O Calor do Momento



CAP 21. O CALOR DO MOMENTO

Andi não sabia se queria rir ou chorar; aquilo fora tão doce... Apenas cinco minutos após saber que era seu avô, o Ministro já estava tentando protegê-la.

Levantou-se e foi até ele, que estava na ponta dos pés ainda ameaçando Snape com a sua varinha.

Delicadamente, pôs sua mão sobre seu braço.

- Minis... erm... – Andi já não sabia como chamá-lo. – Ele não se aproveitou de mim. Eu não fui seduzida, se é isso que está imaginando. Na verdade, se aconteceu algo assim – olhou Snape e sorriu, calorosamente. – ... foi bem ao contrário.

O Ministro olhou-a, atônito.

- Bem, eu devo dizer que... eu estava apenas tentando...

Andi segurou-o pelo braço e conduziu-o de volta à mesa.

- Eu tenho algumas fotos de vovó em minha bolsa, você gostaria de vê-las? Eu posso ir pegá-las.

Caminhou para a porta.

- Você me permite? – Dumbledore balançou sua mão e a bolsa de Andi apareceu na mesa.

Hesitantemente – afinal, ela não sabia se o feitiço tinha deixado a bolsa quente ou algo assim – Andi a abriu e começou a procurar pelas fotos. Estava tão ansiosa para encontrá-las que, após alguns momentos de uma procura inútil, derrubou todo o conteúdo da bolsa sobre a mesa, não se importando desta vez com o que poderia ser atirado ou visto.

As coisas espalharam por toda parte, caindo sobre o assoalho, as cadeiras, a mesa... Andi procurou ao seu redor até que as suas mãos alcançaram a sua carteira de cartões de crédito. Abriu-a onde ficavam as fotos da sua avó e entregou-a ao Ministro. E ele ficou boquiaberto ao vê-las.

- Céus, ela está ainda mais bonita do que quando a conheci!

Andi devolvia as coisas à sua bolsa quando ouviu as palavras do Ministro. Parou e seu coração deu uma guinada quando o percebeu usar o tempo presente. Olhou-o.

- Vovó... morreu há dois anos, Ministro – disse delicadamente.

Ele olhou para Andi de uma forma tão triste, que trouxe à tona o seu próprio luto. Baixou a cabeça e voltou a pegar suas coisas, sentindo seus olhos queimarem.

O silêncio se instalou.

- Eu acho – Dumbledore disse após um momento – que vocês dois precisam passar um pouco de tempo juntos...

- Infelizmente, não tenho tempo algum, Dumbledore – disse rispidamente o Ministro.

- ...o que me leva a fazer uma proposta. Primeiro, porém, já que eu nunca julgo um livro pela capa, você deve perdoar minha indiscrição, Severo, mas eu preciso confirmar que a situação de Andrea realmente mudou.

Snape deu um suspiro antes de responder.

- Mudou sim, Diretor.

Dumbledore estudou Snape sobre seus óculos.

- Você sabe o que eu estou perguntando?

Mais um suspiro.

- Sim.

- Muito bem. E Andrea está ciente?

- ... do problema, sim.

Andi olhou de Snape a Dumbledore. Aquilo obviamente tinha ligação com o que fora dito na noite anterior.

- Cornélio, Andrea precisará de proteção bruxa se tiver que retornar ao mundo trouxa. Por isso eu preferiria que ela permanecesse em Hogwarts por mais alguns dias enquanto tal proteção é providenciada. E isso dará a vocês uma chance de conversar.

- Pr-proteção? Por que ela precisaria de proteção? – perguntou o Ministro.

- Eu tenho a sua permissão para continuar, Severo?

Snape assentiu.

- Você está ciente, Cornélio, que Severo já trabalhou para Voldemort...?

Andi se surpreendeu ao ver a reação de ambos os homens ouvir aquele nome.

- ... mas que se arrependeu e veio à Hogwarts trabalhar para mim. Isso põe a sua vida em risco e, como todos nós sabemos, nada impedirá Voldemort de buscar a sua vingança; que inclui fazer mal às pessoas mais próximas aos seus inimigos. Pela relação que teve com Severo, Andrea pode agora estar em perigo.

- Por Deus, Snape, você tem muito que explicar! – O Ministro levantou-se furiosamente.

Andi se aproximou dele e tocou o seu braço.

- Como já expliquei, fui eu quem provocou. Eu admito, seria melhor que tivesse tomado conhecimento desta ameaça antes... – Sorriu. – Mas não posso dizer que isso me impediria. Você sabe, as coisas são... no calor do momento... – Andi realmente corou enquanto olhava o seu avô.

Ele a olhou e afagou carinhosamente a sua mão.

- Sim... sim... acho que sei, sim. – Então apontou para Snape. – Mas você devia ter agido melhor. Raios, você é velho bastante! Falando nisso, você não se acha um pouco velho demais para estar se envolvendo com minha neta...?

- Cornélio! – Dumbledore exclamou. – Nós estamos muito tocados com a sua tentativa de bancar o avô protetor, mas, por favor, deixe-os manter sua privacidade.

- Ministro – Snape disse numa voz macia e perigosa enquanto deslizava até outro lado da mesa –, eu posso assegurá-lo que se tivesse me controlado um pouco mais, tal coisa jamais teria acontecido...

Andi o encarou, sentindo o seu rosto esquentar.

- ... Eu mal posso expressar meu pesar pelo resultado dos acontecimentos...

Ela sentiu um nó na garganta. Não tinha certeza se queria ouvir mais coisa alguma.

- ... por causa de um lapso temporário...

- Três lapsos temporários – lembrou-o.

Snape a olhou de rabo-de-olho.

O Ministro corou.

- A senhorita Carver deverá ter total proteção bruxa quando voltar ao mundo trouxa. – Snape deu um passo para trás e pisou em algo. Abaixando-se, pegou o mini-vibrador de Andi. – É a segunda vez que eu tenho que apanhar isto para você, Srta. Carver – disse irritado, olhando-a com os olhos frios, duros.

- Se é assim, Professor – ela disparou, irritada pelos comentários e por ele ter repentinamente voltado a tratá-la pelo sobrenome –, caso haja uma terceira vez, você pode ficar com ele. – Tomou o mini-vibrador e sibilou. – E você sabe onde pode enfiá-lo... – Então olhou o que segurava e percebeu o quão redundante a ameaça soara.

Enfiou-o na bolsa.

- Por que ela não pode ficar aqui?

Todos os olhos fixaram-se no Ministro.

- Cornélio?

- Sim... Eu estive pensando, Dumbledore. Quem melhor para ensinar Estudos dos Trouxas... do que uma trouxa? E ela estaria segura em Hogwarts.

- E você não tem nenhum interesse nisto, não é, Ministro? – Snape disse sarcasticamente.

- Nem você, Snape, pelo jeito que as coisas vão – disparou o Ministro.

- Sabe de uma coisa? Cornélio, essa é uma ótima idéia – disse Dumbledore; Andi imediatamente percebeu que o Diretor estivera apenas esperando que um dos homens sugerisse isso. – Mas eu já tenho um professor competente de Estudos dos Trouxas. Entretanto, creio eu, Andrea, você é uma pianista?

- É mesmo? – perguntou o Ministro, olhando-a orgulhosamente.

- Erm... – Andi sentia dificuldades para manter o seu controle com o curso dos acontecimentos. – ...Eu... sim... quer dizer, sim, eu toco também clarinete e saxofone... mas...

- Nós temos um coral excelente aqui em Hogwarts, e as aulas de música bruxa são sempre populares – Dumbledore continuou –, mas nós não tínhamos nenhuma forma de realizar o estudo da música trouxa, que eu acredito em muitos casos ser melhor que a nossa. Seria maravilhoso incluí-la como disciplina complementar!

- Você... Você está me pedindo para ficar aqui e ensinar? Hum... Erm... Mas... eu não tenho nenhuma qualificação para ensinar...

- Pffff, isso nunca incomodou Dumbledore, eu posso assegurá-la! – Animou-se o Ministro. – Qualquer um pode ver que você seria dez vezes melhor do que muitos professores que ele já empregou.

- Eu sei que você deve ter compromissos em casa, e obviamente terão certas... – Dumbledore olhou de esguelha para Snape – ... circunstâncias a serem levadas em consideração, mas você será muito bem-vinda; especialmente, creio eu, entre aqueles calouros nascidos trouxas. Eles às vezes se sentem um pouco oprimidos e saudosos. Ah! E nós precisamos de um diretor extra para a casa Lufa-Lufa. – Ele sorriu acolhedoramente para Andi. – Tudo que eu peço é que você considere essa opção.

- Diretor, eu acho muito pouco apropriado que uma trouxa ensine em Hogwarts. – Snape estava do outro lado da mesa em que Andi se encontrava, mas falava como se ela não estivesse lá. – Ela não tem a menor compreensão de como o mundo bruxo funciona, e transformar-se-á facilmente num fardo, ao invés de numa melhoria.

Andi baixou a cabeça ao escutá-lo. A felicidade que sentira há pouco, ao receber a oferta de emprego de Dumbledore, estourou como um balão.

- ... sem mencionar os estudantes que não a deixarão em paz uma vez que souberem o que ela é. Não consigo ver nenhum mérito no ensino de música trouxa aos bruxos.

Andi suava frio. Supôs que os argumentos de Snape pudessem ser bem válidos – bem sensatos. Mas aquele com certeza estava sendo o mais doloroso e humilhante discurso de “a noite passada foi ótima, mas...” que ela já ouvira em toda a sua vida.

- A Srta. Carver não pertence ao nosso mundo, mesmo que tenha uma gota de sangue bruxo. Eu acredito que ela ficará muito infeliz e incomodada em tal ambiente. Ela conseguiu encontrar os mais numerosos problemas nos poucos dias em que esteve aqui, afinal...

Andi nunca fizera sexo só por uma noite, e agora aprendia como tais aventuras podiam terminar. Ela não tinha certeza do que aconteceria no dia seguinte – o dia do inevitável adeus. Havia apenas se entregado ao momento. No fim, em nada era melhor do que sua mãe.

- ... ela não tem nenhum sentido de direção. Seria ridículo colocá-la em uma escola do tamanho de Hogwarts.

Andi mal podia acreditar que aquele era o mesmo homem com quem, há apenas algumas horas, ela compartilhara momentos tão íntimos. Ele falava como se não tivessem trocado nada além de um breve “oi”. Por Deus, aquilo doía. Andi podia claramente sentir uma dor em seu peito. Respirava com cuidado, tentando controlar suas emoções, mas sabia que estava perigosamente perto do seu limite.

- Ninguém lamenta mais este triste episódio do que eu...

Ela engoliu em seco. Estava se controlando para prender as lágrimas, mas seu nariz estava escorrendo. Andi teria que fungar em qualquer momento, e então todos saberiam que estava quase chorando.

- ... episódio tal que eu assumo total responsabilidade. Mas, tendo a observado pelos últimos dias, eu posso assegurá-los que ela não sobreviveria em Hogwarts. Ela é uma pessoa extremamente emocional e impulsiva; características que dificilmente a qualificaria como professora. Ela deve ser reintegrada ao mundo de trouxa com total proteção bruxa e, eu sugiro, com sua memória alterada.

As últimas palavras de Snape levaram duas lágrimas a escaparem dos seus olhos. Aquilo significava o que ela estava pensando?

Snape sentou-se, finalizando seu discurso.

Um agudo “WHEEEEEEE...” saiu do lugar onde tinha sentado – Snape se ergueu num pulo, como se tivesse sentado sobre uma tachinha.

“...WOOOOOOOO...”

Com um olhar de incredulidade, ele pegou o Pingüim da Sorte de Andi, que devia ter caído na cadeira quando ela despejara todo o conteúdo da sua bolsa.

Andi sentiu que explodiria a qualquer momento. Ninguém conseguiria lidar com a guerra de emoções que se instalava dentro dela. Uma dor imensurável tomava conta do seu coração e, ainda assim, queria rir até sentir vontade de vomitar. Pensou que morreria se permanecesse no quarto.

Sem uma palavra, correu...

XxXxXxX

Penúltimo cap...

Reviews, por favor.

Bjus para a Lara, que betou mais esse cap. E para as lindas que revisaram: a Lua Mirage2, a Renata, a Ninha Prince Snape, a Sandy Mione, a Olivia e a Luci.

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