Magicamente
CAP 22. MAGICAMENTE
Ela apenas correu.
Sem pensar, ela correu.
Subindo as escadas... Entrando à direita... Virando à esquerda... Porta verde... A maçaneta de prata...
Sem precisar do auxílio de nenhum mapa, Andi encontrou, quase que por instinto, o caminho para a sala de música. Rapidamente, se jogou na bancada do piano, levantou a sua tampa e começou a dedilhar as teclas.
Beethoven... Wagner... Qualquer coisa que lhe ajudasse a liberar a sua raiva, sua mágoa, sua frustração. Seus dedos se machucavam com a força com que ela impunha ao tocar... O suor escorria pela sua face...
E então parou, seu rosto pendeu sobre o piano e Andi deixou as suas lágrimas caírem.
Chorou pela sua mãe, a quem agora ela achava ter julgado muito duramente... Chorou por si própria, pois, apesar de não ter esperado muito além do que ocorrera na noite anterior, tinha percebido agora que aquela noite seria a última. O convite para ficar em Hogwarts havia sido maravilhoso... e agora ela tinha uma família, ela tinha pessoas com quem se importar daquele lado do arco, mas sabia que não podia ficar. Não naquele momento... E ela chorou por Cornélio e sua avó, por terem passado tanto tempo separados mesmo estando tão obviamente apaixonados.
Seus dedos desceram novamente ao teclado e começaram a produzir uma melodia. Uma bela melodia. Era uma antiga composição que fora a favorita da sua avó e, naturalmente, agora ela entendia o por quê. Andi a cantara e tocara várias vezes para a sua avó... E, agora, cantava novamente:
"I'm wild again,
Beguiled again,
A whimpering, simpering
Child again
Bewitched, bothered and bewildered
Am I...
... Lost my heart,
But what of it?
He is cold, I agree
He can laugh, but I love it
Although the laugh's on me..."
Andi sabia que ele que estava parado à porta. Parou imediatamente de cantar, mas continuou a tocar.
- Se você veio continuar com a sua argumentação, Professor, eu devo lembrá-lo do tipo de pessoa que eu sou: extremamente impulsiva e estou muito sensível agora.
Snape encaminhou-se lentamente para o piano, suas mãos atrás das costas.
- O Diretor e o Ministro já foram – ele disse. – Nenhum dos dois ficou muito convencido com o meu discurso. Seu avô, aliás, disse que eu sou “um canalha da pior espécie” e expressou o desejo de me ver ferver em óleo quente. O Diretor foi um pouco mais sutil: ele quer que você saiba que, caso decida aceitar o posto de professora, você achará os outros funcionários bem mais agradáveis do que o “professor de poções quadrado, idiota e autodestrutivo”...
“Eles voltarão hoje à noite para saber a sua decisão. Parece haver um consenso de que os seus genes bruxos adormecidos podem ter sido ativados desde que você passou a ver com clareza a sua natureza.”
Andi pulou um verso e cantou:
"Wise at last
My eyes at last
Are cutting you down
To your size at last..."
(“Finalmente sábia
Meus olhos estão finalmente
Pondo-lhe em seu lugar”)
Ele abriu um sorriso sarcástico ao ouvir as palavras de Andi.
- Você pareceu lidar muito bem com isso mesmo antes de ver tudo com clareza. Em particular no nosso primeiro jantar, quando você tão eloqüentemente disse que eu “tocava umazinha”; e novamente nesta manhã, quando eu me sentei em seu maldito pingüim.
Andi não pôde evitar uma leve gargalhada abafada à lembrança. Voltou a se concentrar com determinação no teclado.
- E o fato de você ter conseguido entrar em meu quarto ontem à noite, mesmo com a porta estando selada por meus feitiços, também evidencia o fato... que...
- ... eu consigo quebrar as suas barreiras, sejam elas mágicas ou emocionais; e isso lhe assusta pra caramba, não é, Professor? Não é de se admirar que você tenha tentado me expulsar do castelo de todas as maneiras possíveis, fora fisicamente.
Sem responder, Snape colocou algo em cima do piano. Andi olhou para cima. Era um frasco de vidro com algum líquido lilás dentro.
Olhou-o.
- Um acordo de paz – Snape disse. – É uma poção para seu cabelo. Eu acredito que ajuda com... “pontas duplas”.
- Obrigada – ela respondeu, surpresa por Snape ter lembrado até mesmo das suas tagarelagens triviais.
- Eu não vou lhe contar os ingredientes; acredito que você não o usaria se você soubesse.
- Eu vou testá-lo e me lembrarei de guardá-lo em minha bolsa antes de partir.
- Andrea...
Ela tocou com força desnecessária.
- Não é que eu esperasse que você me quisesse aqui; claro que não – ela disse, ignorando-o. – Foi apenas uma noite do sexo; apesar de fantástica... – O olhou. – ... Eu sei que isso não é suficiente para construir um relacionamento. Mas você tinha de deixar claro que não me queria mais daquela forma tão dolorosa, e expor seus motivos com tanta convicção, logo depois que nós...?
- Andrea...
- Eu acho que nunca levei um fora tão forçado ou tão rápido, só isso; quer dizer, a cama ainda estava quente…
- Andrea... – ele disse firmemente – você pode vir comigo?
Seus dedos pararam de tocar.
- Como disse?
- Você pode vir comigo? E levar a sua música – ele apontou o manuscrito que ela tinha deixado em cima do piano. Virou-se e começou encaminhar-se para fora do quarto. Andi apenas o encarou. – Bem... você vem, ou não?
Curiosa, ela rapidamente recolheu o manuscrito, agarrou a poção, segurou um punhado das suas vestes e o seguiu para fora do salão.
Snape apressou-se ao longo dos corredores e das escadas, de modo que Andi quase teve de correr para acompanhá-lo.
- Onde nós estamos indo?
- Não fale nada. Você precisará de todo o seu fôlego: ainda temos que subir cinco andares.
Andi calculou que deveriam estar no sétimo andar quando chegaram a um corredor onde tinha uma parede completamente lotada de ornamentos e pinturas de todos os tipos. Do lado oposto havia uma enorme tapeçaria com alguns seres estranhos dançando balé.
Snape voltou-se para Andi e estendeu a sua mão para o manuscrito. Confusa, ela o entregou e assistiu Snape folheá-lo.
- Sente-se ali – Snape indicou um banco de pedra próximo à tapeçaria.
Andi estava tão cansada por ter subido seis lances das escadas que se sentiu grata ao sentar. Ele, por outro lado, parecia não ter feito esforço algum.
Viu com um interesse – e preocupação – crescente Snape caminhar de cima a baixo no corredor, através de uma distância medida. Seus olhos estavam fechados, expressando a sua concentração e ele segurava o manuscrito próximo ao peito. Ao término da terceira volta, ele parou e encarou a parede lisa.
O coração de Andi parou por um momento: seus olhos se arregalaram e ela se levantou surpresa quando, no meio da parede, apareceu uma porta azul e brilhante com maçaneta de bronze.
Uma porta que realmente não estava lá antes. Olhou-o.
- Você é realmente bom com portas, não?
Snape foi até ela.
- Atrás desta porta está a Sala Precisa. Nela você encontrará tudo que precisa para tocar esta partitura – ele disse. – Você acha que está pronta para tocar?
Como assim?
- Sim – respondeu.
Ele lhe devolveu o manuscrito.
- Meu comportamento esta manhã foi...
- Típico?
Ele deu-lhe um sorriso amarelo.
- Eu diria “mais do que reprovável”, considerando que a situação em que me encontrava não tinha nada de “típica”. – Ele desviou ligeiramente o olhar. – Palavras de contrition não são meu forte. Eu acreditei que só pioraria as coisas se falasse sobre sentimentos inadequados ou inconvenientes, logo... – voltou a encará-la. – Eu espero que você possa aceitar isso como um pedido de desculpas...
Ele segurou a sua mão, abriu a porta e conduziu-a para a sala.
Andi parou absolutamente impressionada.
A sala não era uma sala.
Era um salão de concertos.
Um enorme salão circular com um teto muito alto. Na parte traseira tinha um assoalho elevado com...
Andi deu um suspiro encantado.
... uma orquestra que pacientemente a aguardava, com os instrumentos em mãos, e um maestro em um pedestal.
Em frente a eles havia um piano brilhante negro grande, aberto e pronto para tocar.
Andi voltou-se para Snape, boquiaberta.
- Muito profissional. – Ele pôs a mão no queixo de Andi e fechou sua boca. – Você mencionou uma vez que nunca tocou com uma orquestra antes; está aqui sua chance, então.
- Mas...
- Toque.
Sentindo-se ligeiramente zonza, Andi entregou o frasco de poção para Snape e, agarrando-se ao manuscrito, foi até o maestro, apertou-lhe a mão e disse:
- Erm... Rachmaninov; O concerto de piano número dois em dó menor?
O maestro assentiu, silenciosamente.
Ela retornou ao piano e acomodou-se.
- Eu não tenho um virador de página – disse, voltando-se para Snape.
- Elas girarão sempre que necessário.
Ele se sentou em algum lugar à esquerda de Andi, fora do seu campo de visão.
Seus dedos desceram às teclas e Andi olhou de relance para o maestro. Ele assentiu e levantou seu bastão.
Oh, uau! Então é assim...
Andi mordeu o lábio e começou. Impressionou-se quando a orquestra a acompanhou, excitada por se ouvir tocar esta partitura pela primeira vez acompanhada por uma orquestra de verdade – e não pela que ficava em sua cabeça.
Era como se ela estivesse numa montanha russa, sem saída. Seus dedos trabalham quase sem que ela percebesse. Parecia até que uma cortina tinha sido levantada: ela nunca sentira a música de tal maneira tão clara antes. Ela não precisava pensar ou se esforçar... estava tocando com a sua memória, como se sempre tivesse feito parte daquela orquestra; como se tivessem ensaiado juntos uma dúzia de vezes ou mais. Suas emoções, já trazidas à tona pelos eventos daquela manhã, agitavam-se dramaticamente com a melodia, e as suas mãos estavam mais expressivas do que ela sempre sonhou.
O segundo ato, mais calmo do que o primeiro, mas tão exigente quanto, trouxe lágrimas aos seus olhos.
O ato final, provavelmente seu favorito, forçou seus dedos a pular e dançar sobre o teclado, até que o final chegou; o grand finale, o fechamento dramático de uma das partituras mais românticas do mundo.
Quando, após trinta e cinco minutos de concentração elevada, o fim chegou, Andi apenas ficou sentada, tremendo, incapaz de mover-se... incapaz sequer de abrir os olhos por causa da emoção do momento. Lágrimas escapavam de dentro das suas pálpebras fechadas. A música ainda ecoava em seus ouvidos.
Sentiu uma mão tocar o seu rosto e movê-lo. E então, lábios sobre os dela, pressionando-os firmemente, apaixonadamente. E ela não resistiu a eles, aceitando tudo o que eles ofereciam, sentindo seu coração bater fortemente contra aquele homem enquanto seus braços ligavam seus corpos num for abraço.
Ela mal podia acreditar na gigante onda de emoções que a preencheu por dentro... E ela finalmente soube que por cada parte dele – boa ou má, apesar de tudo – ela tinha se apaixonado.
Andi passou a beijar o seu rosto até que a sua boca ficasse perto da orelha dele.
- Obrigada – Andi sussurrou em choque. Voltando a olhá-lo, sorriu. – E as suas desculpas foram aceitas.
- Eu sei que posso ter cometido um erro ao tirar a música de minha vida – ele disse calmamente, segurando as mãos que antes o abraçavam.
- Nenhum de nós é à prova de falhas, Professor – ela sorriu, usando as mesmas palavras que ele dissera na noite anterior e se sentindo feliz por talvez ter despertado o gosto dele por algo que amava tanto.
- De fato – Snape concordou com um brilho de contente em seus olhos. Sua mão limpou uma lágrima que descia pelo rosto de Andi. – E você parece ter uma grande habilidade de atiçar as minhas fraquezas e trazê-las à tona.
Ele segurou as duas mãos de Andi outra vez e, olhando para baixo, massageou-as.
- Eu... gostei muito de ouvi-la tocar. E gostaria de ouvir mais.
- Oh, não. Não dá. Eu estou esgotada.
Ele levou as mãos até seus lábios e beijou as pontas macias dos dedos de Andi antes de olhá-la nos olhos.
- Eu não quis dizer que queria lhe ouvir hoje.
Snape se pôs de pé, puxando Andi da bancada para a curva do piano. Apenas então ela notou que estavam completamente sozinhos: o maestro, a orquestra... todos haviam desaparecido.
Ele alcançou a sua cintura e começou a desatar a corda que prendia as vestes negras no corpo de Andi.
- Um conselho: as vestes de um professor devem ficar livres em seu copo. Isso dá um ar de autoridade. – Ele abriu as vestes, revelando o corpo nu. Deu um passo para trás e examinou-a. – Viu? E isso... – Ele pegou a corda e aproximou-se de Andi. – ...é muito melhor empregado assim... – Ele lhe tomou as mãos e amarrou-as em suas costas.
Snape a olhou, rostos muito próximos... E, mais uma vez, Andi pôde perceber o maravilhoso veludo negro nos olhos dele. Ele tomou o seu rosto em ambas as mãos e beijou-a. Automaticamente, Andi quis levar as mãos para abraçá-lo, esquecendo-se que estavam amarradas.
Os lábios dele se moveram para sua orelha e então pela garganta... suas mãos dentro das vestes de Andi, percorrendo o seu corpo até que ela ficasse sem ar... o corpo dela respondendo a cada beijo, cada toque.
A boca alcançou seus seios. Andi gemeu timidamente ao sentir a língua passeando pelo mamilo... Ela teria perdido o equilíbrio, não fosse ele segurando-a pelos quadris – as pontas dos dedos de Snape afagavam o pedacinho de pele onde o golfinho estava tatuado.
O fato que ela não poderia tocá-lo de maneira alguma era torturantemente erótico. Curiosamente isso dava a Andi uma sensação de poder, mesmo que fosse Snape quem estava no comando da situação. Tal sensação foi acentuada quando ele colocou-se de joelhos, enterrando o rosto na barriga dela enquanto beijava cada vez mais embaixo.
Andi prendeu a sua respiração e inclinou-se para trás, enquanto as mãos de Snape agarravam as suas nádegas e inclinavam seus quadris... E a sua boca mergulhava entre as pernas dela, levando ondas de prazer pelo, por e através de seu corpo.
Aquela era a primeira vez... ninguém nunca...
Andi olhou para baixo, onde Snape estava de joelhos.
- Eu estou... – ela ofegou sentindo, agora, todo o seu corpo estremecer pelas sensações que Snape lhe proporcionava. – Eu estou lhe pondo em seu lugar outra vez?
Ele parou para olhá-la.
- Magicamente... professora Carver.
XxXxXxX
fim
XxXxXxX
Acabou! Acho que já estou com saudades de traduzir! Hehehehe!
Reviews, por favor.
E bjus para a Lara, que betou a fic inteira, e para as lindas que revisaram: a Lua Mirage2, a Sandy Mione, a Leyla Poth, a Olivia e a nathsnape.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!