atingisse o chão.
Rony mal teve tempo para respirar, na tentativa de recuperar o folego, e quase foi jogado ao chão quando Mione pulou sobre ele, ainda tremendo.
- Rony! Por um momento, achei que ia perdê-lo.
- Eu estou bem, Mione. Esse trapaceiro tentou me pegar desprevenido, mas falhou. – Respondeu ele, respirando entre os cabelos que tanto amava, sentindo seu perfume tão próximo, e ciente de que por pouco não a perdera.
- Deixe-me tratar desse ferimento. – Mione se afastou e começou a analisar a ferida, sob um olhar abobalhado de Rony. Assim que percebeu, ficou escarlate e perguntou – O que foi? O que você está olhando?
- Sabia que você fica linda quando está preocupada comigo? – Sorriu ele.
- Francamente, Ronald! Você quase me mata de susto, e ainda fica fazendo piada com meus sentimentos?
- Não estou fazendo piada. Só estou querendo dizer que te amo, Mione. – Respondeu ele, fazendo com que interrompesse o feitiço de cura que estava fazendo em seu braço e olhasse para ele.
Hermione ficou sem palavras. Não esperava por uma declaração de amor, principalmente numa situação como aquela. E se surpreendeu ainda mais, quando Rony encurtou a distância entre os dois e a beijou, delicadamente. Se sentiu genuinamente amada. Levou seus braços ao redor do pescoço de Rony, erguendo um pouco os pés para diminuir a diferença de altura e correspondeu ardorosamente ao beijo. Naquele momento não havia mais luta, não havia guerra nem mais ninguém em volta. Apenas os dois. Quando se separaram, ouviram os gritos de alguns soldados. Envergonhados, resolveram se separar e só então pensaram em Harry e Gina.
*****
Quando Draco atacou, Gina girou no ar, desaparecendo. Reapareceu a metros de distância, arrancando um grito irado de Malfoy. Ele avançou novamente, e desta vez ela não fugiu, apenas se esquivou, e num destes esquives, atingiu-lhe o rosto com seu rabo-de-cavalo. O golpe não o feriu, mas certamente o atingiu, pois ao sentir seu rosto tocado pelos sedosos cabelos rubros, e aspirar o perfume que deles exalava, Draco se distraiu. E com isso, Gina atingiu-o no braço. O loiro gritou, agarrou o braço ferido e olhou para a jovem, incrédulo.
- Eu não estou brincando, Draco. Se não se render, serei obrigada a ferí-lo para valer. – Disse ela.
- Isso não foi nada, Weasley. É o melhor que consegue fazer? – Provocou ele.
- Sou uma Maga Branca, Malfoy. Você não pode sequer sonhar com o que posso fazer. – Respondeu ela.
- Então me mostra, ruiva. Quero ver do que é capaz. – Desafiou Malfoy, partindo novamente para o ataque.
Gina desistiu de fazer Draco se render e partiu para o combate. Trocaram alguns golpes, e logo Gina encontrou uma abertura na guarda de Draco e desferiu um golpe, que o atingiu no outro braço. O golpe foi ignorado, e a luta continuou. Draco tentou atingí-la na perna, mas Gina saltou agilmente sobre sua espada, e no caminho o atingiu novamente, agora riscando suas costas. O corte foi superficial, mas começou a sangrar abundantemente. Draco começou a dar sinais de que estava sentindo os ferimentos, mas desta vez Gina não parou a luta. Avançou novamente, e mesmo com a tentativa de defesa por parte de seu oponente, deu uma estocada profunda em sua perna. Então Gina parou.
- Chega? Você desiste? - Perguntou ela.
- Por que você não quer me matar? Não entendo, Weasley. – Balbuciou ele, mal se apoiando sobre a perna ainda boa.
- Sua morte não me traria alegria alguma, Malfoy. Desista.
- Não, ruiva. Nossa relação sempre foi de amor e ódio. Não há meio termo. Eu te amo e te odeio ao mesmo tempo, e se não pode ser minha, não quero vê-la com mais ninguém. Então, chegamos a um impasse. Agora, é matar ou morrer. O que você prefere? Eu prefiro ver a vida deixar seus belos olhos, e vou fazer qualquer coisa para conseguir isso, Gina. E você?
- Você não me deixa outra alternativa, Draco. – Respondeu ela, posicionando-se uma vez mais, a espera de mais um ataque ensandecido.
- Não, não deixo. – Respondeu Malfoy, erguendo sua espada com dificuldade. Então, soltou mais um grito, seu último grito de fúria, e avançou contra Gina.
Gina suspirou, conformada. Estava com sua consciencia tranquila, pois tentara de todas as formas, evitar aquela morte. Mas não podia deixar que ele a matasse, não agora. Não com tanto e tantos envolvidos. Foi em direção a Draco, e no meio do caminho sentiu alguém aparatar a seu lado, também com uma espada apontada para ele. Viu que ele arregalava os olhos por um instante por surpresa, mas logo em seguida, parecia haver um pouco de satisfação naquele olhar. As duas espadas cravaram sua carne. A de Gina na altura do abdome, e a outra, direto no peito. Só então Gina olhou para o lado, e viu Cho.
Esta tinha a feição dura como rocha, mas de seus olhos escorriam lágrimas que banhavam seu rosto. Ficou olhando para os olhos de Malfoy por algum tempo, até que este disse.
- Chang! – Sorriu ele, com um filete de sangue brotando do canto de sua boca - Sentiu muita saudade?
- Não sou tão boa pessoa quanto a Gina, Malfoy. Nunca deixaria você escapar com vida depois do que me fez. – Disse a jovem, enxugando as lágrimas.
- Então deveria fazer uma cara melhor ao conseguir o que desejava, Chang. – Rebateu Draco, suas pernas bambeando.
- Não estou sentindo prazer. Pensei que sentiria, mas não. Sinto apenas um grande vazio dentro de mim. Nada pode mudar o passado, nada poderá me fazer esquecer o que aconteceu, Malfoy. Mas me conforto com a idéia de que nunca mais você fará o mesmo com alguém. Adeus. – E Cho puxou sua espada, o meso fazendo Gina.
Draco soltou um gemido e tombou de costas, olhos já vidrados e sem vida. Gina se virou para a amiga, que ainda olhava para o corpo caído e a abraçou. Imediatamente, Cho caiu em prantos.
- Acabou. Ele não poderá mais nos fazer mal. Nem a ninguém. – Disse Gina, apertando a amiga contra seu peito.
Cho nada respondeu. Permaneceram unidas por mais alguns instantes, até que Gina sentiu em seu coração que algo estava acontecendo a Harry. Separou-se de Cho e procurou por seu amor, que ainda lutava contra Chú.
*****
Não me entrego sem lutar
Tenho ainda coração
Não aprendi a me render
Que caia o inimigo então.
Sua vista escurecera totalmente, e ele não conseguia respirar. Cambaleou e caiu de joelhos no chão, uma dor tão aguda no peito que este parecia que explodiria a qualquer momento. Não estava ferido, mas o golpe atingira o mesmo local do anterior, dado pelo Troll. Seu peito doía muito e ele sentia vertigens. Harry sabia que Chú estava próximo, e que provavelmente usaria esta vantagem para liquidar a luta, mas não via como impedí-lo.
- Ora vejam só. O grande Harry Potter está ferido. – Riu Chú, não se contendo, o que denunciou sua localização.
Ao perceber onde estava, e que começava a se aproximar dele, Harry reuniu toda sua força de vontade. Parecia que ia se levantar, mas ao invés disto, cravou sua espada no chão, pronunciando um feitiço. Sua espada brilhou, e um raio azul entrou na terra. Logo em seguida, o solo em sua volta estremeceu e algo parecido com uma onda subterrânea se propagou a partir da espada, em direção a Wang Chú, que parara de andar e olhava o evento, tão curioso quanto todos os outros. Só percebeu o que poderia acontecer tarde demais. Quando a “onda” atingiu seus pés, a terra explodiu, jogando-o a metros de distância. O bruxo levantou-se com dificuldade, sacudindo a terra que o cobria, e quando olhou para Harry este já estava de pé novamente, olhando para ele e aparentemente recuperado.
- Posso estar ferido, mas não derrotado. – Disse Harry, simplesmente.
Harry não esperou que Chú tomasse a iniciativa. Mesmo com fortes dores e com a visão ainda embaçada, foi em sua direção. Não podia demonstrar fraqueza agora, ou ele sentiria que poderia assumir o controle da luta novamente. Ergueu sua espada, desferindo um golpe ousado, visando a lateral esquerda do corpo de Chú. Este se defendeu, devolvendo um golpe contra a perna de Harry e atingindo sua armadura. Percebeu que Harry estava mais lento, e sorriu.
- Você ainda não está derrotado, mas é tudo uma questão de tempo, Potter. E eu não tenho pressa, posso lutar por horas a fio. Já você, parece que mal consegue se manter em pé. Quem será que vai vencer esta luta?
Chú tinha razão. Além do ferimento, que o incomodava muito, havia o cansaço. Harry estava lutando a horas, enquanto Chú estava descansado. Não lutara até aquele momento, e obviamente tinha a vantagem no combate. Mas ele não podia se entregar. Não podia deixar que Chú vencesse. Não passara por tanta coisa na vida, para se deixar matar daquela maneira.
Enquanto lutavam, numa sucessão de golpes que se sucediam numa velocidade cada vez maior, Harry repassava sua vida. Lembrou de seus pais, que se sacrificaram para que ele pudesse viver. De Sírius, a figura mais próxima de uma família de verdade que conhecera, e que também perdera. De Dumbledore e sua confiança sobre sua vitória contra Voldemort, da confiança e fidelidade dos amigos. No tempo que vivera em Shangri-lá e na sua volta. Em Lucy e em Gina, em como as amava e por elas era amado. Não podia decepcioná-los. Não podia perder. Sentiu seu coração se encher de amor e esperança, e logo sentiu que Gina se unia em espírito a ele, o que foi também um alívio, pois significava que ela estava bem.
Com esforço sobrehumano, retomou a ofensiva. Deu um giro, atingindo Chú de raspão no torax. Tentou outro golpe, agora uma tentativa de estocada, mas que foi defendida. Chú girou sua espada, conseguindo atingir Harry em seu flanco, numa pequena fresta da armadura.
- Quase o parti ao meio uma vez, Potter. E agora vou terminar o serviço. – Grunhiu ele.
Harry ignorou a nova onda de dor e empurrou Chú. O momento era decisivo, não aguentaria lutar mais tempo. Girou e desaparatou. Reapareceu às costas de seu adversário, mas já era esperado. Chú atingiu-o no rosto violentamente com o cabo de sua espada, quebrando seus óculos e derrubando-o no chão. Desta vez até Gina soltou um grito, enquanto Lucy escondia o rosto nas vestes de Hermione. Chú gargalhou e foi em direção a Harry, girando sua espada. Harry por sua vez, tateava o chão procurando pela sua arma, até finalmente encontrá-la, bem a tempo. Quando Chú desferiu seu golpe, Harry rolou no chão em direção aos pés do inimigo, e com um impulso, enfiou sa espada no abdome de Chú, de cima para baixo, trespassando-o.
- Tudo passa, tudo passará...
E nossa estória não estará pelo avesso
Assim, sem final feliz.
Teremos coisas bonitas pra contar.
Chú olhou, incrédulo, para baixo. A mão que segurava a espada desapareceu no ar, e a arma caiu ao chão. Harry puxou sua espada e rolou para o lado, bem a tempo, pois o corpo tombou justamente onde ele estava. O grito dos soldados foi ensurdecedor. Harry mal ouvia o alarido, permanecia deitado, ofegante. Gina correu para ele, acompanhada de Lucy. Um pouco mais atrás, Mione erguia a varinha e murmurava um feitiço anti-aparatação, e foi rapidamente imitada por outros guardiões. Os Comensais e Dragões Vermelhos, ao perceberem a derrota e a impossibilidade de desaparecer, tentavam fugir de qualquer forma, mas eram rapidamente dominados e aprisionados. Os Orcs nada disseram ou fizeram. Simplesmente viraram as costas e se retiraram do campo. Alguns soldados se posicionaram, com a intenção de atacá-los pelas costas, mas foram impedidos por Anaryon e Senar, que apresentava um grave ferimento no braço direito e na cabeça, mas cumprira sua promessa. Estava vivo.
Assim que chegou a Harry, Gina se jogou no chão, colhendo-o em seu colo.
- Harry! Harry, olhe para mim. – Pediu ela, angustiada.
Com muito esforço, o rapaz abriu os olhos. Gina pegou os óculos e os consertou, colocando-os em seguida em seu devido lugar. O moreno sorriu, e disse.
- Você está bem? Está ferida? E quanto a Malfoy?
- Chiiii! - Fez ela, depositando um dedo sobre seus lábios – Estou ótima, sem ferimento algum. E Malfoy está morto. Os inimigos estão sendo aprisionados e os Orcs estão indo embora. Acabou. Conseguimos, meu amor. Finalmente teremos paz. Agora descanse, você está ferido. Vamos tratar de você.
Harry não respondeu. Sentiu a mão trêmula de Lucy sobre sua face. Olhou para ela e sorriu, tentando passar tranquilidade, e fechou os olhos, entregando-se à exaustão.
Em pé, a volta deles, havia uma multidão de pessoas. Mione e Rony estavam abraçados olhando, assim como Neville e Luna e a maioria dos Weasleys. Cho também se encontrava ali, mas teve sua atenção desviada para Anaryon, que vinha em sua direção com um semblante carregado. Não esperou que chegasse e foi ao seu encontro.
- Por que essa cara? A guerra acabou, vencemos. – Disse ela, sorrindo.
Ele nada disse. Parou e se virou. Cho seguiu seu olhar, e viu o Sr Weasley, acompanhado de dois soldados, trazendo um corpo numa maca. Ela olhou para Anaryon, confusa por alguns instantes, até compreender.
- Não! – Gritou ela, e correu até a maca erguendo a capa que cobria o corpo, para ter certeza do que seu coração já lhe dizia – Pai! Não, você não!
- Sinto muito, minha filha. – Disse Arthur, tocando seu ombro – Foi pouco antes da luta parar. Um Orc o acertou, e não pude fazer nada.
Sem mais nada a dizer que pudesse consolar a jovem, Arthur a deixou, indo para junto de sua família. Cho continuou ali, debruçada sobre o corpo do pai, chorando.
- Sinto muito. – Disse Anaryon, sem saber exatamente como consolar sua amada – Não sinto que vencemos esta guerra. Acho que não importa quem vence, depois de tanto sangue e morte, todos perdem.
A guerra havia terminado, mas as perdas haviam sido gigantescas. A terra estava banhada de sangue e coberta de corpos, e demoraria muito tempo para se recuperar. As cicatrizes abertas naquele dia precisariam de muitos cuidados e principalmente amor e união para cicatrizarem. E nada como o tempo para ajudar nesta cicatrização.
E até lá, vamos viver
Temos muito ainda por fazer
Não olhe pra trás
Apenas começamos.
O mundo começa agora
Apenas começamos.
N;A: Pois é, está chegando ao final. O próximo será o último cap. Também vou escrever e postar junto, um tipo de epílogo, meio que uma homenagem ao livro 7, descrevendo alguns anos no futuro. Espero não demorar muito para postar. Mais uma vez, muito obrigado a todos que estão acompanhando e queria desejar boas vindas aos novos leitores, que felizmente são vários.
Grande beijo e abraços a todos.
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