Lollie Dá uma Mãozinha
CAPÍTULO QUINZE
LOLLIE DÁ UMA MÃOZINHA
- Lollie?
Ao abrir os olhos, Andi se deparou com a imagem turva de uma pequena pessoa movendo-se pelo quarto.
- Sim, Senhorita. Lollie sente muito estar acordado a Senhorita, mas é hora de se arrumar para o jantar.
- Erm... – ainda confusa pelo sono, Andi estreitou os olhos numa tentativa de absorver o que a elfa tinha lhe dito. – Jantar? – Ela procurou o seu relógio. – Lollie, são seis e meia da tarde?
- Sim, Senhorita. Professor Snape mandou Lollie deixar a Senhorita dormir.
Andi a olhou, incrédula.
- Ele mandou? Isso foi muito… simpático da parte dele.
- O Professor disse que queria a Senhorita “fora do caminho”.
Ah! Aquilo, sim, parecia algo que ele diria.
- Eu tenho que preparar o banho da Senhorita...
- Lollie, você não tem que...
- ... e escolher um vestido...
A pequena elfa olhou para o guarda-roupa. Ao seguir o seu olhar, Andi viu, pendurado na porta, um vestido de seda azul Royal. Parecia ser longo e tinha apenas uma manga comprida.
Andi foi ate ele e o segurou.
- Oh, Lollie, é lindo, mas... Eu acho que talvez ele seja muito chique para jantar com Professor Snape.
- Lollie pensou que a manga esconderia o machucado da Senhorita. – A elfa olhou para Andi cheia de expectativas.
Andi se olhou no espelho do guarda-roupa. Afastou a camisola do pescoço e estremeceu – a picada da mosca-tigre agora tinha se transformado numa feia e avermelhada ferida.
Bem, isso certamente precisa ser coberto – ela concordou. – Eu não gostaria de sentar para comer vendo isso
Andi colocou o vestido sobre ela. Ele era definitivamente lindo, e ela estava muito tentada a vesti-lo, mas...
... ele gostaria? Snape nunca conversou muito, então ela não fazia idéia dos seus gostos. Ele gostaria do fato de um dos ombros dela estar nu? Era tão difícil adivinhar...
OPA!
O que diabos você está fazendo? Isso não é um encontro amoroso! Pare! Pare agora
- Não, Lollie, me desculpe, esse vestido é muito arrumado. Eu não acho que deva...
- Os olhos da Senhorita brilham como safiras.
Andi olhou – e sobressaltou-se.
Ela nunca tinha visto os seus olhos tão azuis.
Tirou o vestido da sua frente e imediatamente eles voltaram à sua cor azul opaca de sempre. Ela trouxe de volta o vestido, e eles imediatamente voltaram a brilhar.
Uau!
- O banho da Senhorita está pronto...
Lollie agia como uma perfeita dama de companhia – enquanto Andi se banhava, ela se ocupava pelo banheiro; estendeu-lhe a toalha quando ela terminou; e observou, fascinada, ela se maquiar.
Andi colocou o vestido.
Lollie torceu a cara.
- O quê? – Andi perguntou.
- A Senhoria permitiria a Lollie alguns ajustes?
Lollie apontou um dedo para a cabeça de Andi. Um surpreendente ’phsssst’ fez Andi sobressaltar-se, e então ela perceber que o seu cabelo tinha sido arrumado. Olhando o espelho, perdeu o fôlego...
- Lollie! Isso definitivamente está arrumado demais!
O cabelo de Andi estava agora arrumado num suave coque, deixando dois punhados de cachos caídos próximos à sua orelha.
Dá para fazer isso no meu cabelo??
- A Senhorita está muito... elegante. – Lollie virou-se enquanto falava, deixando a palavra final perdida no ar.
Andi olhou-se novamente no espelho. Sim, ela realmente estava elegante – mais para Audrey que para Katharine Hepburn. Elegante... Não era isso o que ela secretamente sempre quis ser?
Mas não... não... Estava muito elegante, muito chique...
- Por favor, solte o meu cabelo – ela disse à elfa.
Um tanto relutante, Lollie levantou um dedo, mas de repente parou e virou a cabeça para um lado, balançando levemente suas orelhas.
- Lollie escuta um barulho estranho...
- Hã? – De fato, havia um estranho barulho vindo de algum lugar próximo à sua bolsa, Andi notou.
Ela foi até lá. O barulho vinha de dentro da sua bolsa.
Andi a abriu e, em meio a toda a tralha, viu que o seu celular estava disparando uma luz vermelha e fazendo um barulho de beep.
Ela o olhou.
- O Professor Snape disse que os aparelhos trouxas não funcionavam em Hogwarts.
Lollie olhou para a luz vermelha.
- Lollie acha que talvez a tempestade...?
- Tempestade? Teve uma tempestade?
- Esta tarde. Algumas vezes tempestades perturbam as coisas trouxas…
Freneticamente, Andi começou a pressionar os botões, tentando ver se havia alguma mensagem ou se ela conseguiria fazer uma ligação – mas não. Não tinha sinal.
Andi pressionou o botão silencioso, jogou o telefone de volta em sua bolsa e pegou o seu Discman. Esperançosa, o ligou – e a luz também acendeu. Andi pressionou o ‘play’, colocou os fones de ouvido e suspirou quando a música começou a tocar.
Ela poderia ter ouvido o CD inteiro, mas estava na hora de ir.
Lollie estava parada na porta com uma cesta de maçãs verdes em suas mãos.
- São para o Professor Snape? – Andi perguntou, lembrando-se de ter visto a cesta vazia em sua mesa na noite passada.
- Sim, Senhorita.
- Bem, me dê aqui... Deixe que eu levo…
No meio do caminho para a sala de Snape, Andi parou.
Espere um momento... O que está acontecendo? Um vestido sexy escolhido para mim… Meu cabelo arrumado… Uma cesta de maçãs...
Andi teve uma inegável sensação de estar sendo manipulada.
O que aquela elfa estava aprontando?
- ... Srta. Carver!
- Você... você estava me esperando? – ela perguntou, imaginando porque ele parecia estar tão surpreso.
Snape não respondeu.
- Professor?
- Não... eu imaginei que você preferiria jantar em seu próprio quarto essa noite.
Olhando de relance para dentro da sala, Andi viu que a mesa de Snape estava iluminada por velas, posta para dois.
- Ah, eu entendo... você tem companhia. – Uma decepção absurda cresceu nela. – Me desculpe... eu não sabia. Eu vou voltar para o meu quarto.
Snape seguiu o olhar dela e ergueu uma sobrancelha.
- Parece que os elfos-domésticos sabem mais do que eu. Aquilo certamente não estava assim há um momento. – Ele se virou para Andi. – Eu não tenho ‘companhia’, Srta. Carver, e, como a comida está aqui, nós podemos muito bem jantar.
No exato momento em que Andi entrou na sala, a lareira acendeu. Ela encarou o fogo – poderia jurar ter visto Lollie desaparecer no ar.
- Erm... – desviando os olhos da lareira, ela se virou para Snape e o estendeu a cesta. – Maçãs para o professor.
Ele as pegou, lenta e silenciosamente.
- Eu notei que as suas tinham acabado – ela sorriu. Bem, aquilo não era exatamente uma mentira; ela havia notado isso na noite passada.
- Obrigado.
Snape gesticulou para que Andi entrasse e puxou uma cadeira para ela.
O fogo crepitava na lareira; a mesa estava servida com vegetais e frango no... Andi cheirou... vinho branco; a luz das velas se refletia maravilhosamente nos cristais. Tudo parecia muito...
... oh Deus...
... romântico.
- Você está recuperada? – ele perguntou, enquanto servia o frango num prato e o estendia para ela.
- Ah, obrigada – ela disse, pegando o prato. – Sim, eu me sinto muito melhor, obrigada, Professor. Batatas? – Ela colocou duas colheres em seu prato erguido.
- Obrigado. No entanto, eu vejo pelos seus olhos que ainda deve ter um pouco de veneno em seu sangue... – Ele disse, levantando a tampa da travessa de aspargos amanteigados no vapor.
- Meus olhos?
- Sim. Eles estão bem mais azuis essa noite. Aspargos?
- Ah! – Ela sorriu, erguendo o prato. Ele serviu-a de aspargos. – Não, é o vestido; ele destaca a cor.
O rosto de Snape se escureceu. Ele parecia aborrecido – como se ela tivesse o enganado, ou algo assim. Olhou para a comida servida, soltou a tampa de volta na travessa de aspargos com um audível chink e então olhou para o cabelo e o vestido dela.
- Um pouco demais para um simples jantar, não? – disse maldosamente.
Ela corou.
- Ele... ele cobre a picada, só isso. – Andi respondeu lentamente, nervosa.
Silêncio.
- Vinho?
- Não, obrigada. Eu acho que já fui influenciada demais por substâncias tóxicas ultimamente…
Snape pegou a jarra de água com a sua mão direita e foi colocar um pouco na taça de Andi. Ela podia ver que a jarra estava cheia, mas, surpreendentemente, nada saía.
- O que...? Aquele maldito elfo-doméstico... Ela me deu uma jarra-esquerda... – Ele colocou a taça na sua mão esquerda e se levantou para ir até atrás da cadeira dela.
Andi prendeu a respiração quando os braços de Snape esticaram-se pelo lado esquerdo dela para servir a taça de água à sua direita. Ela pôde sentir a mão direita dele nas costas da sua cadeira e sentiu, mais uma vez, o doce aroma de ervas que vinha do seu corpo.
Seus olhos passearam pelas mangas negras das vestes dele e notou como as pontas atingiam profundamente as costas das suas mãos e tinha um formato pontiagudo terminando pouco antes dos seus dedos, nas falanges. Seus dedos seguravam a jarra de forma que apenas o seu polegar era completamente visível enquanto a servia. A boca de Andi tinha secado e o seu coração acelerado. Ela sabia o quão perto o corpo dele estava; ela se sentia abraçada, sentada no meio do semicírculo que as mãos dele faziam ao seu redor. Estava excitada. A mão esquerda dele tinha chegado até a roçar em seu ombro nu...
Um barulho de vidro sendo estraçalhado a trouxe de volta à terra. A sua taça de vinho vazia tinha caído num dos pratos e se quebrado. Água estava se espalhando pela mesa através da sua taça transbordante. Com um gritinho agudo ela se levantou antes que a água pudesse atingir os limite da mesa e ensopar o seu vestido.
Snape xingava para si enquanto limpava a água da mesa com um guardanapo.
- Desculpe-me – ele disse, seu rosto corando discretamente. – Acho que não sou muito bom em servir com a mão esquerda.
Andi pegou o copo quebrado.
Sentaram-se de novo.
O acidente pareceu ter deixado Snape nervoso, irritado e desconfortável. Ele tirou o cabelo do rosto e pigarreou antes de dizer, sem olhá-la.
- Eu tive notícias do diretor.
- Oh, sério?
- Você voltará para casa amanha à tarde.
- Ah.
Aquela notícia tinha sido dada com um óbvio tom de alívio na voz dele.
- Você terá que assinar alguns documentos oficiais do Ministério. Para tanto o diretor estará aqui às nove horas da manhã de amanhã com o Ministro da Magia, que explicará o que exatamente você terá que assinar.
- Desculpe, o quem?
- O Ministro da Magia, Cornélio Fudge.
- Ministro da Magia? Quer dizer, ele é como o Primeiro Ministro, ou algo assim?
- Eu creio que o seu Primeiro Ministro seja o cargo equivalente, sim.
Andi imaginou Tony Blair cancelando seus compromissos com autoridades internacionais para vê-la – Impossível!
- Tem alguma coisa especial que eu deva saber? Eu tenho que reverenciar, ou coisa assim?
Ele a olhou como se fosse louca.
- Não, Srta. Carver, um aperto de mão será suficiente.
Ela encarou a chama da vela.
- Então, por Deus, esse é o meu último jantar aqui...
- De fato.
Andi engoliu. Há três dias esta teria sido a melhor das notícias; mas agora ela não estava se sentindo tão confortável com ela.
Olhou-o e ergueu a sua taça.
- Bem... Obrigada, Professor, por me agüentar; eu sei que tem sido difícil para você.
Ele olhou desdenhosamente para a taça.
- Srta. Carver, este é um costume trouxa.
Ela sorriu.
- Faça-me um agrado.
Seus olhos cruzaram e Andi viu um brilho passar rapidamente nos olhos dele; sentiu algo estranho dentro dela.
Foi difícil manter o seu suspiro em silêncio.
Ela não sabia o que diabos aquilo fora, mas...
… por Deus! Tinha a excitado completamente.
Lentamente, a taça dele foi erguida e bateu contra a dela, como se nada de estranho tivesse acontecido.
- E eu lhe agradeço, Srta. Carver. Tem sido... uma experiência nova.
Ela abaixou a sua taça com as mãos trêmulas.
Silêncio.
O que ele tinha feito com ela?
Desesperadamente, Andi procurou uma outra coisa para dizer, para ocupar a sua mente.
- Erm... Professor, sobre o veneno; eu soube que pode haver flashbacks com LDS. Eu estou um pouco preocupada...
- Sim, eu acredito que a droga feita pelos Trouxas possa causar os conhecidos flashbacks – ele disse. – Um replay vívido do que se viu ao ser afetado. No entanto, a mosca-tigre injeta uma forma pura de ácido lisérgico, que não causa nenhuma reação repetida.
- Oh, ainda bem! Eu odiaria estar tocando num concerto de musica clássica e de repente começar a tocar Grease, nos tempos da brilhantina – ela sorriu.
- Nos tempos da brilhantina?
- É um musical; uma peça com música.
Ele pareceu desdenhoso.
- Apenas um trouxa pode conceber uma peça sobre um lubrificante.
Ela riu.
- Na verdade, é uma história viva e enérgica sobre os altos e baixos de um romance entre jovens.
- Eu não posso imaginar algo mais nauseante.
Ela observou o seu olhar de desgosto.
- Não – disse lentamente. – Não achei que você poderia.
E apesar de como aquele olhar a fizera sentir um tempo atrás, em algum lugar ao fundo de sua mente uma porta se fechou.
O jantar tinha se acabado.
Enquanto eles se aproximavam da porta, Andi de repente lembrou-se da expressão no rosto dele quando, na noite anterior, ela lhe beijara no rosto. O que ele teria feito se ela seguisse o seu impulso de lhe beijar os lábios? Ela não conseguiu evitar que um grande sorriso surgisse em seus lábios quando ela pensou nisso.
- Srta. Carver…
Antes que mudasse a sua expressão, Andi se voltou para ele, dando-o a força total do seu sorriso.
Ele tinha a boca aberta para falar.
Ela esperou.
- Professor?
- Ahm... – Ele piscou e balançou rapidamente a cabeça. – Nove horas, amanhã pela manhã. Tente não se atrasar – ele disse abruptamente.
- Eu não vou me atrasar. Eu vou…
E fechou a porta muito rapidamente.
- ... caminhar pela última vez no lago.
XxXxXxX
Reviews, por favor.
Bjus para a minha maninha linda, a Lara, que betou mais esse capítulo. E, é claro, para as leitoras lindas e maravilhosas que revisaram: Doent Go Away, Shey, Olivia Lupin, Lua Mirage2, Renata e Sandy Mione.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!