E o que o trio anda fazendo?
A caçula dos Weasley nunca tinha entendido a expressão "pisando em nuvens"... até aquela noite. Agora ela compreendia totalmente, porque estava nesse estado de espírito. Até o medo de ser pega tinha sumido, ela praticamente passeava pelos corredores vazios sem se preocupar em se esconder de uma possível aparição de Filch. Nem mesmo o barulho de pirraça cantando num toalete vazio a assustou. Ela também estava cantando. Entrou na sala comunal da grifinória cantando, sem notar, uma música antiga e tola. Só parou de cantar quando esbarrou em alguma coisa. Uma coisa que reclamou baixinho.
- Mas que merda! – VUPT. De repente Gina pode ver seu irmão, de costas reclamando. Viu também Harry, olhando atônito para ela e segurando a capa que os cobria como se ela fosse um escudo. E ao seu lado estava Hermione, com os maiores olhos que ela já vira. Rony finalmente se virou. – GINA? – e caiu sentando. Para sua sorte o sofá estava atrás dele.
- O que você esta fazendo aqui? À uma hora dessas?
Gina parou para pensar um instante. Ela tinha levado um susto enorme ao esbarrar com eles ali, afinal, estava vindo de um encontro com Draco Malfoy. Mas eles também não deviam estar ali. Ela tentou mudar o foco da conversa.
- O que VOCÊS estão fazendo aqui? – ela perguntou muito calmamente.
- É meio particular... – disse Harry muito embaraçado, mas muito educado. – Você sabe como é...
"Eu sei como é...", ela arremedou em pensamento.
- É! – Rony interferiu nada educado – O que você esta fazendo fora da cama uma hora dessas, mocinha????
- Isso é meio particular... – ela disse ironicamente. Sem dar tempo para comentários, virou-se para Hermione e perguntou em outro tom. – O que esta havendo? Vocês estão me preocupando há tempos com essas saídas noturnas...
Os três se perguntaram no mesmo segundo como ela sabia das saídas noturnas deles. Mas nenhum deles se arriscou a perguntar pra ela.
- Gina, é perigoso... – Hermione disse zelosa, mas pouco convincente.
- Não queremos envolver você nisso... – Harry a olhou com aqueles olhos verdes, aquele tom de importância na voz. "Um herói...", ela pensou carinhosamente, Um ‘heroizinho’", ela imitou Draco silenciosamente. – É sempre arriscado se meter nessas coisas.
- E sair por aí no meio da noite não é arriscado? – disse a ruiva calmíssima, sem nem sombra daquele nervosismo que lhe tomava quando ela falava com Harry.
- É sobre Voldemort. – disse Mione em tom sinistro, numa clara tentativa de faze-la desistir de perguntar.
- Mas eu pensei que no ano passado... – Gina se referia ao duelo que Harry tivera com Voldemort. Ele perdera quase toda a sua força novamente, ou tinha sido isso que parecia. Com as novas mortes, que vinham acontecendo desde o verão, todos já desconfiavam que ele não estivesse tão fraco assim. Mas Gina ainda guardava uma pontinha de esperança, que tinha sido destruída naquele momento.
- Não... – disse Harry meneando a cabeça – Eu achei que tivesse terminado com ele, mas não... – Harry desviou os olhos e não falou mais. Parecia extremamente contrariado.
Gina levou a mão aos lábios. Quis dizer algo como "eu sinto muito", mas achou que pareceria infantil.
- Me conte... – disse baixinho, dirigindo-se a Hermione – Eu ainda quero saber...
A garota de cabelos lanzudos suspirou profundamente, dirigiu um olhar questionador para Harry, e como este não lhe fez objeções, ela começou a falar. Rony acompanhava tudo, confirmando às vezes com a cabeça.
- Quando as pessoas começaram a morrer, nós vimos que ele estava muito vivo, e que ainda contava com apoio dos seus seguidores. Muitos deles não foram capturados você sabe...
- Mas eles são procurados! Vivem na clandestinidade, como podem ajudar?
- Os fugitivos não são problema quando se tem um bem na nossa cara e ninguém pode fazer nada? – Rony disse com raiva.
Gina não entendeu onde o irmão queria chegar.
- Lúcio Malfoy. – Harry explicou - Ele é, oficialmente, inocente. Sabemos que ele esconde aquela gente nas suas propriedades, que ele financia essas "operações" dos Comensais.
- O pior é que, ele esta ameaçando e chantageando as pessoas. – Rony gesticulava com impaciência – Na nossa cara! Até o Ministério da Magia deve estar no meio...
Na verdade, Gina nunca tinha desconfiado da idoneidade do Ministério da Magia. Seu pai trabalhava lá, então ela tomava a todos pelos moldes dele. Nunca na sua vida poderia ter associado os Comensais da Morte ao Ministério. E nunca ela se sentiu tão ingênua.
- Precisamos estar sempre em contato com pessoas de fora daqui, para sabermos de verdade o que esta havendo lá fora. – Mione suspirou – As notícias que chegam aqui não são mais confiáveis...
- Sim, porque o Profeta Diário foi praticamente "comprado" por aquele porco do Malfoy... – disse Harry, quase cuspindo as palavras – Não podemos mais confiar no que diz lá.
- E o que vocês pretendem fazer? – Gina perguntou um tanto quanto lenta, por tanta informação dada de uma vez só.
Hermione olhou de rabo e olho para Harry, que não retribuiu o olhar. Apenas apertou os lábios de forma apreensiva. Fez menção de dizer algo, mas permaneceu em silencio. Rony fez um ruído e em seguida murmurou para sí mesmo.
- Estamos perdidos...
Diante disso Gina correu para abraçar o irmão. Não tinha nada pra dizer, e viu que eles também não tinham. Arrependeu-se de ter querido saber, no fim, ela tinha ficado tão infeliz quanto eles. Arrependeu-se também de ter ficado com raiva por ter sido excluída. Agora sabia que não queria carregar essa responsabilidade. A responsabilidade de estar amando o filho do maior Comensal da Morte já era bem maior do que ela gostaria.
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