Capítulo 11
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Primeiramente, não podia acreditar que naquele momento estava deitada na cama de Harry Potter enquanto ele dormia profundamente. Se alguém contasse, ela jamais acreditaria. Não se arrependera, já que Harry era um homem e tanto, mas... Sentia uma sensação diferente. Se sentia um tanto quanto... impura. Claro, todos tinham sua primeira vez, mas ela se sentia usada, não sabia como explicar. Se remexeu desconfortávelmente na cama. Harry continuou durmindo. Então se levantou, vestindo suas roupas que estavam jogadas aos pés da cama.
" Eu não acredito que eu fiz isso! " exclamou para si própria, com vontade de rir e de chorar ao mesmo tempo. Abriu a porta - que rangeu baixinho, gerando uma pequena remexida de Harry - e saiu, deitando no sofá e apoiando o rosto nas mãos.
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Harry acordou com a cama vazia ao seu lado. Se sentou, espreitando os olhos com a claridade que entrava pela janela. Ao lembrar de tudo o que havia acontecido, sorriu, se jogando novamente na cama. Após alguns minutos de pensamentos um tanto quanto "indescentes" ele voltou a ficar sério, colocando as mãos debaixo da cabeça.
" E agora?" perguntou para si mesmo. Quer dizer, desde o primeiro momento que começara a "dar em cima" de Hermione só queria fazer amor com ela. Mas, e agora? Assumia e "namorava" ela ou "esquecia" o que havia acontecido naquele dia? " A segunda opção me parece mais convincente " pensou, sorrindo e voltando a dormir.
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Quando Harry acordou novamente, já passavam das 10 horas. Embora ainda continuasse com sono, se levantou rápidamente, seguindo até à sala.
Hermione já estava lá, e folheava uma revista compulsivamente. Ao ver sua presença, fechou rápidamente a revista e escondeu-a atrás de si, impedindo-o de ver o que estava na capa.
Revirou os olhos, abrindo a geladeira e pegando uma pêra para comer. Se sentou no sofá e ligou a televisão.
- Harry...- Começou Hermione, estalando os nós dos dedos, nervosa. Ele a olhou.
- Que foi?- Perguntou, e ela continuou a ficar sem falar nada.- Sabe, eu tenho um jogo de quadribol para assistir.- E voltou sua atenção para a televisão.
Meio irritada, Hermione disse:
- Você... Você age como se nada tivesse acontecido!- Ele ainda não dava 1/3 da sua atenção para o que ela dizia.- ESTÁ ME OUVINDO?- Gritou.
Harry a olhou inocentemente.
- Eu não sei do que você está falando.- Disse, e embora tentasse parecer convincente e inocente, Hermione não pôde deixar de perceber uma nota de ironia no que ele dizia.
- Claro, você não sabe de nada! É isso que você sempre faz, não é, Harry?- Perguntou.- Dorme com as mulheres... E depois, por incrível que pareça, você vira amnésico!- Reclamou, e os seus olhos pareciam dois pontinhos castanhos. Harry ainda continuava indiferente, assistindo a televisão. E a calma dele a estressou mais do que se ele falasse qualquer coisa.- E é claro, a Hermione idiota aqui cometeu o erro de se envolver com você. Francamente, como eu pude cair nessa?- Perguntou, respirando fundo. Se percebia, por menor que fosse, um pequeno sorriso se formar nos lábios de Harry.
- Eu-continuo-sem saber-do que- você- está- falando.- Ele quase cantou essas palavras, e pela primeira vez em toda a conversa ele a encarou, agora sem a mínima vontade de esconder que sorria.
- Mas... Mas...- Os lábios de Hermione tremiam.
- O que foi? Vai chorar?- Riu ele. Mione não podia acreditar no que ouvia.
- Você... Você disse que me amava!- Disse, baixinho.
- Se eu não dissesse na certa você jamais ficaria comigo, não é?- Perguntou, e ainda ria. Hermione sentiu seus olhos se encherem de lágrimas.
- Quer dizer que era mentira?- Perguntou ela, sua voz mais fina do que normalmente. Ele revirou os olhos.
- Bem... Como posso explicar? A palavra certa não é amor, sabe, é vontade.- Concluiu. Hermione abriu a boca, mas não falou nada, e por isso se encolheu ao lado dele no sofá.
Ela não podia expressar o sentimento que sentiu naquela hora. Só sabia que não era paixão, tristeza nem muito menos alegria. Era um sentimento que ela nunca sentira em toda sua vida... Era o desejo de vingança.
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Durante o tempo que ficara ali ao lado de Harry, Hermione não conseguia pensar em nada para machucar Harry de verdade, já que ele não era burro nem muito menos sentimental.Mas, antes que pudesse pensar em qualquer coisa, a única coisa que queria perguntar no momento era:
- Porque você não me deixou ir embora ontem?
Ele a olhou brevemente, antes de responder:
- Claro que não, já pensou um homem sozinho numa casa? Quem iria fazer comida, lavar louça, passar a roupa...
Ela deu um muxoxo de desaprovação.
- O.K., isso já é o bastante.- Disse, mal humorada. Pegou as chaves e parou, hesitante.
“ O que há de mal em aparatar? “ perguntou-se, antes de sair dali com um craque.
- Hermione?- Perguntou Harry, assim que olhou para os lados e não viu ninguém.
“ Para onde ela foi? “ perguntou-se, levemente assustado. Em geral ela nunca aparatava, somente em casos de extrema importância.
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- Ora, ora, ora, quem é vivo sempre aparece, não é, Granger?- Perguntou Malfoy, assim que Hermione aparatou em frente à sua casa.
- Eu quero ver a Gina.- Disse ela, fingindo ignorar o que ele disse.
- Ela não está em casa.- Respondeu ele friamente.
- QUEM não está em casa, Draco?- Perguntou Gina, irritada, saindo pela porta. Obviamente estava o vigiando de algum lugar.
Draco percebeu o tamanho do fora e revirou os olhos, saindo dali disfarçadamente.
- Ele anda dizendo para todo mundo que eu não estou em casa.- Resmungou, abrindo o portão.
- Anh... Acho que deve ser normal para ele.- Respondeu, sorrindo. A amiga suspirou, enquanto se sentava num banquinho à sua frente.
- Ele anda insuportável esses dias... Não toca em mim, como se eu fosse uma valiosa boneca de porcelana e pudesse quebrar...- Suspirou, enquanto prendia os cabelos para trás com um lápis.
Hermione abafou o riso.
- Bom... Não se compara ao que eu sofro lá em casa.- Reclamou,revirando os olhos.- Eu... Eu... Ontem, sabe .... Cometi o erro de.... hum.. Fazer “algo mais” com Harry.. e hoje ele está fingindo que nada aconteceu, Gina! E agora? Eu não posso deixar as coisas assim! Ele já está o bastante egocêntrico demais para o meu gosto, imagine se eu deixasse as coisas assim como estão!- Terminou, sentando-se ao lado da Gina e esperando a resposta.
A amiga parecia pensar em algo.
- Com o Draco não foi muito diferente... Sabe, ele só queria curtir a vida... E, mesmo sabendo que ele “esqueceria” no dia seguinte, eu fui continuando, sabe... dormindo com ele... E depois de um tempo ele adquiriu um ciúme violento de mim... Draco não podia ver um homem olhar para mim, quanto mais para minhas pernas... Demorou um pouco para “cair a ficha” dele... E quando eu percebi que ele já tinha se dado conta de que me amava, eu simplesmente terminei com ele.- E parou para dar uma risada.- Você não sabe como Draco ficou... Desapontado, depressivo... Ele tinha uma obsessão comigo, entende... Mas eu falei que não queria nada com ele... E, para faze-lo sentir ciúme, eu... eu fingi que ia para a casa de um colega e falei isso na frente dele... E Draco ficou pensando, no dia seguinte, que eu tinha dormido com esse colega... Mas na verdade no dia seguinte eu só fiquei na ressaca mesmo, mas nada demais... E, quando eu vi que ele estava REALMENTE arrependido, eu aceitei ele de volta. E depois casamos. Só.- Terminou, feliz.
Hermione ficou boquiaberta; tanto pela maldade da amiga, quanto pela criatividade.
- Uau.- Foi só essa a palavra que Hermione conseguiu dizer. Mas Gina se deu por satisfeita.
- Mas é claro, cada homem tem seu jeito, entende... O Harry se tornou frio, fechado... Então eu não sei se isso daria realmente certo com ele.
- Não precisa se preocupar, Gina.- Respondeu Hermione.- Acabei de ter uma idéia brilhante!
E, antes que Gina pudesse dizer qualquer coisa, Hermione aparatou.
”Droga... Odeio que me deixem sozinha” resmungou Gina, enquanto ia para o interior da mansão.
* * *
Minutos depois de passar numa loja que vendia poções mágicas, Hermione se sentia desumana enquanto caminhava pelos corredores do hotel onde Rony estava hospedado. Afinal, estaria usando ele. E logo Rony, que nunca fizera nada de mal à ela! Muito pelo contrário... Só trouxera alegria enquanto estava triste...
- Eu não presto... Eu não presto... Eu não presto...- Repetia histericamente, enquanto caminhava nervosamente pelos corredores. Até que parou à uma porta marrom.
Respirou fundo duas vezes, antes de bater na porta. Como ninguém atendeu, bateu na porta mais forte. Estava prestes à arromba-la, quando Rony a abriu por dentro, fazendo-a cambalear um pouco para frente. Ele estava com cara de quem acabara de acordar.
Hermione pigarreou.
- Ehr... Você... hum... estava dormindo?- Perguntou, um pouco desconcertada.
- Bom... estava, sim. Mas já que estou acordado, quer entrar?- Perguntou ele, sorrindo ao ver a expressão de Hermione. Fez que sim, antes de entrar no local.
O lugar tinha uma aparência caseira e confortável, com diversas poltronas e almofadas por todo o lado. A lareira estava apagada, embora ainda fossem visíveis as cinzas da noite anterior. A cama estava desarrumada, obviamente ele acordara assustado com que alguma maluca arrombasse a porta do seu quarto. Riu com o pensamento.
- Anh.. Quais as novidades?- Perguntou ele, para quebrar o silêncio monótono que estava entre os dois.
- Ah... é.- Respondeu, e ao ver a besteira que havia falado, balançou a cabeça.- É que... Rony... Eu estou muito preocupada com algo.- Disse, andando pelo quarto e parando de costas para ele.
- Com o quê?- Perguntou Rony, erguendo as duas sobrancelhas de forma interrogativa.
- É o Harry... Eu não sei o que há com ele... Nesses últimos dias, ele têm me olhado de uma forma diferente... E, ontem, ele me beijou à força! Eu... Eu não sei o que está acontecendo...- Disse, enquanto suspirava.
- O Harry? Você está de brincadeira, não é? Ele jamais faria isso!- Rony parecia tentar não acreditar no que Hermione dizia.
- Eu.. Eu também pensei isso, Rony... Mas, mas... Ele... Ele fez isso comigo sim!- Respondeu, andando pelo quarto e ficando em frente à Rony.- Acredite em mim, Rony. Por favor.
O amigo a olhava duvidosamente.
- Eu... Eu preciso pensar, Hermione... O Harry nunca fez isso, me compreenda!
Hermione fez um olhar aborrecido.
- Então você não acredita em mim?- Perguntou, e abaixou os olhos rápidamente. Rony a olhou assustado.
- Não, Hermione, não! Eu só quero pensar um pouco, só isso!- Repetiu ele, respirando fundo.
- Então... tudo bem. Quer que eu prepare uma bebida para você?- Perguntou, docemente. Ele fez que sim com a cabeça. Sorriu, antes de ir ao frigobar. Pegou duas taças, e em uma despejou vinho, e na outra a poção da ilusão.
“ Ah, Rony... Me desculpe. “ lamentou-se, no pensamento, antes de voltar com as duas taças. Rony bebeu a poção, e durante um tempo ficou desnorteado, olhando para um ponto fixo além de Hermione. Depois, ele piscou os olhos e encarou Hermione como se nunca tivesse visto algo tão puro e inocente.
- Você precisa me ajudar, Rony... O Harry está me fazendo sofrer muito.- Disse, e Rony engoliu em seco, balançando a cabeça positivamente.
- Não fique preocupada, Hermione... Eu vou conversar com o Harry.- Respondeu Rony, e depois ele dormia profundamente, com a cabeça encostada no ombro de Hermione.
Ela sabia dos efeitos colaterais da poção, e ele dormiria até as 10 horas do dia seguinte. Seu objetivo, até então, era fazer Rony brigar com Harry. Depois, é claro, namoraria com Rony. Não havia melhor forma de vingança se não namorar com o inimigo de Harry, não é?
Só que o único problema- e o pior de todos- era que estava envolvendo Rony, que não tinha nada com isso, no meio. Ele era inocente, e não tinha nada a ver com as brigas que tinha com Harry. Então,porque estava fazendo isso? Será que estava ficando cega e egoísta, ao querer se vingar de Harry? Pois estava tentando fazer isso passando por cima das pessoas, e sabia que isso era errado. Hermione não tinha certeza sobre nada, mas a única coisa que podia pensar é que agora era tarde demais para desistir de tudo.
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Tomando cuidado para, por precaução, não acordar Rony, Hermione colocou ele deitado no travesseiro. Se virou, e dando um último suspiro em direção à Rony, desaparatou.
(N.A.: Já passou umas 5 horas desde que Hermione saiu do AP, ok?)
Para a sorte de Hermione, Harry não tinha tido a infeliz idéia de convidar Helena para a casa.
“ Bom... isso já é um começo” pensou, meio alegre. Caminhou em direção ao seu quarto, mas ouviu uns ruídos no quarto de Harry.
“ Ah não acredito! Eu e minha grande boca” pensou, irritada. Se trancou em seu quarto, e depois de algumas horas os ruídos cessaram. Ela sabia que não era muito da sua conta, mas queria ver a cara da mulher. “ Ver se ela pelo menos é mais bonita que eu “ riu.
A porta se abriu e revelou uma mulher alta e magra, com cabelos lisos e pintados de rosa-choque que lhe batiam na nuca e aparelho nos dentes.
Ela se virou para trás, sussurrou algo e virou sorrindo, antes de sair pela porta.
A mulher parece que não havia nem reparado em Hermione, pois saiu de lá como se ela nem existisse, sem dar oi ou tchau.
- Como têm coragem?- Perguntou, entre dentes. Harry coçou a cabeça.
- Será que não tenho privacidade?- Perguntou ele, encostando-se na porta.- Mas, para você não ficar em dúvida, eu chamei ela desde ante-ontem para cá, e ela ficou tão empolgada que fiquei até com medo de desmarcar. – Explicou ele, como se fosse a coisa mais simples do mundo.
- E... Ontem não significou absolutamente nada para você?- Perguntou, respirando fundo.
- Bem... Foi bom. Podíamos até repetir mais vezes.- E ele piscou.
Hermione revirou os olhos, e o encarou. Teve uma idéia tão súbita que assustou até sua alma. Aproximou-se, lentamente, e colocou suas mãos ao redor do pescoço de Harry. Sorriu. Roçou seus lábios nos de Harry lentamente, antes de começar à beija-lo intensamente.
Harry ficou sem entender, e de início pensou que ela havia levado ao pé da letra a sua frase. Quando foi chegar mais perto de Hermione para tornar o beijo mais intenso ainda, ela se afastou.
- Seria bom que tenha aproveitado... Pois esse foi o último.- Disse, friamente. Ela foi se virar, mas ele segurou seu braço.
- De todas as mulheres que eu já conheci, Hermione... Você é a única que eu não entendo.- Ele não falava isso rindo, pela primeira vez. Ela sorriu secamente, antes de se virar e caminhar à passos duros em direção ao seu quarto. Bateu a porta fortemente, descontando na porta toda a raiva que sentia de Harry.
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