Os dois lados da mesma moeda
Após regressa para a rua dos Alfeneiros, Harry fez-se cumprir o último desejo de Dumbledore; permaneceria na casa de seus únicos parentes vivos até o momento em que completaria 17 anos, assim se tornado maior de idade. Harry ansiava pela chegada de seu ultimo dia.
Na Toca Rony também estava muito ansioso para a chegada do dia 31, pois a dois dias recebera uma carta que fez com que acordasse centenas de borboletas no seu estomago.
“Caro Rony,
Como está? E sua família? Espero que estejam todos bem. Irei para a Toca no dia 31, ainda não contei para meus pais que vou sair para ajudar o Harry, mas pretendo falar antes de deixar-los. Você já contou para sua mãe?
Espero que estejam bem
Afetuosamente,
Hermione”.
A partir do momento em que a carta chegou, Rony não parou um momento de pensar em Hermione e sua chegada, mas por que toda essa expectativa? O que tinha de tão especial na chegada da amiga? A final ela sempre ia a’Toca nos verões, mas ao menos dessa vez, para ele tinha algo de especial.
Talvez fosse o fato que no ano passado eles tinham se aproximado mais. Ele podia sentir essa aproximação, mas será que ela sentia? Claro que sim, ela havia feito um bando de passarinhos o atarem por ter ficado com o Lilá. Esse monólogo interno durou até o dia da chegada de sua amiga.
Rony vivia tão preso em seus pensamentos que nem percebeu como sua irmã caçula estava abatida, apesar de tentar despistar Gina estava triste. Não sorria mais com tanta freqüência e por mais que despistasse a Sra. Weasley não se deixara enganar.
- O que você tem Gina?- perguntou a Sra. Wealsey, certa noite na hora do jantar.
- Nada mamãe.
- Não tente me enganar garotinha, te conheço o suficiente para saber que não esta tão bem assim. Sei que está acontecendo alguma coisa – disse, olhando para ela com os olhos apertados como se esperasse que a cabeça da menina se abrisse em resposta.
- Nada mãe, já disse - como a mãe não parecia satisfeita continuou. - Só estou ansiosa para o casamento.
Essa desculpa pareceu satisfazer a mãe, uma vez que ela não cabia em si de ansiedade tanto nervosismo.
Gina não parava um momento de reviver o dia do termino de seu namoro. Estavam no enterro de Dumbledore e ela sentia um imenso vazio, mas acreditava que poderia estar pior se um certo rapaz não estivesse ao seu lado. Sofrera muito com a perda do diretor e com a visão do rosto do irmão, Gui, cheio de cortes fundos, quase totalmente desconfigurado. Agora tinha medo do que viria pela frente, sempre soube que um dia o seu romance iria acabar, conhecia Harry o suficiente para prever seu próximo passo.
- Gina, preciso falar com você.
Por que tinha que ser assim? Ela ouviu tudo o que ele tinha a dizer, não deixou nenhuma lagrima cair, apesar de achar que não agüentaria conte-las por muito mais tempo. Harry levantou de repente e saiu andando pelo jardim. Gina teve vontade de gritar, de correr atrás dele, tentar impedir que a deixa-se, mas não é assim que funcionar, querer não é poder. E ela também não funcionava assim, se ele tomara uma decisão ela não iria se humilhar para que ele volta-se atrás.
Sempre soube que Harry iria terminar, mas isso não fez com que a dor fosse menor, porém tudo o romance que tiveram teve o final e ela tinha que superar. Ao menos era assim que pensava.
Depois de tanta ansiedade o dia chegou, acordou bem cedo arrumou suas coisas para que não esquecesse nada, esperou até ouvir a rotineira movimentação da casa.
- Então... - começou ele quando chegou à sala cirurgicamente limpa dos Dusley.
- ham? – disse tio Valter, só percebendo agora o seu sobrinho.
- Então, estou indo.
- Vê se não esquece nada, pois não queremos que volte mais aqui.
- Não estou esquecendo nada - disse Harry friamente (por que eles tinham que ser assim?).
- Então, tchau!
- Tchau!
Harry não pode deixar de sentir um certo alívio por poder, enfim, ir embora daquela casa que nunca gostou, mas ao mesmo tempo uma sensação esquisita se apoderou dele. Reparou que apesar de tudo, iria sentir uma certa falta de lá. Não dos Dusley, mas da casa que apesar de sufocado, ele viveu muito anos de sua vida. Mas uma novo acontecimento fez com que esquecesse de seus pensamentos e emoções.
- Harry – chamou tia Petúnia, quando ele já estava com a mão na maçaneta.
Olhando para traz o garoto a viu, vindo em sua direção, com uma expressão que ele nunca havia visto no rosto de sua tia. Ela tinha uma expressão de saudade? Talvez... Ou pena? Ele não saberia dizer ao certo.
- Sim? – mas ela não chegou a falar nada. Deu-lhe um abraço e sussurrou:
- Boa sorte! – depois saindo rapidamente, deixando Harry totalmente aturdido na porta.
Ao abrir a porta se estava confuso com a reação da tia, ficou mais ainda quando olhou para as pessoas a sua frente. Ninguém menos que Moody, Tonks, Lupin e mais 5 pessoas que ele não conhecia.
- Olá Harry - disse Lupin feliz
- Oi.. ah.... o que vocês fazem aqui? – perguntou, sem entender o real motivo de levar aquela grande quantidade de pessoas à casa dos seus tios.
- Ora, Potter, você não esperava deixassemos você sair daqui sem uma escolta, não mesmo? – disse Moddy como achasse que o garoto estava brincando. – Nõ depois de tudo que está acontecendo.
- Não achei que seria preciso... – disse sem jeito
- Tudo bem Moddy. Vamos então – disse Tonks, olhando para Harry que confirmou com a cabeça.
Mesmo sem entender o que todos estavam fazendo lá - uma vez que ele já sabia aparatar. Afinal não custaria muito tempo, quem o atacaria assim? -, Harry aceitou seus ‘guarda-costas’.Mas tambem não poderia dizer que não estava feliz por vê-los ali.
Momentos após Harry e toda sua “comitiva”, já haviam desaparatado frente a’Toca. Levou algum tempo até ele perceber a verdadeira bagunça que lá estava, com os preparativos do casamento de Gui com Fleur.
Harry sentiu uma pontada no coração quando viu uma garota de cabelos ruivos, vermelho fogo, um tanto quanto enviesada saindo da porta da frente da Toca. “Como ela fica bonita com essa cara de brava”. Mas logo balançou a cabeça para tirar esse pensamento de lá, havia feito uma promessa a si mesmo e não ia voltar atrás, não podia!
Gina já estava no jardim quando percebeu quem se encontrava diante dela. Não pode evitar que seu coração disparasse. Olhando dentro daqueles olhos verdes, o encarando por um momento, sabia ainda gostava dele, porém a decisao tomada por ele, ela não iria fazer nada para mudar. Mirando seu olhar nos demais, criou coragem, fingindo que vê-lo não lhe alterava em nada, foi em linha reta.
- Oi Harry, beleza?
- Oi Gina. –ela passou direto e continuou falando com os outros.
- Vamos entrar, mamãe está preparando o almoço e vocês podem fica.
- Não Gina, ‘brigado – agradeceu Tonks. - Só viemos trazer o Harry, temos que ir.
- Ah, que pena, com vocês aqui pelo menos mamãe para de me encher com os preparativos do casamento.
Todos se despediram e aparataram deixando Harry e Gina em um silêncio constrangedor, era a primeira vez que ficavam a sós após o rompimento do namoro.
-Iai, como você esta? – perguntou ele, logo percebendo que talvez não quisesse saber a resposta, não poderia suportar saber que ela estava sofrendo, perguntando quase em seguida. – Isso tudo é para o casamento?
Gina deu um sorriso meio fraco, talvez tenha percebido a mudança brusca de assunto? Mas respondeu normalmente:
- É. A fleuma está deixando mamãe doida. E mamãe: a gente. Mas entra Harry, a Mione já chegou. Na verdade chegou tem quase meia hora. Rony quase não coube em si.
Os dois riram. Harry sempre soube que isso iria acontece, talvez até no casamento, quem sabe?
Quando entrou na Toca viu que de fato a Sra. Weasley estava muito agitada, dando ordem para todos. Estava tão ocupada que levou algum tempo até perceber que Harry já estava lá.
Percebendo sua presença, no entanto, o puxou para um abraço que por um momento ele o comparou com o de Hagrid.
- Ah Harry, que bom que está aqui. Não imagina a loucura que está! Já está com fome? Daqui a pouco o almoço vai sair, mas suba o Rony esta no quarto. Hermione chegou faz algum tempo.
Harry subiu as escadas tortas, da casa que tanto gostava, e chegando ao quarto de Rony parou um momento para escutar se ele estava com alguém no quarto, para ser mais franco com Hermione, tinha medo de atrapalhar alguma coisa.
- Não seja besta - falou Gina, o empurrando para dentro do quarto antes mesmo que ele pudesse evitar. “De onde ela veio?”
- HARRY, que bom que você chegou! - disse Hermione, já se jogando no pescoço do amigo.
- Oi Mione – disse ele sem jeito. – Ei Rony – disse, depois que a amiga saiu de seus braço assim desimpedindo sua visão.
- Jóia cara? – cumprimentou o amigo. Harry somente balançou a cabeça afirmativamente, mas reparou que os rostos dos seus dois amigos estavam levemente corados.
- Como foi na casa de seus tios Harry? – perguntou Mione, se sentando na cama e o olhando com interesse.
- Nada de mais. Eles até que estavam toleráveis, mas aconteceu uma coisa - falou Harry, sentando-se na cama, começando a contar aos amigos o que aconteceu quando já estava na porta do numero 4.
- Mas isso é normal, não? Ela estava preocupada com você. Ela é sua tia, Harry, vai querer o seu bem! – falou Hermione.
- Mione, você realmente me surpreende cada vez mais! Você conheceu meus tios, não dá para entender...
A tarde correu bem. Não se pode dizer que transcorreu calma, por causa da ansiedade da Sra. Weasley. Harry descobriu que com a sua chegada à Toca, o Ministério da Magia havia colocado uma série de proteções que por serem secretas ninguém sabia ao certo informar nem uma pedaço do que se tratava.
O casamento de Gui e Fleur iria ser dentro de duas semanas. Hermione, Gina e a Sra. Weasley já estavam se dando melhor com a futura esposa de Gui, após os acontecimentos no final do ano letivo.
Essas duas semanas passaram como uma verdadeira tortura para Harry. Todo o lugar em que ia, ele sentia o cheiro daquele perfume floral que parecia invadir suas narinas e não sair mais. Em todas as refeições, via Gina, rindo, conversando, olhando distraída para o prato, com o olhar vago e cada vez que a via, achava que não ia ser capaz de manter sua palavra, achava que iria enlouquecer, mas não tinha para onde correr.
O que ele não sabia, porém, era que Gina também estava sofrendo com a falta e ao mesmo tempo presença dele. Nas refeições o via conversando com seu pai, com seus irmãos, com Hermione, mas essa simples visão não adiantava nada para ela, uma vez que só a fazia sentir mais sua saudade. Deixava seus pensamentos voarem, voltarem no tempo, gostava de reviver os poucos, mas felizes, momentos que passaram juntos em Hogwarts. Adorava relembrar seus passeios pelo jardim, mas o que mais lhe doía era saber que talvez não o visse nunca mais, nunca mais veria aqueles olhos verdes, aqueles cabelos tão negros quanto despenteados, talvez nunca mais voltasse a beija aquela boca que já lhe falou tantas coisas bonitas, a mesma boca que lhe falou que era melhor pararem por ali, que ele tinha um luta só dele e que talvez não voltasse. “Não, não pense nisso”, falava para se mesma.
Ao contrário de Harry e Gina, Rony e Hermione estavam gostando, particularmente, daquelas duas semanas. Andavam sempre juntos. Conversavam, não estava mais havendo brigas. Parecia que depois do enterro de Dumbledore algo mudou entre eles. Talvez o fato de terem passado por uma perda juntos ou estarem amadurecendo.
O caso é que Rony e Hermione estavam se dando muito bem, obrigado. Sempre com sorrisos estampados nos rostos, sem motivo algum, ao menos para eles.
Hermione sentia um frio, muito pouco relativo ao calor da estação, sempre que Rony aparecia lhe dando um sorriso, até mesmo quando se encontravam por acaso no corredor. Ela havia reparado o quanto Rony mudou depois de tudo o que aconteceu. Após uma perda tão dolorida e da promessa de que iria ajudar Harry no que fosse preciso para encontra as Horcruxes de Voldemort, Rony se transformara. O que só fez aumenta a admiração que Hermione sentia por ele. “E o tempo também não fez nenhum mal a ele!”.
Apesar de tudo o que aconteceu no período passado em Hogwarts, apesar de Lilá e suas brigas tão freqüentes, a garota percebeu que nada dentro dela tinha mudado. E esperava que tivesse alguma chance de demonstrar isso, apesar de não ter certeza se teria coragem se o momento chegasse.
Rony estava achando essas férias excelentes. Não se deu ao trabalho de pensar o que viria após o casamento de seu irmão, só desejava que esse momento fosse eterno. Estava tudo certo para ele, estava se dando bem com Mione, e tinha uma certa esperança que um sentimento em especial fosse correspondido. Apostava todas suas fichas no casamento, esperava que o momento certo chegasse e estava ansioso para esse casamento, talvez mais que o próprio Gui. Porém, ao mesmo tempo não queria que esses dias calmos acabassem. Iria fazer o que nunca tivera coragem.
Harry, no entanto, não deixou que o futuro tão próximo fosse esquecido pelos amigos:
- Vocês têm certeza que querem mesmo ir comigo? – perguntou, um dia quando se achavam sozinhos no quarto de Rony. Não teve coragem muito menos nem ânimo de contar o que planejava a Gina.
- Harry, já te falamos, vamos com você – Hermione respondeu, e sua voz deixava bem claro que o assunto já estava resolvido.
- Só quero que vocês tenham certeza, ok? Será perigoso...
- Não adianta Harry, não vamos desistir.
- E vocês falaram o que para seus pais?
Fez-se silêncio imediatamente. Não ouve resposta por um bom tempo, até que Harry, já prevendo a resposta, quebrou o silêncio:
- Ainda acho melhor vocês ficarem, terminarem Hogwarts...
- Nem vem Harry, você sabe muito bem que a chance de Hogwarts abrir é mínima.
- Tudo bem, mas eu não quero ser responsável por mais uma briga de família – disse, olhando diretamente para Rony.
- Cara, não pira. A mamãe pode não gostar, mas também não pode fazer nada, não é mesmo? Já te falei que vou te ajudar a achar as Horcruxes de Você-Sabe-Quem.
- Tudo bem, tudo bem! Vocês quem sabem, não falo mais nada. Sabem muito bem dos riscos que vão correr se forrem comigo.
No final toda a conversa não seguiu como Harry planejara, os amigos iram comunicar aos pais, somente não revelariam o motivo real, as Horcruxes. O que eles, com certeza, não esperavam era que houvesse alguém ouvindo a conversa atrás da porta. Essa pessoa, no entanto, não se revelou, ao menos não até agora.
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