Chegada Esperada
Capitulo II
Chegada Esperada
-Inacreditável! Fico fora por míseros sete anos e quando volto a casa foi tomada por trouxas! - Em um segundo os três baús que o rapaz trazia sem dificuldade, com o auxílio da magia, sumiram nas mãos de duas dezenas de pequenos escravos.
-Por que você está aqui tão cedo?!
-Também senti sua falta, Betel!
Betel e Stella trocaram olhares rápidos e o pai apenas balançou a cabeça; esperava que Hogwarts amadurecesse o filho, mas a cada feriado ele parecia pior.
Apenas Vega parecia satisfeita ao ver o irmão, que agora estava de volta ao lar definitivamente.
-Filho, presumo que tenha ouvido o que conversei com suas irmãs.
-É, temos que paparicar os anormais... - as moças deram risadinhas abafadas.
-Não diga anormais, Cygnus. - corrigiu o homem severamente e as risadinhas cessaram, inclusive a risada de auto-satisfação do filho mais velho. - Pelo menos não dentro de casa.
Quando o homem saiu, pensando em como todos os seus filhos tinham se tornado criaturinhas sorrateiras que ouviam atrás das portas, Cygnus se dirigiu às irmãs:
-E então? - disse o rapaz, completamente à vontade com as botas sujas de lama em cima do estofado bordado a ouro da poltrona - Qual de vocês vai se casar com o pequeno príncipe anormal?
Antes que alguma delas pudesse responder, porém, uma jovem abriu a porta do escritório para dar de cara com o grupo de cabelos negros.
-Ora, que tocante, os Black perdidos em um momento familiar! Se eu não soubesse, diria até que era uma família normal!
Cygnus rolou os olhos e a irmã mais nova, Vega, imitou o gesto.
Persephone era, tecnicamente, tia deles, pois era a irmã mais nova da mãe deles, mas eles foram criados praticamente como primos, devido a pouca diferença de idade.
- É ótimo reencontrar você também, tia Perse. - Cygnus respondeu, com a ironia típica dos Black.
Persephone o olhou com raiva, ela odiava ser chamada de tia, principalmente por Cygnus, já que tinham a mesma idade. Antes que ela pudesse responder, no entanto, Vega começou a falar, atraindo sua atenção.
-Tia Perse, papai já lhe contou as novidades?
-Que novidades, Vega? - Persephone perguntou subitamente interessada.
-Vamos ter hóspedes... Bem, hóspedes trouxas. O filho do Rei descobriu que é bruxo e vai ficar aqui.
-O QUÊ? Você só pode estar brincando!! Por que o diabinho simplesmente não foi pra Hogwarts?
- Perse, Perse, você não entende nada mesmo de política? - Cygnus a interrompeu - Será muito melhor termos o anormal aqui, onde papai pode controlar sua educação.
Ela suspirou, irritada.
-Isso não torna a situação nem um pouco melhor, ainda vamos ter que aturar trouxas andando pela mansão, e pior, vamos ter que paparicar o principezinho.
-Pois é, Perse querida, acho melhor você andar comigo se não quiser a companhia dos anormais. - ele falou dando um sorriso malicioso.
-Isso seria incesto, sabia? - Persephone lhe lançou um olhar gélido.
-Como assim? Não falei nada... - o sorriso ainda continuava na cara de Cygnus.
-Mas sugeriu.
-Mudando de assunto... - Cygnus se levantou e olhou para as irmãs - Vocês acham mesmo que o papai vai querer casar alguma de vocês com o anormal? - ele lançou um olhar divertido a Stella ao dizer isso.
-Só se for você mesmo, maninho-a garota retrucou friamente.
-Você sabe que a Sté odeia a idéia de se casar, não sabe Cygnus? - Betel perguntou levantando um pouco a sobrancelha.
-E por papai insistir em seguir a tradição e casar primeiro a filha mais velha, nunca vou consegui me casar! - Vega falou enquanto batia os pés, irritada, no chão.
-Não vou me casar apenas para satisfazer um capricho seu, Vega.
-Capricho? - ela perguntou furiosa.
Os outros sabiam que aí vinha mais uma "explosão Vega".
-Sim, capricho. - Stella continuou calmamente - Todos nós sabemos que você só quer que eu e Betel e nos cassemos para poder se casar com o...Como é mesmo o nome dele? - perguntou fazendo uma cara de concentrada inocente enquanto via o rosto da irmã caçula ficar cada vez mais vermelho.
-Como você ousa, Stella?! Só porque você não encontrou ninguém que te quisesse, acha que pode falar assim da vida dos outros!
Stella não se deixou abater pelas palavras da irmã.
–Mas, ora, não é verdade? Você só quer que nós nos casemos para poder casar com aquele idiota do Malfoy.
O rosto de Vega ficou mais vermelho e, provavelmente pela primeira vez em sua vida, ela ficou sem palavras.
-Epa, epa, isso é verdade, Vega? - Cygnus perguntou, entrando na briga das irmãs.
-Pelo menos eu quero me casar! E tenho um pretendente! Agora Stella... Nem que déssemos toda a fortuna Black seríamos capazes de encontrar alguém pra se casar com ela! - Stella não teve nem tempo de responder. – De qualquer forma, não tenho tempo para discutir isso. Tenho que me arrumar para o baile.
A mais nova continuou, saindo da sala o mais elegantemente possível, tentando não parecer abalada com as palavras da irmã. E daí que ela queria se casar logo? Alguém podia culpá-la por não querer virar uma solteirona?!
-Bem, nós temos que nos arrumar também não é, Sté? - Betel falou, puxando a irmã mais velha pelo braço e deixando Cygnus e Persephone sozinhos.
Ele esperou a porta se fechar para finalmente dar mais um de seus olhares maliciosos para a “tia”.
-E então?
-E então o que, Cygnus?
-Não vai se arrumar para o baile também?
Ela o olhou de cima a baixo.
-Vou sim... E você também deveria subir e tomar um banho. Está cheirando mal. – dizendo isso abandonou o rapaz sozinho na sala.
Cygnus revirou os olhos, ela era difícil, tinha que admitir... Mas agora, de volta ao castelo de vez ele teria mais tempo para se dedicar aquela “dificuldade”.
Subiu as escadas para o andar onde ficavam os aposentos.
-Arrumem meu banho. – gritou para o nada enquanto cruzava um corredor, sabendo que os elfos o escutariam e obedeceriam a ordem prontamente.
Mas antes do banho ele precisava fazer outra coisa.
-Vega? – bateu a porta – Posso entrar.
-Não! – ouviu a voz manhosa vinda de dentro do quarto. Vega chorava. Por isso ele abriu a porta sem se incomodar com a negativa anterior, sabia bem que ele era a única pessoa que a jovem irmã não se importava em vê-la chorando.
Parou a centímetros da cama onde ela permanecia deitada, abraçada a um dos travesseiros, sem encará-lo.
-Ta chorando por que?
-Num to chorando...
Ele sentou-se ao lado dela na cama.
-Desculpe, tinha me esquecido que a jovem Vega Black não chora.
-É! – resmungou a garota novamente sem tirar a cara do travesseiro.
Ele se pôs a acariciar os cabelos negros dela, como fazia desde que ela era um bebê.
-Pare de se preocupar... Você vai se casar logo, calma.
-Como se a Sté não aceita nenhum pretendente! E depois dela ainda tem a Betel...
-Bom, eu particularmente acho vocês TODAS muito novas para casar... Mas fique calma, isso acontece quando tem que acontecer. E, além do mais, você sabe muito bem que se a Sté demorar muito para escolher o papai vai acabar escolhendo por ela... E aí sim teremos problemas nessa casa.
Vega arfou, virando-se finalmente de barriga para cima, encarando o teto do quarto. Não queria que a irmã fosse obrigada a se casar, ma ela era tão teimosa, não percebia que quanto mais tempo demorasse a escolher, mais estava diminuindo as suas chances de não se casar só por conveniência.
-É verdade o que as meninas disseram? Que você quer casar com... Com aquele imbecil?
-Ele não é imbecil! – gritou ela, finalmente o encarando com fúria. Cygnus revirou os olhos.
Conhecia muito bem Joseth Malfoy, estudara com ele em Hogwarts e, por mais que tivesse que considerá-lo aliado na maioria das vezes, não havia como negar que o rapaz loiro era um ser mesquinho, hipócrita e idiota de primeira grandeza... Mas como explicar isso a Vega sem que ela lhe cortasse a garganta antes dele terminar?
-Ok! Conversamos isso outra hora, maninha. Quando você estiver mais calma. – se levantou e estalou as costas – Agora vou tomar um banho porque estou quebrado da viagem.
-Vai mesmo, você está precisando. – disse ela levando os dedos ao nariz, enquanto ele se retirava do quarto.
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