Príncipe Eric de Camelot



Capítulo III
Príncipe Eric de Camelot

Persephone desceu a escada para o salão de baile devagar. Não por ser mais elegante ou por querer uma entrada triunfal, somente para poder analisar melhor os convidados antes de ser vista por eles.
Ela logo viu as meninas Black conversando numa mesa, acompanhadas devidamente pelo irmão. Era difícil de admitir, mas Cygnus era com certeza o homem mais bem vestido e mais bonito do salão...
Mas ela nunca admitiria isso em voz alta!
-Então, o que os Black estão tramando?- ela perguntou quando se aproximou dos padrinhos.
-Não estamos tramando nada, tia – Stella respondeu – Só discutindo sobre como o Príncipe e seus vassalos devem parecer.
Persephone olhou em volta do salão.
-Eles ainda não apareceram?
Cygnus rolou os olhos.
-Claro que não, né, Perse? Se já estivessem aqui, por que estaríamos discutindo isso?
Persephone lançou outro dos seus olhares gélidos, iguais aos de sua mãe, que faziam todos os outros tremer. Estranhamente, Cygnus não sentia nem um pouco do medo que sentia quando sua mãe olhava pra ele assim. Os olhares de Persephone, ao contrário, deixavam-no mais atrevido, embora ele nunca fosse dizer isso a ela.
-Ai, ai, vocês dois vão ficar aí se encarando?- Vega reclamou – Vamos, Cygnus, tia, papai ta chamando todo mundo para encontrar os anormais.
-Não sei porque ele precisa apresentar todo mundo pro tal príncipe... Aposto que ele deve ser um bruxo medíocre. – O irmão reclamou.
-Ah, Cygnus, você não precisa se preocupar com isso. Ele não pode ser pior que você! - Persephone respondeu, fazendo as sobrinhas rirem.
Os irmãos seguiram, juntamente com a tia, para perto dos pais.
Stella estava ansiosa para conhecer o príncipe e seus cavaleiros, embora não demonstrasse. Tudo o que se pode dizer é que a mais velha das irmãs Black não se desapontou ao vê-los.
-Vossa Alteza, cavaleiros, estes são meus filhos e minha cunhada.
-Muito prazer. Meu nome é Eric.
Stella achou estranho que o garoto, embora estivesse num ambiente hostil, levando-se em conta especialmente os olhares de Cygnus, falara normalmente.
Ele tinha cabelos pretos e olhos azuis. Na aparência física se parecia e muito com um Black. Um Black bem bonito, diga-se de passagem.
-Estes são os meus cavaleiros: Noah Richards e Jack Lancaster.
-Sejam bem vindos. – repetiu o pai pomposamente – Espero que meus criados já os tenham mostrado seus aposentos.
-Aqueles seres repugnantes são os criados... – resmungou o cavaleiro que fora apresentado como Noah Richards – Não quero nem ver a montaria deles...
-Sim, eles nos mostraram, Sr. Black. – apressou-se em dizer o outro cavaleiro, se posicionando ao lado do príncipe.
Ele era da mesma estatura de Cygnus, mas seus olhos eram cor de mel e os cabelos cumpridos, de um marrom bem escuro. Tinha uma aparência mal cuidada, na opinião da mais jovem das irmãs, afinal trazia a barba por fazer.
-Mas eu tenho algumas averiguações a serem tratadas quando a posição dos aposentos.
O pai das meninas olhou com certa surpresa para o trouxa que o afrontava dentro da sua própria casa, encarou o príncipe por alguns segundos e esse sorriu.
-Desculpe a grosseria de Lancaster, senhor Black. Mas ele é principal responsável pela minha segurança durante a minha estadia aqui. Só está fazendo seu trabalho...
-E o que o ano... Digo... Cavaleiro tem para ser averiguado, quanto às instalações, meu caro príncipe? – perguntou Cygnus, visivelmente irritado com a petulância de Lancaster.
-Nossos aposentos estão longe demais dos de Eric. – disse o cavaleiro simplesmente.
-Eric? Trata seu príncipe pelo primeiro nome, lacaio? – voltou a questionar o bruxo mais jovem, recebendo uma cotovelada da irmã Betel, que tentava lembrá-lo para ser mais polido, afinal, os civilizados ali eram eles.
-Jack é meu amigo de infância, jovem Black. Há muito tempo ele tem o direito de me tratar pelo primeiro nome, assim como Noah. – disse o príncipe calmamente, arrancando um risinho debochado dos dois cavaleiros.
Cygnus abriu a boca para responder, mas a voz do pai o impediu.
-Faremos o possível para que se acomodem a bom grado, senhor Lancaster. – disse o pai ríspido - Por hora, hoje é dia de festa, espero que aproveitem o baile. – e, com um levantar de uma mão, a música inundou o salão.
Noah deu um pulo assustado. Foi à vez dos Black darem risinhos debochados. Jack o olhou com reprovação.
-Eu te disse que íamos ver coisas estranhas, Noah. – murmurou ele enquanto os demais se viravam para o baile – Por isso pare de dar um pulo cada vez que algo assim acontecer, entendeu? Somos a escolta real, caramba.
-Magia negra dos infernos... – resmungou o outro – Eu nunca vou me acostumar com isso.
-Pois é melhor se acostumar. O Eric vai ter que aprender essas coisas. Já discutimos sobre isso.
-É, eu sei, eu sei...

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Ao entrar na propriedade, a mulher diminuiu o trotar do animal ao reconhecer os contornos suntuosos do castelo dos Black e abandonou a sua montaria graciosamente tão logo o cavalo parara.
A morena segurou as rédeas com avidez e começou a guiar o cavalo até o estábulo silenciosamente, enquanto um sorriso presunçoso povoava os seus lábios ao imaginar a feição que a matriarca dos Black faria ao descobrir que sua primogênita escapara do perfeito casamento que lhe fora planejado.
A sensação de elevo que essa afronta com sua mãe estava lhe proporcionando, fazia-a esquecer de todas as complicações que isso lhe causaria no futuro. Bem, isso seria algo a pensar, talvez, depois de um banho bem demorado e uma boa noite de sono.
No castelo havia muitos cômodos e a mais velha dos Black sabia que a ala sul era a que havia menos trânsito dos parentes, então, aquele era o local certo para o seu “refúgio” àquela noite. Agüentaria a fúria dos seus pais na manhã seguinte.
Estava tão perdida em seus próprios pensamentos que nem reparara que já estava a chegar no estábulo e um rapaz a encarava com um sorriso meio enviesado em seu rosto, recostado displicentemente na parede de pedra do recinto.
-Seja bem-vinda, maninha. – Cygnus sussurrou, num ar meio divertido, fazendo com que Lynx pulasse de susto e se contivesse para não deixar escapar o grito que insistia em sair pela sua garganta.
-Cygnus Black! – ela bradou num sussurro, lançando o pior dos olhares para o rapaz. O irmão alargou o sorriso ao notar que os olhos gris da morena pareciam emanar brilho próprio àquela hora, como os olhos de um felino. – Quer me matar de susto?
-A que honra devo a visita, Lynx? – ele comentou casualmente, lançando um olhar especial e até mesmo debochado para as vestes trouxas masculinas que a garota estava usando, mas nada comentou, pois Lynx supunha que ele sabia que ela adivinhara o que lhe vinha em mente, devido ao olhar que ela lhe lançou. – Onde está seu marido? – acrescentou como quem procura por algo, arqueando a sobrancelha de leve.
A morena conteve um bufo de raiva e apenas se limitou a encarar o irmão perigosamente. Ela cogitou a possibilidade de lançar uma azaração no irmão, mas, em lugar disso lhe lançou um sorriso de escarninho.
-Talvez afogando as mágoas por ter sido abandonado pela sua pura e doce esposa. – ela ironizou, de leve. – Mas agradeço a ele por ser preguiçoso demais para vir buscar a sua noiva pessoalmente, optando por mandar lacaios medíocres cumprir a missão.
-E o cavalo? – ele perguntou, quase rindo da feição da irmã.
-Você sabe o motivo. – falou, depressa, quase sentindo a face enrubescer. Odiava não saber aparatar ainda. Cygnus riu um pouco. – E se você contar algo sobre ter-me visto aqui hoje para o papai ou a mamãe...
-Vai fazer o quê, Lynce? – alfinetou o rapaz. – Vai me azarar?
-Não; irei fazer algo muito pior, maninho. – ela grunhiu num tom de falsa irritação, e depois respirou profundamente. – Até amanhã. – completou lançando-lhe um sorriso quase doce.
-Amanhã saberei a sua façanha? – ele perguntou num ar meio malandro.
-Claro. – ela piscou para o irmão e entrou de uma vez no estábulo.
Cygnus voltou ao salão de baile com olhar sério, o que foi rapidamente percebido por Perse.
-O que aconteceu? Onde estava?
-Tomando um ar pra ver se crio paciência para aturar esses anormais. – resmungou ele – E, quando chego ao estábulo, você nem imagina...
-O que?
-Minha doce irmã gêmea acabou de voltar a casa.
-MAS COMO? Com o marido dela?
-Não querida... A senhora Lynx Slughorn acaba de ABABDONAR o marido!
-Por Merlin! Minha irmã vai trucidá-la!
-Isso se sobrar algo quando papai descobrir, não é? Se bem que... – ele avistou a caçula dançando com o rapaz de cabelos platinados, feliz da vida – Se a Vega não matá-la antes...

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Após guardar o animal em segurança, a morena tomou o caminho de uma em muitas das passagens que sabia ter para entrar no castelo sem ser percebida. Caminhou apressadamente pelo corredor empoeirado e cheirando a mofo, sentindo o nariz coçar de leve. Afastou o quadro lentamente e quase suspiraria aliviada, se não tivesse notado a presença de um par de olhos a encará-la firmemente, esperando-a logo na saída.
Lynx conteve um grito na garganta, perguntando-se mentalmente quantos mais se repetiriam naquela cansativa noite. Mas o rapaz a sua frente não teve muito sucesso, e o início de um grito ecoou pelo recinto antes que a morena praticamente se jogasse em cima do rapaz para tapar-lhe a boca. E, automaticamente, esse fato seguiu-se com a retirada da sua varinha do bolso, encostando perigosamente na barriga do rapaz.
-Eu vou soltar sua boca e você promete não gritar, o.k.? – ela murmurou num tom rouco, encarando o rapaz com os olhos estreitados. – Eu quero que me diga: quem é você e o que faz aqui. – questionou pausadamente num tom imperativo.
Lynx soltou a boca do rapaz quando este assentiu, mas a única resposta que ele recebeu foi um “Maldito Lancaster!”. A garota bufou de raiva e repetiu a pergunta, ameaçando-o novamente com uma varinha. Aparentemente, só então o rapaz percebera o fato, pois olhou para baixo e esboçou um ar risonho.
-O que é isso? – ele arqueou uma sobrancelha. Lynx esboçou um ar de incredulidade.
-O que é você? – perguntou, atônita. – Você é um aborto, por um acaso? – continuou num resmungo. – Céus, onde minha família foi parar! Trazendo abortos para casa! Daqui a pouco papai vai estar dando festas para sangues-ruins!
-Olha, senhor, eu...
-O que você está fazendo aqui? – ela o interrompeu num tom carregado.
Noah estreitou os olhos um pouco e cruzou os braços de forma desafiadora.
-O que te faz pensar que eu vou me dar ao trabalho de responder a um desconhecido?
Lynx inspirou profundamente, pedindo paciência. Pensou seriamente em deixá-lo desacordado, mas não admitiu a si mesma que foi a curiosidade que a levou a retirar o chapéu que lhe ocultava os cabelos e deixá-los cair-lhe graciosamente até o meio das costas numa trança já meio desfeita. O rapaz a encarava como se ela fosse de outro mundo.
-V-você... É... – começou, perplexo.
-Lynx Black. – ela falou seriamente. – Sim, sou uma garota; mas por motivos que não quero aqui falar, estou nestes trajes masculinos. – Lynx suspirou profundamente. – Apresentados? Pode responder as minhas perguntas agora antes que eu perca a minha paciência e deixe você irreconhecível por uma semana?
-Noah Richards. – ele respondeu com um leve tom irritado e ela percebeu que ele resmungara algo relacionado a bruxos, mas não entendeu muito bem. – Estou aqui acompanhando o príncipe Eric, que irá passar um período morando neste recinto.
-Eu e minha grande boca. – ela resmungou num suspiro, só então percebendo que uma música ecoavam timidamente pelo recinto; o rapaz a encarou como se ela fosse uma louca que estivesse a sua frente. – Quer dizer que o papai agora anda confraternizando com anormais? Francamente! O que aconteceu com as pessoas dessa casa?
Noah pensou na possibilidade de dizer que a anormal da história era ela, mas se reteve ao sentir a ponta da varinha da morena em sua barriga.
-Bom, é melhor eu ir dormir. É a melhor coisa que eu faço no momento. – ela se afastou do rapaz rapidamente e passou a caminhar pelo corredor. – Ah! – ela voltou-se bruscamente para Noah, fazendo-o sobressaltar-se um pouco. – Espero que o que nós conversamos aqui não passe disso, está me ouvindo? Não quero que ninguém mais descubra que eu cheguei hoje.
Noah deu de ombros, meio atordoado pelo estranho comportamento da moça vestida de homem e xingou mentalmente Jack por tê-lo largado sozinho em meio aquele bando de doidos.
Aparentemente, Lynx ficou satisfeita com o fato, pois esboçou um sorriso, que morreu imediatamente ao ver quem estava se aproximando pelos corredores carregando uma feição séria em sua face.
-Eu mato Cygnus Black! – ela resmungou, baixinho.
A feição séria do rosto de Stella sumiu rapidamente ao avistar a irmã naqueles trajes.
-Boa noite, maninha!Como tem passado?
Lynx suspirou pesadamente antes de continuar.
-O grande imbecil do Cygnus já falou para todos que voltei, não é?
Stella sorriu ao ver a cara da irmã mais velha.
-Bom, só que sabe no momento é eu, Betel e Tia Persephone.
A garota podia jurar que ouviu a irmã rosnar antes de falar.
-E quem ainda não sabe?
-Vega.
Lynx levantou uma sobrancelha como quem não tinha entendido.
-Você passou muito tempo longe de casa, Lynce. Vega está caidinha por aquele imbecil do Malfoy e ainda hoje mesmo teve uma explosão porque eu não quero aceitar nenhum pretendente a casamento - O sorriso de Stella aumentou enormemente - Se ela já estava furiosa por ter que esperar eu e a Betel nos casarmos imagine quando souber que você abandonou o marido.
Nesse momento, as duas irmãs se viraram ao ouvir um espirro e se depararam com Noah que ainda estava lá.
Lynx murmurou um "anormais" mas Stella sorriu para o cavaleiro antes de falar.
-Stella Black, muito prazer senhor Richards. Mais se não se incomoda tenho que dar uma palavrinha com a minha irmã.
O cavaleiro saiu do corredor parecendo extremamente satisfeito e quando seus passos não eram mais ouvidos, Stella se virou para Lynce a medindo de cima a baixo reparando nas roupas de menino que usava.
-Preciso dizer algo? Não poderia estar mais orgulhosa... - colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha antes de continuar - pelo visto seguiu o meu plano direitinho.
-Você estava certa. O imprestável do Slughorn não me perseguiu... Mandou os capangas imbecis dele.
-E como é muito orgulhoso não terá coragem de dizer que você fugiu dele e preferirá falar que lhe dispensou.
-Exatamente.
Stella ficou contente de que o plano para que a irmã fugisse tivesse dado resultado, já ia indo embora quando sentiu a mão dela lhe segurar.
-Espere, Sté. Você vai me explicar direitinho o que o príncipe e seus cavaleiros estão fazendo aqui.
Stella suspirou. Ia ser uma longa noite...

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Vega dançava animadamente com seu “príncipe encantado”. Joseth Malfoy era o sonho dourado de qualquer garota da alta sociedade bruxa, mas era por ela, e somente por ela, que ele estava interessado.
-Quando vou poder pedir a sua mão, Vega?
-Quando as encalhadas das minhas irmãs resolverem casar. Você sabe...
-Isso pode levar séculos! – resmungou o loiro. Depois completou com uma voz mais melosa próximo ao ouvido dela – Podíamos tentar outros meios, o que acha?
Ela o olhou curiosa.
-Como assim outros meios, Joseth?
-Estive pensado em te raptar. – ele sorriu pomposo – Assim casaríamos e seu pai teria que aceitar de qualquer jeito.
Ela abriu um sorriso maior que o mundo. Daquela forma graciosa que fazia quem a visse lembrar que ainda não havia deixado a infância por completo.
-É uma grande idéia, Joseth.
-Que bom que gostou... Posso planejar tudo então?
-Mas é claro que pode! Quando vai ser, hoje?
-Hey, calma! – ele riu – Tenho que organizar as coisas para poder viajar e arrumar um lugar onde possamos nos casar tranqüilamente, sem sermos encontrados por seu pai antes! – a puxou mais para junto de si – Queria saber primeiro se estava de acordo.
-Mas claro que estou... Tudo que mais quero é casar com você.
-Que bom! Acredito que até o fim do mês já terei tudo arrumado, minha flor... E logo você será a Sra. Malfoy!
Não muito longe deles, Persephone olhava irrequieta para as pessoas dançando no salão, querendo manter a irmã sempre à vista, estava com medo de que ela descobrisse que sua primogênita, Lynx, havia abandonado o marido. Ela achava que a sobrinha havia tomado a decisão certa, embora um pouco precipitada, no entanto, sabia que sua irmã não pensava do mesmo jeito. Para ela, não importaria se a filha contasse que Slughorn era o homem mais asqueroso do mundo, nunca aceitaria que sua filha houvesse abandonado o marido.
-O que você está fazendo? - Cygnus sussurrou no seu ouvido e ela teve que se controlar para não dar um pulo de susto, tão absorta estivera em seus pensamentos que nem notara sua aproximação.
-O que parece? Estou de olho em sua mãe. Se ela vir Lynx, que Merlin nos proteja, porque vai ser um escândalo daqueles...
Cygnus riu.
-Você está superestimando a mamãe. Tudo bem que ela vai dar um escândalo, mas não é pra tanto.
-Não acredito que estou ouvindo isso! Você passa um certo tempo longe de casa e parece que se esqueceu de tudo! Desculpe-me, senhor Cygnus, se eu não gosto de ouvir os gritos da SUA mãe dia e noite.
-Vamos lá, Perse, vamos sair, você está muito tensa, venha respirar um pouco de ar fresco. - ele falou, colocando a mão sobre a dela. - Esse bando de anormais deve estar deixando você assim, irritadiça. - ele deu um sorriso e ela, a contragosto, sorriu de volta.
Cygnus tentou ocultar um sorriso satisfeito que insistia em aparecer em seu rosto quando Persephone deixou-se ser guiada para a saída com um suspiro meio cansado. O rapaz saiu abrindo espaço por entre os convidados da festa e seu olhar se encontrou com o de Betel. Ele rapidamente deu uma piscadela para a irmã que meneou a cabeça e esboçou um meio sorriso ao notar de quem ele estava acompanhado. Podia até ouvir a irmã mencionar um “você não toma jeito mesmo...”.
-Então, o que viemos fazer aqui? – ela perguntou num tom que ele julgou ser falsamente inocente, quebrando o silêncio que se instalara entre eles desde muito antes de alcançarem os jardins do castelo.
-Nada em mente, titia? – ele questionou no mesmo tom que ela, deixando um sorriso divertido brincar em seus lábios ao notar o olhar que ela lhe lançara à menção do real parentesco dos dois.
-Não sei, Cygnus, eu esperava que você me dissesse. – ela comentou casualmente, recostando-se graciosamente no tronco de uma árvore e arqueando uma sobrancelha. – Minha intenção não era vir aqui.
-Se não era a sua intenção, então, para quê veio? – ele comentou num ar divertido, apoiando uma das mãos na árvore, deixando-a na altura do rosto da moça. – Eu não te obriguei a nada, tia Perse. Então, eu lhe pergunto: o que acha que eu vim fazer aqui? – ele falou pausadamente, deixando o seu rosto muito próximo ao dela.
Persephone esboçou um meio sorriso e inclinou o rosto de leve, roçando o nariz à bochecha do rapaz, antes de depositar um beijo em seu pescoço. Ela quase riu ao notar que ele conteve um suspiro. Era bom saber o efeito que ela tinha sobre ele. Ela gostava disso.
A moça continuou o trajeto dos beijos até a orelha dele, contendo a leve vontade que tinha de dar uma mordiscada de leve no lóbulo. Ela, então, pousou a mão em um dos ombros do rapaz, apertando-o de leve, ao mesmo tempo em que sentia uma das mãos dele em sua cintura, trazendo-a para perto de si.
-Vejo que você tomou banho, Cygnus. – ela comentou num sussurro e soltou um breve riso depois.
-Não quer checar em outras partes para saber se isso é mesmo verdade, Perse? – ela sentiu um breve arrepio percorrer seu corpo ao ouvir a voz rouca de Cygnus.
-Quem sabe outro dia... – ela falou calmamente, se afastando dele de forma mais demorada do que o normal. – Acho melhor eu voltar. – completou seriamente, ao que Cygnus apenas assentiu, contendo um suspiro resignado e retirando a mão da cintura dela.
Persephone deu uma última olhadela no sobrinho e partiu sem dizer mais nenhuma palavra. O rapaz recostou-se na árvore e passou a mão pelos cabelos, enquanto observava a silhueta da moça sumir gradativamente da sua vista.
-Ela pensa que pode brincar comigo... – ele riu um pouco. – Fique ciente, tia Perse, da próxima não serei tão bonzinho assim.

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