O medalhão

Capítulo 16: O medalhão

O quarteto voltou a Hogwarts pela rede de flú, como no ano anterior. Conforme eles saíram da lareira da sala da Diretora, foram avisados que deveriam se reunir ali mesmo, no fim da tarde, a pedido de Dumbledore.

No horário marcado, os quatro rumaram para a sala da professora McGonagall, para conversar com Dumbledore.

Ao chegarem à entrada da sala, foram recebidos pela Diretora, que os acompanhou até dentro, e saiu em seguida.

O grupo foi recebido cordialmente, como de costume, pelo retrato de Dumbledore.

- Como vão todos? Espero que o Natal tenha sido agradável para todos. E tenho esperanças de que tenha sido proveitoso para a nossa busca – disse Dumbledore, parecendo ansioso.

- Sim, Professor. O Natal foi muito agradável e proveitoso – respondeu Harry.

- Então vocês têm alguma novidade pra contar? – disse Dumbledore, esperançoso.

- Temos! – responderam todos.

Harry pegou o pequeno baú dourado, que haviam achado no sótão da Mansão do Largo Grimmauld, o abriu e retirou o medalhão de Slytherin.

Os olhos de Dumbledore refletiram toda a satisfação que ele estava sentindo ao ver o medalhão, e sorriu para os quatro.

- Muito bem! Sabia que iriam achá-lo! – disse Dumbledore – Onde ele estava escondido?

- No sótão – respondeu Harry – Mas o senhor sabia que ele estava no Largo Grimmauld?

Dumbledore sorriu para o garoto, e disse em seguida.

- Imaginava. Mas não tinha certeza. Pois a informação que recebi foi incompleta.

- Qual informação o senhor recebeu? – perguntou Gina.

- Que uma das coisas que eu procurava estava onde todos se reuniam – respondeu Dumbledore.

- E quem passou essa informação? – perguntou Rony.

- A Professora Sibila Trelawney, num daqueles momentos de transe, quando consegue realmente profetizar alguma coisa – respondeu Dumbledore. – Mas havia várias interpretações, pois a mansão não foi o único lugar em que nos reunimos.

- E por que o senhor não nos disse? – perguntou Harry.

- Porque isso só deixaria vocês ansiosos, e com mais dificuldade de achar qualquer coisa – respondeu Dumbledore. – Com a mente limpa, vemos melhor as coisas.

Harry pareceu entender o que Dumbledore dizia. Se tivesse ido para o Largo Grimmauld com a missão de achar a Horcruxe, provavelmente o desespero iria impedi-lo.

- Mas agora isso não importa! – disse Dumbledore. – Temos que nos concentrar em como destruí-la.

- O senhor tem razão – respondeu Harry. – Só queremos saber uma coisa.

- O quê? – perguntou Dumbledore.

- Achávamos que Régulus não sabia sobre as Horcruxes – disse Harry. – Mas quem escondeu o colar foi o Sirius, que não devia saber do que se tratava, a pedido do Régulus. Então é provável que ele soubesse que o colar era uma Horcruxe, pois deixou o bilhete no colar antigo.

- Acredito que sim, Harry – concordou Dumbledore. – Mas acho que não foi Voldemort que contou a Régulus. Alguém que sabia é que deve ter contado a ele. – Dumbledore pausou e fitando Harry nos olhos continuou. – Mas não devemos nos preocupar com isso agora, o tempo se encarregará de nos dar a resposta.

Todos permaneceram em silêncio, até que Rony falou:

- Então, para felicidade de Hermione, todos de volta à biblioteca?

Hermione ficou vermelha de raiva. Deu um beliscão em Rony, que se contorcia de dor, enquanto todos os outros riam.

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Como Rony prevera, as horas vagas eram gastas na biblioteca, tentando achar alguma forma de destruir o medalhão. Eles tinham medo de usar o mesmo método que foi usado para destruir a taça, pois achavam improvável que Voldemort criasse duas Horcruxes que pudessem ser destruídas do mesmo modo.

Após alguns dias o desânimo voltou ao grupo. Como já tinham vasculhado a biblioteca antes, eles conheciam bem as seções e livros que podiam ajudá-los, deixando a procura mais rápida, contudo, não mais produtiva.

- Nós já olhamos estes livros diversas vezes! – disse desesperada Hermione. – Tem que estar em algum lugar!

- Calma Hermione, ficar assim não vai nos ajudar – Rony tentou ser o mais calmo e gentil possível com a namorada, pois todos estavam uma pilha de nervos, e qualquer coisa era motivo para explodir.

- Eu sei! – Hermione disse ríspida, se arrependendo depois. – Desculpe, é que o fato da biblioteca não nos ajudar me irrita profundamente.

Rony segurou o riso, pois sabia que isso só iria irritar mais ainda Hermione. Limitou-se a dar um beijo no rosto da garota e continuar a ler o livro que estava na sua frente.

- Tenho uma idéia – disse Gina, timidamente. – Na verdade é uma sugestão. Mas tenho certeza que vocês vão achar ridículo!

- Pode falar, Gina! – Harry pareceu muito interessado. – Qualquer sugestão será bem vinda.

- Na verdade, todos os livros que pesquisamos têm a ver com a História comprovada da Magia – começou a explicar Gina. – Acho que temos que procurar algo ainda não comprovado.

- Como assim, Gina? – perguntou Rony.

- Lendas! – respondeu Gina.

- Não podemos nos basear em lendas! Não é seguro! – disse Hermione, entrando na conversa.

- Espere um pouco, Hermione. Gina tem razão! – Harry saiu em defesa da idéia de Gina. – Todas as opções que a biblioteca tinha já foram vistas, temos que tentar outra coisa.

- Mas onde acharemos essas informações? – perguntou Rony.

- Lendas geralmente são passadas de pessoa a pessoa, e as “pessoas” que estão a mais tempo em Hogwarts são os quadros! – respondeu Gina. – Podemos conversar com os quadros dos corredores e com os dos ex-diretores.

- Isso não tem cabimento! – Hermione continuava relutando em preferir ouvir as idéias dos quadros a continuar procurando na biblioteca. – Lendas são coisas que não existem!

- Se você se esqueceu, a câmara secreta era uma lenda, assim como o que estava lá dentro! – Gina ficara irritada com a atitude de Mione. – E como sabemos, as duas coisas existiam!

Hermione pareceu muito constrangida por se esquecer do que acontecera com Gina, e como isso tinha afetado a ruiva, resolveu então não questionar mais a sugestão dela.

- Então vamos conversar com os ex-Diretores! – Harry rapidamente tratou de contornar a situação. – Com certeza eles poderão nos ajudar.

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No dia seguinte, como era sábado, todos puderam seguir para a sala da Professora McGonagall, com o objetivo de conversar com os ex-Diretores.

Eles foram bem recebidos por ela, que os deixou com Dumbledore.

- Bom dia! Alguma novidade? – perguntou o ex-Diretor.

- Novidade não. Apenas uma teoria – respondeu Gina.

- E qual seria ela, Srta. Weasley? – Dumbledore se virou para a garota.

- Bem, é que não achamos nada conclusivo na biblioteca, e então achamos que deveríamos conversar com o senhor, e com os outros diretores, se existe alguma lenda de como destruir o medalhão – concluiu Gina.

- Ah! Lendas! É fascinante como sempre existe uma verdade por trás delas. Embora não sejam totalmente confiáveis, sempre é possível se achar alguma coisa – disse Dumbledore com um sorriso no rosto. – Eu particularmente não sei de nenhuma, mas podemos perguntar aos outros.

Gina sorriu, devido à concordância de Dumbledore com sua idéia, e olhou com um ar gozador para Mione.

- Senhores! Preciso da atenção de todos! – disse o retrato de Dumbledore aos outros ex-Diretores. – Preciso que pensem em alguma lenda que fosse capaz de destruir um objeto mágico maligno. É muito importante, e peço que se esforcem.

Durante algum tempo só se ouviu os quadros dos ex-diretores conversando, onde alguns concordavam e outros discordavam das estórias propostas.

Foi quando o quadro de uma senhora muito idosa disse em voz alta:

- Eu sei como podem destruí-lo!

Todos se viraram para ouvi-la. Quando Dumbledore disse:

- Ótimo, Mirbela! Por favor, se aproximem para lhes apresentar Mirbela Foxxen, uma das ex-Diretoras de Hogwarts, e uma das primeiras professoras de Feitiços.

Todos fizeram uma reverência para figura da senhora, que retribuiu, sorrindo.

- E como pode nos ajudar, Mirbela? – perguntou Dumbledore.

- Existe uma lenda sobre um fosso capaz de destruir tudo que é jogado nele – disse Mirbela. – Dizem que a entrada para o local do fosso fica em Stonehenge, e que apenas uma pessoa pode entrar.

Todos prestavam atenção a Mirbela, que continuava falando.

- Quem quiser entrar deve passar por três desafios para chegar ao fosso e atirar nele o objeto – concluiu Mirbela.

- E qual seriam as tarefas? – perguntou Rony.

- Esse é o problema. A lenda só diz que quem conseguisse revelar o mistério da entrada de Stonehenge é que teria que enfrentar os três desafios. Não dizia qual seriam eles.

- Bem, então temos que ir até Stonehenge, descobrir como entrar, enfrentar três desafios que nem fazemos idéia quais são e destruir o medalhão? – disse Rony. – Moleza, como sempre.

Os presentes não conseguiram segurar o riso. Rony estava cada vez mais desenvolvendo seu lado “gêmeos”.

- Acho melhor aproveitarmos que amanhã é domingo e irmos de uma vez – disse Harry. – Acho melhor levarmos tudo que pudermos. Mas gostaria de pedir uma coisa a vocês.

Rony, Hermione e Gina ficaram curiosos com Harry.

- Vocês podem me ajudar a desvendar o segredo de Stonehenge, mas quem vai entrar lá sou eu – disse Harry.

- Como assim? – perguntou Gina.

- Acho que sou eu que devo entrar lá – continuou Harry. – E antes de vocês brigarem comigo, não tem nada a ver com o fato de tentar protegê-los, apenas sinto isso.

Antes que qualquer um dos colegas dissesse alguma coisa, Dumbledore se virou para eles dizendo:

- A intuição é um dos poderes mais misteriosos do universo. Embora não a entendermos na maioria das vezes, não convém desprezá-la. Acho que se Harry está tão certo de que é ele que deve entrar em Stonehenge, não devemos contrariá-lo.

Todos não gostaram muito daquilo. Não achavam justo que somente Harry se arriscasse, mas sabiam que esse era o destino dele.

Gina tomou a frente do grupo, e olhando para Harry disse:

- Se você tem tanta certeza, pode contar com a minha a ajuda. E acredito que todos aqui pensam da mesma forma.

Harry olhou para os colegas, que concordaram com Gina, balançando a cabeça.

- Então é melhor vocês se prepararem – disse Dumbledore. – As provas que você deverá enfrentar, Harry, devem ser perigosas. Portanto descanse e deixe sua mente aberta para a sua missão.

O grupo se despediu de Dumbledore, e se retirou da sala de McGonagall.

Ninguém falou muito durante o caminho para a Sala Comunal. Eles estavam preocupados. Principalmente Gina, que tentava parecer forte. Harry notava a preocupação da menina.

Quando chegaram a Sala Comunal, Harry viu que todos já haviam ido almoçar, e puxou Gina para o dormitório dos meninos. Rony já ia brigar com o amigo, quando Mione o puxou pelo braço e disse:

- Eles precisam conversar.

Rony entendeu e deu com os ombros, ficando com Hermione na Sala Comunal, para avisar se alguém chegasse.

Harry entrou em seu dormitório e colocou Gina sentada sobre a sua cama. Olhou nos olhos da garota e disse:

- Sei que está preocupada, mas fique calma, já passei por coisas piores.

- Eu sei disso! – disse a garota. – Mas não há como não me preocupar, faz parte da personalidade das mulheres Weasley – Gina tentava brincar com a situação.

- Eu já notei – Harry aceitou a brincadeira. – E gosto de cada uma das qualidades e defeitos que elas possuem. Mas o caso é que agora eu tenho um motivo mais forte para voltar, você. E nada vai me impedir, eu prometo.

Harry abraçou Gina e deu-lhe um beijo, quando foram interrompidos por Hermione que entrava no quarto.

- Se quiserem que ninguém saiba sobre vocês é melhor descerem – Hermione sorria ao ver os amigos juntos. – Os outros já estão voltando do almoço, e não sei quanto tempo Rony vai conseguir segurá-los lá embaixo.

Harry pegou na mão de Gina e desceram para almoçar, lembrando de soltarem as mãos quando outras pessoas se aproximavam.

Naquela noite, Harry, Rony, Gina e Hermione resolveram pegar tudo que fosse útil, até mesmo a espada de Griffyndor que McGonagall o permitira levar, para o dia seguinte e resolveram deitar cedo.

Harry tentou dormir, mas a ansiedade não deixou. Ele rolou na cama um bom tempo, antes que finalmente o sono chegasse.

Harry teve um sono agitado, sonhando com provas terríveis, em que sempre acabava morrendo. Ele acordou cedo e tão cansado que parecia não ter dormido nada.

Após terminarem o café, seguiram para a sala da Professora McGonagall, de onde iriam aparatar pra Stonehenge.

Eles foram recebidos pela diretora, que os levou até Dumbledore e como sempre, saiu da sala.

- Bom dia a todos – disse Dumbledore. – Tudo pronto?

- Sim senhor - respondeu Harry. – Tentamos reunir tudo que achamos importante para a busca.

- Ótimo. Creio que terão que aparatar com cuidado. Algum de vocês sabe onde fica Stonehenge?

- Eu sei, professor! – disse Hermione. – Já fui lá com meus pais, a passeio.

- E acredita que pode levá-los lá? – continuou Dumbledore.

- Sim! – respondeu Hermione.

- Como se existisse algo que ela não pudesse fazer – brincou Rony. – Às vezes nem acredito que ela existe, é perfeição demais numa pessoa só.

Hermione corou e sorriu timidamente.

- Então é melhor irem logo. Harry, você continua com o pergaminho, a tinta e a pena que lhe dei quando foram a Godric´s Hollow? – perguntou Dumbledore.

- Sim, senhor! – respondeu Harry.

- Então se precisarem de ajuda é só me avisarem utilizando ele, que solicitarei que a ordem vá encontrá-los – disse Dumbledore. – Agora vão, e boa sorte!

O grupo se reuniu no centro da sala. Eles se deram as mãos, e Hermione os guiou, aparatando para Stonehenge.

O grupo conseguiu aparatar em um bosque, que ficava ao lado, e seguiram para a formação de rochas. Hermione guiava o grupo, pois era a única que já havia estado ali.

Havia vários turistas no local, o que obrigou o grupo esperar até o fim da tarde, quando o monumento ficou vazio. Hermione enfeitiçou os seguranças, que retornaram a central da segurança. Deixando o local livre para eles.

- E agora? – perguntou Rony. – O que fazemos?

- Se espalhem e procurem por algum sinal que nos indique a entrada do caminho do fosso. Assim que a tiverem, me chamem para que seja eu quem descubra como entrar – respondeu Harry.

Embora não concordarem muito com aquilo, os outros se separaram e começaram a procurar por pistas.

Após algumas horas a luz do sol começou a diminuir, e conforme o sol ia se pondo, ficava mais difícil de enxergar qualquer coisa.

- Lumus! – disse Harry, fazendo a ponta de varinha brilhar.

Quando Harry virou-se para o centro da construção, notou que o conjunto de pedras que havia lá estava emitindo uma luz avermelhada.

Harry e os outros se aproximaram e, fazendo um sinal, Harry pediu que todos ficassem calados.

Harry se aproximou da luz e viu que ela vinha de uma escrita que havia na pedra principal, e que quando iluminada se tornava visível.

“Somente aqueles que tiverem um motivo justo e bom, e quiserem entrar, deverão tocar-me”, dizia a inscrição. Harry pensou que não havia motivo mais justo que a derrota de Voldemort e manter a segurança do mundo bruxo. Ele se aproximou e tocou a inscrição. As pedras se afastaram, mostrando uma porta no chão. Ao abrir a porta, Harry viu uma escada que descia vertiginosamente. Era tão longa, que não era possível enxergar seu final.

- Fiquem aqui! – disse Harry. – Voltarei o mais rápido possível. – pegando a mochila com as coisas que eles tinham separado para a busca.

Antes que iniciasse a descida, Gina o abraçou. Ela beijou-lhe o rosto e disse em seu ouvido:

- Volte logo pra mim, por favor!

Harry não pode deixar de notar o medo em sua voz, mas limitou-se a olhar em seus olhos e responder:

- Pode deixar. Volto logo!

Gina soltou Harry e ele iniciou sua descida, iluminando a escada com a varinha.

Quando tinha descido um pouco mais de três metros, a porta se fechou, deixando o local mais escuro ainda, e se não fosse pela iluminação da varinha, não iria enxergar nada.

Conforme ia descendo, o caminho ia se iluminando, porém a temperatura ia aumentando, fazendo Harry transpirar muito. Quando finalmente chegou ao fim da escada era capaz de enxergar tudo muito bem, mas a temperatura estava insuportável, fazendo Harry ficar tonto de tanto calor.

Ele viu que existia um pequeno corredor em frente ao fim da escada, e notou que havia uma porta de ferro muito antiga no fim dele, que possuía uma inscrição que parecia queimar. Harry cruzou o corredor e se aproximou da porta para poder ler a inscrição que queimava.

- Prepare-se para entrar no inferno, mas os justos não precisam temer – disse Harry em voz baixa, repetindo o que estava escrito na porta.

Harry tomou coragem e abriu a porta. Uma labareda de fogo saiu por ela e por instinto ele se esquivou rapidamente, evitando-a.

Após se recuperar do susto, Harry olhou pela porta, e pôde ver uma pequena trilha, com buracos cheios de lava nos dois lados.

Harry começou a atravessar a trilha e sentiu o calor que vinha das poças de lava. Conforme ele andava, seus pés começavam a queimar. Ele teve medo de não poder continuar a andar se o calor não diminuísse e queimasse seus pés.

Quando estava no meio do caminho, um espectro de fogo saiu de uma das poças e se postou alguns metros a sua frente. O espectro abriu o que parecia ser uma boca e uma voz grave e forte pode ser ouvida.

- Você não pode estar aqui. Volte agora! – disse a espectro.

- Não posso! – respondeu Harry, hesitante. – Muita gente depende de mim, e não posso voltar sem cumprir minha missão!

- Então terei que matá-lo! – respondeu o espectro, caminhando em direção a Harry.

- Não vim aqui para matar ninguém, mas se para cumprir minha missão tiver que enfrentá-lo, que assim seja – disse Harry.

O espectro lançou uma bola de fogo em direção a Harry. Ele se esquivou novamente, e rapidamente pegou a capa que havia ganhado de Fred e Jorge, em seu aniversário, e cobriu seu corpo.

Conforme o espectro se aproximava de Harry, lançando bolas de fogo nele, ele usava a capa de couro de dragão para se proteger.

Quando o espectro estava próxima dele, Harry pegou a varinha e gritou:

- Aguamenti!

Um jato de água saiu da varinha de Harry, atingindo a espectro de fogo. O espectro cambaleou e conforme Harry o atacava, ele ia se contorcendo, como se sentisse uma dor insuportável.

Harry notou que o espectro estava quase morrendo, e parou de lançar o feitiço. O espectro continuou encolhido, e Harry disse quando passava ao seu lado:

- Como disse, não vim aqui para matar ninguém. Espero que me perdoe por atacá-lo, mas muitos dependem de mim.

Ao passar pelo espectro encolhido, Harry tentou apressar o passo. Foi quando dezenas de outros espectros de fogo insurgiram da lava, impedindo a sua passagem.

Harry agora achava que estava tudo perdido. Não teria como enfrentar todos os espectros que apareceram. Quando uma voz atrás dele:

- Deixem-no passar! – o espectro que Harry havia enfrentado estava de pé. – Ele mostrou que está aqui por um motivo justo e mesmo sabendo da importância da sua missão, ele não perdeu seus princípios.

Após isso, os espectros que bloqueavam a passagem de Harry abriram caminho e ele pôde continuar até o fim da trilha.

No fim da trilha havia outra porta, por onde passou sem dificuldade.

Ao fechar a porta, Harry notou que todo o calor havia terminado, e que a porta parecia ligar dois mundos diferentes. Existia uma floresta tropical, com uma vegetação espessa, que impedia Harry de enxergar onde ela terminava.

Harry guardou a capa de couro de dragão na mochila, e entrou na vegetação.

Conforme caminhava, Harry tinha a nítida impressão que estava sendo observado, o que era estranho, pois não via nenhum ser em sua volta.

Após alguns minutos andando pela floresta, Harry ouviu o que parecia um grito de socorro. Correu e, chegando a um penhasco, viu uma criatura asquerosa e primitiva, se segurando em uma ponte de cordas que havia se partido.

Do outro lado do penhasco, outros seres semelhantes balançavam suas lanças, parecendo nada amigáveis a Harry.

Harry pensou se deveria ajudá-los, pois no ponto de vista dele, a única forma de salvar a criatura seria consertar a ponte, e isso permitiria as outras criaturas atravessarem e atacá-lo se quisessem.

Neste exato momento, um portal se materializou a poucos metros da escada, e Harry pensou se não seria melhor atravessá-lo logo e deixar que aqueles seres resolvessem a situação.

Mas Harry sabia que não podia deixar aquela criatura em perigo, por mais asquerosa e perigosa que parecesse. Resolveu então reparar a ponte e correr para o portal o mais rápido que pudesse, assim que tivesse certeza de que a criatura estava a salvo.

Harry se posicionou o mais próximo possível do portal sem prejudicar sua possibilidade de realizar o feitiço. Ele pegou sua varinha e, apontando para a ponte de cordas, gritou:

- Ponte Reparus!

Conforme Harry realizava o feitiço e a ponte ia se consertando, a criatura que estava pendurada ia se ajeitando nela. Quando Harry finalmente teve a certeza de que a criatura não corria mais perigo, disparou em direção ao portal.

Quando estava quase chegando, o portal se fechou e ele acabou de frente a um paredão de pedra. Voltou a olhar para a direção da escada, e se viu cercado pelas criaturas que lhe apontavam suas lanças de maneira intimidadora.

Harry novamente se viu perdido. Tinha posto tudo a perder, e agora seus amigos que o aguardavam lá fora jamais saberiam de seu destino.

O que parecia ser o líder do grupo se aproximou e fez um sinal para que Harry o acompanhasse. Ele não viu outra alternativa, visto que já ficara feliz deles não o matarem ali mesmo.

Harry acompanhou o grupo e atravessou a ponte de cordas. Ao chegar do outro lado, o líder do grupo tocou uma parede e um portal se materializou nele. Ele fez um sinal para que Harry atravessasse o portal, e quando Harry atravessou se viu em um outro corredor, onde na parede do lado esquerdo brilhava uma mensagem em prata.

“Se você chegou aqui é sinal que escolheu o caminho dos que dão muito valor a vida, pois se escolhesse o outro, estaria onde é o destino daqueles que não a dão valor”. – leu Harry na parede.

Harry recuperou o fôlego e seguiu pelo corredor. Ele terminava em um grande salão circular. Harry pode ver o fosso no centro do salão e se encheu de animação. Mas recuperando a lucidez, achou uma coisa muito estranha. Disseram-lhe que haveria três provas e ele só havia cumprido duas delas.

Com cuidado, ele começou a andar em direção ao fosso. Mal tinha entrado no salão quando um grito soou. Ele olhou para seu lado esquerdo e viu Gina sendo segurada por um Comensal da Morte. Ele mantinha a varinha no pescoço da garota de modo ameaçador e gritava para Harry:

- Me dê o medalhão ou então ela morre!

Harry já ia pegar sua varinha quando ouviu as vozes de Rony e Hermione que vinham do outro lado do salão.

- Nem pense nisso! – gritaram dois Comensais, que seguravam Rony e Hermione da mesma forma que o outro Comensal segurava Gina.

Harry ficou confuso. Não poderia salvar todos, e não tinha como escolher entre o amor de sua vida e seus melhores amigos. Foi quando se deu conta de que aquela só podia ser a terceira prova.

Uma série de dúvidas pousou sobre sua cabeça.

Como podia ser possível que seus amigos estivessem ali?

Como os Comensais os capturaram e chegaram ao fosso antes dele, se não existia outro caminho?

Tudo isso só tinha uma resposta. Tudo aquilo era uma ilusão. Algo que estava sendo colocado em sua mente pelo salão.

Mas como ele podia ter certeza?

Não podia arriscar a vida de seus amigos. Mas não poderia ter certeza, nunca fora bom em Oclumência. Foi quando uma idéia surgiu em sua cabeça.

- O Elmo de Broom! – disse Harry, apanhando a mochila e pegando o capuz prateado que Hermione havia lhe dado de presente de aniversário.

Quando ele vestiu o elmo, as figuras dos Comensais e de seus amigos sumiram, deixando ele novamente só no salão.

Harry rumou decidido para o fosso.

Chegando nele, Harry olhou para o fundo e pôde notar um líquido âmbar que girava sem parar, mesmo sem saber como.

Harry apanhou o medalhão na mochila e o jogou dentro do fosso.

No exato momento em que o medalhão tocou o líquido âmbar, houve uma explosão, seguido de um grito agonizante que saía de dentro do fosso. Harry olhou de volta no fosso e novamente viu o líquido que nele girava.

Harry soube que a sua missão havia terminado. O medalhão tinha sido destruído.

De repente, teve mais uma dúvida.

Como iria voltar?

Será que deveria retornar pelo mesmo caminho?

Foi quando Harry se lembrou que sempre após as provas, o próprio caminho lhe informava o que fazer. Resolveu então retirar o elmo, pois sabia que nada que o fosso lhe mostrasse seria real.

Mas Harry estava errado.

Quando ele tirou o elmo, uma dor tremenda atacou sua cabeça, parecia que alguém enfia um ferro quente nela e o faz cair de joelhos. Rapidamente, colocou o elmo de volta, fazendo a dor cessar.

Harry retomou o fôlego e começou a pensar. Onde haveria errado?

Pensando nas outras provas, entendeu que não eram provas para medir seus poderes mágicos, ou sua coragem, mas para testar seus valores.

Harry chegou a conclusão de que estava perdido.

Aquela prova seria para testar o poder de fechar sua mente e pensar nas possibilidades, e ele simplesmente tinha usado outro artifício. Não tinha sido honesto e usado a Oclumência, como deveria ter usado.

Vendo que não teria outro jeito, resignou-se e decidiu que iria retirar o elmo e tentar fechar sua mente, ou morreria tentando.

Mas para sua surpresa, quando retirou o elmo não sentiu mais nada.

De repente uma voz suave disse em seu ouvido:

- Você mostrou muita coragem e honestidade em assumir seu erro de usar o elmo. Portanto nós, os guardiões do fosso de Stonehenge, deixaremos você ir.

De repente uma escada transparente se materializou em frente a Harry e ele entendeu que deveria começar a subir.

Conforme ia subindo, a escuridão ia aumentando de novo, e utilizando novamente a varinha para iluminar seu caminho, Harry chegou a uma porta no topo da escada.

Harry virou o trinco que havia nela e abriu a porta, vendo a luz da noite invadir seus olhos, e as figuras de seus amigos surgirem.

- Está feito! – simplesmente disse Harry.

- Como assim está feito? – perguntou Rony curioso. – Não faz nem um segundo que você entrou.

Harry notou que estava na mesma porta que tinha usado para entrar, e pelo visto, todo o tempo que tinha estado lá dentro não passou de um segundo para seus amigos.

Com medo de que tudo tivesse sido uma ilusão, procurou o medalhão na mochila e constatou que ele não estava mais lá. Um sopro de alívio veio a seu peito, realmente havia destruído o medalhão.

- Não se preocupem, o medalhão está destruído! – disse Harry sorrindo aos seus amigos. – Mas é melhor sairmos daqui, conto tudo que aconteceu pra vocês em Hogwarts.

Harry notou que quando saiu, a porta se fechou e desapareceu em seguida. Ele então se aproximou dos amigos e então aparataram em direção a Hogwarts.

Eles apareceram na sala da Diretora, e foram recebidos por ela e Dumbledore.

Após conferir que todos estavam bem, Minerva os deixou com Dumbledore, saindo da sala.

- Está feito! – disse Harry a Dumbledore.

- Fico muito satisfeito – respondeu Dumbledore. – Agora me conte tudo o que aconteceu.

Harry contou tudo para Dumbledore e seus amigos.

Quando finalmente Harry terminou de falar, Dumbledore se mostrou satisfeito e orgulhoso das atitudes de Harry, que simplesmente ficou envergonhado.

Pelo adiantado da hora, Dumbledore solicitou um lanche para todos, que jantaram ali mesmo, seguindo para os dormitórios em seguida. Todos estavam cansados e, embora a excitação fosse grande, resolveram se deitar e descansar, pois precisariam continuar as aulas no dia seguinte para não chamarem a atenção.

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