- Os assuntos da Gina



Gina entrou no castelo bem mais desanimada de que saiu, mas ainda com esperança de que o tal “assunto do Harry” fosse resolvido antes da hora do jantar. Tudo que queria era voltar para a sala comunal da Grifinória e descansar um pouco daquele dia tão estafante. Mas um trio de garotas da Sonserina interrompeu seus planos.

- Olha, a cabeça vermelha esta so-zi-nha! – disse Edith Donovan, uma sexto-anista, como ela, alta e ossuda, que encarava Gina com uma careta de superioridade. Ela reconheceu imediatamente a voz estridente dela como a voz da garota que ela tinha se melecado de poção verde naquela manhã.

Outra sexto-anista, uma baixinha de nome Babette Gunnar, bateu as mãos no material de Gina, espalhando tudo pelo chão. Ela compreendeu que se tratava de uma espécie de vingança pelo incidente da aula.

Gina abaixou-se depressa para recolher suas coisas antes que a terceira sonserina, a enorme Emília Bulstrode pisasse nelas, como estava ameaçando fazer. As três riram compulsivamente e Gina sentiu as lagrimas começarem a chegar aos seus olhos. “Droga!” pensou tentando conter o choro enquanto ouvia os cochichos de alguns alunos que se aproximavam atraídos pela confusão.

- Que patética essa Weasley! – disse Donovan dando uma risada cheia de guinchos agudos.

- Onde estão seus amiguinhos corajosos? – disse Bulstrode se aproximando perigosamente de Gina, que ainda recolhia seus pertences do chão. Pressentindo o perigo, a ruiva se levantou depressa, segurando desajeitada seus materiais.

Gina olhou para as três sonserinas, que a olhavam com expressão de deboche. De repente sentiu-se tomada por uma enorme raiva. Teve ímpetos de agredir aquela irritante Gunnar, conteve-se lembrando que seria massacrada pelas outras duas (que levavam uma enorme vantagem física sobre Gina). Pôde controlar a violência física, mas não pôde controlar a língua.

- Vocês não são melhores que ninguém suas sonserinas cretinas! – disse por entre os dentes, orgulhando-se da rima involuntária.

Emília foi parar a menos de um centímetro de Gina, tão depressa que parecia que ela tinha se materializado. Ela ergueu o punho e teria batido com força no nariz de Gina, se não fosse pela miado de Madame Norrrra, anunciando que Filch estava chegando pra acabar com a bagunça.

- Vamos! – disse Edith em tom urgente e as três sumiram pelo corredor.

“Ótimo!” pensou furiosa “Agora, você tem um problema sério com essas trogloditas.”

***

As horas passaram voando e logo todos os alunos estavam reunidos no salão principal para o jantar; o teto estava enfeitiçado com um belíssimo céu estrelado, mas Gina estava de tão mau humor que nem olhou para cima.

Antes de se sentar ela correu os olhos pela mesa da Grifinória a procura de Mione, mas não a encontrou. E , como era esperado, Harry e Rony também não estavam lá. Sentou-se perto de suas colegas de ano, que não tinham presenciado o episódio daquela tarde e nem notaram a chegada de Gina.

- Cadê seus amigos hein, Weasley? – uma voz feminina grave ecoou pelo salão principal, seguida de risadas roucas e batidas na mesa comunal da Sonserina.

“Droga!”, pensou Gina querendo afundar o rosto no prato de sopa. Mas tudo o que fez foi começar a comer mais depressa, a fim de terminar logo com aquela situação. “Era só o que me faltava...”

“Meus amigos...”, desejava que eles estivessem ali, pois assim poderia desviar por alguns minutos os olhos do prato, se eles estivessem ali ela poderia pelo menos fingir que não estava ouvindo. Se seus “amigos” se estivessem com ela pelo menos uma vez ela não precisaria estar passando por isso. “Mas eles não estavam ali, é claro!” pensou com raiva.E, como sempre, Gina não tinha nem idéia de onde eles estavam.

“Dane-se!”

Gina largou a colher no prato e saiu desajeitada em direção da porta do salão principal. Ela estava segura de que ninguém nunca sentia a sua falta, pensava nisso enquanto lutava contra as lagrimas que se formavam em seus olhos – não queria chorar na frente de todo mundo.

Estava tão absorta em seus pensamentos que não notou que derrubou uma cadeira enquanto atravessava o salão. Ela também não notou que um certo par de olhos azuis acompanhou todo o seu percurso.

***

Quando acordou, Gina tinha um plano em mente: evitar a presença de qualquer um da Sonserina, evitar ficar sozinha, evitar lugares de risco... Em suma, evitar atrair a atenção.

“Não atrair atenção é uma coisa que eu faço tão bem...”

- Bom dia Gina! Porque você demorou pra descer? – a saudação vinha da boca cheia de café-da-manhã de Rony. Harry e Mione saudaram Gina com um sorriso.

- Bom dia pessoal! Mione eu preciso muito falar com você! Preciso...

Não pode completar a frase porque uma coruja chegou para Harry, e os três trocaram olhares urgentes. Em poucos minutos os três se levantaram e saíram.

- Desculpe Ginny! Depois a gente conversa...

- Tudo bem, então tchau! – Mas Harry, Rony e Mione não puderam ouvir essa ultima frase, porque já estavam longe quando Gina terminou de falar.

Resignada, a garota serviu-se de duas fatias de torta de amora. Mal tinha dado a primeira mordida foi interrompida.

- Oi Gina! – era Neville, é claro. Atrasado como sempre, colocando seus livros sobre a mesa, quase derrubando um copo de suco. – Cadê todo mundo?

- Olá Neville! – sorriu gentil, estava realmente feliz em vê-lo – Acabaram de sair, mas não me disseram aonde iam...- e o sorriso desapareceu por completo.

- Aconteceu alguma coisa? – Perguntou Neville sendo muito cuidadoso. Subitamente ela teve vontade de lhe contar tudo, de dizer como aquelas garotas da Sonserina estavam incomodando, e dizer como se sentiu sozinha e triste.

Mas quando ele se sentou, Gina achou que ele parecia muito abatido. E ela lembrou que ele não tinha aparecido para jantar.

- Na enfermaria...Eu tive um contratempo na aula de Transfiguração...

Gina conhecia muito bem esses “contratempos” de Neville. No ultimo contratempo ele passou duas semanas na ala hospitalar. Ela agradeceu mentalmente ter saído inteira do seu “contratempo” em poções.

- Mas você esta melhor?!

- Ah, não se preocupe! Meus erros não são nada comparados aos superpoderes de Madame Pomfrey. – e os dois amigos riram gostosamente. Um dia ruim não era nada que não pudesse ser aliviado com uma boa dose de risadas no café da manha. Gina sempre ria... a despeito dos seus problemas, ela sempre acabava sorrindo... Um pensamento rápido lhe sugeriu que talvez esse fosse o problema.



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