O Dia Seguinte
- Eu não vou! - Gina resistia às investidas de Lenina, que tentava tira-la da cama de qualquer modo. Ela segurava o travesseiro junto ao rosto pra não ver a luz do sol.
- Você vai perder o melhor do baile: as fofocas do café da manhã. - ela puxava os pés da amiga, decidida a leva-la ao salão principal.
Gina amoleceu o corpo e deixou-se erguer pela amiga, ainda reclamando muito. Não queria sair, seus planos eram de ficar o dia todo na cama pra não ter nunca mais que ver Draco. O dia todo não, a vida toda.
- Leny, me deixa ficar... - ela disse enquanto a amiga jogava uma calça, uma blusa e um pesado casaco em cima dela - Pra que o casaco?!
- Ta frio lá fora! – ela disse eficiente, esperando de braços cruzados que Gina se trocasse.
Resmungando como nunca Gina, vestiu a roupa que a amiga providenciou, e olhou-a, fazendo bico. Sem se comover com o drama, Lenina foi "empurrando" a colega até a entrada do salão. E foi nesse ponto que ela "travou".
- O que foi, Gina?
- Eu não vou. - ela disse paralisada.
- Não seja ridícula! O que tem aí que você já não tenha visto antes? - Lenina disse com extrema impaciência - Vamos!
Sem saída, ela entrou, mantendo os olhos pregados no chão. Caminhou depressa até seu lugar de costume na mesa. De costas, é claro, para a mesa da Sonserina. Gina nem queria imaginar de que cor ficaria se tivesse que olhar para Draco.
Logo Lenina, Colin e Parvati estavam comentando os "melhores momentos" do baile, e Gina, mesmo tendo perdido todos eles não prestava atenção em nada. Só ouvia frases soltas, até que uma delas lhe prendeu a atenção.
- O Malfoy sumiu logo no começo da festa! – Colin comentava – Deve estar com a maior dor de cotovelo por causa da Parkinson.
- Credo, aquela lá não perde tempo e já arrumou outro!
- Deve ser por isso que o Malfoy nem desceu ainda...
"Não desceu?!", ela repetiu e virou-se para confirmar, "Ora, então ele esta com vergonha". Ela teve esse pensamento com raiva. "Vergonha! Eu é que devia ter vergonha dele... Humf!". Pensou que pudesse estar sendo precipitada, mas logo abafou essa hipótese. Quando ela tinha acabado de decidir que "nunca mais" iria ao baobá e "nunca mais" queria falar com Draco, a já conhecida coruja dele pousou sobre a mesa.
- Olha! - Colin chamou atenção de todas as pessoas próximas para Gina - A Gina recebeu mais uma carta da coruja de coleira!
Antes que Rony ou Lenina pudessem perguntar "De quem é?", Gina lhes lançou um olhar tão agressivo que eles preferiram fingir que não tinham visto nada. Com esse pequeno problema resolvido, ela se pôs a ler a carta, com o coração quase saindo pela boca.
"Gina
Esteja lá.
Draco M."
Ela ficou tão brava que o papel esteve prestes a queimar com o calor da sua raiva. Tentando não demonstrar seu ânimo ela se levantou e foi para a sala comunal da Grifinória, a fim de reler aquela carta, "se é que se pode chamar essa porcaria de bilhete de carta" tantas vezes quantas fossem necessárias. Não tinha medo de ser interrompida porque, num dia de neve como aquele todos preferiam se divertir lá fora. Ela também, mas não estava com cabeça pra isso no momento.
"Esteja lá". O que ele queria dizer com isso? Se para alguém de fora parecesse óbvio, para Gina era um mistério insondável. "Esteja lá", podia querer dizer tanta coisa! E pra que ele queria que ela estivesse lá? Gina preparou um monte de argumentos e xingamentos, caso ele não fosse tão gentil. "Ele não vai ser gentil...", ela pensava conformista, "ele não é gentil...". Mas Draco não tinha sido grosseiro na noite anterior, ela lembrou-se de tudo com um sorrisinho bobo nos lábios. "Mas ele foi grosseiro todas as outras vezes...", ela pensou fazendo sumir o sorriso. "Nem todas, as vezes...", e o sorriso voltou.
"Eu não vou!", ela pensou decidida.
Na hora combinada Gina pôs a capa de frio e saiu pela neve em direção ao lugar de sempre.
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