O Refúgio dos dragões



Capitulo 3

Caminhava pela floresta de arvores separadas e com bastantes folhas e galhos... Eram grandes e numerosas... Ela caminhava pelo chão encharcado, enquanto a chuva caia em cima de seu corpo... Seu corpo bem desenhado e branco, um rosto emoldurado por seus longos cabelos loiros escuros e lisos que iam até a cintura, escondidas levemente pelo vestido branco e longo de mangas compridas... Seus olhos eram negros e brilhavam na noite a arrogância que emanava dela... Seus cabelos estavam pingando água e colado ao seu corpo, mas ela estava determinada a não ligar pra isso... Havia um homem encapuzado atrás de si, andando um pouco cambaleante, a poucos metros da mulher... Ele tinha um corpo torto por dentro da sua capa negra e sua cabeça estava virada para as costas da mulher...

- Você tem aparecido no profeta, Schwarze, mesmo que na ultima folha... – Ele soltou um pequeno riso satisfeito. – Estão noticiando a venda da sua casa na Alemanha... Há quanto tempo não aparece nos jornais, Schwarze? Desde que saiu de Hogwarts após deixar de ensinar Dumbledore? Ou depois dos Gaunts? Schwarze... Schwarze Augen... Que nome ridículo! Estranho... – falou o homem encapuzado debochado, mas antes que pudesse gargalhar, Schwarze virou se para o homem encapuzado, a varinha levantada, uma expressão desprezível no seu rosto branco e bem desenhado também... O homem parou abruptamente, com certeza olhando alarmado para Schwarze.

- Amycus, não quer me ver irritada, quer? Ah! Você se esqueceu que eu ensinei aos pais da Bathilda Bagshot e a Fineus Nigellus... – Ela então deu um sorriso sarcástico e orgulhoso e virou-se de novo para a estrada. Amycus demorou um pouco para se recuperar e andar atrás dela, um pouco mais aliviado agora.

- O caminho é esse aqui, não é imbecil? – Perguntou Schwarze arrogante, analisando atentamente à trilha a sua frente, com folhas velhas e galhos ao chão.

- Não me chame assim... E é esse sim... – Falou Amycus seco, andando mais devagar agora.

- É só o deixar vir agora... Eles estão na floresta, estão quase chegando... – falou ela, a voz sussurrada, como se falasse a si própria, seus olhos fixos, olhando sempre pra frente.

- Eu não entendo o motivo disso... – resmungou Amycus, afastando os galhos das arvores como se fossem venenosas cobras, tentando alcançar Schwarze.

- Você não tem que ver... Ele mandou você vir me ajudar, me obedecer ao que eu pedir... Não é pra perguntar... Vermes não falam... – falou ela, alteando a voz, de forma imperativa, olhando por cima de seu ombro o rosto escondido pelo capuz de Amycus.

- Você não é o Lord! E eu não sou seu empregado, Augenzinha... – falou ele, um pouco mais esganiçado do que devia, dando uma ênfase sarcástica a ultima palavra. – Totalmente arrogante... Ensinei Bagshot e Fineus... – falou ele em um sussurro aborrecido, imitando a voz de Schwarze e depois bufou fortemente.

- Não reclame, comensal... Pense no que deve fazer... Precisamos diminuir as águas do rio... E os trens não podem se chocar muito forte, lembra? O Lord me confiou isso tudo... Não estrague ou você saberá por que o Lord me ambiciona tanto para fazer os seus planos... – Ela falou o mais lento e ameaçador que pode, virando o melhor possível seu pescoço por cima dos ombros, para ver Amycus, a falhando alguns passos, quase tropeçando um pé no outro.

- Você conjurará a marca negra acima da ponte... E depois avisará ao Lord... – repassou ele os planos de forma lerda e pensativa. – Estamos mais perto... – disse, enquanto olhava por cima dos ombros de Schwarze, as arvores cada vez em menos quantidades a frente deles.


O tempo estava inimaginavelmente ruim, mas, mesmo assim ela corria, subindo um pequeno monte, uma pequena ladeira de gramas e lamas. Tinha um amontoado de panos brancos cobrindo algo. Algo que ela mais amava em toda a sua vida. Ela subia, tropeçando alguns momentos, mas sem desistir. Não podia desistir, tinha que ser forte, tinha que continuar. Mal queria olhar para trás, mas sabia que Helena estava acompanhando-a. “E com certeza, ele também...” Ela pensou nisso e ofegou fortemente, seus olhos arregalados, brilhantes de lagrimas, de desespero, seu rosto marcado pelas lagrimas, pelo medo. Ela tinha 23 anos apenas e não imaginava que podia passar por isso e agora passava. Era alta, tinha cabelos castanhos escuros encaracolados e compridos até metade das costas, seus olhos eram castanhos, sua pele era um pouco branca e lisa.

Corria cada vez mais rápido, suando, quase sem ar. Sua filha ainda em seus braços, começando a chorar totalmente coberta, tentando ser protegida da chuva forte. Ela chegou ao fim do pequeno monte e viu o terreno plano levar até uma estação de trem com pilastras de mármore, com arcos com a grande abertura, dando entradas mesmo que não totalmente livre, por causa de barras de ferro que atravessava a passagem, vigiados por seguranças que após receber o dinheiro, levantava a barra. A estação era pequena. À frente da estação e, com certeza, da linha ferroviária, se estendia à densa floresta, fazendo sombras na estação que era rodeada pelo nada, a não ser pequenas gramas e alguns arbustos, acompanhados por baixos montes e ladeiras ao mesmo tempo. Margarida parou um pouco, respirando pesadamente, seus olhos fixos nos arcos da estação, sabendo que era para ali que tinha que ir.

Olhou por cima dos ombros, para trás, seu coração batendo mais rápido do que nunca. Ela podia ver Helena correndo, também totalmente encharcada, seu longo vestido branco de mangas, colado ao corpo... Ela subia o monte... Ela não via ele por causa dos arbustos que estavam em maior números lá embaixo. Ela virou-se de novo para a plataforma e desatou a correr. Estava finalmente conseguindo sair desse pesadelo e pensar nisso parecia dar fôlegos a ela, fôlegos em dobros... Ela enfim chegou perto em um dos seguranças altos e fortes... Ela pegou algumas moedas do bolso do casaco que usava e deu ao segurança. Ela deu o dobro do dinheiro e sem dizer nada, apenas apontar para a ladeira que descia a frente, entrou pelo grande arco liberado pelo guarda louro ao lado perante o primeiro...

A plataforma era coberta por um teto muito alto e com desenhos antigos descritos nele. Tinha bancos em muitas partes da plataforma estreita, mas longa. Já tinha um trem lá. Era de ferro e mal dava para ver o seu inicio ou fim de tão grande. Seu teto era muito alto e curvado, era larguíssimo, mal cabendo no espaço que a estrada de ferro tinha. Margarida não se surpreendia. Ela sabia que era um dos maiores trem da Grã-Bretanha e até da Europa. Passava todo dia na plataforma, aliás, por toda Londres. As pessoas entravam, andando pelo chão de madeira polida da plataforma, dobrando as barreiras e pilastras. Margarida parou e respirou fundo, curvando muito pouco o corpo, como escondendo a sua filha do perigo. Ela tinha que esperar Helena que não devia estar muito longe. Ela foi de jeito alarmado e desajeitado até uma pilastra que a escondia dos arcos de entrada da plataforma. Ela se encostou. Seu pequeno bebê ainda chorava e ela balançava os braços, ninando a filha, sussurrando algumas palavras, mesmo sua mente estando em outro lugar, mesmo seu coração estando acelerado, mesmo o medo correndo como sangue por suas veias.

- GUIDAA! – um grito estridente e desesperado ecoou por toda a plataforma, fazendo com que as pessoas que estavam entrando no trem parassem e olhasse diretamente para os arcos. Margarida congelou. Ela deslizou pela pilastra até se desencostar dela e olhar os grandes arcos decorados com desenhos dourados assim como o teto. Sua irmã vinha correndo e logo atrás, já passando pela barra de ferro de um dos portões, estava vindo correndo Richard. Ele tinha olhos castanhos como o dela, um corpo um pouco curvado e musculoso, mas mesmo assim ele era alto e muito branco, contrastando com seus cabelos bastante negros e cacheados, como o de Helena que vinha correndo, seu corpo branco e bem formado e branco, suas sobrancelhas grossas e negras, ao contrario da rala da irmã Margarida e o noivo Richard.

Helena chegou ao lado de Margarida e com impulso empurrou o seu corpo para virar, fazendo a ficar de frente ao trem. Enquanto, isso ocorria em menos de um segundo, as pessoas continuavam olhando, atentas, a cena e a segurança já começava a caminhar em direção ao lugar. Margarida começou a correr rapidamente para a porta, sua filha chorando mais forte em seus braços, enquanto ela ouvia exclamações, não sabendo e nem querendo saber por quê, mas, foi forçada descobrir um minuto depois, alguns passos de distancia da porta, um estalo e barulho de algo pesado contra a parede de ferro do trem. No local ficou um buraco e no rosto de Margarida mais desespero.

Ela olhou rapidamente por cima de seus ombros e viu seguranças correndo em direção de Richard, apressados, enquanto pessoas se escondiam atrás de pilastras ou bancos, até mesmo saindo pelos arcos, não se importando que ali fosse a entrada e não a saída. Richard vinha correndo, a fúria desenhada em seu rosto. Um segundo, enquanto ele levantava o braço e algo brilhava em suas mãos. Algo negro que foi o culpado do som do segundo estalo. Margarida virou o rosto o mais rápido que pôde, enquanto os policiais praticamente pulavam em direção de Richard, cada vez mais perto. Richard não se preocupava em fugir, apenas queria acertar as duas a sua frente. Margarida virou completamente o seu rosto, enquanto estendia o braço para pegar a porta quase se fechando do trem. O trem poderia ir a qualquer segundo e deixa-la ali, com aquele louco.

Ele estava prestes a sair quando ela entrou na plataforma e ela nem percebeu. Como pôde? Agora estava correndo mais perigo do que já imaginara correr. A bala passava e atravessava a janela de vidro do trem, deixando mais um buraco lá e fazendo as pessoas que estavam dentro recuarem para trás, assustadas. Um grito furioso atrás de Margarida e as portas de ferro do trem se abrem, como se milagrosamente... Ela dá apenas um passo à frente e entra, passando pela porta, apertada para a entrada dela e de sua irmã juntas. Ao mesmo tempo em que entra, Margarida se vira para a plataforma, um segundo antes das portas se fecharem completamente. Richard estava preso pelos braços fortes e hábeis dos seguranças, enquanto se debatia, furioso, desesperado, gritando, falando coisas sem sentidos, sem nexos, lagrimas escorrendo assim como a água da chuva que pingava por seu corpo encharcado. Seus olhos brilhando foi a ultima coisa que ela quis guardar antes que a plataforma sumisse e virasse apenas a porta dupla de ferro automática do trem que já andava rapidamente pela trilha.

As pessoas haviam se afastado no momento que Margarida e Helena entraram, o pequeno bebê ainda chorando forte. O barulho das pessoas falando alto ou aos sussurros, caminhando, gritando algumas coisas que para a Margarida era indistinguível. Ela apenas prestava atenção na porta de ferro, pensando nas imagens anteriores, sua respiração descompassada. O braço de Helena estava ao redor do seu pescoço, enquanto uma mão do outro estava tocando seu braço, consoladoramente. Então, Margarida olhou para a irmã, nos seus olhos escuros.

- ele quase nos matou... Ele queria me matar... – Falou em um sussurro leve e falho, como se a verdade fosse inacreditável, impossível... Ele iria se casar com ela e agora tinha, há poucos minutos, atirado nela, contra ela, para matá-la... Mata-la...

- Eu sei... Ele estava fora de si... Vamos nos sentar... – Helena falou, sua voz estava um pouco falha também, estava sem fôlego e ainda assustada. Todos pareciam estar. Muitos estavam ao redor das duas no largo espaço do trem. Bancos e bancos colados à parede, de cada lado. Barras de ferro grandes e em pé presas ao teto e ao chão do trem, de frente a cada banco para o apoio das pessoas. Pessoas bem próximas olhavam os lábios das duas irmãs ali paradas, ainda em frente à porta. Com certeza, elas estavam querendo ver, ouvir cada palavra sendo pronunciada. Mas, então as palavras não saíram das bocas das irmãs que agora era o centro as atenções e ao mesmo tempo, pareciam duas pessoas com doenças altamente contagiosas, pois tinha algumas mães que a afastavam o máximo possível seus filhos delas.

- Vem... Deve estar cansada, muito cansada pra ficar em pé... Sentar vai fazer você relaxar melhor... – Ela olhou para o lado e viu um alto homem de olhos castanhos e cabelos grandes e ondulados. Era magro, mas tinha alguns músculos. Seu rosto era bem desenhado e tinha uma barba rala em seu queixo quadrado, seus cabelos eram negros, sua voz era suave e grossa, bem audível. Ele segurava um copo plástico cheia de água com uma de suas grandes mãos. Ele olhava para ela, piscando varias vezes, um sorriso bem fraco, quase imperceptível no canto de sua boca com lábios nem muito carnudos e nem muito finos.

- Viu, Guida? Precisamos sentar, vai nos fazer bem... – a voz tremida e fina da sua irmã soou distante nos ouvidos de Margarida que desviou preguiçosamente seus olhos do rapaz a sua frente que esperava algo para a sua irmã que a olhava com uma mão ao redor do seu pescoço e outra em seu braço ainda. Margarida abaixou os olhos um pouco e olhou de novo para o rapaz. Ele avançou um passo em direção a Margarida que hesitou em dar um para trás também. Ela levantou um pouco a cabeça para vê-lo, que conforme se aproximara, ficara mais alto.

Ele pegou no braço que Margarida segurava a filha, tendo o cuidado para não tocar na chorosa criança. Então, levemente começou a esticá-la para um assento próximo. Ele esticava e Helena empurrava com sua mão, enquanto Margarida sentia suas pernas bambas por começar a andar de novo. Pessoas abriam caminho para Margarida e Helena passar e alguns homens que estavam sentados em bancos próximos se afastaram abruptamente para o lado, deixando vazio o assento. Margarida sentou e de um lado Helena, do outro o rapaz.

- Toma esse copo... Vai te melhorar também... – a voz grossa do homem soou no ar de novo e ele levou o copo a uma das mãos de Margarida que estava acariciando o rosto coberto da filha e olhava para ele. Ela segurou tremula o copo e o levou até a boca, tendo o máximo cuidado possível para não derramar o líquido.

- Gabriel, Prazer... – com um sorriso, Gabriel levantou a mão, enquanto Margarida bebia a água prazerosamente, para Helena que o olhava alarmada. Ela apertou a mão rapidamente. “Helena” Ela falou de uma forma baixa e lenta, sem sorrir simpaticamente como Gabriel fez.

- Margarida, certo? – perguntou ele a Margarida que abaixava o copo vazio e acenava timidamente. O bebê ainda fazia sons, mas não tão altos como o choro, mas Margarida ainda o balançava em seu braço contra o seu peito molhado. Ela encarou profundamente. Ele desviou o olhar para a menina nos braços de Margarida, totalmente escondida por entre os panos.

- É sua filha? – perguntou ele, olhando a menina sem piscar, acariciando o rosto dela de forma delicada, tirando alguns panos de seu rosto para poder vê-lo. A garota se mexia pouco com a cabeça virada para o peito da mãe... Ela tinha a pele clara também e era um pouco gorda e grande. Estava um pouco molhada, mas a garota incrivelmente parecia não ligar para isso.

- Sim, é minha filha... Catheryn... – Margarida falou pela primeira vez como em um sussurro, mas na sua voz tinha um tom carinhoso, provavelmente por estar falando da filha. Olhou para ela rapidamente. Sorriu, ainda acariciando o rosto da garota... Margarida devolveu o sorriso um pouco insegura, mas um pouco mais calma que antes.

- Ela é linda... – Ele disse ainda sorrindo, seus olhos percorrendo o rosto sujo de Margarida, mas mesmo assim com traços lindos. Margarida abriu mais o sorriso e a sua irmã, Helena, ao seu lado deu um sorriso fraco, mas aliviado. Com certeza, por ver sua irmã um pouco mais animada.

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Minerva McGonagall andava um pouco cambaleante pelo palco onde se mantinha a mesa dos professores. Acabara de sair da câmara. Seus lábios estavam um pouco trêmulos. Ela agora via o quão era ruim a noticia. Hogwarts fechar... Ela sentiu seu estômago embrulhar só em pensar... Ela sentia um enorme nó na garganta e queria se livrar dele, mas sabia que não conseguiria tão cedo... Hogwarts iria fechar... Ela não estava nem um pouco longe da porta da câmara quando ela se abriu. O palco estava em uma mistura de montes de alunos e professores... Ninguém pareceu perceber o olhar que Umbridge lançava a Minerva assim que saiu pela porta da sala. Minerva se virou e olhou-a abruptamente. O olhar de Umbridge era de desprezo e o de Minerva frio, gélido.

- Mas, você é muito arrogante... Dizer-me aquelas palavras... Totalmente falta de classe... – ela começou, rispidamente, sua voz desafinada e esganiçada, suor correndo por sua testa.

- Sem classe? O que você entende por classe? Eu exatamente disse a verdade... Você não deveria falar em classe desde o dia em que mandou os dementadores à rua das magnólias naquele verão... – Minerva interrompeu, seu olhar profundo, ameaçador, enquanto Umbridge arfou, arfou muito, como se passasse mal, muito mal...

- Aqui—aquilo foi... ah! Eu sempre trabalhei pela segurança, sempre zelei pelo ministério... Você, totalmente sem classe, nunca entenderia um ato meu! – ela apontou rapidamente e repetidamente para o peito. – Hogwarts vai fechar e você não vai poder instalar a desordem, a indisciplina no cérebro dos alunos... Deveria procurar uma escola para ensinar, uma escola que aceite pessoas de qualquer modo... – Ela falou mais alto, suas mãos tremendo, a impaciência escrita em seu rosto suado, em seus olhos brilhando como uma lamina.

- Porque se preocupa com a escola que vou? Provavelmente, vai tentar interferir lá? Proibindo os alunos BRUXOS de usar MAGIA? Mesmo em meio a uma guerra que o ministério, o seu palácio de honras e grandes feitos, nunca conseguiu deter, nem ao menos interferir em uma mínima coisa que seja? – falou McGonagall, sarcástica, histérica, dando ênfases a algumas palavras, sua voz mais fina e descontrolada. O fio de controle que restava nela começava a se partir. Ela estava assim desde a morte de Dumbledore... McGonagall lançou um repugnante olhar a Umbridge e se virou para o salão, começando se caminhar ao centro do palco de modo decidido e rápido.

- O ministério tem prendidos bruxos que merecem... Está fazendo alguma coisa, está fazendo o papel dele!! – falou ela, caminhando apressada atrás de McGonagall que ao ouvir a voz da mulher, andou um pouco mais lenta... Ninguém ainda prestava muita atenção nela... O salão estava barulhento pelos alunos e agitado... A voz de Umbridge estava mais esganiçada e desafinada que antes...

- Shunpinke e Mundungus são bruxos que merecem? Bellatrix ainda continua no ar, Snape ainda continua escondido em algum lugar, podendo até ser debaixo do nariz do ministério, que é tão cego em tentar manter somente a imagem, se esquece de usar os óculos! – McGonagall se sentia cada vez mais irritada. Ela pensava em muitas coisas ao mesmo tempo... Hogwarts, Dumbledore. Ela olhava por cima dos ombros para Umbridge agora, ainda continuando andando, mesmo que mais levemente.

- Meu Deus! Eles têm uma ficha criminal cheia! Eles não são heróis! Mas, com certeza, você vai defendê-los, não é? Você e o Alvo não conheciam o Mundungus? – perguntou Umbridge, estranhamente ameaçadora, como se acusasse Minerva com essa pergunta que mais parecia afirmação pelo seu tom determinado. Minerva tinha que disfarçar, pois ela não poderia entregar que era acostumada a ver Mundungus, conversar com ele em vários dias. Isso poderia entregar a ordem. Ela sabia que Umbridge descobrira que ela conhecia Mundungus, mas Umbridge com certeza somente pensava que era pouco, bem pouco.

- Está havendo alguma coisa? – a voz grave do Ministro da Magia soou ao lado das duas mulheres que discutiam... Minerva de costa para Umbridge, mas olhando-a por cima dos ombros, virou seu rosto totalmente para o lado. E Umbridge que estava olhando para Minerva a sua frente, caminhando atrás da mulher, olhou um pouco desconcertada para o primeiro-ministro. Minerva parecia apenas querer somente respirar fundo várias vezes.

- De qualquer forma, o expresso está a uns 20 minutos da estação de Hogsmeade e as carruagens já podem ver boa parte do castelo, então, estão próximas... – disse o Ministro rápido, pouco ofegante. Estava um pouco molhado também. Ele olhava de Minerva a Umbridge ainda...

- Ok, precisamos avisar os alunos para se arrumarem, não é? Ok, Ok.. – falou Minerva, sua boca levemente tremendo. Ela varreu os olhos precisos até a escada próxima ao ministro, a eles... – você é o ministro e tem sua subsecretária... Poderia arrumá-los... Eu preciso fazer algo na diretoria... – Falou ela de modo decidido e com a cabeça um pouco levantada. Saiu, então, andando, após dizer suas palavras, passando pelo pasmo ministro que a acompanhou bobo o seu andar. Umbridge não podia fazer diferente... Minerva desceu os degraus da escada que levava até abaixo, descendo do palco e caminhou pelo salão sem mesas e com alunos desorganizados como quase nunca se via. O Primeiro-ministro e Umbridge apenas se entreolharam levemente confusos.

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Agora fazia sentido... Tudo... Era Math o dono do bilhete, era Math depois de dezessete anos que queria conversar com ela... Porque ela não percebeu? Era típico dele ser dramático... Para salvar a cidade... Pelo amor de Deus, o que ele poderia falar com ela que salvasse a cidade? Com certeza ele fez mais alguma besteira... Ele sempre fizera... Ele marcara um encontro e falara com ela naquela sala que ele matou o homem... Certamente, havia um homem morto... Ela vira... Era um guarda... Mas, quem era ele??? Ela vira o vulto dele no subsolo... Na hora pensou que poderia ser da sua cabeça, mas quando ele falou do morto, ela entendeu que não... O lugar era cheio de guardas e ele matou um. Será que a policia estava vindo? Ela não estava gostando nada disso. Ela antes de entrar na sala sabia que tinha mais gente ali. Mas, como Math podia por ela em perigo? Ele disse que ambos corria perigo... Mas, ela não acreditava nele... Não devia nem acreditar que ali era realmente ele. Ele já mentira tantas vezes pra ela no passado. Ela o conhecia bem. Ele foi namorado dela...

Nancy estava pensando rápido, em uma sala o mais afastado possível daquela cúpula. Parou ali pra tomar um ar. Mas, não enxergava nada... Ainda estava tudo escuro. Mesmo que conhecesse aquele lugar de trás pra frente, ali parecia um labirinto. Era fácil demais pra se perder... E ela não queria saber de se perder com Math ali... Mas, antes que ela concluísse mais alguma coisa a porta da sala abriu-se com um estrondo e ela saltou pra trás de susto, com um grito...

- Calma! Os aurores estão vindo!! DROGA! Eu só queria um encontro, ele não devia me seguir... – ele falava ofegante, mas Nancy no ápice de seu medo não sabia distinguir de que lado ele falava. Estava tudo muito confuso.

- O que? Olha, você matou aquele guarda da entrada? E quem é que te seguiu? Porque você marcou um encontro aqui, cafajeste, depois de 17 anos? – ela perguntou, tensa, sua voz esganiçada. Ela queria bater nele por está deixando tudo tão difícil... E os aurores vindo? Ela podia ser presa? Ela iria matar Math com certeza se isso acontecesse. Ela era auror!

- Viu porque preciso de sua ajuda? Eu estava devendo a uns caras... Um deles me viu saindo pra cá e me seguiu... Bom, quando eu cheguei ele não estava mais vivo, o guarda. Eu vou te explicar tudo agora... Por isso que queria que tu me tirasse daqui. Não queria conversar com você com alguém querendo me matar. E eu também, como você sabe, não posso sair por ai pelo mundo bruxo a toa. Eu queria que você me levasse a algum lugar mais discreto... Pois, eu preciso realmente conversar com você...

- Eu vi sua sombra no subsolo, mas com certeza pensei que não era você... Depois, na cúpula, eu juntei dois mais dois... Mas, como você viu? Se você chegou depois? – Nancy não acreditava que estava conversando com ele, mas a curiosidade sempre lhe vencia. Mesmo ofegante e preocupada, ela nunca resistiu a voz grave dele.

- Você é paranóica pra isso... Se eu quisesse que você me tirasse rápido daqui, eu tinha que dizer que eu vi pra Você não vim dizer que eu estou incriminando gente inocente, pois eu estava pretendendo que você o prendesse, apresentasse minhas provas como se Você que tivesse visto... Ai a gente se livrava dele e conversava a vontade... – ele parou pra respirar um pouco.

- Você e seus imprevistos... Porque eu não o reconheço nunca? Eu pensei que você que matou o guarda. Pensei que estava tentando me colocar do seu lado, simplesmente e não incrimina-lo... – Ela se afastou um pouco, passando a mão pelo cabelo em um misto de alivio e preocupação. Ele não matou o guarda, mas o que fez com o perseguidor dele?

- Viu? Eu não menti em dizer que estávamos correndo perigo... Agora está mais calma? Agora você vai entender porque eu preciso de sua ajuda... Tem muita gente atrás de mim, você sabe... Esse homem que eu tive que matar hoje.... – ele falava um pouco mais animado pelo silencio de Nancy, sempre tomando a ousadia de continuar, mas, foi interrompido por um grito.

- Você O MATOU? – ela perguntou, histérica. E mesmo no escuro, Math pode ver os brilhos perigosos em seus olhos arregalados.

- Se eu não o matasse, ele me matava... Agora escuta... Eu preciso que fale com meu pai... Eu não posso falar com ele... Você sabe que o meu pai quer me matar... Parece que todos querem me matar, na verdade...

- Pelo amor de Deus! Seu pai é seu pai! Ele não vai te matar! – Nancy falou cansada. Ela sempre presenciara as brigas dos dois. Um homem importante versus um rebelde sem causa, era extremamente cansativo...

- A única coisa que me mantia vivo era o grupo e você sabe disso... Eu sei que errei muito... Por isso que ele nunca vai me perdoar, mas agora eu preciso falar algo muito importante com ele... E você é a única que eu confio que trabalha no ministério, perto dele... Eu falaria com a Amandda, mas você tem mais intimidade com o meu pai que ela... E você participou do grupo, ela não... – ele falava de modo lento, claro.

- o que você quer que eu faça? – Nancy falou em um suspiro. Ele sempre discursava e a vencia pelo cansaço... Ela era tão fraca! Porque ela veio pra esse encontro? Santa Amandda Dippet que a alertara para não vim. Maldita cabeça dura dela que não a ouviu. Agora, ouvia Math.

- Eu quero que convença meu pai a se encontrar comigo... – Falou ele cauteloso e logo se calou, esperando a resposta ou até qualquer reação ruim de inicio de Nancy. Até um vaso voando. Mas, ele conseguiria amolece-la...

- Ok... E se eu conseguir? O que é que vai falar a ele? – perguntou ela desconfiada... Math poderia agradecer de joelhos por ter sido mais fácil do que imaginava ou do que sabia...

- Eu não posso te dizer agora... Eu preciso falar com ele primeiro... Eu preciso saber a reação dele primeiro... Mas, depois que eu falar com ele, eu te conto... Mesmo…. - Ele falava sempre esperando reações ruins. Isso foi sempre típico de Nancy. Desde os tempos de namoros dos dois.

- Eu não sei... Eu não sou tão influente assim no ministério... E como eu vou te dizer que ela aceitou? – perguntou ela ainda desconfiada, uma sobrancelha levantada... Ela nunca gostava das idéias de Math...
- Depois de amanhã, aqui na mesma hora... Mesmo se não tiver conseguido até lá, você vem e a gente marca outra vez até você trazer um sim... Porque vai insistindo... insistindo... Ele nunca deixa de aceitar pelo cansaço... É igual a você... – falou Math e deu um sorriso de canto, ainda falando baixo. Não queria parecer autoritário.

- Sim, eu vou ajudar... Mas, porque você escolheu aqui? – perguntou ela, sem se cansar. Era bom enche-lo de pergunta sempre.

- Porque é um lugar marcante, não acha? Foi o lugar que mais nos encontramos com o grupo, se lembra? Deve ser por ser abandonado, de certa forma, porque pelo que vejo o dono ainda reforma todo mês, esperando alguma pessoa que goste daqui e compre, como há tanto tempo atrás... Sabe, era bom entrar aqui escondido... Eles são trouxas, não podem nos ver... – Ele parecia falar meio pensativo, mas Nancy sabia que isso era apenas enrolação... Rolou os olhos, impaciente...

- Bom, porque você não pode sair? – perguntou Nancy, impaciente... Ele ainda a deixava confusa...

- Ah! Você parece que se esqueceu que foi a única que viu ele querendo me esfaquear... O grupo era um acordo, quase... Mas, agora não tem mais... Ele vai me prender, porque eu não ajudo mais a vocês ou até a eles... Eu era importante no grupo, você sabe... Ele me ameaçava, mas não podia me prender... Mas, como acabou, ele com certeza ainda me procura pra me prender... Ele sabe que estou vivo, porque sou procurando até em alguns países... Não estou entre os vinte mais, mas ainda sim estou sendo cassado... Se ficar andando, comendo pipoca, desfilando pela rua, eles com certeza vão me levar... – ele explicava como se fosse a coisa mais fácil do mundo... Ele parou em um suspiro...

- É... talvez... mas, bem, tenho que ir... Ao contrario de você, preciso de trabalho... Ah! Não precisava dizer que a cidade estava correndo perigo no bilhete, ok? – falou ela num misto de ironia, já se endireitando pra sair...

- Mas, tem haver com a cidade, até com o pais se preciso... Isso tudo você vai saber depois de convencer o velho lá... – Falou ele cruzando os braços, até se ofendendo um pouco com Nancy pela ironia...

- OK... Da próxima vez, não tente me chamar pelo bem da cidade... Eu odeio Londres... – falou ela, se aproximando da porta rapidamente... Estava começando a suar fortemente... Tinha que sair dali rapidamente... achou que passou por ele, mas não sabia... ainda estava tudo escuro... – E eu não vou falar a ninguém, mas tire os mortos e sangues antes de sair... – falou ela, já estendendo a mão para a maçaneta da porta...

- Ok, dona... Mas, olha, obrigado por tudo... E você ainda continua linda... – falou ele sorrindo, indo se sentar em algum sofá perto... O dia foi longo... Nancy olhou para onde deveria estar o sofá...

- Não precisa agradecer... E eu não vou voltar a namorar com você, o que continua a ser uma pena... – ela disse em um falso tom de pesar...

- É... Você está perdendo muito, sem querer ser inconveniente... – falou ele, provocativo, mas Nancy abriu a porta com um estalo e já ia fechando...

- Aliás, acenda a luz... Eu não consigo andar nem um pouco no escuro... – falou ela ainda impaciente... Mas, logo se espantou um pouco, como sempre acontecia quando ele acendia a luz com um aceno de varinha... Um feitiço que ele aprendeu cedo e nunca compartilhou com ninguém... A luz acendeu completamente em todos os lugares, dando vida e cores a sala onde Math estava sentado em um sofá verde distante... A porta estava fechada, mas a sombra dela ainda estava ali, parada... Parecia olhando o lugar ao redor...

- Este feitiço pode desligar a luz de uma cidade inteira instantaneamente... Você ainda vai me ensina-lo... – Falou ela, lentamente e sua sombra começou a se afastar da porta, indo se perder...

- Por enquanto, sua missão é convencer o meu pai no ministério... Depois, a gente pensa... – Falou ele um pouco mais alto que ela... Ela pareceu ter ouvido, pois ele ouviu um pouco de risada... E ele riu também... É sempre bom vê-la... Vê-la depois de dezessete anos é melhor ainda... Vê-la depois de dezessete anos e ainda vê-la sorrindo por causa dele: Era perfeito... E pra ela parecia ser o mesmo...

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Harry ainda afastava os galhos e arbustos, dando lugar a sua corrida desabalada... Corria, corria, corria e corria parecendo que não respirava mais... Via vultos brancos ou mechas loiras parando por entre arvores, folhas e escuridão, mas seus olhos às vezes o enganavam... Ele ouvia animais correndo porque ele próprio corria e então, ele parava e olhava... Mas, sempre via raposa ou outra coisa qualquer... A raiva o consumia... Iria ficar muito atrasado dessa forma, mas pra quê?? Pra ver uma única coisa que Draco quer amostrar a ele? Agora ele confiava em Malfoy? Malfoy sempre zombou de sua cara e agora ele corria atrás deste? Parecia não fazer sentido, apenas parecia...

Seu rosto ardia, arranhões brilhavam vermelhos nele... Suas mãos também estavam vermelhas, mas ele tinha que continuar a correr... Há uma hora ele poderia rir se ouvisse falar que ele estaria correndo em pouco tempo pela floresta proibida, atrás de algo que Malfoy queria mostrar a ele... Mas, se é assim, porque ele não pára? Algo não deixava... Era como se seu corpo corresse por livre e espontânea vontade... Ele não tinha noção do quanto tinha corrido daquela clareira até aqui... Parece que agora só ouvia passos correndo atrás dele... Passos? Mas, Malfoy estava a sua frente... Harry parou, confuso... Virou-se de costas, rapidamente, a varinha levantada, já vasculhando a mente a procura de feitiços que o ajudassem...

Mas, não vinha ninguém... E de repente, Harry percebeu o quão escuro ali estava e o quão frio também... Malfoy agora não deixava uma pista a minutos de onde ele pode ter ido e a floresta era cheia de trilhas e caminhos... E se agora ele estivesse perdido? Ele rodou ao redor de si, olhos serrados e avaliadores, cuidadosos... Mas, nada estava ali... A não ser aves voando pelo céu que a chuva nem ao menos deixavam fazer barulhos... Ratos passaram pelo pé de Harry, mas este nem ligou... Ele agora só pensava no quão tolo estava parecendo correndo atrás de Malfoy... Ele, então, parou de girar em torno de si, olhou para a trilha que antes corria, seguindo... Respirou fundo... E agora? Mas, ele não podia ficar ali parado se perguntando... Ele, então, andou, sempre atento, olhando por cima dos ombros e pelos lados a cada segundo, sempre rápido... A varinha em punho, Harry caminhava por entre curvas e caminhos retos... Caminhos mais espaçosos, com as arvores mais separadas que outros... Em um desses largos caminhos, Harry parou, ofegante... De cada lado seu tinha mais dois caminhos para seguir... Harry curvou-se um pouco... Precisava descansar... Mas, não... Draco estava perto, com certeza... Endireitou-se e correu por um dos caminhos, mas antes que pudesse entrar completamente pela trilha escura, ele ouviu galopes saindo dela...

Se aproximou mais, cauteloso... E no mesmo instante, saltou para o lado, deixando passar uma fileira de Unicórnios que corriam rápidos e frenéticos, mesmo em fila... Harry se assustou... Nunca os vira correndo em bando... As peles brancas e molhadas no meio de todo o negro da noite ofuscava os olhos de Harry, junto com os chifres brilhantes... Faltava apenas um ou dois para acabar... Afinal, não era um bando tão grande, mas que era estranho, era... Assim, que todos os Unicórnios passaram, Harry ainda entrou pensativo dentro da estrada... Esta era mais pedregosa que lamacenta e por isso não estava tão alagada, mas estava muito escorregadia... Porque a droga do feitiço que saia de sua varinha não clareava a noite? Por tempos e não percebera que tinha um feixe de luz na escuridão de tão impotente que ele era com a mesma... Ouviu um farfalhar e então parou de olhar instantaneamente para a varinha, olhando para frente agora, alarmado... Correu, mais fraco que antes... Poderia ser Draco dando sinais... Corria cada vez pegando mais impulso... Então...

- Harry? você está louco? Como pode correr assim atrás do Malfoy? – Harry parou e quase deslizou pela pedra até o chão... Franziu o cenho e virou-se, rapidamente... O feixe de luz saindo de uma varinha, segurada por mãos grandes, cujo dono era ruivo... Ele caminhou até Harry, tropeçando nos próprios pés, seu rosto virado fixo para Harry... Harry simplesmente o acompanhou com os olhos Rony se aproximar...

- Eu não estou louco... O Malfoy quer me mostrar uma coisa... Eu tenho que ir... – Ele estava rápido e sem muitos cuidados, aliás, não podia perder tempo conversando com Rony... A curiosidade cada momento torturava o seu cérebro... Virou-se de novo e de forma ágil começou a correr, sem se importar com a reação de Rony... Sem simplesmente se importar...

- Te mostrar uma coisa? Harry, deve ser armadilha! HARRY! – Rony gritou, irritando-se, mas Harry ainda não dava ouvidos... Rony tinha que entender... Mas, ele às vezes se esquecia o quão teimoso o garoto era... E sentiu um formigamento nas costas e então, na nuca... Alguma coisa pressionava e então, segurou... Era uma mão? Invisível? Sim, pois quando olhou por cima dos ombros, não viu nada... Então, a mão invisível puxou o seu pescoço para baixo, forçando sua coluna a descer até o chão, quando finalmente caiu de cara para a chuva...

- não seja mais imbecil! Malfoy fugiu com Snape, está do lado desde e Snape é comensal! – Os passos de Rony vieram em sua direção, rápido e logo ele entrou no campo de visão de Harry, sua varinha estendida para o corpo de Harry, enquanto o olhava com os olhos azuis... Os olhos de Harry flamejaram... Ele estava perdendo tempo... E por causa de Rony...

- Para com isso! Confia em mim!! Droga, porque fez isso, hein? – perguntou Harry, se apoiando esforçado no chão com os cotovelos, procurando com os olhos a sua varinha que voou para o longe...

- Harry, a gente tem que ir embora, ok? – falou Rony de forma obvia e vagarosa...

Mas, ele calou-se, pois quando terminou de falar, Harry já estava de pé, olhando para ele, determinado e com a varinha em punhos... Respirou fundo e virou de costas pra Rony, pronto para dar o primeiro passo novamente em direção a trilha em frente... Mas, apenas deu um passo... O grito duplo e fino o fez parar...

- NÃO! – Harry virou-se rápido e eficiente, como Rony, para a direção do som... Hermione e Gina estavam lado a lado, as mãos estendidas, olhos um pouco arregalados, rígidas... Mas, pareceram amolecer mais com a virada de Harry...

- Isso está parecendo um passeio! – resmungou Harry...

- Se eu soubesse que você iria fazer isso, eu teria te puxado do cemitério! – falou Gina, se aproximando ameaçadoramente, seu dedo estendido...

- Gina? O que está fazendo aqui? – Rony parecia um pouco confuso e Gina não deu atenção a ele, só apenas olhava Harry...

- Harry, eu e o Rony até temos algo para te contar! – falou Hermione, aguda, trocando olhares com Rony, lembrando-o da carta...

- é? O que? – perguntou Harry, pouco interessado, desviando os olhos de Gina para Hermione...

- O que é aquilo? – Gina falou abruptamente... Ela olhava para as costas de Harry e já tinha andado a ponto de ficar ao seu lado...

Todos olharam para onde ela estava olhando... Sendo Harry que prestava mais atenção, podendo ser uma pista de Draco...

Por um momento, Harry viu apenas a escuridão e o corredor de arvores a frente, mas por um momento ele viu mais uma coisa: a muitas centenas de metros de distancia, um feixe de luz vermelha passou por entre duas arvores e atravessou como uma flecha de fogo a trilha, iluminando ao seu redor e até poucos metros ao redor... Alguns segundos depois e mais outro, como se fosse fogo...

- É Malfoy! Ele deve estar me mandando uma pista da onde ele está... – falou Harry com a testa franzida, prestando o mínimo de atenção possível... Ele poderia mandar outro sinal... Era agora ou nunca... Ele começou a correr, não dando ouvido aos pedidos de volta dos outros... Tinha corrido um ou dois metros e o terceiro e mais potente jato passou... Era largo e comprido, passando inteiramente pela trilha... Era mais claro e emitia uma luz dourada que ia escurecendo ao vermelho... Dança por entre a noite, passando ao mesmo tempo que uma fumaça branca e pouco densa subia ao ar, em forma de espirais...

- É fogo... Será que tem dragões? – Harry, que já estava parado e um pouco assustado com o rajado, nem precisou se virar para ver quem era a dona da voz suave... Porque diabo Luna estava ali?

- você não viu dragões, viu Harry? – perguntou a voz falha... Harry virou-se novamente... Neville estava ao lado de Luna, pálido, enquanto essa olhava Gina que a olhava por cima dos ombros e Rony tinha uma das sobrancelhas levantada...

- Não é dragões! A gente nem ouviu rugidos... – Falou Hermione como se Luna fosse algo extremamente absurdo... Mas, houve resposta... Uma resposta alta, forte e medonha: um rugido... Hermione arregalou os olhos... Rony tropeçou mesmo sem andar... Neville dançou de susto, Levando Luna junto e Gina congelava assim como Harry. Então, o silencio veio...

- eu conheço esse lugar... – Luna quebrou o silencio espantada... – esse caminho leva para a plataforma de Hogsmeade... Eu já fui pra lá por aqui... Essa trilha direta... – ele falava lentamente e pensativa, mas foi interrompida...

- Escutem! – Neville falou alto e assombrado, olhando para o lado...

Todos silenciaram para ouvir... Parecia passos ao longe quase imperceptível, bem devagar... De distante, chegando perto... Harry olhou imediatamente para o lado ao ouvir cada vez mais o ruído... Só tinha folhagens misturada a galhos e arvores próximas... Mas, também, atrás das primeiras arvores tinha algo que parecia uma barreira... As arvores estavam praticamente coladas, separada apenas por pequenas folhagens e isso impedia a visão de mais além do que isso...

Mas, então, os passos cessaram... Parecia que a pessoa que estivera andando parou em determinado lugar... Um sussurro indecifrável chegou aos ouvidos de Harry... Mas, era vozes... Podia perceber o som das palavras, só não as entendia... Vários sussurros... Alguém conversava em algum lugar, alguém mais estava ali... Quem? Será que Draco não está sozinho? Mas, poderia ser os centauros... Os sussurros continuavam... Harry não pensou muito... Ele, cautelosamente, caminhou até as primeiras arvores da floresta... Ninguém protestou... Ao contrario... Seguiram, cautelosos, também...

Eles, então, adentraram, passando pelas primeiras arvores, ficando de frente com a barreira que impedia a visão deles... Eles pararam em frente a ela... Os sussurros tinham cessado... Eles não ouviam nada, além da própria respiração e a de Neville... Sem hesitar demais, Harry levantou a mão... Tocou na barreira de folhas, galhos... Era curto o espaço entre as arvores... A sua mão entrou completamente para o outro lado... Isso queria dizer que eles conseguiriam passar e ver o que estava acontecendo... E se o que Draco quisesse mostrar a Harry estivesse do outro lado? Harry esperou um pouco... Talvez, pensando que algo pudesse puxar ele para o outro lado... Mas, nada puxou... Ele se aproximou das folhas e encostou seu corpo... Empurrou a si próprio para dentro, começando a entrar pela barreira, afastando até com o próprio corpo os galhos finos e fracos... Então, de repente estava do outro lado... Hermione logo veio, seguido pelos outros... Um de cada vez... Harry não viu nada a primeira vista, apenas um espaço aberto, sem arvores, esta estando distantes para todos os lados, formando uma fortaleza circular... Mas, no centro da clareira havia algo mais assustador... Era uma cratera gigantesca e parecendo bem funda... Harry respirou varia vezes, olhos arregalados... O silêncio estava em todos os lados...

- Pelas botas de Merlin! – Luna falou admirada e avaliadora... Avaliadora? A garota não podia ser mais estranha... Ou podia?

- Ai não cabe um dragão, cabe? – Neville sussurrou audivelmente no ouvido de alguém que soltou um muxoxo... Mas, Harry não prestava atenção, apenas queria ver o que tinha dentro da cratera, pois poderia ter algo lá...

- Deve caber setes adultos na época de acasalamento... Isso que dizer que estão famintos... – devolveu Rony cheio de ironia no ouvido de Neville... – Mas, nós somos homens para enfrenta-los, não é? – e lhe deu uma piscadela... Neville estremeceu e gemeu baixo...

Dragões, pensou Harry, seria mesmo dragões? E se fosse estaria ali?... Que loucura! Claro que não! Deveria ser algo insignificante! É, eu nem sei porque estou indo ver... Eu e a curiosidade... Harry então estava se aproximando... Devagar, caminhando, focado apenas na cratera a sua frente...

- Harry! Você não deve ir! Vamos voltar! Não tem nada ai, Harry! – o grito agudo de Hermione ecoou nos ouvidos de Harry, mas este não voltou... Ele estava bem perto agora... Se não tivesse nada mesmo, ele não estava em perigo, afinal de contas...

- Harry, as carruagens devem ter chegado já... Se não formos logo, vamos perder o trem! Mesmo indo pra plataforma andando, iríamos estar sem nossos malões! E se voltarmos para o castelo, iríamos perder esta trilha... – Porque Rony estava falando algo realmente lógico? E logo agora que ele devia ficar ao lado de Harry... E ele falava tão alarmado... Que eles voltem então!

- Afinal, Gina, o seu malão está no saguão de entrada agora... Eu descobri aqui por causa dele, mas algum aluno já deve ter pegado... – falou Luna como se falasse a Gina que esta esqueceu um lápis na sala de aula. Gina olhou de lado para Luna rapidamente...

Harry chegara à ponta da cratera, tendo uma boa visão de lá dentro... Mas, ao olhar realmente para baixo, ele não deve boa visão alguma... Era escuro demais e tinha névoa impedindo ver muito além ou até mesmo o chão... Ele olhou mais um minuto, esperando aparecer algo ou até ouvir algo... Mas, nada aconteceu...

- Harry, não tem nada ai... O Malfoy deve ter sumido, ido embora... – falou Hermione aguda novamente...

- É, Harry, vai ver ele estava gozando com sua cara quando disse que queria mostrar-lhe algo... – a voz cautelosa de Gina ecoou logo após que a de Hermione...

Talvez eles tivessem razão... Malfoy devia estar se divertindo com sua cara quando falou aquilo... Mas, porque? E porque logo agora?... Harry desistiu de tentar descobrir... Virou-se lentamente para os outros e viu que estes os olhavam, todos esperando algo... Somente Gina que estava um passo atrás e olhava para trás por cima dos ombros por algum motivo... Ele respirou fundo e ia começar a voltar, envergonhado da corrida patética que fizera antes, trazendo todos irresponsavelmente para o perigo da floresta proibida... Ele iria pedir desculpa, com certeza... Mas, antes que andasse, algo o fez parar e olhar para trás por cima dos ombros... Ele pensou ter ouvido um bater de asas, como se algo voasse de dentro da cratera para fora...

Ele poderia virar-se inteiro, com esperança de ser o que Malfoy realmente queria mostrar a ele ou o dono do barulho escutado por eles. Mas, no mesmo momento, o grito fino e assustado de Gina ecoou no lugar e nos tímpanos de Harry... O garoto virou a cabeça bruscamente para frente e deu dois passos cambaleantes para a frente, enquanto os outros a olhavam, de costa para Harry, varinha em punhos, no momento em que Harry levantava a sua... Mas, Gina não olhava para trás e por cima dos ombros... Agora ela estava totalmente virada para trás e olhava para cima...

Todos seguiram o olhar dela para os galhos das arvores altas... Em cima dos galhos grossos da arvore mais próxima e mais adentrada na clareira, havia algo olhando eles... Algo azul escuro, quase negro... Talvez um humano... Mas, um humano não tinha apenas um metro... Era um bicho? Talvez... Tinha três olhos, o terceiro na testa, maior que os outros dois de tamanhos normais, o terceiro parecia um pouco menor que uma bola de golfe... Piscava muito pouco e não tinha cílios, sendo seu rosto totalmente largo e ossudo, sem algum tipo de carne, fazendo o desenho esquelético da face... Suas orelhas grandes eram pontudas e tortas, além de bem finas, grandes para o lado... Era de um corpo bem esquelético como seu rosto e se vestia por uma pequena tanga branco-encardido... O ser sorria e seus dentes eram pontudos, grandes e amarelos como seus olhos... Pés de apenas três dedos, ossudos, longos, finos e bastante enrugados, sem unhas, assim como a mão era... A carne que aparecia era vinho, dando um grande contraste com os dedos azuis...

Mas, no mesmo momento, Harry ouviu novamente o bater de asas... Só que tão alto que todos ouviram e se viraram como Harry... Escama avermelhada e bem grossa cobria todo seu corpo largo e comprido... Seus olhos eram grandes e vermelhos e as asas eram gigantescas... Suas narinas eram bem dilatadas e grandes e sua boca aberta cheia de dentes... Tinha grandes orelhas moles, movimento para todos os lados... Harry não podia acreditar... Era um dragão adulto a sua frente, parado no ar, talvez até faminto... Ele estava tão perto de Harry que quando este soltou sue bafo, Harry cambaleou um passo para frente, quase caindo, sob o grito paralisante de Hermione, ás costas de Harry... O que atraiu a atenção do dragão, que olhou diretamente para a garota... Harry, recuperando-se, olhou para o dragão, levantou a varinha e, reunindo a coragem, ia lançar um feitiço, mas o dragão fora mais rápido... Batendo as asas fortemente e com o olhar malicioso, ele levantou voou, ficando acima deles... Mas, havia uma coisa...

Harry estava muito na ponta do penhasco e quando o dragão levantou vôo, ele, distraído em tentar acertar um feitiço no dragão, se desequilibrara... Seus pés perderam o chão e se encontraram com o ar, assim como o seu corpo... Um grito, não vindo de Hermione, mas de Gina, ecoou novamente no cérebro do garoto que agora pairava no ar, caindo... A sua ultima visão antes da parede escura do buraco ou o céu negro e vazio foi a de Gina correndo na direção do buraco, com Rony puxando seu braço para trás, tendo a garota tentando se soltar... E o mais aterrorizante... O dragão caindo em direção a eles em como uma bala vermelha e gigante, enquanto Hermione tampava a boca com a mão paralisada... Então, a parede negra, castigada, cheia de pedras e de forma irregular tomou conta de sua visão... Então, seu corpo virou e ele ficou totalmente virado para o céu, a chuva caindo no seu rosto e o pensamento de morte passando pela sua cabeça... Nada mais importava...

Seu corpo virou-se de novo por causa do ar, do vento... Ele agora olha o chão... Chão? O chão estava escondido pela grande quantidade de água... Era como um lago... Um buraco gigantesco e fundo, escuro e monstruoso... Em seu vim, então, água... A névoa acima de Harry cobria todo o chão quando ele olhou da primeira vez, mas agora ele via... Ele estava próximo a parede, poderia tocá-la se esforçasse-se... Então, de repente um galho... Um grosso galho liso preso na parede pedregosa do buraco... Em um segundo, Harry estendeu sua mão e segurou-o... Meu corpo parou no mesmo instante de cair em direção a água negra e limpa que tomava toda a extensão da cratera perfeitamente redonda... Sentia medo e ao mesmo tempo alivio...

Alivio? Estavam seus amigos lá em cima, correndo perigo... Ele deveria chegar lá... Um aperto de medo se fez no coração do menino-que-sobreviveu... Ele olhou para cima e viu uma claridade alaranjada, como se pegasse fogo algum lugar perto... A garganta de Harry de repente trancou... Um rugido alto, mas distante... Um rugido longo e assustador... Um farfalhar, como uma capa contra o ar... Estava levantando vôo? Harry rapidamente olhou para galho... E se ele subisse nele e escalasse para cima, pela parede pedregosa? Não... E se o galho não o agüentasse? E se as pedras não tiverem tão fixas assim na parede?... Harry estremeceu... Ele deveria pensar em algo... Mas, era tarde, pois no mesmo momento um ruído de algo se quebrando por perto... Harry logo viu a ponta do galho e sua respiração ficou rala... O galho estava se partindo... E antes que Harry pudesse fazer qualquer coisa, o galho quebrou totalmente... E Harry agora caia pelo ar novamente...

Sorte, talvez, pelo o galho ter estado apenas alguns metros acima d’água. Ele caiu nesta de barriga... A água estava gelada e ele afundou completamente, mas tocou no chão de pedra rapidamente... Estava raso... E o garoto agradeceu mentalmente por estar tão pouco acima da água... O mais estranho de tudo isso era que o buraco continha pedras na parede e até no chão, sob a água... Deveria ser terra, o que garante que não foi feito pela chuva... Lógico que não... Pensou ele consigo mesmo... Harry, então, rapidamente levantou o corpo, para ficar em pé na água... Ele sentiu o alivio por sentir o ar em sue rosto e poder respirar... Seus olhos ardiam por ter ficado de olhos abertos lá embaixo... A água batia agora um pouco acima do seu umbigo... A água não estava tão suja assim, mas estava fria, muito fria... Ele agora respirava acelerado... Olhava para o lado, a chuva pingando na água... Tinha as paredes... Ele ainda poderia escalar...

Mas, ao olhar para a parede mais a frente ele viu a mesma coisa que vira lá em cima... Era aquele ser de três olhos com seu corpo esquelético e azul... Mas, não era só um... Agora havia outro ao seu lado com a cor da pele cinza, com desenhos negros por seu corpo esquelético e seus olhos vermelhos vivo... O azul também tinha marcas pelo corpo... Que desenhos eram aqueles? Mas, Harry não podia saber... Ao olhar ao redor pela parede, ele via que tinha vários deles, se segurando na parede, nas pedras, como animais, com suas mãos gigantes... O coração de Harry acelerou... O que ele devia fazer agora? Ele olhou para um espaço na parede onde não tinha nenhum desses bichos e era bem pedregosa... Mas, e se ele fosse até lá e as coisas o seguisse? Ele tinha que correr o risco...

Então, rapidamente, com a adrenalina correndo por seu corpo, Harry se jogou na água fria e bateu os braços nela, junto com os pés, começando a nadar, pois não poderia andar por ela, se não demoraria... Enquanto, ouvia barulho de coisas caindo na água sucessivamente... Provavelmente, as coisas estavam vindo atrás dele... Seus olhos ardentes estava fixo na parede pedregosa... Não estava longe... A respiração de Harry está dificultada, pelo medo e pelo fato de estar nadando... Então, tocou... Viu ainda sucessivas coisas batendo na água... Eles ainda nadavam... Eles sabiam nadar... Harry não se atreveu a olhar para trás... Levantou na água... Tinha duas pedras grandes a altura de seus pés e outras várias indo acima destas... Ele colocou os pés nas duas abaixo e sentiu uma dor aguda... Seu pé estava na pedra irregular... E segurou em outras duas mais acima, sentindo a mesma dor... Mas, tinha que ser firme... Logo colocou o outro pé, ficando acima da água alguns centímetros na mesma hora em que um dos ser esticava a mão para tocar na perna do garoto... Ele olhou para trás e viu a legião vindo logo seguindo... Então, ele ouviu outro alto rugido acima e sentiu um nó na garganta, apertado, ameaçador... Todos ainda corriam perigos... Ele logo subiu em outras duas pedras e segurou em outras ignorando a dor, fazendo a mesma coisa mais uma vez, enquanto os bichos abaixo guinchavam na água, batendo nelas com as mãos... Guinchavam e guinchavam... Harry subiu mais uma vez... Mas, dessa vez não teve sorte...

Ele estava olhando as pedras acima, vendo onde estava para ir subindo de forma segura, mas ao olhar pra cima, ele congelou... Um dos bichos que batiam ferozmente na água abaixo, estava acima dele, se segurando em uma pedra, amostrando os dentes podres, pingando de algo gosmento e claro... Antes que qualquer coisa pudesse acontecer, a coisa se jogou em suas costas, colou as pernas secas na cintura do garoto, segurou com as mãos grandes a cabeça dele e esticou para trás... Harry gritou levemente e arfou... Precisava continuar se segurando... Sua mão dolorida e machucada, doía mais em forma de protesto e com isso Harry largou a pedra... Seus pés também cederam, escorregando e fazer Harry planar no ar pela terceira vez naquela noite...

Rapidamente Harry caiu na água... Mas, antes que afundasse completamente, suas mãos já estavam no seu bolso, onde a varinha se encontrava milagrosamente... Quando estava a milésimos da superfície da água, com os olhos arregalados e a respiração pressa, ele sentiu que os seres não estavam mais na água... Instantaneamente, suas pernas sumiram... E mais instantaneamente apareceram cabeças e troncos de um, dois, três que pairavam no ar, caindo em direção de Harry, caindo para cima de Harry...

E caíram, empurrando seu corpo que automaticamente começou a se mexer, balançar... Porque eles faziam aquilo? Ele iria morrer sufocado se ficasse com o peso deles em cima de si... Mas, seu corpo afundava com o peso deles e os vários seres, que de três aumentou, o segurava em cada canto, tornando suas contorcidas frenéticas inúteis... Mas, ainda assim ele continuava a sempre tentar, cada vez mais afundando... Ele tinha que sair dali e ajudar aos de lá de cima, seus amigos... Mas, como? Sua mão continuava no bolso e ele lembrou... Tateou o bolso a procura de algo que encontrou logo... Puxou com dificuldade, sob os sons estranhos que os seres emanavam... Era sua varinha que agora estava do lado de fora do seu bolso... Ele então pensou rapidamente em algum feitiço... Algum feitiço que fizesse aquelas coisas saírem de cima de si...


Estava tocando fundo com as costas, olhando a superfície das águas, quando o clarão de luz tomou conta da escuridão do fundo do mar... E de repente, Harry sentiu seus braços afrouxarem e suas pernas também... Em cima de si havia tudo mais leve... Então, os seres de três olhos estavam levitando, vagarosamente para longe, sem brilho, estatuas... Estavam indo em direção para cima... Para a superfície... Harry estava necessitado de ar... Não poderia os deixar voltarem, então se virou com as costas para cima agora, pronto para também subir... Mas, ao virar-se e olhar para frente, ele vira algo.

Um buraco na parede grande em largura o bastante para entrar duas pessoas, em forma circular... O buraco fez Harry parar... Sua mente acendeu como uma lâmpada... E se aquele buraco levasse a algum lugar? Ele pensou em Malfoy querendo lhe mostrar algo e no mesmo instante subiu para superfície... Tinha que tomar ar, afinal de contas... Ele foi subindo, pensando em que lugar aquele buraco poderia levar, seu coração ainda batendo forte... Então, sua cabeça saiu da escuridão e de dentro da água e ele agradeceu por sentir o ar novamente entrar em seus pulmões e o vento bater sobre o seu rosto, com seus olhos ardendo como nunca... Ele instantaneamente olhou para trás, por cima do ombro, sempre respirando fundo, o mais que podia... Os seres de 1 metro estavam boiando pela superfície da água, ainda parado com estatuas, as faces duras na mesma expressão que tinham antes de serem atingidos pelo feitiço...

Harry, então, virou novamente a cabeça para frente, para a parede... E sem esperar, seu coração batendo, prendeu a respiração e afundou totalmente na água fria de novo... Harry afundou cada vez mais, pensando o quão demorado e esquisito estava aquele dia e o quão frio ele estava... Ele não sentia medo, nem nada... Nada mesmo... Apenas queria entrar pelo buraco... Ele estava se achando estranho, sem cor, sem vida... Então, seus olhos abertos viram o buraco, perto dele, negro e escuro como o breu... Harry hesitou por uns segundos... E se não desse em nada? Mas, mesmo assim nadou em direção ao buraco, rapidamente... Estava querendo o ar, não tinha se recuperado totalmente na rápida subida a superfície... Os seus pulmões lutavam por oxigênio lutavam por oxigênio, quanto mais a adrenalina acelerava as suas batidas cardíacas... Isso só pode ser o pesadelo... Pensou e não seria difícil ser... Ele próprio estava tão distante...

Então, ele chegou até o buraco... Hesitou rapidamente... Mas, ele não tinha tempo para isso... Se enfiou naquele buraco sem demoras e viu a escuridão como nunca... Nadou mais devagar, então, lutando contra o medo de não conseguir ficar tanto tempo sem ar... Não via claridade adiante, o que indicava que o fim daquele pequeno túnel não estava próximo... Era como um tubo de pedra, um poço horizontal, cheio de água e escuro... Teve uma sensação claustrofobia, uma forte sensação, inclusive... Ele nadava, pensando em Gina correndo, vindo em direção a ele e sentiu um aperto no coração e um vazio em todo o seu ser... Será que ele fez o certo em terminar com ela? Lógico que ele fez, aliás... Ela iria correr perigo... E ele sentiu a aperto ficar cada vez mais forte, o medo lhe cobrindo...

E se tivesse acontecido algo grave agora, lá em cima? Eles vieram atrás dele, por culpa dele... Ele nadou mais rápido, tinha que ser... E se as coisas saíssem do efeito do feitiço? E se viessem atrás dele de novo? Então, ele nadou mais rápido, olhando para frente, no meio de toda a escuridão, para ver se enxergava algo, alguma coisa que o ajudasse... Os seus pulmões protestavam intensamente por ar, quando ele viu o contorno difuso de um buraco...

A saída, com certeza. Harry nadou o mais rápido que pôde, sempre à frente. Estava mais perto, quase saindo... E depois de uns segundos, aconteceu... Ele se espremeu por entre o buraco que era um pouco menor que o outro... Então, a água do outro lado era mais clara e menos densa, mais limpa talvez e mais fria... Ele sentiu o alivio, pois agora poderia subir a superfície e tomar um ar... E foi o que fez... Nadou até em cima e pôs a cabeça de fora, o tronco e a água era até a sua virilha... Ele não havia reparado que ali era mais raso... Então, a primeira coisa que fez e de forma rápida, foi olhar ao redor... A cratera era exatamente igual a outra... Funda o bastante para ninguém o enxergar e perfeitamente arredondada... Girava no próprio eixo, olhando cada detalhe... Ele estaria preso ali? Naquele fim de mundo? Mas, então, percebeu algo que poderia salva-lo... A parede que estava a sua frente agora, não era necessariamente uma parede, pois não era totalmente em pé... Era inclinadas, muito inclinadas, como uma ladeira de pedras, lamas e água...

O primeiro pensamento de Harry foi ir até lá e subir... Ele hesitou por um momento e reparou mais acima da ladeira... Ele conseguia ver alguns verdes ou alguns galhos de arvores altas... Isso significava que ali era mais adentro da floresta, com arvores mais próximas... Não podia estar perto da outra cratera, as arvores eram muito mais afastadas... Mas, se fosse assim, ele teria que ter nadado mais e, no entanto, ele não nadou pelo túnel tanto tempo assim... Mas, ele não podia continuar a pensar nisso... Devia ter pouco tempo... Muito pouco tempo... Pensou quanto tempo Gina poderia correr, fugir... E a resposta veio com um silencio... Talvez ela tenha caído no meio do caminho... E seu corpo todo, inclusive seu peito, queimou como se tivesse em chamas... Queimando, apodrecendo-lhe a carne, fazendo sua pele cair e a dor vir junto, insuportável, demorada, zombeteira...

Então, ele andou devagar pela água, como se a dor o fizesse ser mais lento... E a ladeira ia se aproximando, mas as chamas não diminuíam, fazendo partes de seu corpo cair em cinzas... E ele chegou ao pé da ladeira que ia subindo, como uma pista, esperando Harry passar e encontrar os outros... Se tivesse acontecido algo de mais a Gina ele nunca iria se perdoar... Mas, então, porque ele descobriu o seu amor por ela tão tardiamente? Eles poderiam ter se beijado, se abraçado, dado as mãos um ao outro a tanto tempo... Harry subia, seu corpo gradualmente saindo da água gelada e agradecendo por isso, mas ainda sentindo dor... E então pensou em Hermione, em Rony... E a dor aumentou... Todos poderiam... Simplesmente poderia ser gravemente ferido por causa dele e sua teimosia, seu jeito precipitado... Talvez, se ele tivesse entendido o que o seu coração há tempos vinha dizendo, ele poderia ter aproveitado mais um romance com Gina...

E ele chegou ao topo, seu corpo pingando em água... E ele viu as altas arvores com seu verde e seus galhos rodeando a cratera, separando-a da outra... Mas, Harry agora pensava que aquele túnel abaixo poderia ser uma ligação entre eles... Mas, será que o dragão que ele vira antes de cair, ficou ali mesmo o tempo todo?

Um rugido alto, feroz, ameaçador, mas parecendo distante ecoou por todo o lugar, ainda mais nos tímpanos de Harry, ali no meio, que agora, estava paralisado... O som parecia vir de todos os lugares, todos os lados que ele não sabia distinguir... Girou em seu próprio eixo, assustado, rápido... Olhou por cima das arvores, galhos, folhas, mas nada passou ou passava sobrevoando... Ele então não pensou muito... Podia estar em qualquer lugar... Olhou novamente para frente e se decidiu... Correu por entre as arvores, tendo as folhas abafando seus passos sobre a trilha mal feita...

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Hello People! :D... Então, aqui mais um capitulo... hehhe... E novamente depois de muito tempo de demora, mas realmente muita coisa me atrapalha... Sabe, é como ser perseguido... *.*... Agradeço então a paciência xDxD...

Obs.: Guiddaa! espero que goste da homemangem... Tu e a Lena! Acho que tu vai gostar da personagem... *risada misteriosa*...
bom, chau... boa leitura :) :)

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