O amanhã



Harry abriu seus olhos. Olhou para o lado procurando seus óculos. Sentou-se em sua cama. Olhou a procura do relógio. Era 23:30... Harry se deitou novamente encarando o teto. A janela aberta deixava entrar em seu quarto a luz que vinha da rua e da Lua. Harry tentou dormir, mas não conseguia mais. Afinal, tinha dormido o dia todo.


Olhou em volta, sentando-se novamente na cama. O quarto continuava o mesmo de 6 anos atrás: a mesma cama, a mesma cômoda, o mesmo armário... Tudo, tudo permanecia igual. Olhou para a gaiola vazia de Edwiges. Ela devia estar caçando, sempre fazia isso a noite.


Harry então se levantou e caminhou até a janela, e ficou olhando a noite. Era lua cheia. Harry pensou em Lupin naquele instante, pensou em tudo em que Lupin devia estar passando. Não, não queria pensar naquilo... Encarou a rua então, e a rua estava deserta. Harry então olhou o vazio em sua mente.


Queria esquecer de todos os problemas. Permaneceu um tempo assim, até que viu um vulto entrar na casa da Sra. Figg, e esta (a Sra Figg), quando o encontrava lhe perguntava como ia, e as vezes, Harry de seu quarto a via se sentar em frente da casa dos Dursley. Sabia que ela o vigiava de perto.


E não gostava de ser vigiado.


Olhou atentamente o vulto entrar no jardim da casa da Sra Figg, bater na porta e a Sra Figg abrir a porta e ela deixar o vulto entrar.


Será que é alguém da ordem? Podia ser, mas então, porque foi até a casa da Sra Figg e não a sede da ordem? Harry se deixou levar por seus pensamentos...



****

A Sra Figg fechou a porta, mas antes olhou para a janela de Harry. Viu esse a olhando. Ela sorriu e encarou o vulto por um instante.


-A viagem foi boa querida?-perguntou pegando as malas da viajante


-Até que foi senhora - disse ela tirando a capa que lhe cobria - Mas eu...


-Mas você... - perguntou olhando bem para a pessoa ao seu lado.


Ela tirou a capa. Seus longos cabelos castanhos encaracolados batiam até um pouco acima da cintura. Seus belos olhos azuis claros, mais pareciam duas jóias roubadas. Sua pele levemente bronzeada dava a impressão de ter acabado de voltar de uma praia.


-Mas eu - repetiu a jovem olhando a casa com um imenso olhar de tristeza - mas eu acho tão esquisito pra mim - disse ela baixando o tom de voz - voltar a Inglaterra assim...


A Sra Figg a olhou com ternura. Afinal, ela previra isso. Samantha era filha de 2 integrantes da ordem da Fênix: Anderson e Talita Summers. O pai, inglês, tinha sido morto um pouco antes do fim da Primeira Guerra e a mãe, brasileira, uns 3 meses após seu marido.


Então, Samantha fora adotada por Cyro, um senhor de idade grego, que havia perdido seus filhos ainda pequenos. Dumbledore acompanhou de muito perto a adoção de Samantha. Com um pouco mais de um ano, Samantha havia perdido sua família, mas ganhara outra, já que Cyro lhe tratava como filha.


Então Samantha cresceu, se tornou uma bela jovem no povoado bruxo de Ártemis... Nunca foi à uma escola bruxa, pois Cyro sempre a ensinou em casa. Mas, agora tinha retornado a Inglaterra, após 15 anos.


Samantha ainda tinha em sua mala, a última carta de Cyro, aquela que este a escrevera poucos dias antes de falecer. Samantha estava sofrendo muito com a morte de seu pai de criação.


Pensava com uma enorme tristeza ao pensar que todos que ela amava morriam. Seus pais e agora Cyro.


Então, durante o mês de julho, um homem já bem velho com barbas e cabelos grisalhos, e óclinhos de meia lua, apareceu e lhe contou que ela ia para Hogwarts, já que sempre possuiu uma vaga lá.


A conversa tinha sido bastante vaga, mas bastante clara em alguns pontos. Ela voltaria para a Inglaterra antes de agosto e depois em Setembro iria para Hogwarts, para o sexto ano...


-É quase meia noite querida... - disse a Sra Figg - Vou te mostrar aonde irá dormir... - disse com uma voz anormalmente calma


-Me desculpe senhora... - disse Samantha olhando tudo em volta com tristeza. Samantha sentia uma dor assim tão intensa ao lembrar de Cyro e de seus pais que sua voz foi morrendo aos poucos. Ela não sentia sono, embora estivesse cansada. Não queria dormir. Sentia-se como uma estranha naquela casa. Ela estava na casa de uma senhora que ela nunca ouvira falar. - Mas não tenho sono - disse finalmente depois de um tempo.


-Bom, de qualquer maneira - disse ela carregando as malas para cima da escada - Suas coisas estarão no segundo quarto da esquerda querida... Eu já vou me deitar, mas não se preocupe, - disse ela - qualquer coisa meu quarto é o primeiro da direita...


Os passos na parte de cima da casa foram morrendo e Samantha percebeu que ela já havia adormecido...


Samantha então se sentou em um sofá olhando para o teto tristemente... Uma lágrima solitária escorreu pelo seu rosto...



****

Harry finalmente percebeu que estava acordado e olhou a sua volta. Percebeu que Edwiges o encarava já fazia um tempo e lhe estava dando umas bicadinhas... Então, percebeu que sua coruja queria que lhe dar uma carta... Estava bastante impaciente...


-Desculpa Edwiges... - disse Harry pegando a carta com uma mão e com a outra passando pela asa da coruja que estava toda nervosa - Mas eu não percebi que você já havia voltado - Nesta parte a coruja lhe encarou com censura - mas não é nada, certo? - disse encarando a coruja branquinha


Harry finalmente conseguiu pegar a carta de sua coruja e esta piou fracamente e voltou a sair pela janela.


Harry desta vez olhou a carta. Era de Rony. Sabia que não havia respondido a última carta do amigo. Normalmente, durante estas férias, só escrevia para a Ordem, para dizer que estava bem. Sabia que todos estavam preocupados com ele, mas insistia nas cartas que ele estava bem e que os Dursley não estavam mais brigando com ele.


Abriu a carta sem emoção...



Harry,

Cara meu, você não respondeu a minha última carta cara... O que houve? Todos estão muito preocupados com você e mamãe diz que as suas cartas que mandou para a Ordem não tinham mais de 2 linhas e que você parece outra pessoa.
Tomara que você não esteja se culpando pela morte de Sirius cara... Não foi culpa sua e você sabe disso...
De qualquer jeito, você anda lendo o jornal? O jornal está dizendo, que a Inglaterra está recebendo reforços de todo o mundo para se tornarem aliados na guerra. Mamãe está mais que abalada com a noticia. Não acha certo que todos fiquem sabendo disso. Diz que isso pode nos prejudicar.
Tomara que me responda em breve, certo cara?

Rony


Harry leu a carta em dois tempos. Cada vez que lhe escreviam, as cartas diminuíam de tamanho. A primeira de Rony, tinha uns 30 centímetros, e esta no máximo 5... Não podia culpar o amigo por isso... Harry não respondia as cartas de ninguém...


A dor que sentia era tanta que nem conseguia pensar direito... Por um tempo ficou se perguntando se alguém no mundo estava passando por uma dor semelhante... Depois de um tempo chegou a conclusão que não.


Que ele Harry Potter teria que esperar até o amanhã para saber o que seria da sua vida... Talvez não fosse tão ruim assim... Mas Harry estava se culpando tanto que nada nem ninguém naquele instante iria fazê-lo mudar de idéia. Para ele, sua vida não podia ficar pior...



Mas não tinha idéia de como enganado estava...



****

Samantha se levantou e foi até o seu quarto, no segundo andar. Era um quarto de tamanho normal branco, com móveis brancos, piso e cortinas também brancas... Suas malas estavam em cima da cama... Lentamente tirou as malas de cima da cama e deitou-se na cama.


-Talvez o amanhã seja um dia melhor... - pensou tristemente - talvez amanhã coisas boas aconteçam...



E com o cair da luz da Lua em seu rosto, Samantha adormeceu...




****

Michelle se olhou no espelho... Como os anos tinham passado rápido. Da maneira em que passou os últimos 15 anos, não era de se esperar que o tempo continuasse a correr.


Andou pelo quarto silenciosamente. Estava sozinha... Será que durante os últimos anos, ele o visitara? Será que ele havia se preocupado e estado ao seu lado? Soube que não há umas semanas... Sabia que ele estava morto...


Mas sabia que ele era inocente... E não pôde provar isso naquele ano... Na mesma noite, fora atacada...


Quase havia morrido, mas não... Lá estava ela: Michelle aos seus 41 anos... Sentia-se velha... Queria perguntar da filha, que devia ter uns 16 anos agora... Mas sabia que a garota fora adotada há muito tempo... Sabia também que sua única filha nem sabia que ela era sua mãe... Que ela nem tinha idéia que seu pai estava morto.


Mesmo com 41 anos, Michelle era uma mulher muito bonita: magra, 1,70 de altura, cabelos cacheados castanhos e olhos negros...


Michelle então se jogou na cama... Como iria encontrar a filha perdida já há muito tempo? Como iria explicar ao seu sobrinho o porque não esteve presente nos últimos 15 anos... Como ia viver sem ele? Como iria conseguir suportar as lembranças que a atormentavam...


Fechou os olhos, pensando no vazio... Lentamente ia adormecendo... Prestes a dormir, uma lágrima escorreu de seu rosto, única e solitária.


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