Prólogo
A antiguíssima biblioteca de Hogwarts, com todo esplendor e fama de seu respeitável acervo, nunca foi um local tão silencioso e tranqüilo quanto sua finalidade primordial exigia. Era até, inusitadamente, um agitado ponto de encontro para os jovens bruxos em formação. Segundo a responsável pela gigantesca sala, poderiam ser encontrados, com freqüência mais que alarmante, alunos cochilando nas mesas ("...babando nos livros por séculos conservados!"), trocando olhares e bilhetinhos apaixonados, fazendo feitiços amadores que explodiam os vitrais das janelas ou espalhando as últimas fofocas e escândalos da escola. Mas havia, é claro, os "anjinhos". Ainda nas palavras da incansável bibliotecária, os "seres iluminados que não se rebelavam contra a tradição milenar daquelas estantes", passando por ali com seus olhos inocentes e seus bons modos unicamente, para seu deleite e alívio, com o intuito de estudar.
Observados de quando em quando pela bastante sorridente e agradecida senhora, três amigos cumpriam da melhor forma possível o papel dos tais anjos. Hermione Granger, se já fosse nascida, se orgulharia deles. Todos os dias passavam horas silenciosas estudando em um canto afastado, movidos pela apreensão causada pela proximidade dos N.I.E.M.s, exames importantes demais para o futuro de qualquer bruxo. Por isso, para alunos com o mínimo de responsabilidade, eram mais aterrorizantes que um ataque de trasgos enlouquecidos ou um abraço sufocante da Lula-Gigante.
Remo Lupin esfregou os olhos, tentando não ser vencido pela vista cansada. Recostou-se na cadeira e suspirou, fitando as colegas que o acompanhavam naquela maratona acadêmica. De uma delas só podia ver os brilhantes cabelos ruivos, pois estava com o rosto afundado em um grosso livro caindo aos pedaços, espirrando de vez em quando por causa da poeira que o mesmo soltava em abundância cada vez que uma folha era virada. A outra tinha os olhos castanhos vidrados e escrevia como nunca, tentando completar a redação (com quase meio metro de pergaminho) que descrevia as propriedades de algumas plantas africanas bastante perigosas.
Remo perdeu ainda algum tempo devaneando sobre o quanto queria estar estirado preguiçosamente no gramado, como os alunos menos atarefados, antes de se forçar a voltar ao trabalho. Mas um barulho vindo da entrada o sobressaltou, chamando também a atenção das garotas. Sirius Black, que acabara de entrar no recinto com sua habitual impetuosidade, havia esbarrado em um franzino aluno do primeiro ano. Black, um pouco impaciente, mas genuinamente preocupado, pedia desculpas e ajudava o garoto, ainda meio tonto após o baque, a se levantar.
Remo segurou o riso, se escondendo atrás de uma pilha de livros. As garotas apenas se entreolharam e sorriram, rolando os olhos entediados quando perceberam que cinco ou seis meninas saltitantes já cercavam Sirius para se certificarem de que ele não havia se machucado. E o pobre garotinho foi deixado totalmente de lado, afastado por cotoveladas das fãs da locomotiva que o atropelou.
Sirius, conseguindo se desvencilhar das meninas e de seus suspiros, dirigiu-se até a mesa onde se encontravam seus amigos. E por mais incrível que pudesse soar a qualquer um que realmente o conhecesse, ele parecia bastante sério e ansioso.
"Vejo que se divertiu com meu showzinho involuntário, Aluado. Eu sei muito bem que você está rindo aí atrás" comentou, antes de voltar seu olhar decidido para a garota de cabelos castanhos. "Lucy, preciso falar com você. Vamos..." murmurou, a puxando pelo braço.
A moça arregalou os olhos, um pouco surpresa. Não fazia a mínima idéia do que ele poderia querer, mas não achava que era mais importante que a conclusão de sua redação, já que as idéias finalmente estavam tão frescas em sua mente. E não tinha a mínima intenção de sair de perto de sua pena. Por isso puxou o braço antes de encará-lo com certa irritação. "Desculpe, Sirius, mas estou no meio de um dever. Mais tarde eu te procuro e...".
Ele não deixou que ela terminasse a frase. Agachou-se ao lado da cadeira e tentou ser o mais discreto possível, olhando cautelosamente para os lados antes de falar. Limpou a garganta, tentando falar no mais baixo tom de voz que poderia atingir. "Você vai sair comigo agora ou prefere que eu a peça em noivado aqui mesmo?".
O queixo dela caiu. E teria caído literalmente se isso fosse possível. Assim como os de todos os seres vivos próximos o bastante para escutar o que ele havia dito. Remo parecia ter se engasgado atrás dos livros e a ruiva, Lílian Evans, teve uma crise de espirros que não foi causada pela poeira. "Como?! Você bateu a cabeça?".
Ele riu da expressão exasperada da morena, mas não havia desistido. Fez com que a garota atônita se levantasse e, segurando sua mão, o seguisse sem mais delongas até a grande faia à beira do lago.
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Olá, leitores!
Aqui estou eu mais uma vez, tentando tirar um tempinho para me dedicar a algo que me faz bem: escrever. É um retorno bem discreto e nada pretencioso. É uma fic sobre o Snape, com P.O. e tudo, o que pode não agradar ao público em geral. Mas agradeço muito a quem leu até aqui. E espero ter despertado em vocês algum tipo de sentimento bom, como diversão ou ternura.
Até o próximo capítulo. Respirem fundo e voem alto, muito alto! :o)
OBS: Eu estava com saudades desse site! rs
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