A VIAJEM INDESEJADA
A VIAJEM INDESEJADA
_Se é sobre algum contrato – Hermione disse, procurando controlar o medo – Sugiro que procure o meu empresário. – o homem sorriu e Hermione sentiu o sangue gelar.
_Eu mesmo gosto de inspecionar a mercadoria – ele comentou, num tom nada agradável.
_E que tal achou? – ela perguntou, controlando a tensão.
O olha dele percorreu devagar as curvas do corpo dela, concentrando-se no rosto claro e nos cabelos castanhos e ondulados. Ficou detido depois nos olhos castanhos e brilhantes.
_Mais ou menos – ele comentou com ironia. Os olhos dela faiscaram de raiva. Tentou passar por ele, mas o corpo do homem bloqueou o caminho.
_Com licença – Hermione pediu, sem olhar para ele.
_Quero falar com você – falou com frieza, segurando-a pelo pulso. Hermione teve a impressão de que ele já estava ficando impaciente.
_Falar o que? – ela evitava o olhar dele.
_Sobre um amigo em comum – ele olhou em direção à porta com o rosto inexpressivo – Vamos entrar? – ela o fitou, notando o perfil duro dele.
_Você não tem nada a ver com modelos, não é mesmo? – Hermione perguntou insegura, com o corpo contraído. Sentiu um aperto no estômago quando ele negou com a cabeça. – Quem é você? E como soube meu endereço?
_Eu sei tudo sobre você, Srta. Granger – ele respondeu com um sorriso sarcástico. Houve uma pequena pausa, depois ela perguntou com a voz baixa.
_Quem é você? – os olhos verdes dele encaravam os dela
_Meu nome é Harry Potter.
O coração dela parou por uma fração de segundos. Não podia acreditar. Arregalou os olhos, que pareciam o mais fino mel cada vez mais.
_Irmão do Rony? – perguntou com os lábios secos. Ele inclinou a cabeça.
_Você não notou a semelhança? – ele perguntou sarcástico.
A pele do rosto de Harry era clara e delicada como a de Rony, mas Harry com certeza era bem mais frio. Rony estava sempre sorrindo, já Harry parecia que não fazia isso há anos. Ruivo e moreno; olhos azuis e vezes.
_Porque você esta aqui? – Hermione perguntou de repente – Há alguma coisa errada com o Rony? – segurou a respiração franzindo a testa. Demonstrava preocupação – Diga! O que aconteceu?
_Você se importa? – Harry perguntou com maldade
_Mas é claro! – ela estava perplexa
_Prefiro discutir isto lá dentro – Harry falou com a voz fria, olhando em direção à porta verde de madeira.
Hermione hesitou, mas compreendeu que ele não iria embora se não o deixasse entrar. Harry a seguiu em silêncio. As poltronas macias e confortáveis dominavam a sala, a estampa florida dava um toque de leveza e aconchego. A maioria dos amigos de Hermione ficavam surpresos com o apartamento dela, esperando encontrar algo mais sofisticado. Mas ela preferia viver de maneira simples, embora ganhasse muito bem. Não gostava de sedas e veludos. Olhou para Harry, que estava de pé no meio da sala. Tinha um ar zangado, porém controlado.
_Você sempre pega as mulheres assim de surpresa?
_Não, eu apenas as pego. – ela corou diante daquelas palavras.
_Ficaria grata se não demorasse muito. Amanhã tenho que acordar cedo para trabalhar.
_Trabalhar? O trabalho esta sempre em primeiro lugar para você? Não é mesmo?
_Tenho que ganhar a vida! – Hermione respondeu com os olhos brilhando.
_Enquanto meu irmão está morrendo! – a voz dele bateu como um chicote. Ela ficou gelada de horror, olhando perplexa pra os olhos verdes e frios que a olhavam com raiva. – Você não sabia?
_Não – Hermione murmurou. Sentiu a garganta seca, os olhos dela estavam arregalados com o choque e todo seu corpo parecia petrificado.
_Você se livra das pessoas como se elas fossem um lenço de papel. Joga fora quando não as deseja mais. Duvido que tenha ao menos pensado no meu irmão depois que saiu de Nova York. E ele não pensou em outra coisa a não ser em você.
_Isto não é verdade! – ela negou, tremendo – Eu tentei...
_Pare com isto! Você se livrou do Rony assim que conseguiu um novo contrato em Londres. Nem ligou em partir o coração dele. Tudo que interessava a você era a sua preciosa carreira! – ele grunhia as palavras.
_Eu gostava muito dele – Hermione comentou, quase sem forças, o rosto pálido.
_Gostava uma ova! – Harry murmurou por entre os dentes. A violência das palavras dele silenciou Hermione. Depois da breve pausa cheia de tensão, ele continuou – Srta. Granger, meu irmão pegou uma lâmina e cortou os pulsos ontem à noite.
Hermione ficou em estado de choque. Sentia um aperto enorme no coração. O rosto dela ficou mortalmente pálido, a boca entreaberta enquanto olhava para Harry num silêncio petrificado. Teve uma visão momentânea de Rony com o sangue escorrendo pela pele branca. Lutou para afastar essa imagem.
_Ele está bem? – murmurou, recusando admitir a hipótese que Rony pudesse estar morto. Harry a estudou por um momento.
_Está se recuperando – Hermione largou-se numa poltrona, pressionando as mãos com o rosto.
_Não podia imaginar – ela disse, balançando a cabeça – Se eu soubesse que ele tentaria se matar, teria...
_Sim? – ele interrompeu com ironia – Você teria o que? Teria ficado ao lado dele? Que tocante! Não consigo imaginar a cena. Você consegue?
Ela sentiu a boca tremer diante de palavras tão duras. Tinha gostado de muito de Rony. Como aquele homem ousava vir ali julga-la? Não sabia nada sobre ela!
_Porque ele fez isso? – Hermione perguntou, controlando a raiva.
_Ora, ora, Srta. Granger – o tom dele era extremamente cínico – Você não espera que eu acredite que você nem imagina o motivo pelo qual meu irmão queria morrer? – seu olhar gelado caiu sobre ela. Na verdade Hermione sabia por que Rony tinha feito aquilo, mas queria ouvir Harry falar para poder ter certeza.
_Não, não sei – disse nervosa – Ou não estaria perguntando.
_Ele é louco por você e você sabe muito bem. Mas isto não tem importância, não é? Você o descartou sem remorso e veio para a Inglaterra.
Ela mordeu o lábio inferior. Doía ouvir aquilo.
_Por muitas vezes tentei acaba com tudo, mas Rony não me dava atenção, não me ouvia.
_Isto agora faz pouca diferença – Harry comentou a olhando fixamente – Quanto tempo você leva para fazer as malas?
_O que? – Hermione não podia acreditar no que tinha acabado de ouvir. Talvez o choque a tivesse perturbado, estava ouvindo coisas.
_Eu perguntei quanto tempo você precisa para arrumar as malas – então era aquilo mesmo. Hermione franziu a testa para observá-lo melhor.
_E porque eu deveria fazer as malas? – por um momento ambos se entreolharam, e Hermione pôde ouvir seu próprio coração batendo acelerando dentro do peito.
_Você vai para Nova York.
_Não posso. Acabei de assinar um contrato com uma firma para o próximo mês – ela respondeu balançando a cabeça e mordendo os lábios – Não posso cancelar o contrato – pensou em seu agente, David, que a mataria se ela desse o bolo naquele contrato que tinha sido tão difícil de conseguir.
_Tem que poder – Harry falou num tom seguro – Partiremos no vôo de amanhã à tarde.
_O que há com você? – Hermione perguntou irritada diante de tanta arrogância – Já lhe disse que não posso sair assim, tão de repente!
_Eu dou um jeito. Fique pronta amanhã na hora do almoço – deu um passo em direção a ela, o rosto ameaçador – Se não estiver aqui, eu a encontrarei onde quer que esteja. – Hermione ficou em pé, muito zangada.
_Se eu recusar o contrato, nunca mais conseguirei um emprego!
Modelos precisam ter uma atitude profissional, tinham que agir de acordo com as regras, principalmente se não eram famosas. Se ela desapontasse a firma do contrato, passaria a figurar na lista de negra das agências de modelos.
_Mas que azar o seu! – o tom de voz era sarcástico – Por mim, poderia até morrer. Estou pouco me importando. Mas infelizmente a vida do meu irmão depende de você. Rony depende de você para se recuperar e eu estou aqui para conseguir o que ele precisa.
_Seu porco! – Hermione gritou com ódio, esquecendo Rony por um segundo – Você não pode me forçar a ir para Nova York contra minha vontade!
_Não posso? – olhou a com um sorriso gelado – Tem certeza de que os meus métodos a convencerão. Você vai comigo, nem que eu tenha que arrasta-la!
_Você não ousaria! – ela disse por entre os dentes.
_Ah, não duvide disso, srta. Granger – Harry falou ameaçador – Aconselho-a a não me desafiar. Nunca!
Ela tremeu como se alguém tivesse lhe jogado um balde de água fria. Incapaz de responder encarou-o com fúria, o rosto contorcido, tentando controlar a vontade de esbofeteá-lo. Harry se virou mostrando o corpo musculoso e muito elegante no terno preto que usava.
_Boa noite – disse por sobre os ombros – Até amanha ao meio-dia.
Hermione atirou um vasinho chinês contra a porta e, desapontada viu-o quebrar-se em vários pedaços. Lá de fora veio o ronco poderoso do motor do carro de Harry Potter que se afastava.
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