Como Tudo Acabou



Era uma manhã de verão como todas as outras manhãs em Londres. O sol brilhava fraco, o céu estava perfeitamente azul e ainda podia se sentir a leve brisa da noite. Como ainda era muito cedo, a rua estava praticamente deserta. Apenas alguns trabalhadores, que iniciavam suas jornadas bem antes das outras pessoas, caminhavam em direção às suas vidas. E olhando tranquilamente pela janela Hermione esperava sua coruja sumir pelo horizonte.
Sua coruja, destinada a Harry Potter, tinha um lindo cartão lhe desejando a maior felicidade do mundo e um presente especial. Afinal, não era todo dia que ela podia manter contato com seu melhor amigo e saber que em breve poderia abraçá-lo para desejar “feliz aniversário”.
Após algum tempo perdendo-se em lembranças sobre o amigo, Hermione virou-se e continuou tomando seu copo de café. Ela estava no cômodo em seu pequeno apartamento de que ela mais gostava: seu escritório. Mesmo sem grandes luxos, ele era um quarto aconchegante, com uma escrivaninha antiga no centro e rodeada de estantes, todas elas abarrotadas de livros. Era um quarto limpo e ordenado, afinal é de Hermione Granger que estamos falando.
Aquela biblioteca particular era a sua paixão. Foi dentro dela que Hermione passou a maior parte dos seus dias desde que se formou em Hogwarts, e era nele que ela tentava superar todos os seus problemas. Mesmo depois de tantos anos, Hermione ainda se lembrava de como fora difícil finalmente se formar em Magia e ter que abandonar muitos de seus sonhos para viver a realidade.
Sem querer pensar mais no passado, a mulher de cabelos castanhos se dirigiu à sua cozinha, terminou o seu café da manhã e preparou-se para mais um dia de trabalho. Aquele apartamento poderia se passar por um apartamento trouxa para qualquer um. Tirando a falta da TV na sala de entrada ou de uma cafeteira ou um microondas na cozinha, Hermione vivia em um apartamento simples e discreto em um bairro tranqüilo de Londres. Um apartamento, claro, protegido por magia para alguns trouxas curiosos não pegarem sua coruja indo e vindo todos os dias com o Profeta Diário, ou pelas aparatações de seu assistente em sua porta durante o fim de semana.
Olhando-se pelo espelho em cima de sua lareira, Hermione já pegava o pó de flú e se deparou com uma mulher séria e competente do Ministério. É claro que trabalhar lá nunca fora seu maior plano, mas ser a assistente majoritária do Primeiro Ministro da Magia, não era um cargo que qualquer bruxo ou bruxa nesse mundo conseguiria ter aos 25 anos. Ela estava com certeza muito mais madura, mais séria e dedicada aos seus deveres como nunca. Ainda tinha seus cabelos rebeldes, que agora sempre prendia em um charmoso coque, seu olhar inteligente e a capacidade de absorver conhecimento como ninguém. E era por isso que ela chegou tão alto no Ministério. Não existe bruxo ou bruxa no mundo que saiba mais que Hermione Granger.
E, jogando um pouco de pó-de-flú, Hermione entra em sua lareira e sente o aconchegante toque das chamas antes de falar claramente: “Ministério da Magia”.

Caminhando tranquilamente pelo andar executivo do Ministério, Hermione era cumprimentava por todos os bruxos e bruxas por quem passava. A Srta. Granger tinha assumido um cargo de estagiária no prédio assim que se formara em Hogwarts, mesmo tendo tido propostas para vários outros cargos em todos os lugares do mundo.
O emprego dos seus sonhos, ser uma Auror, também foi lhe oferecido de bandeja, mas ela efusivamente o recusou. Ninguém entedia porque, afinal, seu conhecimento e toda a sua luta durante a guerra contra Voldemort, tinham provado que ela era uma bruxa corajosa e muito talentosa para tal fato.
Após um ano de batalha, o Lord das Trevas foi derrotado, então todos os alunos puderam voltar a Hogwarts para terminarem seus estudos. Mesmo estando com dezoito anos, a maioria dos alunos voltou para o sétimo e último ano de treinamento. Harry, Rony e Hermione não foram diferentes. Mesmo sendo aclamados por todo o mundo pelos seus feitos, se formaram como todos os outros alunos no sétimo ano, antes de partirem para seus sonhos.
Logo após a formatura, os três receberam ofertas de emprego de todo o mundo e de qualquer profissão que desejassem. Harry, mesmo depois de tanta luta, tornou-se Auror e decidiu dedicar toda a sua vida para combater a magia negra. Rony Weasley, por outro lado, decidiu se dedicar ao combate da magia negra em outro país, tornando-se um Auror na Romênia. E Hermione, mesmo sendo tentada a seguir a mesma carreira que dos amigos, decidiu-se por seguir a vida em um trabalho mais intelectual no Ministério.

- Bom dia Srta. Granger. Já coloquei em sua sala todos os relatórios sobre o processo dos elfos domésticos. O Sr. Ministro deseja adiar a reunião para após o almoço, às quatorze horas. E a diretora de Hogwarts procurou-lhe novamente e pediu que retornasse a ela com urgência.
- Muito obrigada, Christopher. – disse Hermione se sentando em sua mesa e já analisando alguns papéis. – Minerva não explicou o motivo da urgência?
- Não senhora. Ela disse somente que precisava lhe falar e que esperava ser o mais rápido possível.
- Mais algum recado?
- Não Srta. Granger.
- Muito obrigada.

O seu assistente já saia de sua sala rumo ao corredor principal, onde ficava sua própria mesa. Hermione pensava como era engraçado como ele se dirigia a ela com respeito e muita formalidade, quando os dois tinham apenas alguns meses de diferença de idade. Ela nunca havia se incomodado com isso, mas achava que essa formalidade a deixava... mais velha.

- Christopher?
- Sim?! – seu assistente parando abruptamente seu caminho e virando-se para encarar a chefe.
- Daqui em diante é Hermione para “o senhor”. – disse sorrindo.
- Sim senh... Hermione. – Ele pareceu atrapalhado, mas também sorriu e saiu em direção à sua mesa.

Voltando agora sua atenção para o projeto que tinha em suas mãos, Hermione começou a trabalhar. Depois de muito tempo batalhando pelos direitos dos elfos, ela finalmente conseguira algum progresso. A libertação total dos elfos não era fácil conseguir, principalmente por que muitos deles não queriam ser livres, mas ela conseguira por em prática uma lei que determinava que todos os elfos deveriam ter salário (se desejassem) e obrigatoriamente terem um plano de saúde e férias todos os anos. O projeto em suas mãos consistia em criar um centro nacional de saúde e lazer destinado a eles. Concentrada em seu projeto, Hermione não percebeu quando um homem moreno entrou em sua sala.

- Elfos novamente?! – disse o bruxo olhando por cima o projeto que ela lia, se divertindo. Hermione assustada olhou para o invasor e se deparou com os olhos verdes de seu melhor amigo.
- Harry! – disse, dando um pulo de sua cadeira e indo de encontro ao amigo. – Eu não acredito que veio até aqui. Era para nos encontrarmos só na hora do almoço. – E o abraçou forte. – Parabéns.
- Obrigado. Mas é sobre o nosso almoço que me fez subir aqui.
- Algum problema?
- Na verdade, sim. Terei que desmarcar o nosso almoço esse ano.
- Isso é... uma pena.
- Mas é por uma boa causa! – disse se animando. – Gina fez questão de comemorar meu aniversário esse ano com todos os nossos amigos e faremos um grande jantar! Eu irei trabalhar apenas até o almoço e já vou ajudá-la com tudo.
- Uau! Isso é ótimo! – disse Hermione com sinceridade.
- Então, posso contar com você lá? – disse Harry olhando em seus olhos. – Gina me fez prometer que não deixaria você faltar mais um jantar.
- Bom, se insistem tanto em minha presença... – corou Mione. – Eu vou.
- Ótimo! – Harry já ia saindo da sala. – Às oito horas, n’A Toca! – Só agora Mione percebeu na furada que havia entrado.
- Mas...
- Ah! Muito obrigado pelo presente! Como sempre, você acertou! – disse Harry com um grande sorriso no rosto e desapareceu sem deixar Mione falar qualquer coisa.

“Que ótimo! A Toca...”. Pensou Hermione para si mesma: “Quanto tempo eu não vou lá? Cinco anos? Ótimo Harry...”.
Apreensiva sobre a noite que viria Mione tentou se concentrar ao máximo em seu trabalho para não remoer velhas lembranças. Curiosamente, quando menos queremos que algo chegue é quando o tempo passa mais rápido.
Seu almoço, sua reunião com o Ministro da Magia, todos os relatórios assinados, todos os telefonemas recebidos, tudo passou como um flash, e logo a sua jornada de trabalho diária no Ministério havia acabado.
Já em casa, Hermione andava de um lado para o outro pensando o que deveria fazer. Talvez devesse simplesmente fingir que estava doente e faltar ao jantar. Mas isso seria muito rude e todos saberiam que a doença era apenas uma desculpa. Talvez devesse apenas mandar uma coruja se desculpando pela ausência...
“Gina me fez prometer que não deixaria você faltar mais um jantar”. Uma vozinha idêntica à de Harry surgiu em sua mente e a tristeza tomou conta de Mione. Estava tão afastada de sua grande amiga, de sua confidente. Sem contar da sua distância de Harry. Seu relacionamento agora se resumia à almoços em datas especiais e uma conversa sem muita intimidade.
Com uma pontada de pesar em seu coração, Hermione se preparou para reviver o passado. Entrou em seu banheiro e começou a se arrumar. A única esperança que ainda restava era que, talvez, “seu passado” estivesse a muitas milhas dali, em um país chamado Romênia.

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Comentários (1)

  • Mi Granger

    Por Merlin! Essa e´uma das melhores fics que estou lendo... Espero que continue assim até o fim!

    2011-12-28
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