Unico





Acredite se quiser – Nada como uma salsa




Tédio. Era à que se resumia aquela festa para Gina. O vestido bordô estilo Julieta não adiantara de nada, e ela continuava ali, com seu par, ao invés de estar no lugar da idiota da Patil, dançando com Harry. E ao invés disso havia bebido, não demais pois ainda estava bem lúcida e não tropeçara nem nada, mas sentia o gosto forte de uísque de fogo na boca.

Gina dançava calmamente com Neville no baile de inverno. O garoto pisava eventualmente nos seus pés, o que fizera Gina resmungar um pouco e Neville corar, mas logo ela pediu desculpas. Afinal, não era culpa dele que tudo estivesse sendo uma tragédia pra ela naquele dia. Foi com ele tomar um ponche. Gina observou todos se divertindo, e dando um beijo no rosto de Neville após pedir desculpas, foi dançar com algumas amigas uma música mais animada.

Foi quando tudo aconteceu. A música acabou e o salão ficou no breu. As luzes se apagaram rapidamente e tudo ficou no escuro, acarretando gritos de algumas garotas e murmúrios dos rapazes. Gina ouviu o som de passos, provavelmente pessoas querendo encontrar alguém e professores querendo descobrir o que acontecera ali.

E então alguém bateu de costas com Gina. Ela sentiu uma mão forte e fria enlaçar a sua, provavelmente tentando descobrir quem ela era. As costas fortes e ombros largos denunciavam um rapaz, mais alto que ela por sinal. Ele tomou sua mão e a levou até o meio do salão, que ela notou estar meio vazio. E com um relâmpago vindo de fora Gina pôde ver que um círculo se abrira em volta dos dois, mas ainda não conseguira ver quem era.

Uma musica nova começou, no começo meio baixa, até aumentar consideravelmente de volume. E então Gina reconheceu.

Era sua música. Sua salsa. (N.a/ bom ouvir enquanto lê, chama Do you only wanna dance – Mya{do filme Dirty dancing 2 – havana nights})

Ele colocou uma mão em sua cintura e com a outra ergueu a sua, ficando em posição para aquela dança. E num estalo Gina soube o que fazer

Funny thing is when I look into your eyes
I sense something so sincere in your disguise
You whisper secrets I hear only in my dreams
Then I wake up to your tele-smoke screen
I wait patiently while you play your game
'Cause in the end, I'll be the winner all the same
You'll see clearly when the song comes to a stop
I'll be the one blowing kisses from the top

Um relâmpago, seguido de um trovão particularmente alto fez com que Gina conseguisse visualizar os olhos do rapaz misterioso á sua frente. Somente os olhos, já que ele, assim como ela,e estava mascarado. Vestido de negro, ele exalava mistério e sedução, Gina não conseguiu resistir.

Começaram a dança com passos fáceis, até se sentirem seguros para tentar algo mais ousado. Ele aproximou a boca do ouvido de Gina e lhe disse coisas que nem ao menos ousava imaginar, deixando-a com as pernas trêmulas. Segurou-a mais forte contra o corpo e continuou conduzindo-a pelo salão. Ele a provocava pacientemente e Gina aceitava receptiva à cada provocação, sabendo que no final conseguiria o que queria.

E estranhamente, o que mais queria naquele momento era que ele fosse seu.

(Mya)
(So baby, stop) Stop, you're surrounded
(I got my love) Love all around ya
(One wrong move) Move and I'll down ya
And that'll end ya
You should surrender
You'll never win
Unless you give in

Gina sorria no breu do salão. Sentia que ele gostava de dançar com ela, estava gostando da química e perfeição entre os dois. Sentia que ele gostava do toque de sua pele na dele. Então entre um passo e outro beijou-lhe o pescoço, subindo e selando rapidamente os lábios, sentindo que o confundira, e riu-se baixinho.

(So stop, baby, stop) Stop, you're surrounded
(I got my love) Love all around ya
(One wrong move) Move and I'll down ya
And that'll end ya
You should surrender
You'll never win
Unless you give in
So won't you give our love a chance?
Or do you only wanna dance?

Gina sentia o toque do rapaz em suas costas, silencioso e certeiro, abaixando um pouco, até chegar perto de seus quadris. Maneando-os com vontade, viu que ele a seguia nesses movimentos, rendendo-se a ela na única situação na dança, sendo que era ele que guiava.

Gina rodopiou umas três vezes e colou-se a ele novamente, selando mais uma vez os lábios dos dois rapidamente, e ainda sorrindo se afastou rodopiando, sentindo-o puxa-la de volta para tentar beija-la, mas ela voltou de costas, e tudo que ele pode fazer foi enlaçá-la pela cintura e acompanhar seus movimentos.

You put your lips very closely to my face
And then you run away and so begins the chase
I'll be the hunter, but boy, you better pray
'Cause when I want ya, I'll get you anyway
You know what I wanna do
It ain't nothing new
I'm tired of dropping clues
So, gonna step to you
Will you rise to my occasion?
Or will you make me change your station?

Ele a fez dar dois cambrês, um mais delicado e o outro mais ousado, no qual ele ficou com a respiração no colo da garota. E então ele a subiu lentamente deslizando a mão quente das coxas até a cintura novamente, e Gina sentiu o hálito de uísque de fogo dele perto de sua boca, e esperou o beijo. Que não veio.

Ele desviou o rosto e ficou com a respiração em seu pescoço, sentindo-a estremecer. Sorriu. Aquela garota era a sensualidade encarnada, por Merlim...

Então ela se irritou internamente. Colou seu corpo ao dele e rebolou tortuosamente contra ele, fazendo-o emitir um suspiro baixo.

-Quando eu quero, eu consigo meu bem – Ela sussurrou com a boca de encontro ao pescoço dele, que estremeceu e fê-la rodopiar. Gina suspirou ao sentir a mão dele descendo novamente, mas logo ele afastou a mão e continuou dançando.

“O que diabos ele pensa que faz? Vou ensiná-lo a não brincar com fogo” Gina pensou e pegou as mãos dele ficando de costas, e fazendo-as deslizarem pela lateral do seu corpo, mesmo quando ele tentou retira-las. E logo ele se rendeu, fazendo o movimento sozinho.

Stop, you're surrounded
(I got my love) Love all around ya (Uh)
(One wrong move) Move and I'll down ya
And that'll end ya
You should surrender
You'll never win
Unless you give in

(Stop) Stop, you're surrounded
(Oh, I got my love) Love all around ya
(One wrong move) Move and I'll down ya
And that'll end ya (Uh)
You should surrender (Uh)
You'll never win
Unless you give in
So won't you give our love a chance?
Or do you only wanna dance?

Gina ainda de costas pra ele pôs-se a descer, no que ele não acompanhou desta vez, e prendeu-a pelos quadris grudando-os nos seus. Gina desceu somente do quadril pra cima, subindo e descendo ainda no ritmo da musica.

Então ele virou-a e postou uma mão em sua cintura, enquanto ela espalmou uma das suas no peito dele, e continuaram a dança.

If you take my hands
And follow my lead
I'll make you dance (I can make you dance)
But if you get my feet (Get my feet)
And miss the beat (And miss the beat)
Then I can't take that chance (Then I can't take that chance)
If you take my hands (Oh)
And follow my lead (Oh, Oh, oh-oh)
I'll make you dance (I can make you dance)
But if you get my feet (Get my feet)
And miss the beat (And miss the beat)
Then I can't take that chance (I can't take it)

E então ele pegou-a pelas mãos, e tentou guia-la. Gina não deixou, ainda mantendo-se no controle.

O que ele não gostava.

Não gostava nada.

Errou um ou dois passos a seguir, e Gina colou os pés aos dele, fazendo-o segui-la ou cair. Ele a seguiu com dificuldade, como num jogo: se fizesse certo a ganhava, se não já era. Postou suas mãos nos quadris dela enquanto ela virava de costas pra ele e os balançava de um lado a outro com as mãos em cima das suas, provocando-o.

(Stop, baby, stop) Stop, you're surrounded
(I got my love) Love all around ya (All around you)
Move and I'll down ya
And that'll end ya
You should surrender
You'll never win
Unless you give in

(So stop) Stop, you're surrounded
(I got my love) Love all around ya (All around you)
Move and I'll down ya (Uh-uh-uh)
And that'll end ya (Uh-uh-uh!)
You should surrender (Uh-uh-uh!!)
You'll never win
Unless you give in
So won't you give our love a chance?

Gina virou-se de frente e o enlaçou pela cintura com uma perna, enquanto ele a segurava em um cambrê. Então os lábios se encontravam num beijo furioso e rápido. Ainda no escuro Gina pôde identificar os olhos de seu parceiro cintilando perigosamente.

Então tudo acabou tão rápido como começou. A música acabou, e quando se deu conta o garoto correu para fora do salão, a luz acendendo logo depois da saída dele. Gina piscou várias vezes, atordoada com a claridade.

Sentiu-se nas nuvens ao lembrar do toque do estranho. E se sentiu estranha por se render tão facilmente á um. Com certeza ele era alguém muito diferente, conseguira seduzi-la com facilidade. Gina viu-se sozinha, ofegante e suada no meio da multidão, então correu para o salão comunal da grifinória, indo para o seu dormitório.

Jogou-se de barriga pra cima na cama e pôs-se a acariciar os lábios, relembrando cada momento daquela dança no escuro. Quem ele seria?

“Provavelmente alguma alucinação por causa da bebida” Gina pensou consigo mesmo a virou-se de bruços. Nisso sentiu uma dor no colo, e viu que uma rosa havia sido posta em seu decote, com o cabo para dentro do vestido, e os espinhos fizeram marcas em sua pele alva.

Como não notara a rosa ali, não sabia. Mas cheirou-a satisfeita, colocando-a num vaso na mesa da cabeceira após fazer feitiços para que ela não murchasse ou morresse, e foi dançando sozinha até o banheiro par a tomar um banho, tentando esfriar o corpo ainda ávido daqueles toques.

De um completo estranho.

**

Draco deitou-se na cama do dormitório cansado e ofegante. Não sabia o que lhe dera na cabeça para dançar com aquela garota. Tudo bem que ela parecia ser linda, curvas quentes e perigosas, bom jogo de sedução, dançava bem. Mas e se fosse alguma feiosa? Alguma sangue-ruim? Não podia se arriscar. Por isso correra ao ouvir a música deixar seus últimos tons no ar, sabendo que se não o fizesse provavelmente estaria perdido.

Sorriu. A garota não podia ser uma sangue ruim. E não podia ser feia. Sentia isso. O jeito com o qual ela dançara, provocando-o, testando-o a todo o momento. Não que tivesse algum problema com sangues-ruins ou feias, na verdade quem enfiara isso na sua cabeça fora o pai, mas estava tentando se livrar daquilo. Pelo menos por dentro. Mas mesmo assim sabia que ela não era nenhum dos dois.

Alargou o sorriso mais ainda. Ela já devia ter notado a rosa em seu vestido. Colocara-a lá com o auxilio da varinha, para que ela não notasse. Nunca passara por algo igual. As garotas com as quais ele normalmente ficava eram quase vulgares, mas nenhuma o enlouquecera como aquela desconhecida, com a qual só partilhara uma dança. Estava perdido.

Foi ensaiando passos sozinhos até o banheiro, para tomar um banho e esfriar a cabeça, ainda pensando naquela estranha. A sua doce estranha.

**

Gina passou os próximos dias aérea. Seu irmão, Hermione, até mesmo Harry vinham falar com ela mais frequentemente, perguntando-lhe o que acontecera. Ela apenas dizia que não havia nada errado e saia de perto deles.

Estava muito confusa. As sensações que um estranho provocara no seu corpo a deixaram confusa, já que tudo parecia tão errado, e tão certo ao mesmo tempo, que a deixara atordoada. Tudo acontecera numa velocidade arrebatadora, e ela ainda não conseguiria dizer ao certo se fora verdade ou mentira se não fosse por conta daquela rosa.

Mas ainda havia o seu amor por Harry. Ele dera um fora em Cho no dia do baile, e começara a olhar com mais atenção. Já não era uma menininha, mas continuava apaixonada pelo garoto. Gostava da estabilidade e segurança que ele passava, e ele era carinhoso, bonito, tudo o que ela podia desejar.

“Merlim, vou pra aula antes que eu enlouqueça” Gina pensa, se encaminhando para um tempo duplo de poções. Acabou esbarrando com alguém no corredor.

-Não olha por onde anda, Weasley? – Draco cuspiu o nome da garota com desprezo, repreendendo-se logo depois. Se queria mudar, teria de mudar tudo. – F-foi mal – Ele disse corando violentamente e ajudando-a a se levantar, e notando que no decote da garota haviam pequenas marcas de machucado, como se pequenas garras de gato houvessem fincado-se ali.

-O que disse? – Ela perguntou, incrédula.

-F-foi mal, desculpa, perdão, além de pobre é surda também agora?Olha que eu não sei se os seus pais tem dinheiro o bastante pra um tratamento ,Weasley... – Ele completou com um sorriso sarcástico, ficando incomodado ao perceber que a garota permanecia de queixo caído, sem reagir ás suas provocações.

-Malfoy? Você ta doente? – Ela chegou perto dele e encostou as costas da mão na testa dele, vendo se ele estava com febre.

-Não. Por que? – Ele perguntou meio confuso, mas olhando nos olhos dele ela pode saber que ele mentia(sobre a parte de estar confuso).

“E desde quando ele desaprendeu a mentir? Tem alguma coisa errada nessa história...” Gina pensou consigo mesma.

-Vamos para a enfermaria – Ela disse, e ele arregalou os olhos. Então uma possibilidade lhe passou pela cabeça.

-Quem é? – Ela perguntou, semi-cerrando os olhos, como que tentando ver através dele.

-Tá pirando, pobretona?

-Quem quer que seja pode parar de fingir. O efeito da polissuco vai passar logo e seu tempo é curto, aliás já deve tê-lo gastado quase todo – Gina disse ele bateu na testa.

-Só porque eu resolvi mudar todo mundo ta me tratando como se eu fosse uma galinha sem penas. Acho melhor voltar a ser o antigo Malfoy, daí todas as casas(menos a sonserina) voltariam a me tratar como esterco – Ele disse olhando para o chão e parecendo irritado.

-NÃO! Ta muito melhor assim, não muda – Gina disse, tentando ver pelo lado dele.

Ambos ficaram encarando o chão por um tempo.

-Então Malfoy’s também tem coração... – Gina disse em voz alta sem perceber. E então ele a olhou surpreso, e Gina corou e saiu correndo.

Draco olhou a garota correndo e pegou um livro que ela deixara cair no chão. Abriu-o, e dentro estava uma rosa vermelha. Intacta.

Draco arqueou uma sobrancelha e foi com o livro para as aulas. Teria de devolve-lo uma outra hora...

**

Gina encaminhou-se para os jardins. Depois daquilo ela realmente NÃO iria pra uma aula dupla de poções. Não mesmo.

Sentou-se na beira do lago, com as costas apoiadas numa árvore, sentindo a brisa leve tocar-lhe os cabelos. Ficou ali ouvindo o vento, até que ouviu barulho de passos e gente falando. Virou-se a tempo de ver Harry e Cho se beijando, e sentiu um aperto no peito.

Se escondeu atrás da árvore para que não a vissem e chorou. Chorou silenciosamente abraçando os próprios joelhos.

Amava Harry(ou achava isso). Realmente tivera esperanças desde que ele dera um fora em Cho no dia do baile. Quando o viu entediado na cadeira ao lado da Patil, desejou do fundo do coração que ele a chamasse para dançar.

Mas ele não chamou.

No verão, n’A Toca, rezou todos os dias para que ele a notasse. Sonhou acordada com noites onde ele se declarava para ela, lhe dizendo palavras lindas, e logo depois lhe dando seu primeiro beijo, doce e lentamente.

Mas ele não o fez.

Ao invés disso, seu primeiro beijo de verdade fora com um estranho com quem dançara no baile ás escuras. E agora estava mais confusa do que nunca, deixando as lágrimas rolarem livremente, molhando seu rosto.

Draco observou a cena da janela ao lado da porta principal do colégio. Observou o Potter agarrando a Chang, e não entendeu por que a ruiva estava chorando ali, sozinha, e de vez em quando observando escondida o casal.

Saiu de dentro do castelo e foi até ela, não deixando que o Testa-rachada e a Changalinha o vissem. Sentou-se silenciosamente ao lado da garota.

Não agüentava ver uma garota chorando. Era o seu calcanhar de Aquiles, nunca agüentava. Quando sua mãe chorava era ele quem a confortava, quando sua tia desabara em lágrimas uma vez fora ele, mesmo mais novo que ela, a lhe abraçar. Sempre fora assim. Não achava justo, as lágrimas eram feitas para ficar onde estavam.

Passou um braço pelas costas de Gina, abraçando-a. Gina levantou o olhar assustada.

-O que faz aqui, Malfoy? – Ela perguntou rapidamente, secando as lágrimas e tentando se recompor.

-Minha fraqueza me chamou – Ele disse, e ela estranhou.

-Que história é essa de fraqueza? Agora eu tenho certeza de que está louco Malfoy... – Ela se levantou e tentou sair andando, mas ele a puxou pelo braço.

-Minha fraqueza. Eu não consigo ver uma mulher chorando – Ele disse e a abraçou fortemente, e ela não soube por que, mas o abraçou de volta e começou a chorar, chorando tudo o que choraria sozinha, no dormitório feminino.

A diferença era que chorar ali era muito mais quentinho e confortável...

Ambos levantaram a cabeça ao ouvir um barulho. Viraram na direção onde antes estavam Harry e Cho, e viram que os dois os observavam. Quando Harry fez menção de ir até Gina, Draco a soltou.

-Não quero arrumar briga com o cicatriz. Acho que você pode dar conta dele. – Gina assentiu com a cabeça e Draco entrou rapidamente em Hogwarts. Ela virou-se para Harry ainda secando as lágrimas.

-O que você pensa que estava fazendo com aquela cobra? – Harry gritou, em meio a fúria.

-Quem você pensa que é para exigir satisfações minhas? – Ela gritou de volta, e ele ficou pasmo.

-T-tem razão, desculpa Gi – Ele pediu e a abraçou, e ela esqueceu toda a raiva que sentia dele. Afinal, ele não tinha culpa de gostar da Chang. Gina o abraçou, ainda um pouco magoada e sentindo um carinho por ele como sentia pelo seu irmão.

-Desculpa, é que eu fiquei com ciúme por te ver com aquela cobra filhote de comensal – Harry disse, e Gina sorriu. Ele estava se parecendo cada vez mais com o seu irmão.

-Não tem problema – Ela disse, e ele sorriu junto.

-Eu estou com a Cho – Ele disse após um tempo de silencio.

-Eu vi – Ela disse e alargou o sorriso – Parabéns e boa sorte com ela dessa vez, pra que os beijos não saiam digamos... Molhados – Gina disse e ambos riram.

-Valeu Gi – ele a abraçou novamente – Vou indo, porque pelo jeito Cho já está com ciúmes de mim com você. Vai demorar até ela entender que somos quase como irmãos, mas agente convence ela... – Harry piscou pra ela que riu, e foi até o encontro de Cho. Gina secou completamente as lágrimas e foi pra dentro do castelo, mais alegre do que saíra.

Muito mais.

**

Draco chegou atrasado na aula de poções, levando uma reprimenda pela primeira vez do seu professor preferido.

“Maldita fraqueza. Malfoy’s não podiam ser fracos assim” Ele reprimiu-se em pensamento, enquanto assistia à aula evitando até mesmo elogios do professor. Não queria atenção. Não agora que estava meio atordoado com tudo o que acontecera, com o perfume da garota em seu corpo, e ainda por cima tinha que descobrir quem era a garota misteriosa com quem dançara e devolver o livro pra Weasley...

“PUTS, o livro da Weasley!” Ele lembrou-se, e teve uma idéia.

“Quem se importa? O livro é de segunda mão mesmo. Acho que a Weasley nem vai ter mais dinheiro para comprar outro se esse aqui virar cinzas...” Ele sorriu por dentro. Agora assim estava pensando como um Malfoy.

E se ela chorasse, aí mesmo que seria cruel. Tinha que se livrar daquela fraqueza maldita.

**

Gina procurou Malfoy por todos do castelo.

“Aquele maldito ficou com o meu livro” Ela pensava enfurecida, enquanto caminhava com pisadas fortes num corredor.

Até que avistou a cabeça loiro-platinada dele num corredor vazio, exceto por ela e Malfoy.

Então ele entrou no banheiro da Murta. Gina estranhou, mas o seguiu, ficando perto da porta entreaberta do banheiro, ouvindo o que se passava la dentro.

- Isso é um banheiro para garotas – Gina ouviu a voz manhosa da murta falando.

-Pouco me importa – a voz de Draco respondera. O que ele fazia ali?

-O que faz aqui? – Murta perguntou a ele como que lendo os pensamentos de Gina.

-Não te interessa, fantasma intrometida – Ele disse com grosseria – Lacaro Inflamaro – Gina escutou isso e adentrou o banheiro rapidamente, fazendo muito barulho com a porta.

-PÁRA! – Ela gritou, vendo Malfoy prestes a queimar seu livro.

-Por que deveria? Ah, é mesmo... Sua família nojenta não deve ter dinheiro para comprar um novo... – Gina sentiu o sangue ferver, então cerrou os punhos – Mas aí vai uma novidade, Weasley: Eu não me importo – Ele disse e sorriu perversamente.

Então Gina teve uma brilhante idéia.

Começou a lembrar de tudo de ruim que passara, e lágrimas vieram aos seus olhos. Gina notou o olhar de Malfoy sobre si, mesmo que ele tentasse disfarçar, e logo ele afastou a varinha com a ponta em chamas do seu livro.

-Vai Weasley, por que está chorando? – Ele se levantou do chão(estava sentado) e foi até ela, parecendo que não queria realmente fazer aquilo.

Draco se repreendeu por ser tão fraco; mas não conseguia se controlar. As lágrimas o torturavam, mesmo que não fossem suas, e a visão delas trazia um aperto ao seu peito, impossível de controlar.

Gina limitou-se a olhá-lo e abaixar a cabeça, começando a soluçar levemente. Então ele tirou as mãos dos bolsos, que ele colocara por pura impaciência, e a abraçou afagando sua cabeça com as duas mãos, e fazendo-a aninhar a cabeça ao seu peito. Gina sorriu sem que ele pudesse vê-la, já que ele havia encaixado o queixo ao topo de sua cabeça, e colocou as mãos sobre o peito dele, deixando mais algumas lágrimas escorrerem.

Malfoy continuava acariciando seus cabelos, e Gina por um momento se entregou àquele afago. Então empurrou Malfoy bruscamente e correu pegando o livro nas mãos.

“Droga” Ele pensou, sentindo-se cair no chão se costas e ficar com muita dor nelas.

-Acreditou mesmo, Malfoy? Tsc tsc...e eu que achei que Malfoy’s não tinham pontos fracos... – Gina disse cinicamente, na porta do banheiro e olhando pra ele – Bye bye – ela estava quase saindo quando ele a chamou.

-Não, espera – Ele disse com a voz fraca, mas ela pôde ouvir.

-Que é Malfoy? Não se conforma de ser humilhado? Pode se conformar porque... – Gina olhou para o garoto estatelado no chão e ficou pálida. Em volta dele uma pequena poça de sangue se formava – Malfoy, você está bem? – Ela perguntou largando o livro no chão e se ajoelhando perto dele.

-Claro, tanto que não consigo me levantar – Gina bufou e se levantou, pegando o livro novamente.

-Quando deixar de ser um grosso, avisa que eu mando alguém te buscar – Ela disse fazendo menção de ir embora novamente, mas não resistiu em dar uma ultima olhada no rapaz. Ele havia desmaiado.

-Porcaria – Ela se ajoelhou novamente ao lado dele e com o cuidado de não mexer a coluna dele virou-o de bruços no chão, fazendo um feitiço para estancar o sangue logo após de tirar a camisa dele. Acostumara-se àquilo; tivera seis irmãos em casa e eles sempre se machucavam.

Virou-o de barriga pra cima novamente, após o corte ser fechado. Malfoy já voltava a cor normal e agora dormia, mas não podia mexer nele. Poderia estar com algum osso quebrado, e isso não sabia concertar. Também não podia levitá-lo, já que só sabia levitar objetos inanimados, e não sabia se funcionaria com ele ali dormindo.

Notou gotas de suor escorrendo da testa dele, e logo ele começou a murmurar coisas sem nexo, se contorcendo, e fazendo caretas de dor.

Gina colocou uma mão na testa dele, o tempo o suficiente pra constatar que ele estava ardendo em febre. Tinha medo de sair dali pra buscar ajuda e alguma coisa acontecer ao rapaz; apesar de tudo era uma boa pessoa, mesmo que fosse para com seu pior inimigo.

Pegou a blusa ensangüentada dele e foi até uma das pias, molhando-a e torcendo-a, voltando ao lugar e colocando-a sobre a testa do rapaz. Fez menção de sair do lado dele novamente, mas ele a segurou pela mão fortemente.

-Não vai... Não me deixa sozinho – Ela disse parecendo mais vulnerável que nunca. Gina ponderou a questão.

-Eu vou chamar algum professor, ou a enfermeira, alguém tem que te ajudar – Ela disse tentando forçar a firmeza na voz, mas a mesma saía trêmula.

-Eu não quero a ajuda deles. Fica aqui – Ele pediu novamente.

-Malfoy, eu...

-Fica – Ele praticamente implorava, agora. Gina olhou para ele preocupada; e se acontecesse alguma coisa ao rapaz? Bufou e ajoelhou-se ao lado dele novamente, segurando-lhe a mão.

-Tudo bem, Malfoy. Eu fico – Ela disse sem acreditar nas próprias palavras; mas afinal a culpa era dela, ele tropeçara por causa dela. Ela o empurrara. E isso a fazia sentir completamente culpada.

“Quem mandou tentar queimar meu livro?” Ela alfinetou-o em pensamento.

-Mesmo que eu tivesse queimado seu livro, esse seria um castigo demasiado forte mesmo para alguém como eu – Ele disse um pouco risonho ainda segurando a mão dela, e ela bufou.

-Pára de ler os meus pensamentos, Malfoy. Sei que treina legilimencia(N.A./ é assim mesmo que se escreve?) com sua família, mas não é justo testá-la em mim. – Gina disse tentando soltar a mão da dele – E se fizer novamente, eu vou embora – Ele a segurou mais fortemente, mas ela se liberou do aperto da mão dele, se levantando.

-Não, fica aqui, por favor – Ele pediu.

-Malfoy, você está bem consciente, eu vou buscar alguém e pronto – Ela disse se abaixando um pouco e pegando a camisa da testa dele afim de molhá-la novamente, já que estava quente, mas ele pegou sua mão e puxou-a pra cima dele, no que ela ficou em cima do peito nu dele, com o rosto tão próximo que podia sentir a respiração dele um pouco acima dos seus lábios.

-Tem certeza de que eu estou consciente? – Ele perguntou e usou a outra mão para aproximá-la com ela no pescoço da garota, unindo os lábios. Gina hesitou no primeiro momento, mas ao sentir a língua dele tentando abrir espaço entre seus lábios sentiu todas as suas defesas se esvaindo. Correspondeu ao beijo com a mesma intensidade com a qual ele a beijava; com igual urgência, igual sofreguidão.

-Tem razão, você bateu com a cabeça – Ela disse quando separou o beijo, ainda em cima dele. Pôde notar o sorriso malicioso dele enquanto passava a mão por entre suas madeixas ruivas, olhando sua cara de confusão.

-Pelo jeito você está muito bem, não Malfoy? – Ela perguntou, remexendo-se em cima dele, tentando em vão livrar se do braço dele, que se postara em sua cintura, prendendo-a a ele.

-Com a visão que eu estou tendo? – Ele disse cinicamente, ela notou que o decote estava em plena visão pra ele – Estou realmente ótimo – Ele riu vendo-a tentar se desvencilhar.

-Cafajeste – Ela disse no que conseguiu se levantar do peito dele.

-Linda – ele disse isso e ela estancou. Ele realmente não estava bem.

-Malfoy...

-Borboleta – Ele disse e ela entendeu. Ele estava delirando. Não sabia bem desde quando, mas estava.

-Ah, e lá vou eu – Ela disse, se preparando para passar uma noite cuidando de seu pior inimigo.

“Pelo menos a visão aqui de cima é boa” Ela disse a si mesma e sorriu “Céus, estamos a caminho do apocalipse” Ela pensou logo depois, mas não se repreendeu, passou a acariciar o peito dele com uma das mãos, sentindo-o eventualmente estremecer.

“Longa noite, longa noite...” Ela pensou, logo após não conseguindo mais agüentar e adormecendo, deitando-se ao lado dele.

**

Draco acordou com uma sensação engraçada em seu baixo-ventre, e um calor a mais entre seus braços. Abriu os olhos e viu um mar vermelho em cima de si, mas antes que gritasse por pensar que era sangue, ou pior, seu próprio sangue, conseguiu identificar aquilo em cima do seu rosto como cabelo. Com uma mão tirou-o dali, olhando para baixo.

Gina Weasley se encontrava aninhada ao seu peito, entre seus braços. Rosto de anjo, corpo diabólico, mente um pouco dos dois. Aquela menina era realmente uma combinação explosiva... Draco sorriu ao constatar no que pensava, mas na conseguiu se repreender. Fora muito bem tratado pela garota aquela noite, e apesar de sua educação, não fora criado para ser um mal-agradecido...

“E também, isso é tão bom” Draco pensou sem conseguir ponderar sobre a questão. A sensação de tê-la em seus braços era boa, e não conseguia pensar muito bem envolvido por aquele perfume adocicado que exalava da garota. Acariciou os cabelos ruivos com uma mão, ainda sorrindo.

-Já acordou? – Gina disse abrindo os olhos lentamente.

-Reclamou noite passada, mas a visão daqui continua ótima – Ele disse sorrindo maliciosamente, e ela levantou-se dali rapidamente.

-Certo então, isso quer dizer que você não estava delirando. Por que me beijou? – Ela perguntou, ajeitando as vestes.

-Porque deu vontade – Ele disse simplesmente, colocando os braços para cima num ato despreocupado.

-Isso não te dá o direito...

-Weasley, vai dizer que não gostou? – Ela ficou em silencio – Então não reclama porque agente pode simplesmente esquecer essa noite e pronto – Ele disse estendendo um braço, pra que ela o ajudasse a se levantar.

-Certo – Ela disse muito incerta. Não sabia se conseguiria esquecer o beijo, o pedido dele, a sensação de estar em sues braços. E ele pensava da mesma forma.

-Tudo bem então – Ele disse, pegou sua camisa e a vestiu.

-Mas vá a enfermaria antes – Ela disse, o ajudando a colocar uma das mangas da camisa branca suja de sangue.

-Não acho necessário – Ele disse, vendo-a arrumar seu colarinho e abotoar a blusa manchada – Minha enfermeira foi ótima, noite passada – Ele disse e ela corou.

-Você disse que ia esquecer – Ela pegou o livro do chão.

-Então eu me corrijo: eu finjo que esqueço. O que não me impede de lembrar... – Ele levantou o rosto dela com uma das mãos e passou-a pelos lábios da garota – De desejar... – Ele colou os corpos de ambos com uma das mãos – De fazer... – Ele colou os lábios dos dois rapidamente, e logo saiu dali, deixando-a atordoada.

-Também não me impede Malfoy... – ela disse sozinha – Mas ainda sou uma Weasley nojenta, lembra-se? – Ela perguntou ao ar cinicamente, e então saiu dali, após pegar o livro que havia deixado cair no chão novamente.

Aquele Malfoy; se ele a xingasse novamente ia ver só.
Ela também sabia ser má.
E não hesitaria.

“Não mesmo” Ela pensou, passando direto pelo irmão que estava no salão comunal da grifinória, e subindo para seu dormitório para tomar um banho. Aquilo não ficaria assim.

**

Gina abriu o livro na pagina onde havia deixado a rosa, no dia seguinte ao ocorrido, e de ter se prometido esquecer tudo aquilo. Mas sua rosa não estava lá.

“Maldito Malfoy” ela pensou, indo a direção às masmorras do Snape, que ela sabia que era de onde ele saía, já que fazia aula com os grifinórios do mesmo ano que ele, e conseqüentemente, com seu irmão.

-Malfoy – Ela chamou-o, ao reconhecer a cabeça louro-platinada dele no meio de Crabbe, Goyle e mais um grupinho da sonserina.

-O que foi Weasley fêmea? Fale logo antes que eu vomite – Ele falou e vestiu seu sorriso escárnio.

-O que fez com a minha rosa? – Ela perguntou à ele, que riu.

-Essa daqui? – Ele perguntou, mostrando uma rosa completamente murcha.

-Malfoy você não... Não pode ter feito isso – Lágrimas foram aos olhos da garota. E agora? Era a única lembrança que tinha do rapaz misterioso do baile, e o Malfoy acabara de estragá-la.

-SEU MALDITO! – Ela gritou e se atirou em cima dele, tentando agredi-lo de qualquer maneira. Mas foi segurada pelos capangas dele pelos braços, e não conseguiu alcançá-lo.

-Que é Weasley? – Ele disse debochadamente – Será que não tem dinheiro nem pra ir até os jardins e pegar outra? Ah, me esqueci... Esse sapato deve ser seu único, não é? Daí você tem que poupar a sola dele, já que não vai poder comprar outro até sair do colégio... – Ele ironizou, e os sonserinos riram de modo forçado.

-Não Malfoy, não é nada disso – Ela disse com as lágrimas cortando seu rosto – Essa rosa não tinha preço... Não tinha – Ela disse com voz fraca, mas Draco notou algo errado. O que saía dela agora não era mais água pura e simplesmente. Era um líquido viscoso, avermelhado, que cortava e manchava o rosto da garota, deixando-a com um aspecto mórbido.

-Lágrimas de... Sangue? – Ele deu dois passos pra trás enquanto ela o encarava firmemente, e os capangas dele a soltavam ambos assustados.

-Malfoy – Ela disse firmemente e Draco sentiu um calafrio. – Você vai pagar – Ela disse e ele tremeu involuntariamente. O olhar dela o perfurava, as lágrimas o afogavam, ele não sabia dizer o que estava acontecendo, só que de uma hora pra outra se viu acuado contra a parede, com medo daquela garota.

-Weasley eu... – ele tentou explicar, mas ela fez um sinal com a mão, impedindo-o de falar.

-Não Malfoy. Deixe-me explicar uma coisa pra você. Você pode simplesmente espalhar essa história pra todo o colégio; não me importa mais – Ela disse, e ele espantou-se. Os olhos dela, antes verdes, se tornaram tão vermelhos quanto as lágrimas de sangue, que ainda escorriam.

“Há alguns dias houve um baile nesse colégio. Um baile tão lindo quanto eu nunca havia visto, muita comida, bebida, um lugar esplendido. O meu lugar esplendido, o meu colégio, onde passei e ainda vou passar bons anos.

Mas foi nesse lugar que me apaixonei pela primeira vez. Uma paixonite boba, eu admito, mas eu acreditava amar Harry Potter, e nada me impedia disso, ele era lindo, legal, simpático, bom, e tudo o que você nunca nem sonharia em tentar ser. Mas ele era isso tudo tão normalmente, sendo tão perfeito pro meu mundinho cor-de-rosa que eu parei de viver por mim. Vivia somente para ele, para agradá-lo, ajudá-lo, impressioná-lo de alguma forma. Enfim, eu vivi em função ao menino Potter”

-Weasley, não estou aqui para ouvir declarações suas ao Testa Rachada – Draco disse mas estremeceu, ao ver que mais lágrimas começaram a escorrer alucinadamente pelo rosto alvo da ruiva, turvando a pele clara. Aquilo estava assustando-o.

-Cale-se – Ela ordenou firmemente, e ele se calou – Eu amava o Harry, mas ele começou a ficar com a Changalinha, como eu a chamava.

“Mas daí veio aquele baile. Harry não estava com Cho, e sim com a Patil, e eu achei que tinha alguma chance. Mas não, ele ficou parado a festa inteira. E eu com o Neville” Ela disse “ Não que eu tenha algo contra ele, claro que não, ele é meu amigo. Mas não era realmente com quem eu queria estar àquela noite.

Então algo aconteceu. As luzes se apagaram, mas a musica continuou. E então um total estranho me levou até o meio da pista, onde se formara um buraco, e começamos a dançar uma música. Minha música.

Posso lhe dizer que foi quando me entreguei pela primeira vez. Sentia meu corpo vibrando à cada toque, a cada passo. Minha vontade era de agarrá-lo e levá-lo para qualquer outro lugar, para ficarmos juntos. Mas insistimos naquele joguinho; e afinal; era minha musica.

Dentre um passo e outro, beijos. O primeiro, mágico, mas o primeiro, em todos os sentidos. Meu primeiro beijo foi dado por um estranho que dançava salsa comigo.” Ela disse, e ele estancou. Então era a Weasley a mulher quente com quem dançara no dia do baile?

-Mas então Malfoy, quando cheguei ao dormitório, havia algo mais na minha roupa. Uma rosa. Essa rosa – Ela apontou para a rosa seca nas mãos dele, secando uma das lágrimas com a manga da camisa, sem se importar – E ela era a única lembrança que eu tinha desse garoto misterioso. E VOCÊ ACABA DE ESTRAGÁ-LA! – Gina gritou e seu cabelo começou a esvoaçar, mas foi impedida por uma voz.

-GINA NÃO! – Ron chegara pela outra ponta do corredor, junto com Harry.

-NÃO PRA VOCÊ RON! NÃO ME IMPEDIRÁ DE FAZER O QUE QUERO! – Ela berrou e fez um movimento com a mão, fazendo os garotos simplesmente serem empurrado contra a parede, inconscientes.

-AGORA MALFOY, EVERTERE* – Ela fez um movimento com as mãos e ele começou a levitar, sentindo-se sufocado. E então algo caiu do casado dele, indo ao chão.

Gina olhou para o objeto com curiosidade, mas de longe não conseguia ver. Caminhou ainda com uma das mãos para cima, mantendo Malfoy lá no alto, e foi até lá para ver o que era.

Quando percebeu o que era, Gina fez um movimento e deixou Malfoy cair no chão, os olhos voltando a serem verdes e os cabelos parando de esvoaçar. Lágrimas de verdade povoaram seus olhos e faces, purificando-os do sangue de ódio.

-Minha... Rosa – Ela disse com um fio de voz, pegando a flor como se fosse a coisa mais importante do mundo para ela. Abraçou a rosa, e Draco massageou o pescoço, olhando-a e se levantando.

-Eu não acabei com a sua rosa, ta bem? Não sei por que, mas senti que te devia uma, então não o fiz. – Ele estendeu uma mão para ajudá-la a se levantar, a qual ela ignorou – Mas agora juntei as peças. – Ele disse e ela o olhou como se ele fosse um maluco.

-Como assim? – Ela perguntou, passando as pétalas da rosa em seu rosto (NA: não, não é maluquice, é bom de fazer mesmo ;D).

-Weasley, deixa de ser burra. A rosa – Ele apontou para a rosa que estava nas mãos dela – As marcas – Ele colocou um dedo afastando um pouco a blusa dela do decote, sob os protestos dela, mostrando as marquinhas do espinho da flor – A distração... Você era a garota com quem eu dancei no baile. – Ele suspirou, passando uma mão nos cabelos – Você, pobretona Weasley fêmea sete, amiga do testa rachada, da sangue ruim e do Weasley, foi a garota que eu não consegui parar de pensar nem por um segundo. A garota que me atormentou em sonhos por dias. A garota que eu desejo e temo ao mesmo tempo – Ele disse e se encostou à parede, deslizando até o chão.

-Por que teme? – Ela perguntou ainda atordoada com tanta informação num pouco espaço de tempo.

-Por que eu temo me envolver. Temo o afeto, o carinho. Mas acima de tudo, temo o amor – Ele disse e suspirou cansado, passando as duas mãos pelos cabelos loiros num gesto de impaciência. Muita, muita impaciência.

-Você me ama? – Ela perguntou embasbacada, se ajoelhando ao lado dele.

Ele observou-a sem dizer nada. Sim, a amava. Amava o jeito que ela fazia as coisas, suas atitudes, seu sorriso, sua aparência. Amava tudo naquela garota.

O que mais o assustava, é que aquilo não lhe parecia errado.

-Você me ama? – Ela repetiu a pergunta, olhando-o impaciente.

-Amor... Omnia... Vince – Ambos ouviram uma voz fraca na frente deles, e Gina reconheceu a voz como sendo de Harry. Gina sorriu e sentiu mais lágrimas deslizarem por sua face.

Aquilo tudo fora uma farsa. Malfoy não a amava. E o pior, Malfoy era o cara por quem se apaixonara. No máximo ele tinha desejo por ela, mas nunca amor. Seu conto de fadas acabara.

Para sempre.

-Amo – Ela ouviu uma voz perto de si dizer, e se assustou. Como assim?

-V-você m-me...

-Amo. Simplesmente amo. – Ela olhou embasbacada para o loiro ao seu lado. Ele tinha os dois olhos arregalados e o rosto numa expressão de horror.

Não hesitou. Logo após seu cérebro acabar de processar a mensagem, Gina sorriu e o beijou.

Então ambos não tiveram mais dúvidas. Não havia o que duvidar. Não havia realmente o que temer.

-Amor Omnia Vince – ela repetiu as palavras do amigo, logo após se separarem.

-Nunca pensei que eu fosse concordar com o Testa Rachada – Ele disse sorrindo e a beijou novamente.

Beijos eternos, eternidades em minutos, dias em segundos. Tudo entre os dois parecia pertencer a um universo alternativo, onde uma musica os guiava num ritmo incontrolável, retumbante e latente em seus corações, guiando cada gesto, cada palavra, cada carinho. A musica os guiava suavemente até o final do rio onde se atiraram, esperando que a correnteza os levasse.

O amor surgido do ódio começou ali, naquela mesma batida, naquela mesma intensidade. Essa é a história de Gina Weasley e Draco Malfoy.

Porque não há nada como uma boa salsa.

Acredite se quiser.

FIM

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*Evertere quer dizer flutue(ou algo assim) em latim.

Fic e idéia por Lady Mona.

VALEU AMIGA!!

E COMENTEM!

:*

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