Reconciliações?



Ao ouvir o nome da filha Hermione abriu a porta do banheiro. Continuou com passos leves até chegar bem próximo do moreno que permanecia erecto, com uma das mãos escondida nos bolsos da calça de tecido fino e caro.
Ela lembrava-se dele sempre com um sorriso no rosto, mas não desta vez. O semblante dele estava sério, e ela tinha certeza de que algo estava passando.
Sentiu-se incomodada, sem saber o porquê.
Olhou para Harry, foi-se chegando perto e também parou pra fitar a foto de Lily na mão dele. Então era essa a razão da serenidade dele.
Era agora o momento da verdade, ela podia dizer tudo de uma vez e acabar com tudo aquilo, mas…
Ela olhou-o por um momento... com certeza um turbilhão de lembranças desnorteadas estavam devaneando em sua cabeça. Nada daquilo devia estar fazendo sentido para ele. Preferiu ficar em silêncio, deixar que ele desse início e insistisse com o diálogo uma vez que ela nem sabia por onde começar.
Era raro para ela, mas tinha de admitir que não sabia o que fazer... raro e preocupante.

‘Fitando sisudamente a foto, Harry lembrou da primeira vez que se encontraram, quando ela entrou no vagão de expresso Hogwarts. Lembrou de quando começaram a namorar, do primeiro beijo, da primeira vez que fizeram amor... e enquanto lembrava, parecia-lhe que tinha voltado ao passado, que revivia todos aqueles momentos agora ao lado dela. Mas aquele era um romance sem final feliz. Ele partia no final e a deixava pra trás, com hesitação, porém deixou-a... a despedida tinha sido tão fria e irreparável. Tinham-lhe dito coisas naquela época que agora simplesmente não fazia o menor sentido pra ele.’

_Você não percebeu o que todos já tinham percebido, e isso lhe custou um tempo precioso. –fala afim de quebrar o silêncio.

_Eh, estava me lembrando de algumas coisas... do tempo que eu nem te conhecia ainda e de quando passei a conhecer. Como você mesma costuma dizer, coisas sem importância que eu não deveria estar lembrando, não é?

_Eh.

_Fico pensando e pensando…o que realmente teria acontecido caso eu não tivesse largado você.

_No que realmente eu te diria caso ficasse? –pergunta tentando ver se facilitava as coisas pra os dois.

- É... mas não é tudo.

- Não? O que mais anda te preocupando?

- Não é bem uma preocupação... é a tal impressão que me vem a cabeça o tempo todo! - Harry desabafou de vez. _Eu explico... sabe quando a gente acaba de sair de casa e tem a sensação de que esqueceu algo muito importante lá dentro?

- Sei.

- Então? É a mesma coisa! Eu sinto que pra além de você deixei algo muito indispensável pra trás... e isso me incomoda e preocupa, o que mais terei deixado pra trás? Não sei bem o que é, não faço a mínima do que seja. –os olhos verdes abandonaram por um momento a foto e passaram a observar a morena. _ Do que me esqueci Hermione?

Ela nada falou.
Há alguns anos, ela tivera certeza do que sentia. Amava-o mais do que podia expressar. Mas agora... depois de tantos anos longe, onde tudo o que recebia dele eram palavras que não a preenchiam, a voz subjectiva que só servia para angustiá-la, ela não poderia e não queria afirmar mais nada.

- Quando nos despedimos, você parecia tão ‘tranquila’... eu não sei... me pareceu naquele momento que não havia coisa mais certa do que a nossa separação. - lágrimas nervosas brotaram dos olhos do moreno enquanto sua voz ficava cada vez mais triste e vacilante - Mas isso não é verdade, não é? Não podia ser verdade. Eu te amava e amo! Senti sua falta o tempo todo! Me fala a verdade, que é o pai dessa garota.

_Não pode me exigir a verdade uma vez que nunca me disse nenhum. – a voz ressoou mansa.

_Disse sim, tantas e inúmeras vezes. Eu conheci a sua filha. Vocês estavam hospedados no mesmo hotel que eu.

_Engano seu. – fala com intenção de retirar a foto das mãos dele, no que ele desvia.

_E você sabia que ela já me conhecia, por isso que nunca aparecia pra que nos pudéssemos conhecer.

_Eu soube só depois do dia a seguir aquela festa, onde poderia encontrar qualquer pessoa, mas jamais você, não ali, tão longe de onde te vi pela primeira vez.

_Sabe que de alguma ou outra maneira ela me faz lembrar a mim mesmo. Ela por acaso não será o ‘algo’ que deixei pra trás.
A reação da garota foi de um espanto mudo, o que veio aprovar a desconfiança de Harry.

‘_Veio me buscar? - ela acariciou o rosto do namorado que apenas assentiu com a cabeça em resposta, procurando sua mão. Debaixo da capa de invisibilidade e de mãos entrelaçadas, os dois dirigiam-se para a floresta negra. Falavam pouco, estavam concentrados demais nas carícias trocadas pelos seus dedos para pronunciar mais do que uma ou outra monossílaba. Era muito bom quando os dois podiam ficar sozinhos e, juntos, se esquecerem do mundo. Mas, no namoro dos dois, tudo aconteceu com muita rapidez, como se na verdade, os dois soubessem desde o começo que o tempo que teriam seria muito curto e que deveriam aproveitá-lo o máximo que pudessem. Caminharam entre as agonizantes árvores.

_Harry... - seus braços a envolveram, adivinhando todos os contornos mesmo com aquela escuridão e as bocas se procuravam famintas e trocaram aquele beijo que sempre vem como um prenúncio de todas as sensações. As mãos dele contornaram o corpo dela com uma curiosidade adolescente enquanto sentia que sua camisa era retirada. A penetração veio ansiosa, em meio aos beijos, verdadeiras declarações de amor de um garoto inexperiente que havia encontrado o seu primeiro amor, a mulher dos sonhos e que ainda não acreditava direito que tudo não era um sonho. Quente. Um calor gostoso que só podia vir da pele dela, do amor. Cada vez que se beijavam, sentiam que algo muito mais forte do que eles mesmos os empurrava cada vez mais para o sexo. A química entre os dois era poderosa demais pra ser ignorada.
E a noite em que tudo aconteceu não poderia ser mais perfeita. Lua cheia, estrelas... A morena tinha uma beleza mágica, que enfeitiçava e deslumbrava. Seus cabelos cacheados, os olhos castanhos, a pele alva, uma pessoa cara e rara que pedia o seu toque. Era linda…’

_Só eu não sou… – a frase saíra mais como uma afirmação de que uma pergunta. _O pai dela.

Hermione não tinha mais assuntos aos quais agarrar afim de omitir a verdade.
Gostaria de poder libertar o moreno e a ela própria de tanta dor, dizendo-lhe tudo, mas a sua própria afogo a impedia de ver qualquer coisa além das nuvens pesadas que estavam se alojando em sua cabeça naquele momento. Mas por fim falou:

_Sim. Lílian é sua…_ interrompeu o que ia falar e observou Harry. Sua expressão era a de quem tinha acabado de ouvir um complicado enigma. Seu rosto expressava um misto de felicidade e incompreensão em simultâneo.

Ele fitou-a profundamente. O que viu e ouviu fez seu coração contrair-se de saudades, alegria e fraqueza. Os reflexos do amor de ambos estavam ali, um estampado nos olhos castanhos, e outro nas suas próprias mãos, assim como a angústia por ter deixado sua família ou poderem ficar juntos ainda, por mais que fosse esse era o desejo dele.

_Sua dor não é nada se comparada com a minha, Hermione. Mesmo distante, você sempre terá Lily gravado em suas memórias, seu sorriso, sua inocência, sua vida. E eu? – Harry balançou levemente a cabeça. – Eu não tenho nenhuma lembrança dela. Você precisava de me dizer a verdade.

_Eu tentei, mas você me deixou antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, lembra?

_Você sempre soube que este dia chegaria e mesmo assim continuou adiando-o até ao limite.

_Não tente me culpar.- fala andando de um lado pra outro.

_ Eu sempre quis ter uma família e quando eu consigo isso, você a esconde de mim, mesmo sabendo que esse sempre foi a minha maior ânsia?

_Eu ia te dizer, quando fui ter ao salão comunal, mas você simplesmente me virou as costas, só me disse que era melhor a gente acabar. Cada palavra que me disse estava me sufocando, passei os últimos dias vendo você e lembrando tudo e isso me magoou imenso, a única solução era afastar-me. Você não quis saber de mim, então pra quê me importaria também com você? Quando sai de Hogwarts, a princípio tudo era mais fácil, a sua imagem e os dias que passamos juntos ainda estavam vívidos em meu coração e memória. Mas com o passar dos anos, apesar do sentimento continuar batendo com a mesma intensidade, a figura do seu rosto começou a embaciar e igualmente o sentimento. Não conseguia mais lembrar do que era ouvir a sua voz sussurrando em seu ouvido, ou como era sentir meu corpo tremer ao toque leve e delicado das suas mãos.

_O seu principal ponto de interrogação é a porcaria da explicação de eu ter ido, neh? –pergunta rangendo os dentes.

_Também.

_ Eu sempre soube que esse dia chegaria. Era horrível viver cada dia sabendo o que o futuro me reservava. Eu te amava por ser tão diferente de mim... Enquanto eu me preocupava em arranjar alguma estratégia pra matar Voldemort e nos garantir um futuro sem a inquietação que aconteciam ao meu redor, você se concentrava em me ajudar e no aprimoramento do nosso amor. Mesmo sabendo que não podíamos ter muitos anos, me entregou um amor tão sublime que por muitas vezes não me julguei digno. As vezes penso se não era o seu conhecimento do fim, que te fazia doar de uma forma tão completa e especial. Você nunca precisou de muito para me ganhar. Um simples olhar, repleto da chama mais ardente que já vi em toda minha existência, foi o suficiente. Eu sabia que pertenceríamos um ao outro até...

_Até…- diz encorajando-o.

_Eu nunca tive medo por mim, mas sim por você. Pra mim você era perfeita, nada de mal podia te acontecer, pelos menos enquanto eu estivesse vivo. Eu te deixei, mas por parvoíce e cobardia minha.

_Porquê, porquê? –interroga quase gritando.

_Belatrix e Dolohov…

_O quê? Você acabou com Voldemort e esses dois comensais te metem medo, Harry? Essa desculpa não me convence.

_Não foi medo.

_Então deixa ver…Hum, eles ameaçaram que me fariam mal e aí você submeteu àquilo que eles disseram?

_Não. No dia em que você saiu do castelo, eu ia atrás. Pra eles a gente tinha de acabar e tive medo que no caso de eu ir ter contigo, você me rejeitasse e quisesse ficar para sempre no mundo Trouxa. Aí eles podiam te fazer mal quando quisessem. Eu me via dividido, como se de repente tudo na minha vida fosse um ciclo e eu estava no centro, incapaz de tomar alguma decisão definitiva.

A reação de Hermione foi apertar os olhos como se tivesse acabado de ouvir a justificação mais tola do mundo. Uma afirmação realmente tão idiota que ela nem se deu ao trabalho de tentar compreender, apenas sabia que teria de a engolir. Mas também sabia que falar dos próprios sentimentos nunca fora algo fácil para Harry.
Ela ainda podia lembrar-se perfeitamente de como fora difícil para ele dizer que a amava. Os rodeios, as oportunidades perdidas...e ela também não facilitara para ele. Mas a verdade é que ela era terrivelmente distraída no que dizia respeito aos sentimentos dos outros para com ela, e se agora era capaz de perceber a angústia do moreno, era porque o conhecia há muito tempo.

_Mas como pode ver nada disso aconteceu. –fala afastando-se da cama e caminhando até a janela aberta.

_Na altura eu achava que estava fazendo o mais correcto. Pensei que quando voltássemos a ver, iria compreender tudo e simplesmente voltar pra mim, apesar de tudo. Mas, você se mostrou mais forte no dia em que voltei a te ver e desde aí vi que inverter a situação e reconciliarmos seria tarefa complicado, quando falei com você ontem, é que realmente pude notar a ferida profunda que te provoquei. Tudo mudara, principalmente você. Cada vez que chego perto de você minha admiração é maior. Os traços mais aperfeiçoados te deixavam mais madura e misteriosa. Percebi que há muito que você não é mais a garotinha por quem me apaixonei. A confiança que emana é contagiante, o sorriso sedutor, os gestos mais femininos e sensuais. Agora cada vez que me aproximo seus olhos me fitavam com dor e suspeita, o corpo fica sempre tenso e acredita, isso pra mim é macabro, completamente macabro ver até em que extremo a gente alcançou. Não foi fácil quebrar as defesas com as quais você se auto protegeu. Eu agradeço por te ter tido ao meu lado e continuar tendo. Não creio que teria sido capaz de suportar os anos se não fosse você.
Ele queria dizer mais, abrir por completo seu coração, mas não conseguia mais. Mais uma vez se viu prisioneiro de sua própria introspecção.

_A verdade é que todo o sucedido será uma ferida sempre aberta, que nem eu, nem você conseguirá fechar e talvez só com o tempo.
Faltava algo, ele sabia bem o que era. Faltava dizerem um ao outro exatamente o que sentiam, mas isso era nas histórias felizes.. E que o que acabaram de dizer um ao outro ainda poderia ou não dificultar mais a aproximação. Ele descobriu a felicidade tardiamente, apesar de ter feito o máximo que pôde.
Quanto a ela, não sabia... A culpa fora dele ou dela? Talvez tenha sido dos dois ou talvez não fora de nenhum dos ambos? Harry pensava se talvez não tivesse o mais culpado... Não era improvável. Sua distracção e o querer bem a todos já era bem conhecida por todos.

_Eu não sei bem o que fazer… me sinto tão perdido... – fala por fim abraçando-a. Ao menos isso ela não o negou e correspondeu com igual afecto.

Algo havia mudado entre eles naquela tarde. Talvez a dor que compartilhavam os unisse, ou talvez... fosse simplesmente a vida brincando com seus coração e lhes dando novamente a chance de amar se assim o quisessem.

**************************************************************

De repente, sentiu um toque em seu ombro, semelhante a carícia de uma mão. Entreabriu as pálpebras com sobressalto e voltou-se. Seus sentidos não a haviam enganado, uma mão estava apoiada em seu ombro, e imediatamente reconheceu o inesperado visitante, que a fitava com seus olhos incrivelmente verdes e cuja pele pálida emanava uma ténue luz... da lua. A pessoa estremeceu e sem dizer uma palavra para Lily, levou seus dedos ao rosto que o continuava observando deitada no travesseiro, e que ficou vermelho pela primeira vez. Essa pessoa a abraçou e chamou de filha.

A pequena morena acordou. Rodeado pelas sombras, olhou ao seu redor e notou que estava sozinha, que tudo havia sido um sonho. ‘Por que todas as noites tenho o mesmo sonho? Por que ‘ele’ aparece? Eu... eu não entendo por que reajo deste modo.’ Deixou-se cair bruscamente sobre o colchão duro e comprovou que pela janela não entrava luz alguma, tudo estava absolutamente negro.
Não soube definir com precisão quantas horas estaria ali. Lily rolou de um lado para o outro... Sentia claramente a fome e principalmente o cansaço, e mesmo assim não conseguia voltar a dormir.
Procurava uma posição boa para o cobertor, o travesseiro... E quando enfim conseguiu sentir-se cómoda naquele colchão, como se o problema fosse mesmo a posição das coisas na cama, parou quieta.
Ao ouvir o ranger da porta abrindo, fechou os olhos.
_Acorde logo garota, sei que não está dormindo! –a voz de Belatrix soa rude.

Deixando o fingimento pra trás a garota virou-se e deparou-se com o olhar frio e sombrio da mulher de longos cabelos negros que se encontrava a sua frente.
_Quem é voce e porque me trouxe pra aqui? –pergunta semicerrando os olhos devido a claridade vinda da porta aberta.

_Você é mesmo insolente, mas também não me admira, filha de quem é, não estranha os motivos que te levam a agir assim. Que acha de a gente virar amigas?

_Não! A única coisa que quero é ir embora daqui. - a arrogância permanecia ainda muito rigorosa na voz da garota. Queria dar firmeza no que acabara de falar, mas o rosto perfeito de menina costumava sempre ofuscar o seu objectivo. Porém sabia como usar o olhar, que alterava da malícia ou bondade à ira absoluta, como brasão de protecção.

_Vamos falar.

_Não tenho nada pra falar com você. – retruque contrariada.

_Que tal falarmos de seus pais?

_Conhece-os?

****~****~****~****

Belatrix sabia que acabara de atiçar a curiosidade insaciável da garota.
_Você nem imagina o quanto. –fala em tom de cúmplice, mas ao receber o olhar de desconfiança de Lily, continuou. _ A sua mãe é Hermione Granger e seu pai….sabe quem é?

_Er…sei, claro que sei. Ora, que pergunta mais idiota. –fala tentando não passar que mentira.
_Sabe, aquele homem com quem você falou diversas vezes naquele hotel em que se instalaram…

_O James?

_Sim, esse. Ele é seu pai. O nome todo dele é Harry James Potter.

_Mamae só me falou de…

_Harry Potter. Vê, agora quem esteve mentindo pra você esse tempo todo?

_De certeza que ela teve um motivo, não faria isso caso não tivesse algum. Até pode estar dizendo a verdade, de qualquer maneira gosto de James. –fala tentando mostrar-se indiferente àquela informação.

_Garota idiota, não nota que o que está em causa não é de quem gosta e sim da mentira que a sua mãe inventou.

Lily sabia que Hermione não a omitiria coisas importantes como aquelas sem um motivo relevante.

_A sangu…Quer dizer a Granger provavelmente já te falou de Hogwarts, o Mundo da Magia…- mas antes que concluísse de falar, Lily começou a gargalhar veemente aumentando a cólera de Belatrix mordia os lábios pra se conter.

_Que idade tem? O Mundo da Magia… bruxos e todas essas coisas …não existem. –afirma entre risos. Que credulidade! Até tia Gina conseguia ser mais credível.

_Hum…Quer dizer que sua mãe não falou nada disso pra você? - pergunta mais pra ela.

_Claro que não, ela não é perturbada feita você pra dizer coisas sem sentido.

_Pra te mostrar que estou dizendo a verdade. –Belatrix pegou na varinha e fez aparecer uma pensaneira. Nisso a garota levantou-se assustada, esfregou os olhos não acreditando no objecto que se encontrava a sua frente.

_’Ta querendo enganar quem? Você deve ser é uma boa ilusionista? Em circo trabalha?

_Cir…O quê? Não interessa.
A garota hesitou, mas acabou por ficar em pé ao lado dela de modo a observar melhor a pensaneira.

_Isso daí é uma pensaneira. Anda, vou-te mostrar onde estão seus pais agora e como sua mãe te tem mentido desde que chegaram a Itália. A garota deixou-se ser segura pela mulher e juntas foram sugadas por uma luz oriunda do objecto.


Depois de estarem instalados na suite reservado do hotel, Draco colocara Gina que já vinha dormindo em seus braços desde o aeroporto, na cama. De seguida caminhou-se até porta, pegou as malas e colocou-os dentro do aposento.

Mirou a ruiva que dormia profundamente.

_Você até que não é tão chata assim, quer dizer não é só quando está dormindo, como é obvio. –fala antes de tirar os sapatos e se deixar cair ao lado dela na cama.

NA MANHÃ SEGUINTE

_Gina, acorda! –chama o loiro bem próximo do ouvido desta que apenas murmura algumas sílabas imperceptíveis antes de voltar a puxar o lençol pra cima.
Draco mirou a perna destapada, aproximou-se e começou a despejar curtos selinhos pela perna, e nisso Gina acorda alvoroçada, olhando com os olhos arregalados e sem demoras chuto-o com o pé.

_Que acha que está fazendo seu tarado? –pergunta entre dentes.

_Vim te acordar. –retruque sentando na cama.

_Ainda se fosse uma pessoa decente até que admitiria ser acordada desse jeito…

_Eu não sou uma pessoa decente?

_Nem de longe. Você é Draco Malfoy, o ser mais detestável que conheço.

_Não acha que está ficando um pouquinho repetitiva? Não me diga que devido ao tempo que passou no banheiro não teve tempo pra inventar novos insultos…

_O problema é que quando olho pra você vem-me sempre a mesma palavra.

_Que amorosa! – afirma mordaz.

_Que faz nu, aqui? –pergunta só então reparando na figura meio despido a sua diante.

_Eu não estou nu sua cegueta. Mas se quiser posso me despir, só pra você. –fala abrindo o zíper das calças.

_Pára! Acordou apenas pra me chatear, foi? Melhor, você deve é querer saber o meu ponto de ebulição. Hum…começo achando que já não vive sem a minha presença.

_Claro que não sobreviveria, até te trouxe uma bandeja com tudo a que tem direito e mais, um presente.

_Bebeu?

_Não. –fala tentando manter a calma.

_Injectou algum tipo de droga?

_Não! – a voz soou muito controlada.

_Já sei, já sei, superabundância de nicotina no sangue? –continua querendo dar a entender que tão cedo não desistiria.

Draco fechou os olhos e respirou profundamente procurando não se enervar. Enquanto isso, Gina que olha desconfiada pra a bandeja, vencida pela fome arrastou ela e começou a comer.

_Deixa isso pra lá. –fala ele colocando o dvd. _Filmei a nossa partida. Acho que irá gostar.

_Estranho... Não me lembro de nada que aconteceu. –fala depois esvaziar meio copo de suco.
O vídeo começou a rolar, mostrando os dois desde a chegada ao aeroporto de Londres até o momento em que o avião levantou voo.
A ruiva olhara tudo com muito espanto sem proferir uma única palavra, hipnotizada pelas imagens como se tivesse vendo um filme de terror. Uma onda de raiva concentrada desde então nela começou a vibrar por todo seu corpo. Pegou no copo que segurava na mão e lançou contra Draco que necessitou de desviar centímetros pra que não fosse acertado.

_Sua irracional, quer me matar? –pergunta vendo o estrago no espelho em que ela acertara.

_Matar é pouco, mas antes disso juro que te vou azarar. –fala olhando para cómoda, onde era suposta se encontrar sua varinha. _Devolve minha varinha. –exige quase gritando.

_Eu devolvo, mas deixa de ser impulsiva.

_Impulsiva? Eu te mostro quem é impulsiva. –fala lançando o abajur que numa tentativa frustrada foi contra uma parede.

_Sua louca, vai acabar por destruir a suite assim. –afirma num misto de ironia e apreensão.

_Desde que você acabe junto, não me importa. Viu a vergonha que me fez passar seu adulterado? –pergunta lançando-lhe um vaso de flores que havia sob uma mesa ao lado.

_ Já se esqueceu do meu quarto? – contrapôs ele enquanto andava pra trás.

_Ora...Draco, me poupa o quarto nem era seu.

_E as camisolas, o perfume….

_Cala a boca, eu te ajudei isso sim, te livrando de todas aquelas inanidades. E você o que faz? Me lança uma maldição imperdoável e me fez dizer coisas que nem a um diário eu confessaria. –fala antes de se lançar pra si dele. Mas loiro era bem mais forte, virou e segurou-a por trás impedindo de realizar qualquer tipo de movimento e isso fez com que ela depois de muito se debater fosse perdendo as forças e se aquietasse aos poucos. Ouviram a campainha, Draco vagarosamente soltou-a. A ruiva pegou um roupão, ajeitou os cabelos, tentou colocar uma expressão de ‘normalidade’ no rosto e foi abrir.

_Bom dia senhora Malfoy! – cumprimenta um serviçal.

_Senhora quê? –pergunta Gina com asco. Nunca gostara de ouvir quando os outros se referiam a ela como senhora e muito menos como Senhora Malfoy. _Meu nome é Virgínia Weasley, sem nenhum Malfoy no fim ou no meio entendeu? –pergunta olhando ameaçadoramente o serviçal a sua frente que apenas consentiu com a cabeça. _Muito bem, que deseja? –pergunta disfarçando uma voz usual.

_A senhora gostaria de conhecer a cidade de barco? É uma das ofertas do nosso hotel. –fala espreitando para o interior da divisão no mínimo ‘desordenada.’

_Hum…Que bela ideia, talvez mais tarde.- fala pensando nos benefícios que se passeio traria, uma delas seria aproveitar pra afogar Draco.

_Ok. Desculpe, sei que não devo me interferir mas a senhora não gostou da decoração? -pergunta espreitando a bagunça atrás da ruiva.

_Não, acordei, olhei pra tudo… -diz lançando um severo olhar ao loiro que pairava do lado dela. _e simplesmente detestei tudo.

_Se desejar…

_Não se preocupe eu faço tudo do meu jeito. –fala afim de afastar o impertinente que o impedira de matar o loiro.

_Bom eu vou até a piscina. –diz Draco pondo uma toalha ao ombro. _Adeus meu amor! –fala indo beijar Gina, mas esta desvia a cara.

_Eu lhe mostro as instalações se assim desejar. _oferece-se o serviçal mostrando-se prestativo.

_Claro.

_Vai, morra bem longe de mim. –fala ela observando os dois se afastarem antes de bater a porta, no que o loiro virou e falou pra o serviçal:

_Não se preocupe ela, ela tem problemas mentais. –fala afim de tranquilizar o homem que de certeza estaria fazendo uma avaliação da personalidade de Gina.

Respirou fundo antes de examinar o estrago que Draco a ‘obrigara’ a causar.
Arrumou tudo com a ajuda da varinha que achara escondido no roupeiro. Tomou um banho e colocou o vídeo pra rolar novamente. A medida que via as suas lamentações no ecrã, uma ideia foi formulando em sua cabeça. Uma ideia simples que Draco tão cedo não se iria esquecer, que o faria implorar pela sua própria morte.

*****
Estava quase anoitecendo quando o loiro aparecera.
_Onde estava?

_Desde quando se preocupa comigo pelo que me lembro a ultima coisa que você me disse antes de sair foi ‘Morra bem longe de mim’ –fala imitando uma voz esganiçada.
_Eu sei só que…er...bem, fiquei aqui sozinha sem nada pra fazer, telefonei pra o celular de Mione, mas ela não atende e…

_Não acredito está admitindo que sentiu saudades minhas?

_Não foi bem isso, por isso nada de hipérbole.

_Então foi o quê?

_Apenas fiquem sem alguém a quem pudesse… criticar.

_Você quis dizer, alguém a quem satirizar? –pergunta aproximando-se dela.

_Não falei isso. Vamos jantar?

_Está me convidando? Sim, Draco estou. –fala pacificamente.

_Muito estranho isso. –fala fazendo Gina revirar o olhos. _Bom vou tomar um duche enquanto isso pode ir pondo a mesa?

_Claro.

Muito duvidoso da nova atitude da ruiva, ele seguiu até ao banheiro. Mas decidiu não confiar, a última coisa que aprontara ainda devia estar muito sentido na cabeça dela.

****

Acabaram de fazer jantaram e Draco deitou-se na cama vendo tv enquanto Gina fingia ler um jornal. Mas na verdade é que não percebia nada do que li apenas disfarçava mexer os lábios e movimentar os olhos de um lado pra o outro, por vezes arriava um pouco o jornal pra observar o ‘inimigo’. Num desses jogos os olhares encontraram-se e ela sem querer iniciar nenhuma discussão, pois era aquilo sempre em que as suas ‘conversas’ originavam, limitou-se a prender o olhar novamente entre as páginas do jornal.
_Porque está com isso agora? –pergunta ele fatigado daquele silencio.

_Com o quê?

_Com isso de me olhar de depois dissimular que está lendo.

_Não estou dissimulando. –fala sem prestar o mínimo de atenção em Draco.

_Vai ficar aí?

_Porquê?

_Porque quero apagar logo essa luz pra dormir, pois amanha teremos de acordar cedo e achar um jeito de contatar Hermione.

_Mais cinco minutos. –pediu ela.

_Você está realmente muito estranha e não sei porquê, mas não tou gostando disso. –fala mexendo-se inconfortável debaixo dos lençóis.

Passou-se cinco minutos…dez…meia hora e a ruiva continuava se mostrando entretida na leitura. Draco que já estava urrando de raiva e lançando sinais de raiva à Gina, por fim levantara e fora desligar a luz.

_Boa noite! –fala de volta a cama.

_Draco…er…eu preciso de conversar com você? –pergunta meia acanhada.

_Agora?

_Sim. Quer dizer se não for muito incómodo.

Draco levanta sobressaltado e olha pra ela. Ele ou Gina, um deles não devia estar bem. Depois de uns segundos ao pensar nisso enquanto a fitava ambíguo. Estaria tendo um sonho?
Ela falando normal com ele? Os dois tendo uma conversa civilizada? Sem insultos por meio? Começou ficando assustado com o que ela quereria. Pensou em chamar um medibruxo, mas achou que isso seria uma atitude muito precipitado.

_Acho que sim. –fala assim que volta a si. _Mas se for conversas de mulher esqueça, terá de esperar até Hermione aparecer.

_Não, não é isso?

_Então…

_Não se importa de pedir outro suite só pra você?

_Este aqui não tem espaço suficiente?

_Não…

_Hum…então está com medo de não me resistir e atacar durante a noite. Você nunca me enganou. –fala lançando-lhe um olhar malicioso.

_Só acho que a gente não deveríamos dividir a mesma cama. –fala mantendo a serenidade.

_Então pega na varinha e conjura outra cama ao lado.

_E porque não faz isso você.

_A única incomodada aqui é você?

Sem querer mais nenhuma controvérsia, Gina encaminhou-se e se deitou, mantendo um espaço que separava seus corpos.
Calara-se, cada um procurando a melhor posição para dormir e que evitasse que os dois se tocassem. Um silêncio tenso invadiu o ambiente. As respirações eram ouvidas. Gina virou na cama de modo a que pudesse enxergar ele na escuridão. As caras mais próximas agora se fitavam emudecidos, apenas sentindo a respiração e essência do outro. A distância aos poucos foi diminuindo e vagarosamente as peles começaram a se roçar e isso provocava calafrios em ambos.
Os narizes estavam contíguos, os lábios se tocaram... Gina sentiu que o beijo de Draco não correspodiam ao que ele tinha vindo a mostrar pra ela. Era muito diferente…
O beijo era sensual e bem mais sério ... As línguas já tinham ultrapassado as barreiras, ele querendo mandar na situação, se colocou em cima dela e enquanto pressionava o corpo dela, as mão então começaram a agir. Invadiu boca da ruiva com sua língua e a abraçou fortemente, logo descendo sua mão até as nádegas e apertando-as com força ... Ele desceu seus beijos para o pescoço, passando simultaneamente suas mãos em seus sinuosidade, ainda por cima da camisa de noite. O corpo de Draco aos poucos foi ficando pesado, e nisso ela viu-se com necessidade de o afastar. Observou ele dormindo, um sorriso desenhou-se em seus lábios. O plano havia resultado e desta vez tão cedo Draco não se livraria do que viria.
Mirou-o mais uma vez antes de encostar sua cabeça no peito dele e puxou os lençóis.

********************************************************
Ao voltar ao quarto onde estava, Lily examinava tudo em seu redor, fechou os olhos e repetiu mentalmente várias vezes pra ela mesma ‘A Magia não existe, nunca existiu nem nunca existirá! Aquela mulher é uma alucinada e quer te deixar do mesmo jeito. Não vai acreditar nela, certo? Bruxos, duendes, varinhas e Hogwrs… ou seja lá como se chama essa coisa, não existem! Não existem! Seus pais vêem me buscar e dizer que isso tudo que esses loucos falaram não passou de um absurdo. E caso na altura venha a ficar com pena deles, talvez peço pra eles internarem os dois num manicómio depois de chutar o traseiro deles, evidentemente. ‘

_Incrível os efeitos visuais que tecnologia consegue produzir. –fala calmante abrindo os olhos.
Caminhando de uma lado pra n pequeno espaço ainda continuava a pensar em tudo o que vira. Meteu as mãos nos bolsos da jaqueta e pra sua surpresa pegou algo de lá dentro. Retirou o objeto e encontrou o celular de Hermione. Os olhos dela desanuviaram-se e sorriu mais uma vez, agora, um sorriso calmo e esperançoso.



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