Falha de Comunicação II

Falha de Comunicação II



"Ela não vem!", Draco pensou com um misto e alívio e decepção, uns cinco minutos depois de ter chegado. No fundo, estava chateado porque seu ego não aceitava a hipótese de ela não querer vê-lo. Mas por outro lado, estava mais aliviado. Afinal, o que ia dizer pra ela? Ele nem sabia porque queria tanto falar com ela, tinha escrito aquele bilhete num arroubo de impulsividade.

Draco, confiante de que ela não viria, deu a volta na arvore, para ir embora. Porém encontrou um pequeno empecilho. Nem tão pequeno, na verdade, um empecilho só uns dez centímetros menor que ele. Um empecilho que, ao se chocar com ele, piscou freneticamente os olhos castanhos.

- Eu achei que você não vinha mais.

- Ah - ela desviou os olhos para o chão - Eu vim, eu não vinha, mas vim...

"Que coisa imbecil pra se dizer!", ela ralhou consigo mesma esperando que ele dissesse alguma coisa. Mas ele não disse. Por alguns minutos só se podia ouvir a respiração pesada dos dois, formando aquela fumacinha diante da boca como sempre acontece nos dias muito frios. E aquele era, potencialmente, um dia frio.

Gina batia os dentes, sua capa já não era assim tão nova, a magia isolante já estava acabando. As compras que os gêmeos tinham feito pra ela não incluíram roupas de frio, e só agora, sofrendo por ele, ela tinha notado. Draco parecia nem notar a temperatura. Também pudera, com uma capa como aquela, quem notaria o frio? A capa de um tecido muito grosso deveria ser o que havia de melhor em matéria de isolamento térmico. Gina invejou-o por um instante, e Draco notou.

- Com frio? - "Claro que ela esta com frio, que pergunta idiota!".

- Um pouco... - disse Gina com vontade de afundar a cabeça na neve, por causa da resposta boba que tinha dado.

Um pouco mais de silencio e os dois decidiram quem era hora de falar.

- Draco...

- Gina...

Eles disseram ao mesmo tempo.

- Draco, - ela repetiu quando o silencio voltou - Porque você me chamou aqui?

- Porque nós temos que conversar...

"Droga Draco, isso eu sei...", pensou Gina infeliz com a perspectiva de ter que ser mais clara.

- E sobre o que? – ela ergueu os olhos e encarou Draco. Um erro. Ela se sentiu tão encabulada que fez um pergunta que ela considerou infeliz. - Poções?

Pela primeira vez desde o inicio daquela conversa Draco riu. Não era uma risada irônica, era só uma risada. Mas foi com um levíssimo tom de deboche que ele falou.

- Hummmmm...Então você quer falar de poções... - ele gesticulou delicadamente - Eu realmente tinha uma idéia melhor, mas se você prefere falar de poções...

Ela viu-se obrigada a rir também. Que coisa mais boba pra se dizer. Poções! Da onde ela tinha tirado isso, afinal? Eles riram mais um pouco, o que foi ótimo para descontrair o ambiente e pra Gina parar de tremer. Quando eles finalmente foram parando de rir, e Gina notou que o perigoso silêncio voltava, ela disparou depressa:

- E qual era sua idéia melhor?

- Que bom que você perguntou... – os olhos de Draco faiscaram.

Num movimento muito rápido, Draco a envolveu pela cintura e deu-lhe um beijo. Um beijo como o de ontem, impulsivo e um tanto quanto desesperado. Gina respondeu à altura, agarrando-se novamente ao pescoço dele com medo de "derreter". Dessa vez Draco nem lembrou que não gostava de aperto no pescoço. Pra dizer a verdade estava até gostando. A despeito das mãos geladas de Draco na sua cintura (elas eram tão frias que ela podia senti-las através do tecido), Gina não sentia mais frio. Estava quente. Começou até a ficar com calor. Quando ela entendeu que o problema não era a temperatura ambiente ela se assustou.

- Isso é um erro! – ela disse distanciando-se.

Draco concordava. Ele, melhor do que ninguém sabia que aquilo era um absurdo muito grande. A coisa mais inconseqüente que ele já tinha feito, expor-se a um "inimigo em potencial" dessa forma. Mas Draco, por mais que tentasse, não conseguia se arrepender. Nem Gina, mas ela era teimosa o suficiente pra continuar tentando.

- Bem, se isso é um erro, nós cometemos um monte deles ontem... - ele disse divertido.

- Draco isso não é brincadeira! - ele estava se aproximando de novo e Gina começou a se desesperar. - Nós precisamos falar sério!

- Tão séria... - ele zombou.

Irritada, ela o repeliu. Ela considerou aquela leviandade uma confirmação de que, pra ele, aquilo tudo era só um passatempo. "Provavelmente eu sou a nova piada da Sonserina", ela o olhava com raiva.

- Droga Draco, eu... - ela olhou nos olhos dele e parou de falar. Draco a mirava sorrindo e ela não soube dizer se era um sorriso de desdém, de deboche, de maldade, ou se era só um sorriso. Mas soube, olhando nos olhos dele que estava perdida. - Eu vou embora!

"Ah, Srta Weasley", disse para sí mesma imitando o tom desdenhoso de Draco, "Você se apaixonou por esse cretino, agora se vira!".

- Parabéns Draco! - ele sorriu e falou sozinho antes de voltar para o castelo - Com essa atuação você pode ganhar o premio "babaca do ano".

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