Capítulo Quatro.



“Ele apertou o braço de Jennifer e disse, baixinho:

‘O que você está fazendo aqui?’

‘Por acaso, esse parque está proibido para... mim? Uma mulher abandonada não tem o direito de vir até aqui?’

Brad a soltou.

E desapareceu na multidão.”


Weasley.

“Então, quem vai começar?”

Olhei horrorizada para as duas mulheres do meu lado.

Elas apenas se desculparam com o olhar.

“Por mais que eu pareça um desocupado, senhoritas.”-Zabini continuou falando.-“A minha agenda é normalmente bem cheia.”

“Ah, pelo amor de Deus.”-falei.-“Vamos embora, está bem? Zabini, finja que você não me viu aqui.”

“Nem para os jornalistas?”-ele perguntou, com um sorriso.-“Acho que eles adorarão saber que você entrou aqui.”

Não consegui me conter.

No momento seguinte, eu segurava o colarinho de Blaise Zabini e começava a gritar:

“Você NÃO vai fazer isso!!!”

“E por que não?”-ele perguntou, tentando se soltar.-“Sério, uma notícia a mais sobre você... não vai fazer a mínima diferença, não acha? Afinal, não é você que está no Zimbábue casando com um milionário?”

“Não, Zabini.”-falei, cansada. Soltei-o e dei um suspiro. Era o sétimo casamento que a imprensa inventava desde o meu rompimento com Harry.-“Se eu estivesse casada com um cara milionário, eu não estaria em uma casa caindo ao pedaços, vulgo, Par Certo – Agência de Namoros, não acha?”

“Como sempre... você continua perspicaz, Weasley.”-ele falou, com um sorriso mínimo.-“Eu acho que você seria perfeita para ele.

Carmen trocou um rápido olhar comigo e perguntou, tentando não parecer tão interessada:

“E quem seria esse pretendente?”

“Isso é um ‘sim, Zabini, nós estamos desesperadamente precisando de um namorado’?”-ele perguntou.-“Sério, Car, esse seu desinteresse foi bem fingido, sabia?”

Carmen corou na hora. Ela logo disse:

“Não comece. E, sério, Car? Você resgatou da onde essa porcaria?”

“Bom, eu acho que você vai gostar do perfil desse cara.”-ele disse, ignorando a mulher a sua frente.-“Loiro, um metro e oitenta e cinco e...”

“Ele é quieto?”-perguntou a Luna, parecendo interessada.-“Ou melhor, ele é submisso a ponto de fazer o que a Gina pedir?”

Agarrei o braço da loira. A Carmen a olhou com curiosidade também. Luna logo se explicou:

“Acho que você merece ser mimada dessa vez. Gina, você viveu esses onze anos... servindo o Harry. Será que agora... os papéis não poderiam ser invertidos?”

Dei um sorriso.

“É, seria bom se eu encontrasse uma pessoa, assim.”-eu falei.-“Essa pessoa que você tem em mente... aceitaria tudo o que eu pedisse?”

Blaise Zabini sorriu para si mesmo.

Um sorriso que eu até poderia dizer que carregava um bocado de perversidade.

“Lógico que sim.”-ele falou.-“Esse homem te tratará muito bem.”-e nisso, Zabini pegou uns papéis velhos que pareciam simplesmente grudados no fundo da gaveta e uma caneta e os estendeu para mim.-“Então, nós temos um contrato?”

Olhei para as duas.

“É, você nos dá licença, Zabini?”-perguntou a Carmen, se levantando.-“Acho que nós precisamos conversar um pouquinho antes de olharmos para esse contrato.”

“Fiquem aqui.”-falou o negro.-“Acho que esse é um momento delicado, não? Mas um conselho de amigo, Weasley, você simplesmente não vai se arrepender.”

É, Zabini.

Só agora eu consigo ver toda a ironia na sua voz.

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Malfoy.

“Eu a encontrei.”-foi o que eu escutei quando atendi ao telefone.

Zabini parecia alegre demais.

E, OK, isso me preocupa só um pouco. Quase nada.

“O que você encontrou?”-perguntei, cauteloso.

“A mulher da sua vida. Aquela que vai te suportar... até a eternidade.”

Ou até ela bater as botas. É, tanto faz.

“Quantos anos ela tem?”-perguntei.

“Você nem quer saber como ela é, Draco.”-ele disse, ofendido.-“Eu achei a sua galinha dos ovos de ouro e você só fica me perguntando a idade dela?”

“Zabini, eu estou fazendo as contas para ver em quanto tempo ela demora para descobrir o rombo que eu vou fazer em sua conta bancária.”-falei.-“Se ela for rica e burra, bom, acho que em dois meses eu consigo tirar uma boa parte do dinheiro. Se ela for rica, burra e velha... é, acho que ela morre primeiro quando perceber e eu, infelizmente, fico com toda a herança.”

“Você é tão politicamente correto.”-disse o homem do outro lado da linha.

“O sujo falando do mal lavado.”-retruquei.-“Então, como ela é?”

“Bonita, vinte e nove anos, corpo bonito, rosto bonito e, infelizmente, Draco, ela é bem esperta.”

Olhei para o telefone, esperando que eu estivesse em uma alucinação ou qualquer coisa do tipo.

Infelizmente, eu não estava.

“Você o quê?”-perguntei, estressado.-“Zabini, você escutou o que eu pedi?”

“Lógico que sim, amigo.”-ele falou.-“Eu lembro direitinho que você... bom, ia pagar a minha pequena comissão até o resto da sua vida. Você fica milionário e eu me contento em ser apenas rico.

“Filho da puta.”-foi o que eu falei.-“Mas ela tem dinheiro, certo?”

“Draco, eu estou nessa também, certo? O que eu ganharia se eu te oferecesse uma pessoa pobre? Sério, o nosso objetivo é explorar o dinheiro dela. Mesmo que fosse bem divertido te ver trabalhando para pagar a minha parte do trato.”-Zabini parou por algum tempo e logo continuou.-“Desculpa, mas eu tenho que desligar porque eu vou falar...”

“Não ouse dispensar essa mulher, Zabini.”-praticamente berrei.-“Ou os seus cinqüenta galeões... serão simplesmente exterminados.”

“Obrigado pela ameaça, Draco.”-falou o moreno, a voz cheia de sarcasmo.-“A sua galinha dos ovos de ouro deve ter se decidido se aceita ou não você. Afinal, será apenas o oitavo casamento dela.”

Ele nem me deixou responder.

Peraí.

Oitavo
casamento?

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Weasley.

“Você vai aceitar?”-perguntou Carmen, enquanto observava a porta em que Blaise Zabini saíra.

“Acho que você deveria.”-falou a Luna.-“Quero dizer, é uma grande oportunidade e você precisa de alguém.”

“Obrigada por trazer a verdade desse jeito, Luna.”-falei, sarcasticamente.-“E se ele não for o cara certo?”

“E como você sabe que ele não é?”-disse a Carmen.

“Não.”-foi o que eu falei, enquanto abaixava a minha cabeça e tentava não parecer tão desesperada assim.-“E se o cara certo para mim... já tiver passado pela minha vida? E se eu não o notei porque eu fiquei esse tempo todo com o Harry, pensando que ele era a pessoa ideal?”

“Não seja tão dura consigo mesma.”-foi o que a Luna disse, passando o braço pelo meu ombro, numa tentativa meio fracassada de me consolar.-“Além do mais, será que é só um cara certo? Nós não estamos em algum livro seu, entende? Quero dizer, você não pode tentar controlar tudo a sua volta.”

“Ah, meu Deus.”-falou a Carmen.-“Ela está completamente certa. E se o cara certo já passou por você e você simplesmente não o notou, pode ter certeza que ele volta. Ele volta e te faz feliz.”

Mal a Carmen disse todo o seu discurso, a porta se abriu e Blaise Zabini com todo aquele sorriso diabólico, perguntou:

“Já decidiu?”-mas antes que eu pudesse responder, ele continuou.-“Não quero te pressionar, mas ele é um excelente partido. Você nem imagina o doce de pessoa que eu te arranjei.”

“Ótimo.”-eu disse, enquanto não tentava parecer tão assustada com aquele sorriso meio diabólico.-“Como funciona a sua agência?”

“Ele poderá te pegar na sua casa.”-respondeu.-“Então, vocês podem sair para almoçar.”

“Como?”-disse a Luna, parecendo alarmada.-“Ele vai até a casa da Gina? Não, mas isso não está certo.”

“Mas você não disse que eu estava desesperada demais para recusar tudo isso?”-eu perguntei, confusa.

“E se ele for um maníaco?”-ela perguntou.-“Gina, se ele te cortar em mil e um pedacinhos e te jogar no mar e... ai, meu Deus.”

“Tá, você está exagerando um pouquinho.”-e ao ver que Zabini parecia prestes a dar risada, eu perguntei.-“Ela está exagerando, certo?”

“Lógico que sim. Quero dizer, ele talvez seja meio maníaco, certo? Afinal, ele tem 30 anos e ainda está solteiro.”

“Então, eu que tenho 29 e ainda estou solteira... posso ser considerada maníaca?”-perguntou a Carmen, com as sobrancelhas arqueadas.

Zabini pareceu ligeiramente constrangido.

“Você quer uma resposta sincera?”-foi o que ele respondeu.-“Porque, de verdade, as pessoas têm que estar dispostas a querer alguém do lado.”

“Essa é a sua resposta do que aconteceu há treze anos atrás, Zabini?”-perguntou a Carmen, franzindo o cenho.

Pude logo perceber que a Luna se afundara na sua cadeira e tentava achar algo para se manter focada.

“Talvez.”-ele respondeu.-“Porque há treze anos atrás quando eu falei aquilo para você, qual foi a sua resposta? Você me mandou a merda se você não lembra.”

“Por que eu faria diferente?”-ela praticamente gritou.-“Eu vi o que você fez, você viu o que fez e, bem, todo mundo também viu.”

“Foi um erro, Carmen.”-disse a Luna, baixinho.-“Você sabe que foi um erro tudo aquilo.”

“Não importa.”-disse a minha editora, olhando para mim, disse.-“Você pode se encontrar com o seu pretendente naquele parque que você adora.”

Ela simplesmente desviou o assunto do nada.

Zabini rolou os olhos e sibilou:

“Isso é tão típico.”

A mulher só lhe deu um olhar sujo, mas antes que eles pudessem discutir novamente, eu respondi:

“Seria bom. Ele não vai me atacar nem nada do tipo, né? Afinal, é um lugar público, com pessoas normais em volta.”

A Luna se intrometeu no assunto e disse:

“Vocês têm que se identificar, certo? E se ele levasse alguma flor?”

“Menos lírio.”-respondi.

Eu simplesmente odeio lírios nesse momento.

“Oh, certo.”-falou a Luna.-“Uma rosa?”

“Excelente.”-falou Zabini, com aquele mesmo sorriso diabólico.-“Bom, Weasley, já que está tudo decidido. Você tem que preencher esse cadastro- você sabe, caso não dê certo com esse rapaz, o que eu realmente duvido muito, nós poderemos achar alguém mais capacitado. Enfim, são as suas preferências, nesse momento. Porém, eu devo dizer, que esse rapaz é o melhor de toda a minha agência.”

Acho que ele quis dizer que não tem ninguém.

Olhei para a ficha que ele me estendia, com um misto de curiosidade e apreensão.

Respirei fundo, a segurei e comecei a ler:

O que você gosta de fazer quando está sozinha?

Você acha que é melhor sair para dançar ou para comer alguma coisa em um restaurante cinco estrelas?

Qual é o seu par ideal?

Se você é mulher (ou age como uma), você tem uma flor preferida? Qual?

Você sairia com alguém que é extremamente grosseiro?

E por aí vai.

Uma pergunta pior do que a outra.

Lancei um olhar descrente para Zabini e perguntei:

“Isso daqui é sério?”

“Você acha que não?”-ele perguntou.-“Essa pesquisa é muito eficiente, mas se você quer confiar na minha grande habilidade de achar namorados, você não...”

Não deixei que ele continuasse.

“Não confio nem um pouco em você, Zabini.”-foi o que eu respondi. Peguei rapidamente a caneta que estava em cima da mesa e respondi.

Pude ver Zabini sorrindo e falando para Carmen e Luna:

“Essa tática é infalível.”

Assim como todas as outras em que eu cairia que nem uma pata gorda.

“Pronto.”-eu falei.

Ele começou a ler a minha pesquisa, com um máximo de interesse.

“Jura que você jogaria pela janela se um cara aparecesse com um buquê de lírios?”

“Eu prefiro rosas.”

“Por que essa relutância com lírios?”-ele perguntou.-“Sério, eu quero saber.”

“Isso não é da sua conta.”

“Bom, eu acho que os seus futuros pretendentes gostariam de saber o que faria você se transformar em uma psicótica. E acho que os lírios se encaixam nesse caso.”

“Obrigada, Zabini, por falar que eu pareço uma psicótica.”

“E outra coisa... Blackberry como paixão?”

“Eu me acostumei com ele.”-eu falei, na defensiva.

“Fica a dica, Weasley: enquanto você olha se tem algum e-mail do Potter, o amor da sua vida pode passar e... bom, ele não vai se interessar pelo topo da sua cabeça.”

Rolei os olhos.

“Obrigada pela sua informação.”-foi o que eu respondi.-“Eu sou uma mulher ocupada.”

“Já está escrevendo o seu vigésimo livro ou qualquer coisa do tipo?”

“Eu escrevo um livro por ano. Ou tento, pelo menos.”-mas antes que ele pudesse dizer qualquer coisa.-“Além disso, se você não sabe eu mantenho uma coluna no Profeta Diário.”

“Ah, sim.”-ele falou, dando de ombros.-“O pergunte a Ginevra. Problemas amorosos.”

“Acho que você deveria escrever, Zabini.”-retruquei.-“Assim quem sabe, você acaba com alguns fantasmas do seu passado?”

Ele ficou rígido na cadeira, por fim, disse:

“Isso não é da sua conta.”-e ao virar para Carmen, ele continuou.-“Vai colocar mais alguma amiga sua contra mim?”

“Quando eu fiz isso... você deu em cima.”-ela retrucou e eu pude notar a mágoa em toda a sua voz.-“Eu não faria isso nunca com a Gina. Eu aprendi com os meus erros. Mas e você?”

A sala entrou em um silêncio constrangedor.

“Quanto ela te deve?”-perguntou a Luna, tentando se ver livre de toda essa situação desagradável.

O rosto do Zabini se iluminou.

Como se, de repente, ele percebesse que a minha utilidade se resumia a alguns trocados.

“Como eu conheço você de Hogwarts, eu vou te cobrar... cem galeões.”-ele ponderou.-“Mas se você só estiver o valor em libras... tudo bem, eu aceito.”

Engasguei com a minha própria saliva.

“Você está falando sério?”

Ele pareceu ofendido.

“Enquanto você está se arrumando para um encontro, eu estou correndo atrás da pessoa perfeita. Desculpe, mas alguém tem que lucrar com tudo isso.”

“Eu entendo sobre lucro, Zabini.”-argumentei.-“Mas isso já é extorsão.

“Oi, eu preciso sobreviver nesse mundo caótico?”-ele falou.-“Sério, como eu vou arranjar alguém perfeito para substituir Harry Potter... se eu estiver morrendo de fome?”

Olhei bem para o homem na minha frente.

“Você não está subnutrido.”-falei.-“Sério, eu pago, no máximo, vinte galeões.”

“Setenta e cinco.”-ele falou.-“E eu o faço escutar todos os seus dramas.”

“Não preciso disso.”-eu disse, ultrajada.-“Trinta galeões.”

“Eu não vou perder dinheiro.”-ele disse.

“Eu desisto disso tudo.”-ameacei.-“Quarenta e cinco e é o meu máximo.”

Ele pareceu pensar.

“Você é tão sovina.”-foi tudo o que eu escutei.-“Fechado.”

“Ótimo.”-respondi, dando um sorriso vitorioso para as duas mulheres que me olhavam espantadas.

“Bom, você vai ter que assinar um contrato.”-ele disse, mostrando um outro papel meio amarelado que continha letras minúsculas.

Ou melhor, muitas letras minúsculas.

“Eu queria ler primeiro.”-foi o que eu falei.

Desde o meu contrato com a editora, eu estou mais esperta com esses contratos.

Ou mais ou menos.

“Você não confia em mim, Weasley?”-ele perguntou.-“Sério, eu vou agir a favor dos meus, ou melhor, dos seus benefícios.”

“Só se isso envolver os seus também.”-argumentei.-“Eu conheço você.”

“Assine logo.”-ele disse, quase enfiando a caneta na minha mão.-“Você pode confiar em mim.”-repetiu.

Mas eu sabia.

Eu não poderia nunca confiar nele.

Nunca mesmo.

CONTINUA...

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