Cúmplices, comparsas e outras
Capítulo IX
Cúmplices, comparsas e outras definições
-Relatório.
-Uma garota morta, Ludmila Goyle. Outra em choque na ala hospitalar, desmaiou ao ver o corpo, provavelmente.
-Quem as encontrou?
-Malfoy II e Bella Lílian.
-Quem?
-Isso mesmo que você ouviu, pai. Sua neta e o filho do Malfoy encontraram o corpo, juntos... – o pai deu um bufar irritado que fez algumas das fagulhas ao redor de sua boca espirrarem para fora da lareira – Também não gostei nada disso. Eu tomei o depoimento dos dois, ao que parecem estavam discutindo, como sempre fazem e tropeçaram na garota desmaiada.
-E a garota morta? O que aconteceu? Avada Kedrava?
-Não, ela foi degolada... Alguém cortou sua jugular de uma ponta a outra.
-Não parece serviço de comensais. Nem de bruxo... Nunca vi nada igual no nosso mundo.
-Bom, a garota assassinada era filha de um antigo comensal, eles podem estar envolvidos, sim... – ponderou o jovem.
-Vou mandar Aurores a Azkaban para dar a notícia e interrogar o velho Goyle. Talvez descobrimos algo.
-Certo pai, qualquer informação é bem vinda...Não tenho nenhuma pista do que pode ter acontecido ainda. Só sei que eu tenho que descobrir logo. Segundo a Lovegood vão haver várias mortes, caso eu não descubra o assassino logo.
- Vou te mandar reforços agora!
-Não... melhor não... Se mandar mais gente vai afugentar o cara... Eu, pelo visto, não meto medo nele... Vamos trabalhar em conjunto, mas sem alardes.
O pai parecia ponderar a situação.
-Ok, como você preferir. Onde está o Remo?
Júnior olhou pela janela, mais adiante pode ver a cerimônia onde o corpo da garota seria cremado e colocado em um rico pote de ouro, para ser enviado aos pais, que não compareceram a cerimônia.
-No enterro.
O pai trocou mais algumas palavras com ele e se despediu.
Após a lareira apagar-se Junior se aproximou da janela para contemplar a cerimônia com mais calma. Pode ver as expressões das crianças, tentou avalia-las a distancia, procurando algo estranho, logo sua visão foi atraída pela imagem da jovem Malfoy, séria e sóbria.
Pelos depoimentos que tomara elas eram amigas próximas, deveria esperar um pouco mais de emoção dela, não? Se bem que estava falando de uma Malfoy, uma Malfoy com pitadas de sangue Weasley, mas ainda sim uma Malfoy.
Em seguida, outra imagem lhe chamou a atenção, algo menos relevante ao crime, mas não menos importante.
Sorriu de lado ao se dar conta do motivo do próprio interesse. Pena não ter tempo para se dedicar mais aquilo.
******************
Lizzy abriu os olhos naquela manhã fria de novembro com praticamente todas as garotas do quarto sorrindo para ela. Por um momento chegou a pensar que havia acontecido outro assassinato. Mas logo se deu conta que as feições estavam alegres demais para se tratar de uma notícia ruim.
-O que está acontecendo? – perguntou sonolenta.
Anna lhe esticou um lindo buquê de flores, rosas de cor salmão, suas preferidas.
-Deixaram para você na porta do dormitório...
-Pra mim? - coçou os olhos confusa – Como sabem que é para mim?
-Ta escrito no cartão... – disse Dori, fazendo um sonoro “dãã” antes de completar – É do Procion.
Sem muita paciência abriu o envelope e se pois a ler, já esperando uma nova tentativa de persuasão para que ela ajudasse naquele plano imbecil.
“Querida amiga,
Como sei que não vai me deixar falar, caso eu tente, resolvi usar uma outra tática para dizer-lhe o quanto sinto sua falta...”
Tinha que admitir, Procion sabia ser uma graça quando queria.
“...Sei que sou teimoso e você sabe disso melhor ainda. Mas eu quero que saiba que a sua amizade é mais importante do que qualquer passeiozinho ecológico que eu queira fazer...”
Ela riu, achando graça da denominação que ele dera para uma visita ao vestiário feminino.
“O que eu quero dizer é: Será que da pra você voltar a falar direito com a gente?
Eu não agüento o mau humor do JS sozinho... E pior! As implicâncias do Lúcifer que pega no nosso pé já que não tem você por perto para implicar... Ele fica um porre, sabia?.”
Se sabia? Claro que ela sabia... A exatos 16 anos, três meses e nove dias ela sabia que só viera ao mundo para ter a vida infernizada pelo primo Malfoy.
“Além disso estou muito preocupado com você andando sozinha por esses corredores sem os seus amigos fortes e másculos por perto para te defender.”
Ela teve que soltar uma gargalhada ao lembrar do primeiro ano, quando os dois só faltaram desmaiar e ela teve que dar conta sozinha dos diabretes que se soltaram na aula de animais mágico.
“Prometo que não toco mais na palavra mandrágoras com você, juro.
Bom, como eu sei que você vai me perdoar e voltar a falar comigo depois dessas flores, estarei te esperando no salão para descermos pro café.
Beijos
Do seu amigo mais gato, inteligente, charmoso, gostoso... e modesto.
Procion Tonks Lupin”
Ela pulou da cama animada, ao som dos risos das primas. Em minutos depois já estava abraçando o amigo ao pé da escada.
-Acertei a cor das rodas?
-Sim, acertou... Mas esse cabelo laranja de hoje não ficou legal...
-Ah, mas é o meu preferido, você sabe. – ele levantou os olhos como se conseguisse enxergar algo a cima da testa – Tudo bem, hoje você pode escolher...
-Que tal da cor natural?
-Ah Lizzy! É tão sem graça!
-Não é sem graça, Procion. Você fica lindo.
Muito a contragosto o rapaz deixou que o cabelo tomasse o tom escuro que tinha. O motivo de Prócio detestar a cor original era simples: ela não chamava tanta atenção como as cores berrantes que todos já haviam se acostumado a ver. Tanto que alguns nem o reconheciam.
-Sentiu minha falta mesmo? – perguntou ela assim que ele parou de reclamar do último que o ignorara no corredor.
-Claro que não! Mas estava ficando chato já. Onde já se viu? Minha melhor amiga sem falar comigo, pega mal para a minha fama de simpático. – ela riu, depois a expressão do amigo ficou um pouco séria – Na verdade eu estava preocupado. Não gosto de ficar longe de você com essas coisas acontecendo.
-Fique tranqüilo, tio Junior está no caso, lembra?
Eles seguiram para o café da manhã, falando besteiras e rindo. Mas sua expressão mudou da água para o vinho quando viu Lúcifer e Charlote conversando próxima a mesa da Grifinória “Por que eles tem que se dar tão bem?”
-Então o primeiro jogo é no mês que vem? – ouviu a prima falar quando ela e Procion se aproximaram. Lúcifer concordou em silencio – Legal, vou fazer questão de assistir.
A loira deu um beijo na bochecha dele.
-Tenho que ir agora, gente, tchau para vocês...
A loira se afastou balançando os cabelos e levando os olhares dos rapazes, como de costume. Só depois que ela desapareceu pela porta Lizzy percebeu que o Lúcifer a encarava.
-Que bom te ver de novo, sumida. – ela corou - Os meninos me contaram que você estava brava com eles e me pediram ajuda. Gostou das flores?
-Claro, o Procion acertou até a minha cor preferida de rosas.
-Quem disse que foi ele quem acertou?
Ela olhou incrédula para o amigo.
-Ah... Desculpe Lizzy, mas são tantas para eu guardar as preferências – ela deu-lhe um tapa doido no ombro – Ei! Calma! O Lúcifer sabe tudo porque ele anota... Eu não tenho culpa.
-Não preciso anotar as preferências de gente que conheço há anos, Procion, ainda mais as da Lizzy que conheço desde que nasci.
-Cada o JS? – perguntou Lizzy.
-Conversando com o Black. – respondeu o primo – Bom, tenho que ir. – ele beijou-lhe a testa fazendo as pernas dela bambearem – Nos vemos no almoço. Tenho uma coisa pra fazer agora.
Ela acompanhou os passos dele e fez cara feia ao perceber que Lúcifer se aproximara de Creevey.
-Ele esta preocupado com ela?
-Ah?
-O Lúcifer está preocupado com ela. – repetiu Procion – Por isso foi lá.
-Preocupado com o que?
-Aloouuuu... – revirou os olhos – Foi ela quem achou um corpo no meio de uma poça de sangue, esqueceu...
-Ah sim, o da Ludmila Goyle.
-Deve estar abalada. E você se lembra como ela é cheia de não me toques...
Lizzy tentou não transparecer o mau humor com a noticia.
-Sei, “não me toques” muito convenientes... Sempre o fazendo voltar para ela. – olhou para o próprio parto que já estava servido com guloseimas matinais – Quer saber, perdi a fome. – levantou irritada – Vou dar uma volta antes da primeira aula.
***********
JS entrou na sala e encontrou o tio envolto em papeis, absorto nas informações que lia.
-Mandou me chamar, tio?
-Sim, JS, entre... – ele levantou os olhos e fez sinal para que o sobrinho se sentasse – Como estão as coisas?
-Bem... Mas tenho certeza que não me chamou a essa hora da manhã para perguntar como estou, não é? Pode ir direto ao assunto tio, é sobre o assassinato?
-Não exatamente. Na verdade eu queria saber se a Lilianha ta namorando.
-Que Lilinha?
-Sua irmão, JS.... Por acaso eu chamo mais alguém assim?
Logicamente que JS achou a pergunta estranha, mesmo assim levou a questão na brincadeira.
-Com aquele gênio? Duvido muito. Quem ia agüentar ela. – e riu.
-O que tem isso demais, a minha mãe e a sua também tem gênios péssimos e são muito bem casadas.
-É diferente, meu pai e o vovô são loucos varridos.
-E apaixonados. – completou Junior – Acho que esse é o problema deles na verdade.
-É... deve ser.
-Mas... o que eu estava me perguntando é se há algum louco varrido como eles por perto da Lilinha?
-Por Merlin, tio! Ela só tem 14 anos. – ele estava começando a ficar irritado com o assunto.
-Você começou aos doze, que me lembre...– Junior estava achando graça, não imaginava que a reação do sobrinho a descoberta de que a irmã estava crescendo fosse ser tão ruim - Que foi, a idéia te incomoda?
-Claro que não. – murmurou – Não tenho nada haver com isso...
-E...
-E o que tio?
-Ela tem pretendentes ou não?
-Sei lá... Acho que não. Por que?
-Por nada... – se levantou e começou a arrumar os papeis a sua frente - Eu preciso resolver umas coisas em Hogsmead agora, JS. Depois nos falamos... Melhor, que tal marcarmos de jantar nós quatro, eu você e as meninas. Faz tempo que não fazemos isso.
-Ok, vou avisar a Daisy e a Bella.
Saíram juntos da sala. O sobrinho foi para o salão comunal, esperando ter tempo de pegar o fim do café da manhã. Junior seguiu em outra direção. Desceu dois andares, virou alguns corredores e parou ao lado da porta de um banheiro. Aguardou alguns segundos até que, finalmente, ela saiu.
-Muita bem, mocinha. – disse segurando o braço dela – Agora somos só nós dois.
-Hei! Me larga!
-Com prazer... Mas primeiro você me diz o que há de tão interessante nesse caso par a senhorita se dar ao trabalho de ouvir atrás dos armários alheios.
-Atrás de armários? Do que está falando?
Ele levou o nariz próximo ao pescoço dela, causando-lhe um arrepio imenso ao respirar por sobre sua pele.
-Eu senti seu cheiro, Dori... E também conheço de cor e salteado todas as passagens secretas dessa escola. Sei muito bem que atrás do armário da sala em que estou há uma passagem que leva direto a esse banheiro... Então, podemos conversar?
-Eu tenho aula agora. De poções...
-Vou mandar um elfo avisar que a senhorita não vai poder comparecer. Agora vamos para a minha sala... Lá você me conta tudo o que sabe.
**************
Charlote seguia para a primeira aula do dia onde esperava encontrar a irmã, já que a aula de poções do sexto ano da Corvinal era junto com o sexto ano da Grifinória. Precisava saber se ela havia descoberto algo na conversa entre JS e Jr. Black.
Alguns minutos antes as duas haviam chegado para o café quando JS foi chamado a sala do Auror. Se entreolharam e, com um aceno discreto, Dori seguiu atrás do antigo pivô das brigas entre as duas.
A oriental fora interceptada por Lúcifer, mas, antes que perdesse de vista o objeto de investigação, Charlote os alcançou, puxando uma conversa “nada haver” com o loiro, e permitindo que Dori saísse discretamente.
Perguntara sobre o quadribol, por que fora a única coisa que lhe viera a mente fazer. Sabia que o jogo entre Grifinória e Sonserina seria o primeiro do campeonato, pelo menos isso ela sabia. Disse estar interessada esse ano, que queria assistir a partida.
Então, quando finalmente Lizzy e o filho do diretor se aproximaram, ela pediu licença e se retirou.
Seguiu para a classe e assistiu a aula seguinte tão preocupada com o desaparecimento da irmão que se quer percebera quando um elfo entrou com uma carta endereçada ao professor.
-Senhorita Weasley... – como adivinhar que era ela se naquela sala havia também sua prima Lizzy? Bom, deveria haver sua irmã, mas Dori não comparecera, o que era muito estranho já que JS se encontrava absorto nos trabalhos de sala que realizava – Senhorita Weasley, estou falando com a senhorita! – ela levantou os olhos para o homem e descobriu se tratar dela a senhorita Weasley em questão – Sua irmã não poderá comparecer a aula, peço que anote os trabalho para entregar a ela.
Normalmente Charlote diria para Lizzy fazer isso, mas dessa vez a recusa em ajudar a irmã nem se quer lhe passou pela cabeça. Estava mais preocupada em onde a outra se metera.
Felizmente, antes do fim da aula Dori aparecera. Sentara longe de Charlote, mas, pelo olhar que lhe dera a mais velha sabia que tinha novidades importantes.
Mesmo assim aguardou paciente até o fim da aula para só então tentar conversar com ela.
-Ei, onde vocês duas vão? – perguntou Lizzy, quando, na saída da sala, as duas se puseram a se afastar juntas – Tudo bem que estamos adorando que as duas estejam se falando agora... Mas você andam de segredinho demais, sabia.
-Que segredos? Só vou passar a matéria que ela perdeu, como o professor pediu.
Dori deu de ombros e se apressou em seguir Charlote, antes que Lizzy protestasse. A ruiva encarou JS, confusa.
-Está acontecendo alguma coisa. Não está? – perguntou.
-Está... Com certeza está. E a minha intuição me diz que eu não vou gostar nada do que é...
Ela soltou uma gargalhada.
-Verdade. Já imaginou se elas resolveram se unir para ferrar com você? Ia ser engraçado.
-Valeu, Lizzy. Adoro quando você me incentiva desse jeito!
-É impressão minha ou tem mais alguma coisa te incomodando? Você não costuma ficar tão irritado quando o assunto são as meninas...
-É tem... Uns negócios ai que o meu tio falou... Mas é besteira dele... Espero...
-JS! Ta pronto!!!! Ta pronto!!!! – Procion, que não participava da aula de poções por estar muito adiantado, chegou correndo, mas sua empolgação sumiu ao ver Lizzy parada ao lado do amigo.
-O que está pronto? – ela perguntou animada, mas, dada a cara de sem graça do amigo a uma pergunta tão simples, ela logo foi percebendo do que se tratava – Vocês não... Eu não acredito nisso Procion!!!!! Vocês não fizeram aquela porcaria, fizeram??? Você me prometeu que não faria.
-Ah! – ele levantou o dedo indicador, discordando – Eu não disse isso. Eu disse que não falaria mais de mandrágoras com você... E não falei...
-Quem arrumou as folhas de mandrágora para vocês?! – silencio – Foi o Lúcifer, não foi?! – permaneceu o silencio. – Claro que foi, só ele e eu temos acesso à estufa! – bufou irritada, em seguida apontou o dedo ameaçadoramente para os dois – Vou acertar minhas contas com ele mais tarde... Agora, quanto a vocês dois... ME AGUARDEM! Eu não vou deixar isso barato, entenderam?
Ela se retirou batendo o pé tão fortemente que nenhum deles se atreveu a tentar pará-la.
-Acho que estamos encrencados, JS... – disse o metamorpho, finalmente percebendo o tamanho do problema que haviam arrumado junto à amiga.
-Como nunca antes, Procion... Como nunca antes...
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