Capítulo 12



Hermione perdera a noção do tempo que estivera ali sentada em sua cama, mirando o próprio reflexo no espelho do Guarda Roupas. Devia se sentir no mínimo feliz, contente que tudo o que planejara até então estivesse dando certo. Mas não conseguia. Seu estômago dava um forte solavanco gelado quando pensava em Rony, deitado no próprio hotel onde se hospedara, sob os efeitos de uma das poções mais deselegantes do Universo Bruxo.
Observava o sereno adentrar pela janela semi-aberta. Algumas estrelas já brotaram do céu e uma lua cheia e esbranquiçada fazia a Terra parecer pequena demais. O espelho mostrava uma Hermione cansada, em que a maior parte do seu corpo já se encontrava no escuro. Somente seu rosto estava iluminado pela luz do luar, e fazia seus cabelos parecerem extremamente fantasmagóricos.
Quando deu uma remexida desconfortável contra a parede fria, Hermione sentiu suas costas arderem. Estivera a tarde toda abraçada à suas pernas, com o pensamento longe do planeta. Sentindo que não agüentaria ficar mais tempo naquela posição, soltou as pernas, suspirando.
Apoiando as mãos no colchão, ela levantou, fazendo a cama ranger. Hesitou por um momento, com a mão esticada. Não queria mais brigar, queria descansar. Mas descansar morrendo de fome, era algo que era impossível no seu caso.
Abriu a porta devagar, para verificar se havia alguém ali. Estava tudo silencioso demais, na verdade. Uns passos para frente à fez perceber que Harry estava deitado no sofá... dormindo.
Deu passos singelos em direção a mesa, e puxou uma cadeira para se sentar. Ao fazer isso, logo sentiu um alívio nas costas. Respirou fundo, mas esqueceu que ele estava dormindo. Harry deu uma remexida no sofá, se virando para o outro lado e revelando seu rosto. Os óculos estavam quase amassados contra o sofá, quase caindo no chão.
Ela se ajoelhou em frente à ele e tocou a armação pelos lados. Como ele continuou de olhos fechados, tirou o óculos do rosto dele e colocou-os na mesinha da sala.
" Era para eu ter deixado o óculos quebrar, seria muito bem feito " pensou, com escárnio.
Se levantou, mas mãos geladas a seguraram.
- Devolva meus óculos.
Ela quase deu um berro de susto. Ligeiramente zangada, ela entregou os óculos à ele à contra-gosto.
- Da próxima vez, tire seu próprio óculos antes de dormir, então.- Disse.
- Talvez se eu estivesse dormindo.- Respondeu ele, sorrindo. Sabendo que seria inútil brigar com ele à uma hora dessas, Hermione pegou um pão com presuntos e começou à comer.
- Rony ligou hoje.- Disse ele, enquanto a observava comer.- Ele parecia estar muito bravo comigo. Anda inventando coisas por aí, Hermione?- Perguntou Harry, e ela sentiu seu coração bater muito rápido.
- Mas é claro que não!- Respondeu, tentando parecer calma. Mas suas mãos tremiam.- El...Ele devia estar bravo com você porque está tão idiota assim!- Disse isso com mais calma. Ele riu, mas ficou sério na mesma velocidade.
- Não minta para mim, Hermione! O Rony está realmente acreditando que eu faço coisas com você à força e disse que quer ter uma conversa comigo amanhã.
As pupilas de Hermione dilataram e ela começou a tossir. Era para Rony ter acordado somente no dia seguinte. Harry pareceu ver a sua dúvida, e ficou muito desconfiado.
- Eu prefiro acreditar que você não esteja por trás disso, Hermione... Porque senão tanto melhor para mim quanto pior para você!- Rosnou ele, grosseiramente. Ela abriu a boca, mas nenhuma palavra saiu. O que havia dado errado? Será que a poção havia REALMENTE dado certo?
- Estou sem fome.- Ela se levantou, mas ele a segurou forte nos braços e impediu-a de ir para seu quarto.
- Ninguém brinca assim comigo, Hermione. Muito menos uma mulher.- Ele disse isso da forma mais fria possível, e os pêlos da nuca de Hermione ficaram em pé.
- Me... deixe ir.- Gaguejou, tentando manter o controle de seus joelhos e de seu coração.
- Não por enquanto.- Ele disse, virando-a de frente.- Se você desistir dessa idéia maluca agora, eu esqueço de tudo o que você mentiu a Rony. Mas, se você insistir nisso...- Ele deixou a ameaça no ar, e ela chegou a ofegar.
Assim que Harry a soltou, ela saiu correndo e se trancou novamente no quarto.
Não havia se intimidado, muito pelo contrário. Agora, queria mais que nunca se vingar dele da forma mais cruel e dolorosa possível.

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Hoje seria o dia.

Finalmente poderia fazer o que havia sonhado durante a noite toda.

Mas porque estava tão preocupada?

Hermione não tinha idéia do porquê de estar tão abalada nesta manhã. Hoje iria finalmente realizar sua nobre vingança sobre Harry e não havia motivo para preocupações.

Mas e Rony? Porque ele acordara antes do que deveria? Será que havia dado algo errado?

Tinha muito medo da poção ter saído pela culatra- a Poção da Ilusão era uma poção muito poderosa, que foi muito utilizada por Lord Voldemort e seus seguidores. Tomara todas as precauções; Certo que colocara um pouco mais da dose do que era recomendado, mas e daí? Era preciso muita poção para que Rony não acreditasse em Harry, que fora seu amigo desde infância.

" Se acalme, Hermione Granger" era o que ela não parava de repetir para si mesma, em voz baixa, enquanto andava de um lado para o outro do quarto.

Não sabia à quanto tempo estava andando de um lado para o outro ali: Só sabia que fora desde quando acordara.

Esperava um mínimo sinal da campaínha. Ou de uma batida na porta. Qualquer coisa que parasse sua aflição.

Como adivinhasse, Hermione saiu de seu quarto ao mesmo tempo em que a campaínha tocava. Seu coração começou a bater descontroladamente e sentiu um leve frio na barriga: Seria agora, ou nunca.
Andou à passos trêmulos em direção à porta: Quando chegou, foi preciso respirar fundo três vezes. Suas pernas tremiam como jamais tremeram; um nó se formara em sua garganta e a vontade de roer as unhas foi incontrolável.
" Abra-a, Hermione burra ".
Sacudiu a cabeça e abriu a porta.

Rony estava parecendo um fantasma: Seus cabelos ruivos estavam totalmente despenteados [N.A.: Isso é uma crítica para que a bruna poste na sua fic huauhahua] e seus olhos estavam fundos, arrodeados por olheiras. Ele avançou em direção à ela e a abraçou.
- Diga-me onde ele está.- Pediu ele, enquanto olhava ao seu redor. As dúvidas de Hermione se confirmaram: Havia colocado muita poção para ele beber. Abriu a boca para responder que ele podia esquecer isso, que se enganara, mas o que saiu foi:
- Possivelmente dormindo, no quarto.- Sua voz saiu seca, sem emoção. Rony a largou e foi para o quarto de Harry.

Alguns minutos passaram. Hermione ficou ali, parada, apurando os ouvidos para qualquer ruído. Rony acusava Harry de algo e ele (Harry) tentava desmentir. O que aconteceu no momento seguinte foi tão rápido que ela não pôde nem assimilar: Rony berrou algo e logo se ouviu um barulho de algo sendo arremessado para longe.

Seu coração parou, e antes que pudesse pensar, estava em frente ao quarto de Harry, observando a cena lastimável em que se encontravam os dois: Rony estava jogado no chão, com a cabeça sangrando. Harry estava com a mão nos joelhos, arfando, enquanto erguia a cabeça lentamente e encarava os olhos castanhos à sua frente.
A sensação foi de inteira culpa e vergonha. Rony estava desacordado por sua culpa, e aquele olhar de Harry a fazia se sentir pior ainda.

Se ajoelhou ao lado do ruivo e afastou seus cabelos para longe da testa. Encarou o amigo desacordado: Ele não merecia nem de longe tudo que estava fazendo para ele. Está certo que Harry merecia, mas Rony definitivamente não.

Tirou os olhos de Rony e os pousou em Harry: O homem já havia parado de arfar e estava apoiado na cabeceira da cama, com os braços cruzados. Impassível.
- Devo adivinhar qual é o sentimento que a minha cara Hermione deve estar sentindo nesse momento.- Começou ele, com escárnio.- Horror? Culpa? Vergonha?Ou, quem sabe... medo?- A voz dele estava fria como o gelo e fez os únicos pêlos na nuca de Hermione se arrepiarem.
- Não foi a minha intenção. Você merece isso, e não ele.- E apontou com a cabeça para o corpo de Rony.
- Ora, vamos aplaudir Hermione por esta incrível encenação.- E fez uma voz fina.- Você merece isso, e ele não.
- Deixe de ser infantil.- Ela disse, engolindo em seco.
- Eu, infantil, Hermione? Esperava mais de uma mulher inteligente como você. Ou quem sabe, que eu achasse inteligente.- As suas palavras entraram fundo na mente de Hermione.- Porque agora você se mostrou completamente fraca, exatamente o contrário do que eu sempre achei que fosse.
Hermione fechou os olhos, se encostando na parede.
- Me desculpe.- Sua voz saiu fraca, quase imperceptível. Ele sorriu com sarcasmo, antes de se agachar ao seu lado e responder:
- Nunca.
Harry deu uns tapinhas no ombro dela e se virou, passando por cima do corpo inerte de Rony no chão.

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