O segredo de Snape
Capítulo 14: O segredo de Snape
Os dias que se passaram após a reunião com Dumbledore foram tranqüilos, e Harry, Rony, Hermione e Gina esperavam um recado do ex-Diretor com relação à conversa com Mundungo Fletcher.
- Algum de vocês já foi a Azkaban? – perguntou Harry ao grupo.
- Não – responderam todos ao mesmo tempo.
- Papai foi na época que os Dementadores ficavam lá. Dizia que era horrível, e que de ficar algumas horas lá, a pessoa já se sentia totalmente desesperada – disse Rony depois. – Mas agora deve ser melhor, já que eles não estão mais lá.
- E por que Voldemort não tenta livrar seus comparsas que estão presos lá? Imagino que deva ter ficado mais fácil se escapar de lá agora – perguntou Harry.
- Papai disse que deve ser porque se aumentou a segurança, com mais aurores e feitiços anti-fugas. Embora os Dementadores não estejam lá, o lugar é distante, e poucas pessoas sabem ir lá – respondeu Rony.
- Como vocês acham que vamos pra lá? – perguntou Gina.
- Não sei – respondeu Harry. – Dumbledore nem disse se todos nós vamos ou não.
- Você acha que algum de nós não irá? – perguntou Hermione preocupada, achando que poderia ficar pra trás, por ser mulher. – Só espero que não estejam pensando em me deixar pra trás, eu quero tanto ir quanto qualquer outro.
- Eu sei, Mione! Não estou dizendo que você ou Gina não deveriam ir por serem meninas, há muito tempo deixei de achar que vocês são frágeis, só estou dizendo que não sei o que se passa na cabeça de Dumbledore – respondeu Harry brincando com as garotas.
- É bom mesmo! Não é só porque gosto de você que vou deixá-lo me impedir de fazer o que é necessário – Gina colocava as mãos na cintura, imitando sua mãe. – Certo, Sr. Harry Potter?
Ninguém conseguiu se conter, e todos riram de Gina. Rony chegou a ter os olhos marejados de tanto rir.
Após alguns dias, Harry, Gina, Rony e Hermione estavam na Sala Comunal da Grifinória, quando receberam um recado por Colin Creevey, dizendo que a Professora McGonagall queria falar com eles.
O quarteto seguiu para a sala da Diretora, e a encontraram postada na frente do retrato de Dumbledore.
- Boa noite! – disse a professora. – Dumbledore quer falar com vocês. Espero lá fora.
O grupo se aproximou do retrato de Dumbledore, que os recebeu de forma calorosa:
- Boa tarde a todos! Está tudo arrumado com o Ministério. Vocês partem no próximo sábado para Azkaban, e terão um encontro com Mundungo. Porém apenas duas pessoas poderão conversar com ele. Então sugiro que vocês escolham quem serão.
- Por que não podemos ir todos? – perguntou Gina.
- Porque chamaria muita atenção. Não é possível aparatar, nem se usar chaves de portal para ir para Azkaban. Só se chega lá voando. Então é melhor que o grupo seja reduzido – respondeu Dumbledore.
- Só voando? – perguntou Hermione.
- Acho que um de nós já desistiu de ir a Azkaban – disse Rony, brincando com a namorada.
- Desisti nada! Eu não desisto de nada nunca! Você mais do que ninguém devia saber disso! – respondeu Hermione ficando com o rosto vermelho. – Se precisar eu vou voando!
- Sei disso, minha flor! Só estou brincando. – disse Rony abraçando a garota.
- Bem, as duas pessoas que irão a Azkaban encontrarão Lupin e Moody aqui na sala da Diretora, às 10 horas. Daqui vocês voarão para próximo do local onde fica Azkaban, e de lá seguirão de barca até a prisão. Não se preocupem em serem visto voando, pois utilizaremos o feitiço da desilusão em vocês, e tanto Lupin quanto Moody sabem para onde ir – explicou Dumbledore aos alunos, para que tudo ficasse claro.
- Certo. Então decidiremos quem irá, e estaremos aqui no sábado – conclui Harry.
- Ótimo! Então até sábado. E bom resto de semana a todos – se despediu Dumbledore.
O grupo se retirou e se colocou a caminho da Sala Comunal. Chegaram e se acomodaram nas poltronas, que se encontravam vazias, pois a maioria dos alunos já estavam em seus dormitórios.
- Temos que resolver quem irá a Azkaban, e acho que temos que pesar todos os motivos na hora de escolher as pessoas – disse Harry.
- Analisando a situação acho que você ir, Harry, é essencial! – começou Hermione. – Pois se tratando de Régulus ser da família Black e da sua relação com Sirius, você pode abordar o assunto da morte dele de maneira a chamar menos atenção.
- É verdade! O mais sensato é que você seja uma das pessoas que irá falar com Mundungo – concordou Rony.
Gina balançou a cabeça em sinal de aprovação.
- Tudo bem, eu irei! Agora precisamos decidir quem vai comigo – Harry olhou para os colegas e continuou. – Vocês têm alguma sugestão?
Gina, Rony e Hermione se entreolharam, e pareciam pensar sobre o assunto. Foi Gina que tomou a iniciativa e disse:
- Embora eu quisesse muito ir, acho que a pessoa mais indicada é a Mione.
- Por que você acha isso, Gina? – perguntou Harry diante dos olhares de Rony e Mione.
- Porque ela é de longe a pessoa mais sensata de nós, e a que passa mais confiança para as pessoas. Será mais fácil Mundungo confiar em Hermione do que em qualquer um de nós – concluiu Gina de modo simples.
O argumento da ruiva era muito bom, e embora Rony e Harry tentassem pensar em alguma coisa para que ela não fosse, não havia um argumento suficientemente forte.
- Só tem um problema – falou Mione.
- Qual? – perguntou Gina, tentando imaginar o motivo pelo qual Hermione tentasse impedir sua ida a Azkaban.
- Voar – Mione olhava envergonhada para os próprios pés. – Nunca aprendi direito e tenho medo de acabar caindo.
- Se esse é o problema, então não existe problema! – disse Rony sorrindo entrando na conversa e abraçando Mione. – Pode deixar que até sábado a Mione vai estar voando como nunca!
- O que você está pensando em fazer, Rony? – perguntou Hermione um pouco assustada.
- Ensinar você, ora bolas! – respondeu Rony beijando o rosto da namorada.
- Então está resolvido! Iremos eu e Hermione – disse Harry. – Agora é melhor irmos dormir, pois teremos aula amanhã e Hermione terá que usar seu tempo livre para as aulas com Rony.
- Ok! Boa noite então – Gina se levantou beijou o rosto de Harry, que ficou tão vermelho quanto os cabelos de Rony. Abraçou e beijou o irmão e Mione, e subiu a seu dormitório.
Rony se despediu de Hermione, que seguiu Gina, e junto com Harry eles seguiram para o dormitório dos garotos.
Os dias que antecederam a ida a Azkaban foram gastos com as aulas de vôo de Hermione e com conversas de qual seriam as perguntas a serem feitas a Mundungo.
No sábado de manhã o grupo levantou cedo e seguiu em direção ao Salão Principal, para tomar o café da manhã.
- Você devia comer alguma coisa, Mione! Se não se alimentar direito é até capaz de cair da vassoura. Então as aulas que eu te dei não terão servido pra nada – disse Rony num tom de preocupação.
- Não consigo! Só de me imaginar voando sozinha meu estômago já embrulha – respondeu Hermione. – Isso é muito difícil pra mim.
- Você é capaz – disse o ruivo, tentando passar confiança a garota. – Além disso, sou ótimo professor! – Rony agora ria de sua própria piada.
- Acho que você só se esforçou por ter um “grande interesse” pela aluna! – brincou Gina.
- Pára com isso, Gina! Não tem graça! – Mione agora ficara muito vermelha e envergonhada.
- Não precisa ficar envergonhada, minha flor. Na verdade eu realmente tenho um “enorme interesse” pela aluna, e faz um grande tempo que sinto isso – disse Rony dando um beijo na bochecha da namorada.
- Acho melhor irmos. Já está quase na hora de encontrarmos os outros na sala da Diretora – Harry disse se levantando. – Vocês vão até lá com a gente?
- Claro! – respondeu Rony. – Não quero perder nenhum segundo que tenho com a “minha garota” – Rony levantou-se e estendeu a mão para que Mione a pegasse.
Todos se levantaram e foram em direção a sala da Professora McGonagall.
Ao chegarem lá, encontraram Lupin e Moody esperando o grupo, para irem a Azkaban.
- Bom dia a todos. E então, quem vai conosco? – disse Lupin.
- Eu e Hermione, Remus. Estamos prontos – Harry segurava sua Firebolt e Hermione a Comet que Rony emprestara.
- Ok, então se aproximem para que possamos desiludir vocês – Moody fez sinal para Harry e Hermione.
Hermione abraçou o namorado e lhe deu um beijo, dizendo:
- Não se preocupe, volto logo!
- E eu estarei esperando, pode ter certeza! – respondeu Rony.
Harry se sentiu estranho e num ímpeto se aproximou de Gina e a abraçou. A menina, embora não entendesse o porquê da atitude de Harry, retribuiu o abraço e lhe disse ao ouvido:
- Tenha cuidado!
- Pode deixar, volto logo! – respondeu Harry de maneira simples e confiante.
Harry e Hermione se aproximaram de Moody, e ele desiludiu os dois. Subiu em sua vassoura e se virou para onde estava os dois, dizendo:
- O Lupin vai na frente, e como eu sou o único que pode vê-los, irei na retaguarda. Não se preocupem, se acontecer alguma coisa estarei atento. Harry, acho melhor você voar o mais próximo de Lupin que puder, enquanto eu voarei ao lado da Srta. Granger.
- Certo – responderam os dois.
- Harry, vamos então! – disse Lupin levantando vôo e sendo seguindo por Harry.
- Certo, Srta. Granger, agora é a nossa vez! –disse Moody indicando a Mione que fosse primeiro.
Hermione levantou vôo e foi seguida por Moody.
Eles voaram em direção ao Norte por várias horas e conforme seguiam viagem, o frio ia aumentando. Embora estivessem muito bem agasalhados, o frio que fazia já passava do insuportável, e quando Harry já não sentia suas mãos, Lupin embicou sua vassoura para baixo, começando a descer.
Ele pousou, e em seguida Harry pousou ao seu lado.
Orientado por Olho-tonto, Mione pousou próxima a Harry, com Moody ao seu lado.
- Um momento, vou desiludi-los outra vez. – falou Moody, pegando a varinha no bolso da jaqueta. Com um movimento, fez Hermione e Harry aparecerem.
Moody olhou para Hermione, que parecia assustada pelo vôo, e disse-lhe com o que parecia um sorriso na boca torta:
- Parabéns, Srta. Granger! A senhorita está voando muito bem!
- Erh... Obrigada! – Hermione parecia constrangida, e olhava para Harry com as bochechas muito vermelhas.
Harry sabia o motivo daquilo. Era Rony, pois qualquer coisa que tivesse a ver com o colega fazia Hermione corar.
- Bem, está na hora! Vamos! – disse Lupin, indo em direção a um cais muito antigo, onde uma pequena balsa estava ancorada.
Conforme se aproximavam da balsa, Harry pôde notar a figura de um ser alto, coberto por uma capa negra, muito escura. Quem já tivesse visto um, poderia jurar que era um Dementador que dirigia a balsa, mas a diferença era que o ser não flutuava como eles.
Eles chegaram na balsa e embarcaram nela. Harry fixou os olhos na abertura do capuz do condutor da balsa, e horrorizado notou que ele não possuía olhos, somente fendas, e parecia humano, mas com uma aparência muito velha.
Conforme a balsa avançava mar adentro, uma neblina muito forte a cobria, impedindo qualquer um deles de ver alguma coisa na frente.
Após algum tempo, eles tinham que se equilibrar na balsa para não cair, devido ao mar agitado. Então, Harry viu surgir uma sombra negra alguns metros na sua frente. Ele fez sinal para Hermione, e quando os dois fixaram o olhar na sombra que surgia, puderam ver a figura de um enorme castelo que cobria toda a ilha.
Ao contrário de Hogwarts, que tinha uma fachada imponente e parecia um quadro, passando uma sensação de aconchego para quem o via, Azkaban mostrava tudo o que deveria passar: o desespero, a dor, e a culpa de quem habitava aquele castelo. Era um castelo negro, sem luz e sem vida, que se postava na frente dos tripulantes da balsa.
A balsa parou em frente a um pequeno cais. Ele terminava em uma porta de madeira velha e cheia de trancas.
O condutor da balsa a prendeu no cais e foi até a porta. Harry notou que havia uma pequena pedra escura no meio da porta, e notou que o condutor se colocou em frente a ele. Foi quando uma luz negra saiu da pedra, em direção ao lugar onde deveria ficar o olho esquerdo do condutor. Ouviu-se um som de trancas se abrindo, e a porta enfim se abriu.
- Vamos! – disse Moody. – Tem gente nos esperando do lado de dentro.
Todos entraram e conforme Moody havia dito, um grupo de quatro pessoas os esperavam. Um deles se aproximou e disse em direção a Moody:
- Então não morreu ainda, seu saco de ossos?
- Nunca antes de você, saco de bosta de dragão! – respondeu Moody, indo em direção ao homem, dando-lhe um abraço.
- Colegas, este é Simon Moody, meu meio-irmão e o cara mais irritante que conheço! – disse Moody para Hermione e Harry.
Simon se aproximou e cumprimentou Harry e Hermione, mas não Lupin. Harry achou estranho, pois sempre considerou Lupin uma pessoa gentil, e não imaginava que alguém não gostasse dele.
- Vocês irão comigo e com Charles – disse Simon a Harry e Hermione, apontando para um dos homens que o acompanhavam. – Enquanto Moody e seu “amigo”, irão com James e Phill. Vocês terão uma hora para o interrogatório. Nos encontraremos aqui em seguida.
Todos concordaram. Harry, Hermione, Simon e Charles seguiram por um corredor que entrava por dentro do castelo, enquanto Moody, Lupin, James e Phill pegaram uma escada, que parecia levar a alguma das torres do castelo.
Após alguns minutos, andando por corredores estreitos e escuros, eles chegaram a uma sala, onde havia apenas uma mesa, algumas cadeiras e uma porta do outro lado.
Alguns segundos depois a porta do outro lado da sala se abriu e por ela entrou Mundungo, sendo escoltado por outro guarda.
- Harry! Hermione! Que bom ver vocês! Vieram me buscar? Estou livre? – disse um Mundungo desesperado, indo em direção aos garotos, mas sendo contido pelo guarda que o acompanhava.
- Vocês poderiam nos deixar a sós? – disse Harry aos dois que o acompanhavam e ao guarda que veio com Mundungo.
- Tem certeza? Ele pode ser perigoso – perguntou Simon.
- Tenho. Só o Ministro acha que Mundungo é perigoso – respondeu Harry.
Simon fez um sinal para os outros dois, e eles saíram enquanto o meio-irmão de Moody dizia a Harry e Hermione:
- Estaremos lá fora. Qualquer coisa é só me chamarem.
Harry fez um sinal para Simon, que saiu e fechou a porta.
- Sente-se, Mundungo. Precisamos conversar – disse Harry, mostrando a cadeira a Mundungo e esperando ele sentar.
Quando Mundungo se sentou, Harry e Hermione se sentaram nas cadeiras do outro lado da mesa e começaram a falar:
- Mundungo, sabemos o motivo de sua prisão e não temos como fazer nada para soltá-lo – começou Harry. – Mas nós, e a Ordem, precisamos de sua ajuda. Quem sabe isso possa ajudá-lo a sair daqui.
- Claro... Tudo para ajudá-los... e a Ordem também – Mundungo parecia consternado e um pouco perdido. – O que vocês querem saber?
- O que você sabe sobre a morte de Régulus Black? – perguntou Hermione, entrando na conversa.
- Régulus? Nada! – respondeu Mundungo assustado.
- Dumbledore nos disse que você era amigo de Régulus, e que podia saber quem o matou e porquê! – disse Harry, um pouco mais nervoso. – Por que não nos fala? – Harry esmurrou a mesa com raiva.
- Eu era amigo dele sim! Mas depois que ele se tornou um Comensal da Morte, nunca mais nos encontramos! Se a Ordem me visse com ele acharia que eu tinha traído a todos, como Rabicho, e embora eu seja um ladrão, não sou traidor! – respondeu Mundungo desesperado.
- Calma, Harry! Isso não ajuda em nada! Deixe-me falar com ele, está bem? – Hermione fez Harry se levantar e ficar afastado dos dois.
A garota voltou seu olhar para Mundungo, tentando passar segurança para ele, dizendo de maneira calma:
- Sabemos que você não trairia a Ordem, mas se você souber de algo sobre Régulus, qualquer coisa, isso ajudaria muito.
Mundungo parecia analisar a situação, e olhando para o chão começou a falar:
- Eu me encontrei com Régulus apenas uma vez, depois que ele se tornou um Comensal. Foi uns dias antes dele ser assassinado. Ele parecia transtornado e me disse que se alguma coisa acontecesse a ele, era para dizer a Sirius que ele nunca faria nada de mal pra ninguém. Que embora fosse um covarde, iria sofrer as conseqüências disso.
Hermione olhou para Harry e o garoto entendeu o porquê de Régulus ter sido morto. Foi por não seguir a Ordem de Voldemort para matar alguém, e não tinha nada a ver com o medalhão.
- Outra coisa, nós o vimos vendendo coisas dos Black em Hogsmeade, ano passado, antes de ser preso. Onde encontrou aquelas coisas? – continuou Hermione.
- Eu as peguei no Largo Grimmauld, mas me arrependo muito. Foi mais forte do que eu – Mundungo colocara as mãos sobre o rosto e parecia mais desesperado.
Harry se aproximou e colocou a mão sobre o ombro de Mundungo, dizendo calmamente:
- Isso não importa! Só preciso saber uma coisa. Você viu algum medalhão por lá?
- Não, eu juro que não! – Mundungo olhou para Harry.
- Tudo bem! Faremos o possível para tirá-lo daqui, mas não posso prometer nada – Harry disse de maneira sincera para Mundungo.
- Obrigado! Se vocês descobrirem quem matou meu amigo Régulus e prendê-lo, eu já ficarei feliz – disse Mundungo.
Harry e Hermione se despediram de Mundungo e bateram na porta para que os guardas entrassem. Harry olhou para Mundungo saindo pela outra porta e não pôde deixar de sentir pena do ladrão, que embora tivesse feito muitas coisas erradas, não era uma má pessoa.
O caminho de volta até o ponto de encontro com Moody e Lupin foi silencioso, pois Harry e Hermione tinham combinado de somente conversar sobre o assunto em Hogwarts.
Quando se encontraram, Moody e Lupin também não quiseram comentar nada, nem no caminho feito na balsa. Somente quando chegaram ao cais, de onde começaram a viagem de balsa para Azkaban, foi que Harry iniciou uma conversa.
- Como vocês foram com Lucius? – perguntou o garoto para Lupin.
- Descobrimos várias coisas. Mas acho melhor só conversamos em Hogwarts, é mais seguro – respondeu Lupin.
- Posso perguntar outra coisa, então? – disse Harry, meio envergonhado.
- Claro! O que quer saber? – Lupin se mostrava curioso.
- Você já conhecia o meio-irmão de Moody? – Harry perguntou.
- Já. Porque a pergunta? – Lupin parecia cada vez mais curioso.
- É que parecia que ele não gosta muito de você. Posso saber por quê? – Harry olhava curioso para Lupin.
- Ah! A resposta é simples. Tonks! – respondeu Lupin. – Eles foram namorados faz algum tempo, e ele tinha esperança de voltar com ela. Além de tudo, ele não acha uma boa idéia ela estar namorando um Lobisomem.
A resposta de Lupin fez Harry não gostar nada de Simon, mas já tinha passado pela mesma situação, ao ver Gina com Dino e imaginando que o rapaz não fosse digno de estar com ela.
A viagem de volta foi tranqüila. Mal pousaram em Hogwarts e foram recebidos pelos outros, que os esperavam. Todos seguiram para a sala de McGonagall, para se reunir com Dumbledore.
Ao redor do quadro de Dumbledore, começaram a contar o que havia ocorrido em Azkaban. Foram Harry e Hermione que começaram a conversa dizendo a todos:
- Não descobrimos muita coisa – começou Hermione. – Somente que Mundungo encontrou com Régulus um pouco antes de morrer e que provavelmente foi morto porque não cumpriu uma ordem de Voldemort.
- Infelizmente não sabemos qual era essa ordem – completou Harry.
- Nós sabemos – disse Moody.
Todos se voltaram para Moody e Lupin com curiosidade.
- A conversa com Lucius foi proveitosa, embora muito difícil – começou Lupin. – Ele dizia muitas coisas sem nexo. Com certeza fruto da época em que os Dementadores vigiavam Azkaban.
- Mas descobrimos que realmente Régulus não cumpriu uma ordem de Voldemort, e por isso foi morto – completou Moody.
- Mas qual era a ordem que ele recebeu? – perguntou Rony.
- Matar seu irmão Sirius! – respondeu Lupin. – Ele tinha que matá-lo, e descobrir onde era a sede da Ordem.
- Porém, ele não cumpriu a ordem – Moody continuou. – Provavelmente por isso foi morto.
- Mas quem o matou? – perguntou Gina.
- Aí que está o mais curioso – respondeu Lupin. – Parece que a primeira pessoa encarregada de matá-lo, convenceu Voldemort de que não era uma boa idéia, então a missão foi entregue a Lucius.
- E quem foi a primeira pessoa encarregada de matar Régulus? – perguntou Hermione.
- Snape! – respondeu Lupin.
Um silêncio mórbido tomou conta da sala.
- Ele podia ter avisado Régulus. Ele poderia tê-lo salvo – Harry parecia indignado.
- Ele não podia fazer nada! – respondeu Dumbledore que entrava na conversa.
- O senhor sabia disso? – perguntou Harry a Dumbledore.
- Exatamente, não – respondeu Dumbledore. – Mas Snape me confidenciou que teria que matar alguém, e que por pouco conseguiu se livrar da tarefa. Contudo se tentasse salvar essa pessoa, Voldemort descobriria que ele estava do nosso lado.
- Como do nosso lado? Ele matou o senhor! – disse Harry irritado.
- Não posso contar o que ele me contou. Não tenho esse direito – respondeu Dumbledore. – Mas continuo com a certeza de que na hora propícia, ele retornará ao nosso lado.
- Como pode dizer isso? Ele matou o senhor! – Harry gritava para Dumbledore.
- Lupin, Moody, vocês poderiam nos dar licença? Preciso conversar com os garotos e com as garotas, é claro, a sós – Dumbledore disse solicitando aos membros da Ordem que saíssem.
- Claro! O que tínhamos para contar já foi falado, portanto já vamos. Se precisar é só nos chamar. Até logo a todos – disse Lupin, se despedindo e sendo acompanhado por Moody.
Assim que os dois saíram, Dumbledore se virou para Harry e começou a falar:
- Sempre me perguntei porque você nunca perguntou sobre minha morte. Achava que você se sentia incomodado com o que aconteceu, mas vejo que é hora de vocês saberem exatamente o que houve naquela noite.
Os amigos se entreolharam e aguardaram a explicação de Dumbledore, curiosos.
- Naquela noite, quando chegamos na torre e fui imobilizado pelo Sr. Malfoy, tentei convencê-lo a passar para o nosso lado e nos deixar ajudá-lo. O que, infelizmente, não deu resultado – continuou Dumbledore. – Com a chegada dos outros Comensais, fiquei preocupado. Temi que quando me matassem o atacassem, Harry.
Harry se sentiu incomodado. Achava que Dumbledore deveria ter pensado em salvar a sua vida, ao invés de se preocupar com ele.
- Quando Severus chegou, me acalmei e comecei a conversar com ele através de Legilimência. – disse Dumbledore, fazendo os presentes ficarem de boca aberta por tanto espanto. – E nessa conversa, expliquei o que havia acontecido na caverna, e que eu tinha bebido um líquido que não conhecia. Passei o aspecto do líquido para ele, para que pudesse identificá-lo.
O silêncio na sala era assustador e só se ouvia a respiração dos presentes, que estava um pouco mais acelerada do que a normal. Dumbledore continuou sereno e recomeçou a falar:
- Severus me perguntou o que deveria fazer, já que eu sabia sobre o voto perpétuo que ele havia feito com a mãe de Malfoy, Narcisa, e que se não o cumprisse provavelmente morreria. Fosse pelo voto perpétuo ou nas mãos de Voldemort.
- Ele poderia tentar impedir os outros! Poderia ter lhe soltado! – disse Harry parecendo inconformado com o fato de Dumbledore tentar justificar os atos de Snape.
- Não, Harry, ele não podia – respondeu Dumbledore. – Eu disse a ele que deveria me matar e seguir com os outros Comensais. E quando tivesse informações que o ajudasse a destruir Voldemort, Harry, deveria voltar e se juntar a nós. Além do mais, eu sabia que já estava morto.
- Como assim? – perguntou Hermione.
- Conversando com Snape, ele descobriu que o líquido que bebi era o veneno mais potente que já existiu na história da magia. E que para me salvar, teria que tomar o antídoto no máximo quinze minutos depois de ter tomado o veneno. Sabíamos, Harry, que já havia se passado muito tempo – concluiu Dumbledore.
- Mas ele não pareceu ter problema nenhum em matá-lo! Parecia muito tranqüilo para fazê-lo! – disse Harry.
- Você está sendo injusto, Harry! – continuou Dumbledore. – Você me ouviu suplicar para que o fizesse. E que quando o fizesse, tinha que tirar todos dali o mais rápido possível, para que não o encontrassem.
Harry se lembrou da súplica de Dumbledore e que achara que ele suplicava por sua vida, e não para ser morto.
- Como todos podem, ver a minha confiança em Snape continua a mesma, e que não comentarei porque confio nele, já que só ele tem o direito de contar isso – finalizou Dumbledore. – Então peço que concentrem seus esforços em achar o medalhão, e para isso a melhor coisa a fazer é procurá-lo no Largo Grimmauld.
- Tudo bem, professor! – disse Harry, contrariado e totalmente sem entusiasmo. – Sempre confiamos no senhor e continuaremos confiando. Mas acho difícil encontrarmos algo lá.
Dumbledore sorriu para o grupo e disse:
- Agradeço a confiança de todos. Aproveitem bem o tempo que terão no Largo Grimmauld e busquem por qualquer coisa que possa nos ajudar. E a propósito, tenham um Feliz Natal e aproveitem os dias que terão juntos.
O grupo sorriu em retribuição e saiu da sala em direção a Sala Comunal. No caminho, Rony começou um interrogatório sobre a visita a Azkaban:
- Como foi lá, Mione?
- Tudo bem. Embora não haja mais Dementadores lá, o lugar continua horroroso – disse Hermione.
- E a viagem de vassoura? Foi tranqüila? – perguntou Rony, querendo saber sobre como Mione tinha voado.
- Foi tudo ótimo! Se você quer saber como me saí voando, é só me perguntar! – Hermione parecia um pouco zangada com o ruivo.
- Não é nada disso! Sei que você está voando bem! Só fiquei preocupado! – Rony parecia um pouco constrangido e chateado com Mione.
- Obrigada... pela preocupação – Hermione ficou envergonhada de ter ralhado com Rony. – E a propósito, Moody disse que estou voando muito bem. Também, pudera! Com o professor que tive!
Rony sorriu e abraçou a namorada enquanto caminhavam para a Sala Comunal, roubando um beijo quando achava que ninguém estava olhando.
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