Antes de uma Festa...



A semana toda transcorreu sem grandes alterações. Snape e Hermione conversavam sempre as mesmas coisas, com enfoques diferentes. Algumas vezes ela pedia a opinião dele sobre alguma coisa e ele lhe explicava com prazer.
Outras vezes, Snape fazia algum comentário despretensioso sobre suas aulas e ela dava algum conselho, logo se desculpando por achar que podia aconselhá-lo. Houve um dia, entretanto, que ele disse para ela parar de pedir desculpas por aconselhá-lo, que ele gostava das idéias dela. Aquilo foi o primeiro elogio direto, e foi lá pelo fim de setembro.
Gina, que estivera na França estudando para ser medibruxa, veio a Hogwarts para ser assistente de madame Pomfrey, que a recebeu de braços abertos. Agora ela e Hermione haviam voltado a ser as melhores amigas do mundo. Snape, aliás, ficou um pouco enciumado, porque Hermione conversava menos com ele agora.
De alguma forma, ele achou que a presença de Gina Weasley não seria nada boa para ele desde a primeira vez que a viu conversando com Hermione – as duas às gargalhadas, as duas falando muito. No momento da chegada da ruiva, ele tentou racionalizar a questão e achou que elas tinham muito assunto para pôr em dia, mas ao fim de duas semanas que Hermione deixou de encontrá-lo várias vezes no corredor ele se sentiu negligenciado por ela. E não soube por que isso contribuiu para o seu humor voltar ao abismo negro que sempre fora.
Os alunos, que sequer reclamavam mais de injustiças na sala de aula e estavam até começando a gostar da aula dele, receberam com espanto a súbita mudança de humor dele. Quando um setimanista da Sonserina comentou com outro que aquilo era falta de sexo, ele tirou 50 pontos de sua própria casa, o que deixou todos os alunos bem mais cautelosos.
Na hora do jantar daquele dia – em meados de outubro – Hermione ousou interromper o silêncio sagrado da refeição dele para perguntar:
- Todos os alunos estão comentando... Você realmente tirou 50 pontos da Sonserina?
Os outros professores todos pararam de comer para prestar atenção, mas não ousaram olhar para lá.
- Sou professor; dou pontos para quem eu quiser, tiro pontos de quem eu quiser, na hora que eu quiser e quanto eu quiser – disse ele, sério, mal humorado, ácido.
Hermione arregalou os olhos; ele sequer a olhara.
- Snape, eu... me desculpe... – murmurou ela, desconcertada.
- Já disse alguns milhões de vezes para parar de me pedir desculpas toda hora, menina – retrucou ele, olhando para frente.
Hermione tentou construir uma resposta, mas estava tão embaraçada que nada saiu de sua boca.
- Por que está falando comigo desse jeito, Snape? – perguntou ela, apreensiva, temendo ter feito algo errado.
Snape não se deu o trabalho de responder, e ela começou a pensar. Uma idéia lhe veio à mente e ela sabia que morreria se não perguntasse:
- Você se lembrou do que aconteceu na batalha final e não gostou, não foi? – o tom dela foi tão apreensivo que ele olhou-a.
- Não me lembrei de nada – o tom dele saiu mais ameno.
Hermione olhou para o outro lado e sentiu algumas lágrimas acudirem-lhe aos olhos, mas não ia chorar. Não na frente de todo mundo. Ficou pensando no que poderia ter feito para deixá-lo tão irritado e se perguntou o que poderia ter acontecido para que o humor dele ficasse tão corrosivo de repente.
Sem achar resposta, ela se levantou antes da sobremesa ser servida e, transtornada, saiu do salão. Gina foi atrás dela correndo e, após algum tempo, voltou, parecendo um pouco magoada.
Snape ficou se perguntando o que Hermione teria dito para ela, e levantou-se ele mesmo, por fim, para ir falar com a jovem professora.
Caminhou a passos firmes para as masmorras e seu caminho foi apenas obstruído por uma jovenzinha setimanista de sua casa.
- Professor...
- O que é? – perguntou ele, com um olhar fulminante e uma voz seca.
Ela pareceu se assustar.
- Eu só... – ela viu que não conseguiria falar e aproximou-se dele de uma vez só.
Pego de surpresa, Snape recuou. Regina olhou para ele com um ar malicioso e murmurou:
- Professor... Achei que... talvez... você tivesse mudado de idéia... Faz tempo que não apareço...
Snape suspirou e, com alguma grosseria, segurou os punhos dela para afastá-la, pois ela havia envolvido o pescoço dele com seus braços.
- Menina, afaste-se de mim. Não estou com o melhor dos humores para me livrar dos seus joguinhos. Se você está com vontade de transar com alguém, há muitos setimanistas em Hogwarts – disse ele, tirando-a de seu caminho.
Regina, muito irritada, olhou-o afastar-se. Sabia aonde ele ia. Pensou em segui-lo. Entretanto, Gina Weasley aproximou-se correndo.
- Professor Snape! – gritou ela.
Snape parou ao identificar a voz de Gina, e virou-se.
- O que você quer? – perguntou ele, seco.
Gina olhou em volta e seu olhar pousou em Regina.
- Venha aqui – disse ele, e encaminhou-se para seu próprio quarto.
Gina seguiu-o em silêncio submisso e, quando entraram na salinha de estar que ele tinha, ele fez sinal para ela se sentar no sofá. Ele sentou-se em sua poltrona.
- Pode falar.
Gina suspirou.
- O senhor deveria ter mais cuidado quando falar com a Mione no meio dos seus acessos de mau humor – disse ela, cautelosa.
Snape arqueou as sobrancelhas.
- Do que você está falando, srta. Weasley? – perguntou ele.
Gina suspirou.
- Ela não percebeu que o seu humor mudou assim por causa dela – disparou Gina de uma vez só. – É por que ela anda conversando mais comigo, quase o tempo todo, não? Eu fiquei sabendo que vocês estavam mais próximos... E lembro muito bem que o senhor não se aproxima de ninguém. Então você está só com ciúmes dela, mas ela não viu isso.
Snape abriu a boca para xingá-la e expulsá-la, mas ela disse antes:
- A Mione te ama, professor – a boca de Snape ficou aberta. – Aquela idiota não te fala isso, mas ela ama e nem me lembro desde quando, de tanto tempo que faz. Aí você fica com crise. É claro que a gente não se larga, professor; ficamos quase um ano sem nos ver... Ou o senhor não ficou sabendo que o Harry convenceu os meus pais a me fazerem ir estudar o último ano na Beauxbottons?
O silêncio pesou um pouco entre eles.
- Para que você veio aqui me dizer isso?
- Porque ver a Mione chorando é insuportável – retrucou Gina, e acrescentou: – Principalmente por alguém que não merece ela.
Snape arqueou a sobrancelha esquerda e Gina disse:
- Olha, eu não tenho nada contra o senhor; o problema é que o senhor está só começando a se dar bem a com a Mione. Você não sabe como ela é. A visão que todo mundo tem dela é essa que ela passa: forte, agüenta tudo, qualquer humilhação ela tira de letra, né? Afinal, passou seis anos sendo a preferida do professor de Poções, até mais que o Harry! Mas as coisas não são assim. Ela não é tão forte quanto parece. Ela também sente, igual todo mundo. E sente, principalmente o que o senhor fala para ela. E agora ela deve estar numa missão, repassando na cabeça dela cada mínima coisa que ela fez desde que o seu humor ficou tão explosivo. E não adianta eu dizer para ela que é porque o senhor está com ciúmes, que ela não vai acreditar. Ela acha que a presença dela não tem importância para o senhor. Aliás, ela até comentou comigo ontem mesmo que até achava melhor falar menos com o senhor, para não te importunar demais com a presença dela! Sabe, você devia conversar com ela; eu odeio mal entendidos. Eu vi os olhares de ódio que você me lançava e a Mione nem percebeu. Ela é cega quando se trata de você.
Ela parou para respirar e encarou-o, desafiante. Snape não sabia o que dizer e nem o que pensar. Ele precisava de tempo para absorver tudo o que tinha ouvido.
Gina, felizmente, pareceu compreender isso e levantou-se para ir embora. Parou à porta e disse:
- Desculpe se eu o ofendi de algum jeito, professor, mas eu só queria que o senhor ouvisse o que eu tinha a dizer até o fim, por isso fui tão grossa. Boa noite.
E saiu. Snape nem tomou consciência disso; sua mente trabalhava numa velocidade absurda. Hermione o amava. Ele não tinha chegado a pensar tanto. Achou que ela gostasse dele por algum motivo estranho. Chegou a considerar que a confiança que ela demonstrou na batalha – pelo que Potter contara – fora por alguma tolice grifinória, mas nunca, nunca imaginara que ela o amasse. Achou difícil que Gina tivesse mentido. E ela parecia falar a verdade. Uma verdade, aliás, de que ela parecia na gostar muito.
Os pensamentos se espalhavam em sua cabeça de forma desconexa e ele sentiu sua cabeça rodar. Queria falar com Hermione, mas achou que ela não teria ido para o quarto se queria evitar a amiga ou mais alguém.
Levantou-se e encaminhou-se para o jardim. Não sabia por quê, mas achou que ela estaria perto do lago. Não fazia idéia de onde tirara aquela conclusão, mas tinha quase certeza. Caminhou até lá, feliz por não encontrar Regina em seu caminho. Ele não poderia dizer que amava Hermione – isso já era demais – mas ele começara a sentir certa afeição por ela. Tanto é que estava com ciúmes (e para si mesmo ele podia admitir isso).
Surpreendeu-se quando observou a silhueta dela ainda ao longe. Tinha acertado. Aproximou-se com passos leves, pois não queria que ela fingisse que não o vira e fosse embora.
Hermione assustou-se ao sentir uma mão em seu ombro.
- Granger – a voz de Snape a fez arrepiar-se.
Ela fechou os olhos e respirou fundo. Ele ainda estava atrás dela e ela sentia o peso do olhar dele.
- Pode falar, Snape – murmurou ela, e ele pôde sentir o fundo de mágoa que a voz carregava.
- Ahn... me desculpe. Eu não pretendia descontar o meu mau humor em você.
Ela suspirou.
- Você sempre fez isso. Já estou acostumada. Mas ainda não entendo o que foi que eu te fiz... Era só uma pergunta; nada demais.
- Bom... é que não gostei do que aquele sonserino falou de mim. Eles não costumavam falar mal de mim antes. Não quando eu estivesse por perto.
- Estou me sentindo tentada a perguntar o que era – murmurou ela, e ele sentiu a ponta de riso que o tom dela trazia. Sentiu-se aliviado.
- Ele disse que meu mau humor era por falta de sexo.
Hermione riu.
- E era? – questionou ela, zombeteira.
- Talvez fosse – disse ele, meio que sorrindo.
Hermione cruzou os braços na frente do corpo para se proteger do frio. Snape estava em dúvida, mas aproximou-se mais e abraçou-a na cintura. A jovem arrepiou-se e respondeu a ele encostando as costas mais no peito dele. Deixou a cabeça se apoiar no ombro dele e fechou os olhos. Snape ficou maravilhado com a facilidade com que ela se submetia a ele, com que ela se entregava a ele. Beijou o lado do pescoço dela e sussurrou:
- Você estaria disposta a acabar com o meu mau humor?
A gargalhada que ela soltou reverberou até em sua alma.
- Oh, sim, eu estaria muito – respondeu ela, sem sair de como estava.
Ele beijou mais vezes o lado do pescoço dela até o lóbulo da orelha.
- Hum... – foi o único som que ela emitiu.
- Granger – sussurrou ele com a boca no ouvido dela, fazendo-a se arrepiar toda. – Eu quero sentir o gosto da sua boca.
Hermione virou-se de frente para ele, mas segurando as mãos dele para que não a soltassem. Olhou para dentro dos olhos dele e murmurou, com a boca a menos de três centímetros da dele:
- Vem.
Snape puxou o corpo dela para unir-se ao seu pela cintura com uma mão e à outra foi à nuca dela, trazendo-a para perto. Os lábios dele tocaram os dela, que imediatamente abriu a boca para receber a língua dele. Snape beijou-a com uma fúria que ela jamais poderia prever. A língua dele encontrou a dela e ambas começaram a duelar no ritmo exigido por ele.
Quando os lábios finalmente se separaram, os dele desceram pelo pescoço dela com a mesma fúria anterior e Hermione viu-se arqueando nos braços dele e soltando pequenos gemidos.
Uma chuvinha fina começou de uma hora para outra e um trovão fora de época assustou-os. Ambos tinham a respiração ligeiramente desritmada quando se olharam nos olhos outra vez.
- Não conheço muito bem a arte de dar prazer aos homens... por vontade própria – ela murmurou quase em tom de desculpas. – Mas espero que esteja satisfeito com o gosto da minha boca.
- Demais – disse ele, acariciando a cintura dela com uma mão e, com a outra, o rosto dela. – A mais gostosa que eu já beijei até hoje.
- Você também disse para a Regina que ela era gostosa – lembrou Hermione, desapontada.
- É, mas para você eu disse que você era a mais gostosa que eu já tinha beijado – resmungou Snape. – Isso é bem diferente. E talvez você quisesse saber que eu tenho uma boa experiência nisso.
Hermione fez uma careta e abraçou-o com mais força quando a chuva aumentou.
- Está frio aqui – sussurrou ela.
Snape abraçou-a com mais força, sentindo os seios dela comprimidos contra seu peito. Ele aproximou o quadril mais do corpo dela, mas desistiu rápido, temendo assustá-la.
- É melhor nós entrarmos – disse ele, ainda abraçado a ela. – Você pode ficar doente.
Hermione disse que sim e os dois caminharam abraçados; ela morrendo de frio, ele sentindo muito calor. Entraram por uma entrada lateral que levava direto às masmorras e separaram-se para caminhar lado a lado pelos corredores.
Quando chegaram perto da porta do quarto de Snape, ele ponderou se devia ou não convidá-la para entrar e ficar mais um pouco, mas ele achou que deveria dar mais tempo a ela. Saber que ela o amava por um lado poderia ser uma vitória, pois ele conseguiria qualquer coisa que quisesse dele com um pouco de encorajamento. Por outro lado, ele não era esse tipo de homem; achou que, se ela o amava mesmo, tudo ficava mais complicado. Não queria que ela se envolvesse mais do que ele queria dela – e ele admirou-a novamente por pensar nisso: se ela o amava e sabia que ele não queria mais que sexo, foi muito prudente da parte dela afastar-se.
- Ahn... boa noite – disse ele, sério, com a mão na maçaneta.
Hermione lhe sorriu e ele não imaginou por quê. Ela aproximou-se e deu um beijo leve no rosto dele e disse:
- Boa noite, professor Snape – murmurou ela em tom de gracejo. E afastou-se pelo corredor, deixando Snape paralisado, olhando-a sem entender.
Ele entrou no quarto pensando. E pensou demais. Pensou que o beijo que ela lhe dera no rosto fora muito mais íntimo que o caloroso beijo à beira do lago, pois era um gesto de proximidade. O beijo no lago fora uma coisa levada mais pelo desejo; o beijo no rosto revelava afetuosidade. Ela sabia que eles não tinham esse grau de abertura um com o outro. Porque um beijo de língua pode acender os ânimos, pode demonstrar amor, mas pode não significar nada, enquanto aquele beijo no rosto, por mais simples e patético que fosse, era um sinal de carinho, algo que não existia entre eles. O que havia entre eles era uma formalidade. Eles conversavam como colegas de trabalho. Saíam juntos como colegas de trabalho. Falavam de suas vidas como colegas de trabalho. E colegas de trabalho não se dão boa noite com um beijo no rosto. Um envolvimento sexual era algo muito mais comum e mais simples entre colegas de trabalho do que a intimidade de um beijo de boa noite no rosto.
Com a cabeça quente, Snape entrou em baixo do chuveiro para tentar esfriar os nervos. Descobriu que estava pensando muito mais na outrora insuportável Sabe-Tudo do que jamais admitiria para alguém. Tentou pensar em alguma parte do dia em que não houvesse pensado nela. Até quando corrigia lições ele pensava nela! No quanto era uma aluna brilhante, uma mulher brilhante, agora.
E ele ficou confuso quando tomou consciência de que ela o estava atraindo em pouco mais de dois meses de aula mais do que qualquer outra mulher havia conseguido; ela chamava sua atenção com um olhar, quando tantas outras que passaram por sua vida fizeram tanto mais para que ele as notasse.
Então Snape saiu do banho e sentou-se em seu sofá, realmente intrigado. Queria descobrir a todo custo o que exatamente sentia por aquela grifinoriazinha insolente. Pensou. Pensou. Pensou. Quando já tinha pensado o bastante, pensou mais um pouco. Chegou a algumas conclusões. A primeira era que não a amava, não o lendário amor tão cantado por todos os humanos. A segunda foi que ela lhe chamara a atenção fisicamente desde que haviam conversado sobre as lições que ela dera – isto é, no dia em que se reencontraram. A terceira foi que ele se importava muito com a opinião dela a seu respeito, por isso chegara a temer que Regina houvesse contado a história toda alterada. A quarta foi que ele realmente a admirava por sua inteligência e capacidade de rápida compreensão. A quinta foi que ele descobriu que fizera muito para chamar a atenção dela ultimamente. A sexta foi que ela era algo bastante próximo de uma amiga, pois ele nunca se abrira tanto para deixar alguém ver como ele era por dentro quanto fizera algumas vezes com ela. A sétima foi que adorava fazê-la sorrir. A oitava foi que estava se afeiçoando a ela com uma rapidez assustadora. A nona foi que ele precisava rever a primeira. Talvez ele a amasse. Um pouco, um início de amor, ou algo bem parecido. Afeto, carinho, preocupação, ciúmes, admiração – se isso tudo junto não era amor, era um caminho rápido para lá.
Cansado, Snape suspirou. Pensou no que ia fazer com essa brilhante conclusão. E sua cabeça deu vários nós. Estava dividido entre esperar ter certeza de que era amor mesmo para poder começar a se aproximar mais dela ou se já se aproximava desde já. Se ela o amava como Gina dissera, ele achou que não precisava de muito encorajamento para que ela o aceitasse. Ele só teve medo de não aceitá-la. Teve medo de magoá-la. Suspirou irritado consigo mesmo, exausto, e decidiu pensar mais nisso depois. Ele precisava dormir.

De manhã, Hermione entrou com Gina no salão central e Hermione parecia especialmente brava com a ruiva. Vinha com uma expressão muito irritada, que Snape observou apenas de longe, achando-a mais graciosa com aquela cara séria.
Gina foi para seu canto na mesa e Hermione sentou-se em seu lugar ao lado de Snape. Estava brava, mas, quando seu olhar encontrou o de Snape, ela olhou para baixo, constrangida. Snape num minuto entendeu que Gina havia contado a ela o que eles haviam conversado.
- Bom dia para você também, Granger – gracejou Snape.
- Ah... bom dia – disse ela, bem mais calma, ainda um pouco embaraçada.
- Espero que tenha dormido bem – disse ele, olhando-a, esperando apreender alguma coisa das reações dela.
- Sim, obrigada – tornou ela, seca.
Snape entendia que ela estivesse constrangida, e a súbita compreensão de que ela achou que seria desprezada o fez tomar um choque. Em sua mente, veio Harry lhe falando do que ela havia feito por ele na batalha e ele entendeu que ela devia ter dado alguma demonstração de amor mesmo antes de saber que ele não era um traidor. Ele apenas se perguntou por que ela supunha que ele não gostaria disso.
- Parece que não – disse ele. – Está com um humor pior que o meu.
- Você dormiu bem? – perguntou ela, levemente irritada.
- Pela primeira vez em anos, sonhei com anjos – respondeu ele, calmamente.
Hermione ia responder com grosseria, mas seu cérebro processou o que ele disse e ela corou levemente. Não havia tido nenhuma referência direta a ela, mas não importava.
Hermione olhava para seu copo fixamente, séria, pensativa. Ou Snape gostou de saber que ela era apaixonada por ele porque ele gostava dela ou porque seria mais fácil ele transar com ela nessa condição. Achou que a segunda expressaria melhor as intenções dele, e isso a deixou um pouco chateada. Ela não tinha ilusões de que algum dia ele fosse gostar dela, mas ficou abalada. Suspirou.
- Hermione, acho melhor eu conversar com você – disse Snape, vendo nos olhos dela o que ela estava pensando. – Depois do café da manhã... em algum lugar.
Hermione olhou para ele, curiosa.
- Sobre o que? Ahn... não dá... tenho aula agora e...
- Granger, hoje é sábado – disse ele, pacientemente, vendo todo o desconcerto dela.
- Ah... é mesmo – ela murmurou, embaraçada por não ter inventado uma desculpa melhor. Sentiu medo de ouvi-lo desprezá-la, humilhá-la, ou de ouvi-lo dizer a ela coisas parecidas com as que ele dissera para Regina Black.
- Não seja estúpida, menina – disse ele, grosseiramente. – Estamos nos entendendo muito bem há dois meses e meio e você me vem com essas dúvidas imbecis?
Hermione olhou-o com os olhos arregalados, ofendida.
- Da próxima vez que você usar uma Legilimens em mim...
- Você vai usar direito a sua oclumência – disse ele, sério. Sem ver nada, ele sabia que incorporar o professor de Poções funcionava para mantê-la calada.
Hermione olhou-o com raiva.
- Fica se divertindo na minha mente há quanto tempo? – perguntou ela, ressentida.
- Foi a primeira vez eu fiz isso; estou pronto a jurar – assegurou Snape.
- Não é pra fazer isso de novo – ela disse.
- Não faço. Eu só queria saber por que o medo de vir falar comigo, sendo que nós nos falamos há algum tempo já.
- Bom... quase sempre por acaso... ou para tratar de aulas e outras coisas entediantes... – murmurou ela, oferecendo a ele um sorrisinho encabulado.
Snape assentiu, mas nada disse. Dumbledore tinha o olhar longe, mas prestara atenção na conversa com um sorrisinho sábio nos lábios. Quando os dois professores ficaram em silêncio, ele cutucou Snape, que o olhou com uma sobrancelha arqueada.
- Quero falar com você logo depois do café da manhã – disse o diretor.
Snape fez uma cara de desagrado.
- Acabei de falar com a Granger que quero conversar com ela depois do café da manhã.
- Não tem problema; eu quero falar com você antes – disse Dumbledore, tentando se fazer de sério.
Snape já ia retrucar, mas sentiu a mão de Hermione em seu braço e olhou para ela.
- Não tem problema, Snape – disse ela calmamente. – Eu espero.
Snape suspirou, contrariado e, por fim, fez que sim para o diretor.

Uma vez na sala de Dumbledore, Snape sentou-se, olhando-o, esperando ser dispensado logo.
- O que é?
- O que quer que você queria falar com ela, tome cuidado – disse Dumbledore, e nunca parecera tão severo. – Eu a amo como uma filha, entende isso? E ela ama você e já demonstrou isso muitas vezes. Por isso, se você quer se envolver com ela, é bom que leve em conta os sentimentos dela.
Snape suspirou.
- É, eu fui informado dos sentimentos dela por mim ontem à noite pela srta. Weasley, em termos bastante grosseiros – disse ele, como que entediado. – Mas você conhece meu caráter, Dumbledore. Eu não me aproveitaria de alguém séria como a srta. Granger. Apenas ando pensando demais nela ultimamente... Por mais que não tenhamos nada a ver um com o outro, achei que poderíamos tentar... Estamos nos dando bem... Ela me suporta.
- Por incrível que pareça – disse Dumbledore com um sorrisinho.
- Era esse o recado? Já posso ir? – perguntou Snape levantando-se.
- Você irá mesmo que eu não autorize – resmungou Dumbledore.
- É, hoje é minha folga – disse ele.
Snape saiu da diretoria com uma sensação estranha. Era como se fosse dar um passo atrasado. Ele não soube por quê, naquele momento, mas sentia que estava atrasado. E ele odiava conversar. Não era bom nisso, nunca fora. Ele só queria explicar para ela o que se passava na cabeça dele. Por mais que odiasse se abrir com alguém, ele tinha que fazer isso, porque ela tinha dúvidas demais e poderia se afastar dele com medo de se machucar. A tão corajosa Hermione Granger, de fato, não era tão forte como parecia.
Ele a encontrou a meio caminho para seus aposentos e chamou-a com um sinal. Parou à porta de seus aposentos e abriu-a, fazendo sinal para Hermione passar. Curiosa, a jovem entrou. Ele entrou em seguida e trancou a porta.
- Sente-se – disse ele, mais seco do que gostaria. Ele podia não admitir, mas estava ansioso.
Ela obedeceu e ele sentou-se também, mas não em sua poltrona e sim no mesmo sofá em que ela estava. Todavia, ele estava distante.
- O que foi, Snape? – perguntou ela.
- Você estava brigando com a srta. Weasley quando entrou no salão porque ela contou para mim sobre os seus sentimentos a meu respeito? – disparou ele de uma vez só.
Hermione arregalou os olhos.
- Ahn... eu... eu juro que isso não vai interferir em nada na nossa relação – murmurou ela, desconcertada. – Não vou ficar te perseguindo ou te aborrecendo... Juro que não. Pode ignorar isso...
Ela ia falar mais alguma coisa, mas ele fez sinal para que ela se calasse.
- É uma informação valiosa demais para ser ignorada – ele disse.
Hermione olhava para dentro dos olhos dele com a mesma firmeza, mas não a mesma calma de sempre. Permaneceu em silêncio a isso.
- Você estava pensando que eu gostei de saber porque para mim seria mais fácil para ter você – ele disse, sério. Ela fez menção de falar, mas ele novamente fez sinal para ela se calar. – Isso não é verdade. Bom, com certeza seria bem mais fácil, mas achei que você confiasse um pouco mais no meu caráter, depois de ter me devolvido a minha varinha numa batalha em que você achava que eu estava do lado oposto.
Ela arregalou os olhos.
- Você se lembrou?
- Não – respondeu ele e não disse mais nada sobre isso. – Mas, ainda assim... Eu pensei bastante a respeito. Cheguei a algumas conclusões interessantes.
Ela fechou os olhos.
- Não tenho certeza de que quero saber – murmurou ela.
- Mas você vai ouvir, querendo ou não – disse ele, seco. Ele sabia que não facilitava nada assim, mas ele também estava apavorado. – Sabe, tenho que confessar que ando pensando mais em você ultimamente do que jamais teria imaginado. Não só que você desperta alguns sentidos... masculinos.
Ela deu um sorrisinho encabulado.
- Mas também nossas conversas, por mais inúteis que algumas tenham sido... São sempre agradáveis. Quando temos de ir fazer compras para a escola juntos... ou resolver alguma questão... Eu nunca teria esperado que a sua companhia fosse tão... imensamente agradável. E descobri muito recentemente que tenho ciúmes de você... quando sua amiga veio e você passou a me ignorar sistematicamente.
- Eu não fiz isso! – exclamou ela.
- Não quero entrar nessa discussão, senão vou parecer um adolescente de 20 anos – disse ele. – Mas foi por isso que a srta. Weasley veio falar comigo. Ela percebeu que eu estava sendo seco demais com você por ciúmes. Sei que não é o suficiente e não posso dizer que eu amo você; não seria honesto. Mas acho que... não, eu tenho certeza de que posso amar você... Porque você é bonita, é inteligente... eu te admiro, mesmo, e estou sem problemas para admitir isso. Também notei uma crescente... ahn... afetuosidade entre nós dois... Tenho ficado preocupado com você e... quando você me contou aquela sua história... da sua primeira vez... tive um sentimento de proteção... vontade de proteger... e nunca tinha odiado tanto Malfoy até aquela data.
Snape suspirou e olhou para suas mãos, que repousavam em seu colo.
- Eu ainda não acredito que eu disse isso tudo para você – disse ele.
Hermione não teve reação nenhuma durante o discurso dele, de tão chocada que havia ficado, mas agora, ao vê-lo quase tão constrangido e ansioso quanto ela estava, sentiu-se mais segura.
Lentamente, aproximou-se mais dele no sofá. Ele sentiu a aproximação e ergueu o olhar para ela.
- E você não vai fazer nada? – perguntou ela.
- A possibilidade de magoar você de algum jeito me apavora demais para que eu faça alguma coisa – disse ele, fixando os lábios dela.
Hermione ergueu a mão e passou-a no rosto dele. Viu-o fechar os olhos momentaneamente.
- Nunca nenhuma mulher tinha me tocado desse jeito – disse ele, olhando para os olhos dela.
Ela sorriu para ele. Snape podia ter tido várias mulheres, mas nenhuma o amara. E Hermione sabia disso.
Ele segurou as mãos dela com as suas.
- Granger... eu...
Ela pôs uma mão sobre os lábios dele. Ela era suave. Snape estava inebriado.
- Me chame pelo meu nome... quando estivermos sozinhos – sussurrou ela, e tocou os lábios dele com os seus.
A boca dele abriu-se de imediato, e ela beijou-o de verdade. O que antes era um beijo carinhoso virou um beijo incendiado; Snape curvou-se sobre ela, os dois deitando-se no sofá, ele por cima dela. O beijo deles era quente e até desesperado; Hermione sentiu a mão dele descer para suas pernas, mas também o sentiu refrear seu impulso.
Devia mesmo ser difícil para um homem ficar sem sexo por tempo demais. As mãos dele decidiram parar na cintura dela, enquanto as dela passeavam pelas costas dele, cobertas por tantos panos.
Alguém bateu à porta e os dois, sem nenhuma preocupação além do susto, separam os lábios, mas se mantiveram na mesma posição.
- Que saco – resmungou Hermione, levantando-se.
Snape saiu de cima dela e realinhou-se, então se sentou em sua poltrona e fez sinal para Hermione ajeitar o cabelo. Irritado, ele fez a porta abrir-se. Era Regina Black.
Mas que menininha mais irritante, pensou ele, sério.
O espanto dela foi visível ao ver Hermione ali.
- Oi, querida – disse a professora.
- Ahn... oi – disse Regina.
- O que você quer? – perguntou Snape, sério, mal humorado.
- Bom, eu... sei que não devia te incomodar nos seus aposentos num sábado... Mas é que eu... posso falar com o senhor?
- Estou ocupado no presente momento – disse ele, sério. Snape arqueou as sobrancelhas e perguntou: – É algo importante?
A jovem aluna fez que sim com a cabeça. Snape olhou para Hermione, que sorriu e deixou o lugar. Regina ia entrar, mas Snape saiu e disse:
- A última coisa de que preciso na minha vida é de uma aluna nos meus aposentos particulares – disse ele, sério. – Vamos para a minha sala.
Os dois caminharam em silêncio para a sala dele e, uma vez lá dentro, ele disse:
- Se você está pensando em me tentar outra vez, acho que vai levar um belo tapa para aprender a se comportar.
- Não, professor – disse ela. – É que... o Draco... ele me mandou uma carta dizendo que o pai dele tinha um recado para você...
- Um recado? E por que mandaria você aqui e não ele mesmo? – perguntou Snape.
- Hum... parece que Draco não está a fim de se encontrar com você... Algo parecido com medo, se o senhor me entende.
- Claro que entendo. Aquele merdinha vai para Azkhaban assim que for encontrado – disse Snape, cruzando os braços.
- Ele me escreveu isso... e disse que a professora Granger vai morrer antes que ele seja preso – disse Regina. – Acho que eles pensam que você só traiu o Lorde das Trevas por causa dela.
- Lorde das Trevas? – perguntou Snape.
Ela arregalou os olhos.
- Sabe que só os comensais falam assim... – disse ele, aproximando-se dela perigosamente.
A menina recuou até a parede dizer a ela que ela não tinha mais para onde fugir. Snape segurou o braço dela com grosseria e puxou-o, arregaçando a manga e analisando o braço. Uma Marca Negra bem visível, assim com a sua, estava no braço dela.
- Claro que eu disse que você seria uma ótima vadia para os comensais – disse ele, apertando o braço dela com força. Ela teve medo. – Você já tinha alguma experiência no assunto, não é isso, sua garotinha estúpida? E o que mais Malfoy escreveu para você?
Snape lançou-lhe uma Legilimens e agora via o que se passara.

Na noite escura, Regina Black foi para perto de um portão abandonado em Hogwarts. Um jovem de cabelos louros estava parado com um ar de presunção, esperando-a.
- Você demorou demais – disse ele.
- Bom... eu tentei vir antes, mas tive que evitar umas colegas estúpidas.
- Nada com o Snape?
- Nada. Parece que ele já tem uma vadia para ele.
- Quem é?
- Não sei. Pensei na Granger, mas ela é muito estúpida. E ele seria discreto em não parecer tão amigo dela quanto está parecendo nesses últimos tempos.
- Eles andam conversando?
- Demais...
- Ah... então foi por isso que ele foi ver meu pai na cadeia quando a Granger estava lá. Ela deve ter contado sua triste história para ele.
Os dois riram.
- Mas o que você queria comigo, Draco?
- Hum... meu pai tem um recado para o Snape – suspirou Draco. – Disse que a Granger vai morrer logo, logo.
Regina fez cara de desentendida.
- Ele só disse isso?
- Só. Está com raiva da Granger. E o Snape vai mandar uma poção que o deixe sem magia no sangue por uns três anos...
- Temos que tirar seu pai de lá.
- É, eu pensei nisso, mas nem em sonho que temos chance com o Potter e o resto da Ordem lá. Tente conseguir algo com o Snape. E mande esse recado para ele como se eu tivesse escrito para você.
- Draco... eu tenho medo dele.
- Porque você é uma estúpida. Ele não é pior que qualquer um de nós, mesmo sendo o mais poderoso – resmungou Draco. – Aliás, se ele resiste a você, ele é mesmo um homem de nervos.
- Pelo seu próprio bem, espero que isso seja um elogio.
- Isso é, querida. Agora, vá logo antes que alguém dê pela sua falta.

Snape olhava para ela com um meio sorriso.
- Pobre Granger – disse Snape. – E ela ainda defende você, sua vadiazinha sem nenhuma categoria.
- É com ela que você está, não? – murmurou Regina, ressentida.
- Não ainda – disse Snape, soltando o braço dela. – Agora, o que é que eu faço com você? Se você foi estúpida o bastante para se tornar uma comensal da morte e ainda ousa se manter como uma informante dos antigos comensais, acho que o seu lugar é Azkhaban. Como Dumbledore reagiria?
Regina olhava-o com os olhos arregalados.
- Eu imploro... eu... é horrível estar nessa situação. Eles me matam se eu...
- Não me venha com essa, menina. Vi muito bem que a sua situação, embora seja de diversão particular dos homens, não é de estar obrigada a nada. Vou deixar você pensar um pouco enquanto eu penso. Depois, então, vou ver o que eu faço com você.
Regina resmungou qualquer coisa e logo saiu da sala. Snape respirou fundo e fez que não com a cabeça.
- Tão nova e tão bonita servindo de prostituta daqueles cretinos...
Ele tinha que falar com Hermione. Mas, ao ver o salão vazio, lembrou-se de que sábado de manhã era dia de atividades extras e foi até o lago. O exercício do dia era uma dança que Snape não conhecia e ele ficou receoso de atrapalhar a aula para trazer um assunto tão sério à tona. Respirou fundo e andou para os portões laterais da escola, pois teria que sair para aparatar.
Ele desaparatou no Ministério e, passando pela secretária da recepção sem nem olhá-la, disse:
- Vim ver o Potter. Se ele estiver ocupado, mande-o se desocupar até que eu chegue à sala dele.
A pobre bruxa não teve muito a fazer além de obedecer. Logo Snape estava batendo à porta do escritório de Harry, que abriu a porta pessoalmente.
- Tenho um assunto grave a tratar – disse ele, entrando na sala.
- Bom dia para você também, Snape – disse Harry, mal humorado. E sentou-se à sua mesa, pois Snape mesmo já estava sentado. – O que aconteceu?
- Parece que Regina Black, uma sonserina setimanista, era comensal e continua servindo de ligação entre Hogwarts e os antigos comensais que ainda não foram pegos. Ela esteve com Draco. E veio me trazer um recado dele, ameaçando a srta. Granger e coisas assim.
Harry tinha a boca aberta. Snape falara de uma vez só, mas era suficiente para entender.
- E por que você veio procurar justo... a mim?
- Porque eu sei o quanto você gosta da srta. Granger, apesar de eu te detestar. O fato de ser ela vai fazer você se empenhar mais. E... Potter, se precisar da minha ajuda, me chame.
- Você está diferente com ela... – murmurou Harry.
- É, eu estou – disse Snape bruscamente. – Ela tem me chamado atenção. Se tivesse ido para a Sonserina talvez eu tivesse prestado atenção nela antes. Ou se não fosse sua amiga.
Harry fechou a cara, mas suspirou e assentiu.
- A Mione é minha família, Snape. É claro que eu cuido bem dela. Vou ver o que consigo saber com o Malfoy pai.
- E como vai a... adaptação dele em uma prisão trouxa? – perguntou Snape, levantando o canto da boca com um sorriso.
- Conseguimos pôs dois aurores para ficarem de olho nele... Parece que ele está se divertindo aprendendo a lição dele...
- Bom – disse Snape levantando-se. – Me mantenha informado a respeito do que vim te dizer e, se não for pedir demais, não fale sobre isso com a srta. Granger. Ela gosta da srta. Black.
Harry assentiu e abriu a porta para Snape educadamente. Snape hesitou um pouco, mas estendeu a mão para apertar a de Harry, muito a contragosto. Os dois trocaram um aperto de mãos e Snape se foi.



MEUS ANJOSSS!!!

QUE ACHARAM DE MAIS ESSE CAP???

ESPERO Q TENHAM GOSTADO...

MILHÕES DE BEIJOS PRA TODOS QUE ESTÃO LENDO, MESMO AQUELES QUE NÃO ME DÃO O AR DE SUA GRAÇA

BJOKASSSSSSSS

ANNINHA SNAPE

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