Brigas e Desentendimentos



Capítulo XXIII
Brigas e Desentendimentos

-Então, foi mesmo verdade tudo o que a Perse disse?
Stella não se sentiu surpresa ao ser abordada pela irmã tão logo abrira a porta do quarto dela. Respirou profundamente e, ao ver dela, aquilo pareceu ser resposta suficiente para irmã.
Aquela cena parecia um déjà vu da noite anterior. Lynx estava novamente sentada no peitoril da janela, só que, diferente da outra vez, a irmã estava abraçada aos joelhos e descansava a cabeça sobre os joelhos, estando agora vestida com trajes masculinos. Sté sorrira um pouco. Aparentemente, aquilo virara um constante hábito da garota.
-E... – Lynce prosseguiu num tom meio amargo. – Devo supor que Cygnus Black não fora o único deles a se deitar com cortesãs, não é mesmo?
-Aconteceu alguma coisa, Lynce? – Stella respondeu com uma outra pergunta. A morena apenas respirou fundo e voltou o olhar para irmã. Percebeu ela sorrir de modo meio amargo.
-Não, não aconteceu nada, Sté. – ela falou num murmúrio. – Só são coisas minhas. – ela riu fracamente e a irmã notou que ela corara de leve. – Eu já devia saber que, uma vez na vida, eu deveria deixar de ser sonhadora e acreditar que os homens são assim... – ela deu de ombros.
-Você está falando do Noah? – Sté questionou num ar desconfiado.
-É... – ela respondeu num ar vago. – Talvez eu venha pensado mais do que deveria nele ultimamente...
A irmã esboçou um meio sorriso, recostando-se na parede ao lado do parapeito onde a irmã estava sentada.
-E eu cheguei a pensar que ele também estava na mesma situação que a minha. – ela suspirou. – Mas vejo que eu me enganei, não? – Lynx tornou a dar de ombros. – Eu sabia que não deveria confiar tanto assim nos homens. Eles só mudam a fisionomia; por dentro são todos iguais. – ela encarou a irmã firmemente. – E você, já sabe o que vai fazer?
Stella encarou a irmã firmemente e depois respirou fundo.
-Eu... Eu não sei o que fazer. – ela cruzou os braços sobre o corpo. – É difícil acreditar que palavras que soaram tão verdadeiras para mim sejam apenas parte de uma estratégia de conquista para o príncipe; mas estaria mentindo ao dizer que não fiquei magoada com o que ele fez, mesmo que não tivéssemos nada ainda.
-É difícil entender a cabeça dos homens. – Lynx murmurou num ar sério. – Por mais que você ache que está entendendo, mas eles se tornam difíceis de entendimento. Pode soar meio contraditório, mas eu creio que não há melhor forma de dizer isso.
-E a titia? – Sté questionou calmamente. – Como ela está?
-Mais calma. – Lynx mordeu o lábio inferior. – O que significa que boa coisa não está por vir. – ela respirou fundo. – Creio que você já deve ter uma leve idéia do que isso pode significar, não é?
-É pior do que termos um futuro pretendente da tia Perse almoçando conosco um dia desses?
Lynx riu de leve e se preparou para dizer algo, mas a porta se abrindo mais uma vez fê-la fechar a boca imediatamente. As duas irmãs curvaram os lábios num doce sorriso ao reconhecer uma massa de cabelos rubros com um largo sorriso trazendo por uma das mãos uma Vega com um ar estranhamente sério.
-Vamos, vamos, Lynce e Sté! – a pequena falou num ar contente. – Papai me deixou assistir às aulas de animagia do príncipe. E o tio Sirius nos disse que vai ter uma ainda hoje.
Vega apenas respirou fundo e as outras duas irmãs se entreolharam. Não estavam muito animadas em olhar para os rapazes depois de toda aquela situação. A pequena notara o desânimo das primas e esboçou um ar confuso.
-O que aconteceu? – ela questionou, intrigada. – Vocês não querem assistir?
-Não, Lyra. – Sté se pronunciou, aproximando-se da prima e acariciando os cabelos dela num gesto amável. – É que a Lynce não está se sentindo muito bem.
-Ela está com o mesmo problema da Vega? – a mais nova das Black careteou e as irmãs prenderam o riso. – Está com dor de cabeça, Lynce?
-Um pouco... – a mais velha sorriu, escorregando os pés para fora do peitoril e descendo de lá num breve pulo.
-Então, por que não vem com a gente? – a pequena insistiu. – Vai ser divertido! Você pode se distrair!
-Talvez outro dia, Lyra. – ela deu um beijo na prima, que fez uma feição emburrada em seguida. – Prometo que te ensino alguns truques mais tarde, então, certo? – ela piscou o olho para a ruivinha, ao que ela esboçou um largo sorriso.
-Sim! – falou animada, tomando a mão de Sté e puxando-a calmamente. – Vamos, então, Sté, senão nos atrasamos.
-O Cygnus mal acordou, Lyra. – Vega falou num ar baixo. – Provavelmente isso ainda vai demorar.
-Mas o Lancaster já está ensinando algumas coisas para o príncipe Eric! – ela falou, animada. – Eles dois já foram para a floresta, eu sei!
-E o Richards não foi com eles? – Lynx perguntou, mal contendo a pergunta dentro de si.
Lyra a encarou firmemente.
-Não, Lynce, ele não estava no café da manhã com a gente. Ele pode estar dormindo ainda.
A morena fez menção de resmungar algo mais por fim sorriu para a prima.
-Não é melhor vocês três irem logo?
-A Vega não vai. – a pequena falou, meio desanimada. – Ela disse que quer dormir mais um pouco. Ela disse que ia, mas desistiu quando a tia Perse falou alguma coisa com ela. - a ruivinha suspirou. – Então eu vim aqui chamar vocês para irem comigo e trouxe a Vega para me ajudar.
-A Sté vai com você, Lyra. – Vega comentou num murmúrio.
-Sim, eu vou. – Stella sorriu de leve, antes de olhar para Lynce. – Vai ficar tudo bem contigo?
A irmã apenas assentiu e, logo depois, as outras três saíram do quarto. Ao se ver sozinha novamente, Lynx deixou-se cair na cama e abraçou o travesseiro, suspirando profundamente.
-Você é um idiota, Noah Richards. – ela falou num murmúrio. – E eu mais idiota ainda por ter me apaixonado por você.

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Se quando Stella, acompanhada por Lyra, saiu do quarto da irmã não tinha idéia do que faria caso visse Eric, quando finalmente o viu foi tudo muito diferente, ela sabia exatamente o que desejava fazer.
Ela desejava gritar-lhe a plenos pulmões, perguntar como ele poderia dizer palavras tão lindas, declarações do que ela supunha ser amor durante o dia e à noite refestelar-se nos braços de uma cortesã qualquer.
Seu gênio Black, misturado ao sangue italiano da mãe, dizia-lhe: “Vamos, Sté, faça uma cena. Faça o pagar pelo sofrimento que lhe causou. Ele não pode ficar impune.” Mas ela balançou a cabeça e tentou controlar-se, não cometeria o mesmo erro da tia de fazer um espetáculo que, no final, só serviria para mostrar como ela estava sangrando e Stella Black não mostrava suas feridas.
Ela esboçou um sorriso para Eric e Jack que olhavam as duas se aproximar.
-Como vocês vão? Estão curados da noite de ontem? - ela alfinetou. Estranhamente, Jack e Eric ficaram embaraçados, ao contrário de Cygnus que pusera a contar sobre suas conquistas.
Bem, era provavelmente porque Lyra estava com ela.
-Eu vim ver a aula de animagia. – a ruiva falou alegremente, intrometendo-se na conversa e não deixando os cavaleiros responderem. – Senhor Lancaster, haverá aula, não?
-É claro que sim, pequena Lyra. Eric e Cygnus querem tornar-se animagos o mais cedo possível.
Sté revirou os olhos, ao que contava, seu irmão não estava nem um pouco interessado nas aulas de animagia.
-Lancaster, por que você não ensina alguns truques a Lyra enquanto eu e príncipe Eric conversamos?
Ela notou a surpresa nos olhos do príncipe e a posterior esperança que surgiu neles. Será que o príncipe a considerava tão ingênua a ponto de dizer “sim” a ele depois da noite passada?
Lancaster somente assentiu afirmativamente, levando Lyra para perto de um carvalho enquanto Eric dava o braço a Stella e eles caminhavam para algum lugar onde pudessem conversar sem serem interrompidos.
-Então... creio que a senhorita já decidiu-se sobre o que conversamos ontem. - ele comentou quando chegaram à beira do riacho do dia anterior. Como a vida era irônica, Stella pensou.
-Já me decidi sim. Não sei se tomei a decisão adequada, mas vim dizer-lhe que não quero nada com o senhor. Não quero ser sua esposa, não quero sua amante, sua amada nem mesmo sua amiga. – ela respondeu fria.
Eric olhou espantado para a garota à sua frente. Essa Stella, fria e contida, em nada se parecia com a Stella que correspondera avidamente aos seus beijos. Ele não conseguia sustentar seu olhar, então, voltou sua atenção ao riacho, na esperança vã de recompor-se.
-Essa é sua palavra final?- ele perguntou, tentando manter a voz tão desprovida de emoção quanto à dela, mas não conseguindo.
-É minha única palavra, senhor príncipe. – ela respondeu, por um momento sentindo pena de Eric, ele parecia realmente com um homem apaixonado que fora desprezado pela mulher que amava.
Mas, não, aquilo não era possível! “É tudo teatro, Sté, é tudo teatro, não se esqueça”, ela repetia incontáveis vezes para si.
-Posso pelo menos saber o motivo dessa recusa tão forte? – ele perguntou, a tristeza presente em cada palavra pronunciada.
Stella espantou-se com a pergunta e analisou-a calmamente.
-Não vejo porque não. Ontem o senhor saiu com meu irmão para uma taverna. Sei, sim, que não tínhamos nada e, portanto, não podia exigir nada. Mas não só o senhor voltou bêbado como, na ocasião, passou a noite com cortesãs, então...
-Mas Stella, eu não estava com cortesãs! - ele falou, interrompendo-a.
Ela o olhou extremamente irritada, os olhos pela primeira vez na conversa brilhando de emoção.
-Por favor, meu senhor, conserve pelo menos sua dignidade e não minta, recebi essa informação da boca de meu próprio irmão. – ela respondeu, afastando-se e deixando Eric sozinho à beira do riacho, remoendo o que acabara de ouvir.
-O QUÊ?- ele falou sozinho depois de um tempo. – De onde Cygnus tirou a idéia de que estávamos com cortesãs?!

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Vega acabou voltando ao quarto de Lynx após a saíra com Stella e Lyra. Não estava com cabeça para conversar com ninguém e também não queria ficar sozinha, o que tornava a irmã mais velha uma ótima opção de companhia. Quando entrou, Lynx estava na sentada ao parapeito da janela. Ficaram em silêncio por alguns minutos, mas, a certa altura o silêncio entre as duas começou a incomodar a caçula.
-Então, já sabe o que nós vamos fazer?
Lynx a olhou de lado.
-Nós?
-É... Nós...
-Fazer?
-É... Fazer... – Vega começava a esboçar sinais de irritação com a falta de entendimento da parte da Lynx.
-Fazer com quem, Vega?
-Com aqueles pervertidos... – disse simplesmente – Vocês vão dar o troco, não vão? – levantou-se da cama – Digo, é bem visível o seu interesse pelo trouxa e o dele por você, por exemplo. Assim como o interesse do príncipe pela Sté e... Bom, o do Cygnus pela tia Perse é mais do que visível. – parou ao lado da irmã – No entanto, mesmo interessados em vocês, eles vão para a farra e ainda acabam dormindo com rameiras... – ela cruzou os braços e estreitou os olhos – Vocês não vão deixar isso barato, vão?
Lynx sorriu, achando extremamente engraçado a forma como a irmãzinha a encarava.
-Não sei, Vega... Mas o que você tem haver com isso? Por que está tão preocupada em fazer algo para atingir os rapazes se não se foi magoada por nenhum deles?
Vega deu de ombros e sorriu de forma maquiavélica.
-Ah mana, você me conhece... Eu adoro infernizar os outros. É mais forte do que eu.
-Tem certeza que isso não tem nada haver com o Lancaster, maninha?
Se houve algum resquício de surpresa a pergunta que Lynx fez, Vega o disfarçou muito bem.
-Por que teria algo haver com ele?
-Não sei... Mas ultimamente me parece que seu mundo esta girando em volta do cavaleiro.
Vega cruzou os braços.
-Muito bem, eu confesso... Não estou nem aí pro caso de vocês três com os outros... – Lynx ia protestar pela utilização da palavra “caso”, mas não teve tempo - A única cosa que eu quero é fazer algo que deixe aquele prepotente em péssimos lençóis.
-E por quê?
-É pessoal. Não gosto dele. Aliás, eu o odeio. É um intrometido, prepotente. - dizendo isso virou as costas e seguiu para a porta – Se conseguir penar em algo realmente bom, me avise, eu não quero ficar fora dessa.
-Pode deixar maninha... E Vega! – a mais nova voltou os olhos para Lynx assim que alcançou a maçaneta – Só para avisar: o contrario de amor é indiferença. Não ódio, maninha, por isso cuidado com quem você odeia.

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Quando Eric voltou para onde havia deixado Jack junto com a pequena Lyra, percebeu que o amigo estava sozinho novamente. Também notou pela feição intrigada que ele exibia que Stella deveria ter passado ali para pegar a ruivinha e depois saído sem dar muitas explicações. Respirou fundo, tentando esboçar no rosto uma feição impassível, mas tudo que conseguira fora um ar meio carrancudo e meio desesperado.
-O que aconteceu? - Jack questionou tão logo Eric se aproximara e desabara displicentemente no chão, deitando-se nele em silêncio e disposto a permanecer da mesma maneira, mas o amigo não estava muito disposto a cooperar e, segundos depois, sua visão da copa das árvores fora tomada pelo rosto invertido de Jack mirando-o de forma inquiridora.
-Nada demais. - ele resumiu num tom arrastado.
-Hum, acho que a situação se inverteu aqui. - Jack debochou, antes de revirar os olhos. - Creio que a feição de Stella Black me lembrando ligeiramente uma quimera enjaulada também não deve ter sido nada demais. - ele respirou fundo. - Qual foi a besteira que você fez dessa vez?
Eric apenas grunhiu algo ininteligível e bufou de raiva. Jack rogou paciência a Merlin.
-Poderia falar a minha língua, por favor?
-Será que se eu pedir para você parar de me torrar a paciência com um bando de perguntas, você cala essa boca? - falou num ar irritado. – Ou será que eu preciso mandar você fazer isso?
Jack respirou fundo e meneou a cabeça de leve.
-Só porque você recebeu um não de uma garota, não significa que você deve descontar sua raiva e frustração em seu amigo. - ele falou num tom meio frio. - A princípio, eu estou aqui para ajudar.
Eric respirou fundo e ergueu o tronco calmamente ao mesmo tempo em que Jack se afastava um pouco.
-Desculpe-me. - passou a mão nos seus cabelos, parecendo um pouco mais calmo. - É que... – ele respirou fundo. – você vai saber depois.
Jack esboçou um ar impaciente, mas preferiu não insistir, optando então por recostar-se na árvore e inspirar fundo. O silêncio reinou entre os dois amigos, mas ele não foi quebrado de uma maneira muito suave, já que, segundos depois, um berro de uma voz muito conhecida dos dois chegou até os ouvidos dos dois rapazes.
-Você o quê?!
Era Noah.
Jack tentou trocar um olhar com Eric, meio sem entender o que aquilo significava, ficando confuso ainda mais com as gargalhadas de Cygnus cada vez mais próximas e um resmungo do príncipe que lembrava muito algo como “Pelo visto, ele já sabe”.
-Você pirou por um acaso, Black? – o grunhir de Noah soou muito próximo e, alguns segundos depois, os dois rapazes já entraram no campo de visão de Eric e Jack. O loiro esboçava um ar tão carrancudo quando o de Eric, e o seu rosto mesclava entre lividez e rubor. Jack sentiu uma imensa vontade de rir, mas o assunto o intrigara, então, preferiu permanecer quieto. – Como você pôde inventar uma mentira dessas?
-Inventando, oras. – Cygnus falou, ainda rindo, enquanto os dois se juntavam aos outros calmamente. – Não era isso que ela queria? Pois bem, que assim seja.
Noah abriu a boca para retrucar, mas Jack foi mais rápido.
- Alguém pode me explicar o que diabos está acontecendo aqui? – questionou num resmungo, correndo o olhar de Cygnus, que ainda sorria, para Noah e Eric que aparentavam quase estar a soltar fogo pelas ventas de tão irados que estavam.
-Pergunte para ele. – o príncipe e o licantropo falaram ao mesmo tempo, apontando para Cygnus.
Jack virou-se para o primogênito dos Black, que soltara uma nova gargalhada.
-Cygnus? – perguntou, já impaciente.
-Eu contei para a Sté que dormimos com algumas cortesãs ontem à noite. – ele falou num meio sorriso. – Tudo bem que é uma mentira, mas... Não é nisso que a Perse quer acreditar? Certo, agora ela terá motivos para tanto. – avaliou num tom arrastado, antes de lançar um olhar questionador para Eric e Noah. – E eu simplesmente não vejo motivos para tanta raiva de vocês dois. – ele os encarou de forma desconfiada.
-Não vê motivos? – Eric comentou, rouco, ficando ligeiramente corado. Noah, àquele ponto, ficara praticamente roxo e Jack notou que ele quase engasgara com o comentário de Cygnus. – Não vê motivos, Black? Tudo bem que você está com raiva da Persephone, mas isso não é motivo suficiente para nos meter nessa história também.
-Ah, francamente, Eric. – resmungou Cygnus. – Qual o problema disso? Vai dizer que você nunca... – ele riu quando Eric ficou ainda mais vermelho, mas, aparentemente, sua feição se tornara mais branda. – É verdade?
-Claro que não! – os olhos azuis do rapaz chisparam. – É que, se você não se lembra, Black, eu sou um príncipe e, como tal, tenho uma reputação a zelar. – ele bufou de raiva. – E se eu me deito ou não com cortesãs, não é pretensão minha que alguém saiba disso. Quanto mais uma família inteira! E por algo que nem aconteceu! – completou num grunhido.
-Não foi uma família inteira. – indignou-se Cygnus. – Só foi a Sté! – Eric quase engasgou, mas procurou apenas estreitar mais os olhos, escondendo seu lapso de constrangimento em fúria reprimida. De todas as irmãs, ele tinha que ter contado justo para ela? – É claro que eu contei pretendendo que ela falasse para minha tia também. – ele prosseguiu, aparentemente, não notando a feição do príncipe. – Aliás, para "confirmar" o que aquela louca estava a pensar. – prosseguiu num resmungo.
-Provavelmente... A essa altura, todas as suas irmãs devem estar sabendo também, não é? – Noah murmurou, rouco, reprimindo uma feição desesperada. Qual seria a reação da Lynx se soubesse disso, ainda mais depois que eles... Céus, ele estava encrencado. Muito encrencado.
-Creio que sim. – ele respondeu, ainda com um ar divertido. Jack reprimiu um sorriso, pensando em tirar algum proveito dessa história toda. – A Perse tem mania de afogar suas mágoas com todas as minhas irmãs e, certamente, agora deve estar se remoendo de ciúmes e percebendo o quanto eu sou importante para ela e o quanto ela sente a minha falta. – ele adquiriu um ar meio pomposo.
-Já pensou na hipótese dela estar de odiando com todas as forças do seu ser, não querendo ver você nem que fosse cortado em picadinhos para servir de ingrediente para a poção que ela está preparando? – Jack insinuou, meio maldoso. Cygnus fechou a cara, ao passo que Eric e Noah lançaram olhares mortíferos para ele.
Jack gargalhou gostosamente ao passo que Cygnus resmungou algo ininteligível. Já Noah e Eric tiveram um estranho acesso de tosses que lembrou uma tentativa de sufocar um riso para Cygnus e um leve praguejar para Jack.
-E até quando você vai sustentar essa mentira, Cygnus? – Jack questionou, após ter se recuperado do riso.
-Não sei. – falou seriamente. – Só sei que desejo transformá-la em realidade ainda essa noite.
-C-como? – Noah gaguejou, perplexo.
-Ora, eu pelo menos tenho que tirar um proveito dessa história toda, não é? – ele questionou, encarando Noah com um ar intrigado.
-Eu não acho que isso seja uma boa idéia... – o loiro comentou, receoso.
-E por que, não?
-Porque é mais fácil a Persephone ter menos raiva de você se isso for uma mentira do que se isso for mesmo uma verdade. - ele respirou fundo. – Seja mais sensato, Black, você está agindo com raiva.
Cygnus deu de ombros.
-Pouco me importa. – falou num ar meio amargo. – Já que ela não quer se divertir comigo, eu procuro minhas próprias diversões. – sorriu de modo malicioso. – E, então, vocês vão?
Jack apenas esboçou um ar animado, ao passo que Eric murmurou um breve ”Sim, já está tudo estragado mesmo...”, como se estivesse referindo à sua reputação, mas Jack sabia que ele estava se referindo a sua relação com Stella Black. Noah preferiu não se manifestar a um primeiro momento, o que fez com que atraísse a atenção dos outros três para si.
-E você, Noah? – questionou Cygnus, meio desconfiado.
Noah pigarreou, sentindo a face esquentar. Eric tinha um motivo plausível para ir sem que Cygnus desconfiasse da sua paixão pela irmã dele. Mas, e ele? O que poderia dizer...?
-Eu... Eu não sei. – ele deu de ombros. – Eu agora sou um lobisomem e...
-Você sabe, nós sabemos, mas os outros não precisam saber disso. – Cygnus falou num ar aborrecido. – Garanto que as mulheres nem vão reparar nesse detalhe e que você não vai se transformar e promover um assassinato em massa no bordel. – ele olhou feio para Cygnus. – E então, vai ou não?
Ele suspirou profundamente, declarando, enfim, sua derrota.
-E eu tenho outra escolha? – falou, forçando um sorriso. Agora, só resta saber como é que ele se entenderia com Lynx Black depois dessa história toda.


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