Capitulo 2
Capitulo 2
Rony Weasley fechou seu celular.
-Myerson e Schmidt acabam de confirmar que não enviaram ninguém para testar a segurança da mansão, Harry. Mas estão ansiosos por continuar um bom relacionamento com você.
No banco detrás da limusine, harry meneou a cabeça. Tinha esperanças de que a moça tivesse dito a verdade.
-E Prentiss? Contatou sua família?
-Os pais moram com uma irmã mais velha em Dade County. Myerson e Schmidt já enviaram um agente para dar-lhes toda a assistência.
-Quero que meu escritório lhes envie condolências e veja se precisam de algo.
-Senhor, policia e imprensa adiante. – avisou o motorista.
-Passe direto. Não vão me manter fora de minha própria casa!
-Achei que britânicos se mantivessem sempre frios diante de adversidades – Rony brincou.
-Estou agindo com frieza. Quero me livrar deles, Rony!
-Repórteres ou policiais?
-Ambos!
-Posso cuidar da imprensa, mas, já que tentaram matá-lo esta madrugada, sugiro que deixe a polícia fazer seu trabalho.
-Não diante de minha casa! Não mudarei meu estilo de vida. Não deixarei que circundem por todo canto como se eu fosse um fracote amedrontado!
-Farei o que puder, está bem? Mas tem de encarar o fato de que é uma celebridade; e bem valiosa, diga-se de passagem.
Entraram na propriedade, e Harry deixou de lado qualquer outra coisa para fixar sua atenção nos destroços amontoados diante da entrada principal. Mais adiante, viam-se estátuas e objetos de valor, pouco danificados. A companhia de seguros já enviara seus agentes, que cuidavam das obras mais valiosas, sempre sob o olhar atento de policiais.
-Janelas quebradas e telhas enegrecidas. Além disso, não parece que o estrago foi tão grande, daqui de fora.
-Vai ver lá dentro, Rony. – e Harry saiu do carro, cuja porta fora aberta por um policial.
Olhou, aborrecido, para o pessoal que ainda cuidava do estrago, bebendo café com suas xícaras de porcelana.
-Senhor, o prédio ainda não foi liberado – informou um oficial, aproximando-se.
-Pra mim, já limparam tudo. – Harry contrariado, olhava para as pilhas do lado de fora da residência.
-Eu me referi ao pessoal do esquadrão antibomba, senhor. Já vasculharam o porão e os dois primeiros andares, mas ainda falta o terceiro e o sótão.
-Pois diga-lhes que me notifiquem, caso achem que algo ainda vai explodir.
-Calma, Harry – Rony aconselhou. – Eles estão do nosso lado.
Harry respirou fundo. Arrumara a propriedade para ter privacidade, onde pudesse fugir das câmeras e dos repórteres. E, sem a polícia ali, metade dos tablóides já teria invadido, tinha de admitir.
Voltou-se, encarando o oficial.
-Qual o seu nome?
-James Kennedy, senhor.
-Pode nos acompanhar. Desde que não atrapalhe.
O policial parecia confusão, e Rony interferiu, explicando:
-O que o sr. Potter quer dizer é que pretende colaborar com vocês no que estiver a seu alcance, mas ainda tem muitos negócios que requerem sua atenção. Se ficar conosco, estará garantindo que nada será tocado que possa interferir em sua investigação.
-Entendo. Mas a Homicídios não vai gostar nada disso, senhor.
-Não se preocupe. Teremos cuidado.
Mesmo contrariado, o oficial concordou.
Neville Longbotton, gerente de aquisições, apareceu assim que Rony e Harry chegaram ao terceiro andar.
-Está tudo uma confusão – queixou-se, em seu sotaque italiano.- Quem poderia ter feito isso?! Duas das armaduras do século XII estão quebradas, o capacete romana foi danificado, metade dos aparatos do século XVI ficou...
-Estou vendo – Harry o interrompeu. Passou os olhos pela destruição de suas valiosas peças de arte e observou, irritado: - Confusão... Não. Isto é o verdadeiro inferno!
Rony ficou boquiaberto.
-Nossa! Onde você estava no momento da explosão?
-Aqui. – Harry posicionou-se no lugar exato.
-Quero cuidar de todas as peças pessoalmente – Neville dizia –, mas a companhia de seguros parece agir como se fosse dona de tudo! Não faz idéia da delicadeza...
-Está bem, Neville! Rony garantirá que você seja consultado em tudo.
-Certo. Mas a água que jorrou dos sprinklers danificou algumas pinturas e...
-E a pedra?
-Não está aqui – Malfoy respondeu pelo italiano, aparecendo no topo da escadaria, atrás dos três homens. – Imaginemos que estivesse atrás dessa peça. E o senhor não deveria estar aqui. Esta é uma cena de investiga...
-Já fotografaram e tiraram as digitais de tudo? – Harry não o deixou terminar.
-Sim.
-Então, descobriram que tipo de explosivo foi usado.
Malfoy respirou fundo, mas respondeu:
-Ao que tudo indica, havia um fio de aço cruzando o corredor, conectado a uma espécie de granada de alta potência. Rápido e profissional, eu diria. Perfeito para cobrir vestígios se o intruso fosse pego antes de conseguir escapar.
-E se ela tivesse saído sem ser vista?
-Seria uma boa forma de confundir a investigação do roubo.
-E muito arriscado também. – Harry raciocinava. – Seria trocar alguns anos de detenção por roubo pela pena de morte por assassinato, certo?
-Só se a pessoa for pega. Poderia haver esse risco, pelo que o senhor tinha aqui dentro.
-Nem tanto. Bem, vou deixá-lo trabalhar, malfoy, mas mantenha-me informado, sim? Tenho algumas ligações a fazer.
Neville voltou a verificar os estragos, e Rony e Harry fecharam-se no escritório de segundo pavimento.
Harry sentou-se a sua escrivaninha, mal-humorado.
-Algum problema além de quase ter sido feito em pedaços? – Rony sentou-se também.
-Eu lhe disse que não consegui dormir a noite passada por causa das chamadas pelo fax. Estava andando pela casa, esperando uma hora decente para ligar para o escritório de NY. E teria entrado na galeria.
Rony concordou.
-Vai demitir Myerson e Schmidt?
-Não se trata disso. A moça gritou para Prentiss, depois se jogou contra mim... E não estava tentando salvar a própria vida apenas.
-Vamos lá, o que está imaginando?
-Digamos que ela tenha entrado, passado pela segurança, pego a pedra, mesmo havendo coisas que valiam muito mais... Então pára por segundos para colocar um explosivo, é surpreendida e tenta impedir que todos voem pelos ares. Estranho, não?
-Ou tentou apenas impedir que ela própria morresse.
-Se não tivesse parado para colocar a bomba, teria saído sem ser vista – insistiu Harry, sem concordar.
O advogado concordou e ponderou por segundos.
-Muito bem, Harry, possibilidade número um: roubar não era o objetivo dela. Afinal, a moça passou por muitas coisas valiosas e não as levou.
-Isso mostra que o objetivo poderia ser assassinato. Então, por que me arrastou escada abaixo, evitando que o fogo me atingisse?
-Talvez você não fosse o alvo.
-E quem era? Prentiss? Não... Aí vem a possibilidade número dois: ela não colocou a bomba.
-Nesse caso, temos dois intrusos, na mesma noite. Um entrou pela janela do pátio; o outro... não sabemos como. Um queria a pedra; o outro, explodir alguma coisa, ou alguém – Rony concordou.
-Bem, eu não deveria estar aqui.
-É... Devia estar em Stuttgart até hoje à noite. A não ser que alguém soubesse que você deixou a Alemanha antes do previsto.
Harry suspirou.
-Isso diminui o número de suspeitos. Confio plenamente naqueles que trabalham comigo. Além de John Meridien, que queria que eu ficasse, mesmo depois de eu lhe ter dito que não pagaria mais do que o acordado pelas ações de seu banco.
-As pessoas falam, você sabe...
-Não as minhas pessoas. – harry levantou-se, com uma careta de dor, e deu alguns passos pelo escritório. – Quero falar com a srta. Smith.
-A polícia também. E agora, até o FBI. Sabe como detestam quando executivos estrangeiros de países aliados quase são feitos em pedacinhos.
As movimentações do FBI não interessavam a Harry, no momento.
-Alguém entrou aqui, matou uma pessoa que trabalhava para mim e roubou algo me pertence, Rony. Quero respostas!
-Bem, irei ver se estão perto de capturar a garota. Mas, se formos presos por interferir nas investigações, eu não o conheço, certo?
-Se isso acontecer, vou demiti-lo por trabalhar mal. – Sorrindo, Harry pegou o telefone. – Agora, vá. Tenho de trabalhar.
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Hermione sentou-se em seu sofá, procurando outro canal com o controle remoto. Dois dias e a mídia ainda explorava a história. Não havia informações novas, por isso se ocupavam de amenidades. A vida de Harry Potter, seus amores, sua filantropia, seus negócios. E repetiam os fatos de que tinham certeza: houvera uma explosão, um segurança, chamado Don Prentiss, morrera, e vários itens valiosos foram destruídos ou danificados. E a polícia estava à procura de uma mulher jovem, branca, de mais ou menos um metro e sessenta e cinco e uns cinqüenta quilos.
Tensa, ela sabia que era o alvo. Se achavam que tentara matar Harry Potter, metera-se em grandes apuros. Não podia aparecer em aeroportos ou rodoviárias, pois tudo estaria sendo vigiado. Era uma ladra excepcional; seu pai lhe dissera isso, Stoney vivia repetindo o mesmo, e também alguns clientes para os quais trabalhara fizeram o mesmo elogio.
Adorava o desafio de sua profissão e mais ainda o dinheiro que recebia como pagamento, o qual gastava sem fazer-se notar. Seu pai lhe ensinara discrição e era por isso que Hermione vivia em uma casa pequena, discreta, arrumada, nas vizinhanças de Pompano Beach; também por esse motivo trabalhava por uma ninharia como consultora de arte, em um ou outro museu.
Como não havia mais nada de interessante na tevê, trocou-a pelo computador, onde verificou se tinha alguma mensagem. Nada de interessante tampouco. E, quase automaticamente, digitou o nome Harry Potter num site de busca.
A página mostrou fotos, artigos em revistas e jornais e várias curiosidades. Apesar dos cabelos um tanto bagunçados, ele tinha a aparência de um multimilionário, vestido num terno Armani. Mas seus olhos, de um verde-esmeralda, eram interessantes. Havia poder e confiança neles. Olhavam direto para a câmera que o fotografara, como se anunciassem que pertenciam a um homem que deveria ser encarado com muita seriedade.
Hermione mordeu o lábio inferior. Sim, Potter era muito atraente, teve de admitir. E admitiu também que ele lhe parecera delicioso usando apenas short de dormir, mesmo coberto de sangue e poeira negra.
Distraída, clicou na página seguinte. Apareceram vários artigos sobre divórcios famosos, e informações sobre Samantha, ex-mulher de Harry Potter. Clicou sobre o nome da mulher, interessada.
Uma bela foto dela apareceu na tela. Uma loira bem cuidada, que decerto freqüentava um salão de beleza caríssimo. Considerando-se que, dois anos antes, Potter a surpreendera nua em companhia de sir Eric Wallis, na vila do nobre na Jamaica, Hermione achava que a loira acabara se dando muito bem se casando com o amante riquíssimo. Nem todos os ex-maridos traídos dariam dinheiro a suas ex-mulheres para que pudessem manter uma casa com o novo companheiro no centro de Londres.
O telefone tocou. Hermione teve um sobressalto e seguiu para a cozinha, para atender.
-Alô!
-Hermione Jane Granger... – disse alguém com leve sotaque francês. – Então, é aí que anda se escondendo...
O coração de Hermione pareceu parar por instantes, para depois retomar o ritmo normal.
-Etienne DeVore. Não estou me escondendo. E como, me diga, encontrou meu número?
-Sei conduzir meus negócios, cherie. E acho que deve ficar fora dele, pois é perigoso.
Uma sirene soou a distância, e parou. Arrepiada de medo, Hermione afastou a cortina rendada da janela.
-Então, era você quem estava na casa de Potter! Quase me matou, sabia?
-Nunca imaginei que fosse aceitar um trabalho assim... complicado.
-O que é isso, mona mi? Como sabe que era eu quem estava lá?
Etienne riu de leve.
-Não insulte minha inteligência, cherie. Qualquer outra pessoa estaria morta agora. Mesmo com você, foi perto, não? Além do mais, estou tentando fazer-lhe um favor.
-Claro...
Mais uma sirene a alertou.
-Tenho de desligar agora, Etienne. Se mandou os tiras atrás de mim, pode se considerar acabado!
-Eu? Jamais chamo a polícia! Mas pode desligar. Cuidarei de tudo.
Hermione pôs o fone no gancho, confusa. Quem poderia ter dado com a língua nos dentes e por quê?
Correu para o banheiro, pegou a mochila que sempre deixava pronta e retornou à sala, onde desligou o computador puxando o fio da tomada. Em seguida, arrancou a tampa da CPU e retirou tudo que poderia deixar alguma pista sua. Foi até a janela, olhou para fora e saiu pelos fundos, pulando para o quintal da vizinha.
Deixara seu carro a duas quadras dali e chegou a ele quando o helicóptero da polícia, seguido de outro, de reportagem, pairava, perigosamente, sobre o teto de sua residência. Ligou o motor e saiu, sem muita pressa, para não chamar atenção. Seguiu até um quarteirão abarrotado de restaurantes e estacionou diante de um deles. Saiu, localizou um telefone público e ligou para Stoney.
-Sim? – atenderam.
-Jorge? – ela indagou, disfarçando a voz. – Jorge está?
-Olhe, moça, eu sempre lhe digo que não há nenhum Jorge aqui. – Stoney replicou, irritado. – Não está aqui, compreende?
-Compreendo. – Hermione desligou.
Suas mãos tremiam. Tinham localizado Stoney, ou, pelo menos, estavam mantendo-o sob vigilância. Poderiam tentar localizar sua chamada.
Apressada, voltou para o carro, seguindo agora rumo norte. Como acharam seu rastro tão depressa? Não deixara digitais, e, mesmo que Potter tivesse dado uma boa descrição dela, o que não era provável, não tinham nada para comparar. Não devia ter sido Etienne a entregá-la. Não era seu estilo. Mas a chegada dos policiais não o surpreendeu. Alguém abrira a boca, implicando tanto ela quanto a Stoney.
O que estava acontecendo, afinal? Era comum gente rica ter coisas valiosas roubadas o tempo todo. Para isso existiam companhias de seguro, ora. Mas os ricos não costumavam ter outras pessoas querendo matá-los...
Lembrava-se da expressão de Potter quando o derrubara. Ele devia saber que ela não quisera vê-lo morto. Afinal, salvara-lhe a vida!
De repente, uma constatação: Harry Potter era a única testemunha que tinha. Etienne dissera que cuidaria de tudo, mas Hermione sabia, por experiência, que ele cuidaria apenas do que lhe interessava. Se seguisse seu padrão costumeiro, desapareceria por algumas semanas e depois reapareceria para contar vantagem. Isso a colocava em maus lençóis.
Precisava de Potter. Teria de convencê-lo de que era inocente; pelo menos, em parte. Alguém tinha de levar a culpa, e as costas de Hermione não eram tão largas assim.
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-Isso é ridículo. – Harry desligou o telefone depois de ter falado com o chefe de polícia de Palm Beach. – Dois dias e eles ainda não têm nada de concreto para me dizer!
-Nada? – Rony estranhou, vendo o amigo andar de um lado para o outro.
-Só que um tal de Justino “Stoney” Barstone está sendo vigiado. – Harry olhou para o fax que Rony trouxera. – E uma casa que começaram a vasculhar esta tarde. Pouca coisa.
-Já é algo. Mas como a dona da casa chama-se Juanita Fuentes, que parece ter morrido em 1997, não devem ter muita certeza do que está havendo.
-Quero ir até lá. – A dor de cabeça que acometia Harry de vez em quando desde a explosão voltara.
-Não podemos! Para todos os efeitos, não sabemos nada a respeito ainda. Harry, não posso ir mais adiante, nem citando seu nome.
-Detesto não saber o que há. E, apesar do que pensam, creio que a garota...
-Sei. Acha que ela não agiu como assassina. Já disse isso antes. Mas isso não é problema seu. Preocupa-me mais o fato de a polícia querer que você fique na Flórida. Não me sinto bem sabendo que, por aqui, as coisas costumam explodir.
-É, eu também não.
-Ah! Você gosta de estar no meio da confusão!
-Gosto de soluções, Rony. Vá fazer algo produtivo, sim?
-Como queira, milorde! – brincou. – Ligarei de novo para o senador Branston. Talvez consiga fazer nascer algo naquela árvore...
-Dê uma sacudida em Bárbara também.
-Claro. Sou seu advogado, certo? Devo ser o sujeito mau.
Rony se foi, e Harry voltou a andar de lá pra cá. Detestava a situação.
Foi até um barzinho próximo e serviu-se de um pouco de uísque. Bebeu o primeiro gole, que lhe parou na garganta quando viu que a clarabóia no teto do escritório se abria e uma mulher pulava para dentro. Ela! A garota em quem acabara de pensar!
-Obrigada por se livrar de seu amigo. – disse ela, num sorriso. – Eu já estava tendo cãibras.
-Srta. Smith...
Com os olhos castanhos sempre nele, Hermione caminhou até a porta e trancou-a.
-Tem certeza de que é Harry Potter? Achei que usava sempre terno e dormia de short. Mas agora o vejo de jeans, camiseta e... descalço.
Calado e surpreso, ele apenas a observava. Notava suas roupas pretas, justas, como naquela noite.
-Satisfeito por eu não estar portando uma arma?
-Nem sei onde esconderia uma, se a tivesse consigo. – os olhos de Harry continuavam percorrendo as curvas do corpo de Hermione, insinuantes no traje apertado. – Não está com o boné. Sempre o usa?
-Ele ajuda a manter meus cabelos longe do rosto.
-Entendo. Bem, se veio até aqui para me matar, nem devia dar-me explicações, não é?
-Se tivesse vindo para isso, sr. Potter, já estaria morto.
-Quanta autoconfiança!
Como Hermione não estava armada, Harry sentiu que poderia, num movimento rápido, agarrá-la e entregá-la à polícia, mas preferiu tomar mais um gole de uísque.
-Posso saber quem era o sujeito que você mandou sacudir o senador e a tal Bárbara?
Com a atenção voltada para os lábios dela, Harry quase se esqueceu da conversa. Fitou mais uma vez a clarabóia. Mais uma vez, a moça teve a oportunidade de matá-lo e não o fizera. Interessante.
-Era meu advogado, Rony Weasley.
-Advogados... adoro essa gente. Por que não vai até aquele armário?
Ela parecia pronta para reagir a qualquer coisa, e isso o interessou ainda mais. A maioria que conhecia reagia na defensiva em sua presença, mas a srta. Smith, ao que parecia, considerava-se páreo para ele.
-Este é meu escritório, senhorita. Pode pedir com mais... educação. Afinal, está desarmada.
Um breve sorriso surgiu nos lábios dela.
-Por favor, mexa-se, sr. Potter.
Harry lhe obedeceu, querendo ver aonde Hermione pretendia chegar. Com agilidade, ela verificou a papelada sobre a escrivaninha.
-Também não tenho armas escondidas – Harry informou, vendo-a abrir a gaveta de cima.
-Claro que tem. Só quero ter certeza de que não estão a seu alcance. – um olhar mais audacioso ficou na calça jeans dele.
Após alguns segundos, Hermione deu um passo atrás, fazendo um gesto que permitia que Harry se movesse.
-Digamos que aceito que não esteja aqui para me matar, srta. Smith. Por que veio, então?
-Para pedir-lhe ajuda.
-Como?
-Acho que sabe que não tentei matá-lo naquela noite. O que quis foi roubar sua pedra troiana, e não vou me desculpar por isso. Mas roubo é uma coisa e assassinato é outra. Jamais mataria uma pessoa.
-Se é assim, entregue-se e diga isso à polícia.
-De jeito nenhum. Posso não ter pego a pedra, mas ainda estou em perigo.
Harry cruzou os braços. Ela não levara a pedra. Não devia dizer-lhe que outra pessoa o fizera.
-Quer dizer que andou roubando por aí. De outras pessoas, claro.
Mais uma vez, harry notou a tensão dela. Havia em Hermione uma fraqueza que ele captava em seu olhar.
-Salvei sua vida, sr. Potter. Portanto, deve-me um favor. Diga à polícia, ao FBI e à imprensa que não matei seu segurança e que não tentei matar você. Do resto, cuido eu.
-Entendo. Quer que eu ajeite as coisas para que possa sair dessa sem conseqüências, pois não teve sucesso em sua empreitada. É uma moça boazinha.
-Não. Sou má. Pode me acusar de tentativa de roubo, mas não de assassinato.
-Claro.
-Eu tinha de tentar, não vê? Mas deve entender que, se não foi eu quem colocou aquela bomba, outra pessoa o fez. Alguém que consegue entrar nos lugares melhor do que eu. E olhe que sou boa nisso. Muito boa.
-Aposto que sim. Posso admitir que você tem algo que eu gostaria de adquirir, mas não se trata de suas teorias ou de seu pedido de auxilio.
Hermione se reaproximou da clarabóia.
-Oh, sr. Potter, nunca dou algo em troca de nada...
Harry percebeu que ela ia sair, e não queria que isso acontecesse.
-Talvez possamos negociar.
Hermione o encarou e aproximou-se, devagar, muito sensual.
-Parece que não estamos nos entendendo. Já sugeri isso e você recusou. Mas tome cuidado, pois alguém o quer morto e, como eu sou capaz de chagar tão perto, outra pessoa também poderá fazer o mesmo.
Harry quase sentia os pêlos de seus braços se eriçarem devido àquela proximidade.
-Eu saberia – respondeu, suave.
Harry deu um passo à frente, sabendo que, se ela fizesse mais um movimento em sua direção, estariam tão próximos que poderia tocá-la. E era isso o que mais queria no momento.
Mas Hermione se afastou, voltando para baixo da clarabóia.
-Nesse caso, não se surpreendeu hoje – e esboçou o mesmo sorriso insinuante de antes. – Cuidado, Potter. Se não me ajudar, não o ajudarei. Sei de coisas que os policiais desconhecem.
Com um pulo de gata, Hermione subiu para o teto, e, pendurada à moldura da clarabóia, disse ainda, antes de desaparecer:
-Boa noite. Durma bem.
Vendo-se sozinho, Harry terminou seu uísque, murmurando:
-Eu me surpreendi, sim, e muito. E agora preciso de um banho frio...
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Hermione reconhecia que Harry não fizera soar o alarme depois de deixá-lo. Mas fora uma idéia tola ir até lá.
Como Harry Potter poderia querer ajudá-la? Agora, ele a tinha visto bem, sabia que ainda estava por perto e que podia entrar e sair de sua mansão com facilidade, o que mostrava que podia, sim, ter colocado uma bomba, se quisesse. O que ganhara com aquele encontro? Notara, mais uma vez, o quanto Harry era atraente. E ele não apertara o botão do alarme...
Correu até o carro, entrou nele e ligou o motor. Precisava de outro plano. Sabia que dentro de alguns dias teria de arranjar outro veículo.
Pensava. A pedra troiana fora roubada. A bomba podia ter sido uma distração apenas, ou uma arma mortal. Alguém devia estar querendo matar o único milionário que conhecia que usava jeans surrado e ficava descalço em casa.
Ligou o rádio, voltando a se concentrar na situação. Se Potter desse sua descrição à polícia, eles não a encontrariam; saberia esperar por um ponto fraco e escaparia. Era sempre assim. Preocupava-se com Stoney, mas ele conseguira sobreviver trabalhando com seu pai, que era bem mais descuidado, então saberia cuidar-se agora também.
Quanto a ela, Milão seria ótima naquela época do ano, cheia de turistas; então, ninguém a notaria. Não iria se preocupar com o que faria quando, no futuro, quisesse voltar à América do Norte e não pudesse por estar sendo procurada por assassinato.
Etienne não saía de sua cabeça, e isso a irritava. Ele pensara apenas em si mesmo e agora Hermione tinha de limpar a sujeira que deixara para trás. Nessa noite, ficaria em Clewiston, na casa que fora de seu pais e que agora era sua. Um lugar simples, mas excelente como esconderijo. Precisava limpar e cuidar de suas feridas também. No dia seguinte haveria de achar uma saída.
Obs:mais um capitulo!!!!obrigado pelos comentarios!!!adorei todos!!!!!capitulo 3 só na terça (17/04)...bjux!!!!
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