As Pazes

- Mione, me diz o que você tem! – Gina parecia desesperada.
- Já disse, eu não tenho nada... – Mesmo com todo o seu esforço, Mione não tinha confiança na voz.

Gina saiu andando desanimada para a cozinha e se encontrou com Harry.

- Desisto. – disse ela. – Nunca vamos descobrir o que aconteceu.

Exatamente como Gina e Harry, todos n’A Toca haviam percebido uma certa diferença em Hermione nos últimos dias. A garota estava mais calada e fechada, passando a maior parte dos dias de férias sentada à sombra de uma árvore lendo algum de seus livros. Ela, pelo contrário, se convenceu de que estava agindo normalmente, apesar de não convencer mais ninguém. A única diferença é que ainda não falava com Rony e a desculpa que tinha era sobre o insulto desde a festa de aniversário de Harry.

- Sabe, Rony, acho que você devia ir falar com ela. – disse Harry a ele enquanto os dois estavam jogando xadrez de bruxo na cozinha. De lá era possível ver Hermione pela janela, sentada com um livro na mão.
- Mas eu não fiz nada! Não tenho que pedir desculpas a ela! Além do mais, é ELA que não fala comigo desde seu aniversário. – Rony, como sempre, era teimoso demais para aceitar seu erro. Nessa hora, olhando pela janela, Rony pôde ver que Mione, mesmo fingindo estar absorta em seu livro, chorava. Harry também contemplou a amiga.
- Eu não gosto de ver ela assim... – disse Harry.
- Nem eu... – murmurou Rony, mais para si mesmo do que para Harry e se levantou e foi em direção ao jardim, ainda se perguntando o que falaria.

- Mione? – chamou Rony meio inseguro. Mione se surpreendeu com a presença do amigo, olhou para ele como se pensasse se devia ou não conversar com ele.
- Oi, Ron. – disse ela, finalmente. Rony se sentou ao seu lado.
- Bom... er... eu... – Rony corou levemente, o que fez Mione sorrir ao ver a cara do amigo. – Me desculpe. – disse simplesmente.
- Ah, tudo bem Rony. – Hermione sorria.- Eu é que devia me desculpar.
- Eu fui meio grosso com você... – Rony enfatizou bem a palavra meio. Nunca daria o braço a torcer completamente.
- Não, eu é que... – Mione parou subitamente e corou em pensar no que quase tinha dito. – Você só disse o que estava pensando. O que tem de errado nisso?

Rony queria dizer que ele não tinha pensado que ela estava estranha naquele dia. Muito pelo contrário, ele havia achado ela linda, como nunca. Mas sua voz falhou na hora e ele simplesmente sorriu sem graça. E achou que devia mudar de assunto.

- Então... você não estava brava comigo?
- Na verdade não. – mentiu. Mione não gostava de mentir, mas a presença de Rony a fazia ficar sem graça e sem jeito e ela não queria de maneira nenhuma brigar com ele de novo. Na verdade, ela não queria nem sair dali nunca mais. – Eu só estou triste por causa de... alguém. – Nem ela acreditava que estava conversando isso com Rony.
- E quem foi o idiota? – Rony tentava disfarçar seu desânimo e falava furiosamente. – Me fala que eu vou lá e quebro a cara dela num golpe só! – Ele agitava as mãos tentando demonstrar um soco muito desajeitado e engraçado. Hermione sorriu.
- Esquece ele vai... – Ela segurou um braço de Rony e ele ficou quieto imediatamente. Mais por impulso do que por ter pensado nisso, Hermione estalou um pequeno beijo na bochecha de Rony. Os dois coraram furiosamente e ela murmurou. – É bom ter você como amigo Ron.

“Como amigo...” pensou Rony desanimado, mas sorriu sem graça para ela, que também retribuiu o sorriso.

Lá na cozinha Harry e Gina espiavam pela janela tudo, sorridentes, por finalmente terem arrumado um jeito de reaproximar Rony e Mione. Harry tinha criado coragem e contado para Gina que Rony gostava de Hermione e, para a surpresa do garoto, Gina contou que Mione havia “confessado” o mesmo. Desde então os dois tentavam arrumar um jeito de fazer os dois se entenderem, sem que eles soubessem, é claro.

- Agora é o próximo passo. – sussurrou Harry. – Fazer o Rony se declarar. Você já leu a carta que eu te mostrei?
- Já sim. – disse Gina. – E nunca achei que meu irmão pudesse escrever algo tão bom.
- Ótimo. – disse Harry, animado, novamente olhando para os dois nos jardins, que conversavam distraidamente.
- Agora só falta transformar o clima de amizade... em amor. – Gina parecia excitadíssima com a idéia de romance no ar. Coisas de garota, como Harry dizia.

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