Você É Real?
Capítulo 2
VOCÊ É REAL?
Ela conseguia sentir um friozinho agradável em seu rosto. E só.
Lentamente, Andi forçou seus olhos a se abrirem. Somente então viu que estava com o rosto encostado na grama. A julgar pelo mal estar que sentia, sua cabeça talvez se tivesse partido em duas e um elefante poderia ter passado por cima do seu corpo.
Ela rolou – ficando com as costas para a grama – e gemeu.
O seu estômago revirava – e isso não trazia bons presságios para um futuro próximo.
- Você consegue se levantar?
Uma voz!
Era uma voz seca, áspera e não muito amigável... mas, ainda assim, uma voz. Talvez a ajuda estivesse a caminho.
- Eu não tenho certeza – ela respondeu. – Eu acho... Eu acho que desmaiei.
Andi olhou para cima, lutando bravamente para focalizar o dono daquela voz. No entanto, tudo o que conseguiu ver foi a imagem distorcida de uma pessoa completamente vestida de preto, com um rosto pálido e olhos negros que pareciam encará-la.
Uma mão lhe foi estendida.
Ao aceitá-la e ser posta em pé, a elevação súbita fez Andi cambalear. A sua mão foi à testa e...
Ohh meuuu deeeeus...
...Ela curvou-se e vomitou.
O homem deu um passo para trás bem a tempo de evitar que o seu sapato ficasse coberto de vômito.
Andi se sentiu nauseada novamente, mas nada mais deixou o seu estômago. Talvez – ela pensou – o enjôo em si já tivesse passado, apesar de ainda sentir-se mal.
- Mais alguma coisa?
Sem olhar para cima, ela balançou a cabeça, negando.
- Tome – um grande lenço lhe foi estendido bem debaixo do seu nariz. Sinceramente agradecida ela aceitou-o, limpou a boca, assuou o nariz e – sem pensar – entregou-o de volta.
- Encantador – a voz, desdenhosa, ressoou. – Mas você pode ficar com ele.
Andi levantou a cabeça numa tentativa de ver o seu salvador.
- Ohhhh!
E o mundo começou a girar novamente.
Ela não resistiu quando as suas pernas se negaram a sustentá-la. Tudo que Andi conseguiu observar antes de entrar num estado de semi-consciência foi olhos duros e negros, cabelos negros, longos e oleosos, e um extraordinário nariz em forma de gancho.
Estava quase desmaiada, mas ainda conseguiu perceber os braços em suas costas e na parte de trás dos seus joelhos. Ao se aconchegar mais ao seu salvador, também percebeu uma doce essência de ervas. Enquanto era carregada através de um lugar um tanto mais fresco que o jardim onde há pouco ela estava, Andi sentiu o seu enjôo retornar.
Uma porta foi aberta.
Logo ela se sentiu ser depositada numa suave e macia superfície.
Andi conseguia perceber sons e movimentos, mas, sinceramente, não sentia a mínima vontade de abrir os olhos. O sono parecia lhe fazer um magnífico convite...
E justamente quando estava quase o aceitando, uma mão colocou-se atrás do seu pescoço e levantou a sua cabeça.
- Tome. Isso vai amenizar a náusea.
O seu tom de voz e o jeito que ele a tocava eram indiferentes.
Andi, ainda sem se importar em abrir os olhos, sentiu um copo ser oferecido à sua boca. Seus lábios se partiram, permitindo que o líquido entrasse.
O sabor não era dos mais agradáveis, porém tolerável. O líquido parecia ser um xarope grosso e, ao engoli-lo, sentiu-se aquecer por dentro.
Um segundo gole, que estranhamente parecia ser um pouco mais gostoso que o primeiro, a fez melhorar: a sua mente rapidamente clareou e o seu estômago não revirava mais como antes.
- Mais um...
Era quase como se o líquido estivesse expulsando o mal-estar de dentro dela e limpando o seu corpo. E, enfim, ela se sentiu bem o suficiente para abrir os olhos.
Andi estava deitada num sofá vermelho-escuro enquanto o seu salvador agachava-se próximo a ela, segurando um copo cheio de um líquido âmbar.
Ao ver que Andi abrira os olhos, ele deitou-a novamente no sofá, tirou as mãos do seu pescoço e levantou-se.
- Obrigado – mas ele já tinha dado as costas para ela antes que conseguisse terminar de agradecer. – Eu acho que desmaiei.
- É óbvio.
Ele pegou um cobertor cinza-escuro que estava sobre uma cadeira, desdobrou-o e estendeu-o sobre Andi.
- Erm, obrigado, mas, sabe, eu já estou aquecida...
- Acredite, eu estou menos preocupado com a sua temperatura do que você imagina – ele disse friamente. – Mas, aparentemente, você perdeu algumas peças de roupa.
- Hã?
Ela se apalpou por debaixo do lençol. O vestido estava lá, a calcinha estava lá...
- Não, acho que não.
- É assim que você se veste normalmente?
- Erm... sim. – ela respondeu lentamente, surpresa com o tom de reprovação na voz do homem. Onde ele estivera se escondendo ultimamente?
- Formidável.
Ela o examinou, imaginando a sua idade. Pelos seus cálculos, ele deveria estar nos seus quarenta... Com certeza não era velho suficiente para reagir daquela maneira às suas roupas, a menos que...
E se ele fosse um padre? Ele se vestia todo de preto, sua camisa era fechada até o último botão – bem no meio de uma onda de calor – e, prestando atenção ao local, bem que ali poderia ser parte de uma igreja.
- De qualquer forma, o Diretor logo estará aqui. É melhor que a senhorita fique coberta durante o encontro.
- Diretor? Onde diabos eu estou?
- Eu tenho certeza de que não sou a melhor pessoa para lhe explicar isso, senhorita…?
- Carver. Andi… digo, Andrea Carver – ela lhe ofereceu a mão. Ao invés de apertá-la, ele mais uma vez deu-lhe as costas e simplesmente falou:
- O Diretor chegará logo.
XxXxXxX
Reviews, por favor.
Bjus para a Lara, que betou esse cap e para o pessoal que revisou: Milinha-Potter, Lara, Lucca BR, Olívia Lupin, Blekath e Shey.
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