Mais ou menos um ano atrás...

Mais ou menos um ano atrás...



Mais ou menos um ano atrás...

Bom... Sabe como é... Quando chega ao fim que a gente sempre pára pra pensar no começo, não é mesmo? O nosso começo foi ótimo, eu achei, pelo menos. E se eu vou tentar te fazer entender tudo que você não foi capaz de entender durante esse último ano, é melhor começar pelo começo MESMO. Oh, doce e distante começo.
Vou frisar o fato de que eu não sei se foi a um ano atrás, isso não importa e eu não lembro direito. Você também não deve lembrar. A questão é que... Foi a mais ou menos um ano atrás que tudo, tudo começou. Eu já tinha passado um bom tempo longe de Hogwarts e muito mais tempo longe de você, longe de meus irmãos, longe de Hermione Granger e longe de Harry Potter. Eu estava muitíssimo ocupada na emergência do hospital para trouxas no qual eu trabalhava quando um Zé ruela qualquer entrou grunhindo de dor numa cadeira de rodas gritando que não queria ser atendido naquele hospital de forma alguma. Eu fui designada para atender o qualquer e não tinha muita escolha. Lá fui eu...
Você não me foi muito familiar primeiramente, juro. Mal te reconheci. Eu sei que você era tão desagradável e tão mal educado quanto eu lembrava em Hogwarts...
‘Eu não preciso da sua ajuda, dona’, você disse. Eu ignorei e fui falar com o outro cara que te acompanhava, ele disse que tinha te atropelado acidentalmente porque você andava como se fosse dono da rua. ‘Você só teve uma lesão na perna, Sr, nada de importante. Só um curativo basta’.
Você parecia tão “machão” e tudo mais, só que quando eu encostei na sua perna escutei um dos gritos mais femininos de toda minha vida. Sorri. Mais ou menos meia hora depois eu te entreguei a ficha para você assinar e tudo mais... Então você disse algo como ‘Weasley?’.
‘Sim. ’, eu disse.
‘Virginia Weasley?’, você repetiu.
‘Sim, sou eu. ’, eu repeti, confusa.
‘Não lembra nadinha de mim?’, você falou, com um sorriso cínico no rosto, me entregando a prancheta de volta.
‘Não, quem...’, eu disse, enquanto batia o olho pelo papel, pouco concentrada nas duas coisas. ‘Malfoy? Draco Malfoy?’, eu falei quando li seu nome, por fim.
‘Quem te viu, quem te vê...’, você disse, me olhando de cima à baixo, isso foi profundamente irritante, se quer saber. Eu não disse nada e treinei minha mais clássica cara de desprezo, considerando que eu não cultivava nenhum pouco de interesse em confraternizar com um Malfoy. Quando eu estava prestes a sair da “sala”, você segurou meu braço e disse ‘Gina, certo? Era assim que te chamavam?’. Eu acenei positivamente com a cabeça e você não parecia querer soltar meu braço.
‘Pode me devolver meu braço?’, disse eu.
‘Você faz mesmo questão?’, você disse.
‘Faço. Mesmo.’, eu disse. Você não soltou.
‘Janta comigo hoje?’, você disse. Fiquei totalmente estática sem saber o que fazer. Por alguma razão inexplicável, por causa de alguma força superior do universo que me possuiu eu não consegui pensar em melhor resposta do quê:
‘Se você soltar meu braço, sim.’. E você soltou. E eu jantei com você. E eu nunca entendi por que eu disse sim, você era um Malfoy! Eu era uma Weasley! Nós fomos numa cantina italiana num bairro trouxa na esquina do meu apartamento, eu nunca tinha ido lá. O que realmente me surpreendeu, considerando que eu achava que você jamais entraria numa espelunca daquelas, como você mesmo definiu algum tempo mais tarde. Tinha uma parcela de certeza de que você pediria licença para ir ao banheiro e voltaria com uma 12 atirando na minha cabeça. Eu lembro que você usava uma calça jeans desbotada e uma camisa preta com os botões de cima abertos, como você usava a camisa na época de Hogwarts. Eu lembro que você disse que eu estava bonita e que meu vestido preto realçava meus olhos, o que na verdade não podia fazer sentido, meus olhos eram tão castanhos quanto hoje. Eu sei também que a primeira coisa que eu disse quando te encontrei para jantar foi: ‘O que estamos fazendo aqui?’, e você demorou um bocado de tempo para dizer: ‘Qualquer coisa que você quiser fazer, Weasley’. Você me chamara de Weasley e eu te fuzilei na minha cabeça, porque eu detestava quando me chamavam pelo sobrenome.
‘Quer dizer que se eu quiser ir embora eu vou, Malfoy?’, eu disse.
‘Aposto que se usar a sua imaginação você pode pensar em algo bem melhor pra fazer... Virginia. ’, você respondeu e eu senti um arrepio assustador subindo por minha espinha que nunca mais me deixou em paz desde então.
‘Você deve ter realmente esquecido quem eu sou, ou quem você é. Não é possível.’, eu disse.
‘Quem somos? Pra mim não tem nada impossível aqui.’, você disse.
‘Eu sou Gina Weasley! Você é Draco Malfoy! Não podemos ter nenhum pingo de relação amigável entre nós!’, eu disse.
‘Pode ficar tranqüila, Gina Weasley. Relações amigáveis não era exatamente o que eu tinha em mente. ’, você disse com um sorriso maroto no rosto, puxando a cadeira para eu sentar.
‘Que gentil da sua parte’.
‘Eu sei’, você se sentou e continuou olhando furtivamente pra mim, mesmo quando pediu nossas bebidas. Aquilo era a segunda coisa que mais me irritava profundamente, seus olhares furtivos. ‘Você só veio aqui hoje pra eu soltar do seu braço?’, disse você tomando um gole de seu Martini seco.
‘Sim’, disse eu. Claro que era mentira, você sabia disso. Era um motivo bem idiota pra sair com alguém que se odiara a vida inteira. ‘Não. ’, completei.
‘Eu sabia!’, você disse, com um sorriso triunfante. ‘Então por que foi que veio?’
‘Pra poder descobrir porque você tinha convidado’, respondi.
‘Acho que estava subentendido no convite, Virginia.’, você disse.
‘Vai que você, na prática, não teria coragem nem de puxar a cadeira do restaurante. ’, eu disse, obviamente querendo te irritar.
‘Tá me chamando de frouxo?’, você perguntou, inclinando-se na minha direção.
‘E se estiver?’, eu disse, rindo internamente. Você “relaxou” na cadeira, mas ficou eufórico de novo, apontou para um garçom e pediu a conta. ‘Já estamos indo?’, eu perguntei.
‘Prefere que eu te diga pra me encontrar no banheiro?’, você disse. Eu não tinha o que responder, abaixei a cabeça. ‘ Você falou que mora perto daqui, certo?’, acenei positivamente com a cabeça sem entender o propósito da pergunta. ‘Ótimo.’.
Antes que eu pudesse entender o que estava acontecendo, você já tinha se levantado e segurava minha mão, guiando-me em direção à rua. ‘Pra lá?’, você disse.
‘O quê?’, perguntei.
‘Sua casa, ué. Pra lá, certo?’, disse que sim. Você continuava, tão apressado quanto antes, a ir em direção à minha porta. Quando chegamos mal tive tempo de cumprimentar o porteiro, você já estava na porta do elevador.
Chegamos no meu andar, fui para porta da minha casa e abri minha bolsa para pegar a chave. Assim que abri a porta e coloquei a chave no bolso você, sem pensar duas vezes (pelo que me pareceu), me empurrou contra a parede da sala e disse.
‘Aposta quanto que a frouxa vai ser você?’, e começou a me beijar como eu nunca tinha sido beijada. Parecia que você precisava de mim, Draco. Eu sentia como se precisasse. Eu continuei pensando que você precisava por muito tempo, por sinal. Mas você nunca precisou nem mesmo um pouquinho de mim, não é? E mesmo assim fez com que eu precisasse tanto de você! Eu te queria mais do que qualquer coisa. Eu precisava de você mais do que precisava de água! Você, durante muito tempo, foi o ar que eu respirava, foi a música que eu ouvia, era a novela que eu assistia sem querer perder nenhum episódio, você era tudo pra mim e me fez pensar que eu era tudo pra você. Eu caí direitinho. Você até disse que me amava, um dia. Uma vez só. Eu dizia que te amava todos os dias... Tudo que você fazia era me dar um beijinho simpático e só... Com aquele seu ar de “estava subentendido no beijinho simpático”... Como eu não percebi antes que você estava distante? Tão, tão distante.
Quando tudo começou, Draco, tudo parecia tão novo pra mim. Tão... Espontâneo, tão... Era divertido passar tempo com você! Eu nunca sabia o que você estava pensando e, no começo, eu adorava isso, porque você sempre acabava me surpreendendo. Aquela noite, aquela noite depois da cantina, foi tão absolutamente perfeita e especial pra mim que eu me sinto até idiota de escrever desse jeito, parecendo uma bobinha na noite de núpcias no século dezenove... A questão é que eu não esperava nada daquilo, você me pegou de surpresa. Eu lembro de todo gesto seu, de cada gota do seu suor, de cada palavra que me disse entre um beijo e outro, eu lembro de como cada mecha do seu cabelo caia sedutoramente na sua testa... Eu lembro, Draco.
Eu também lembro que eu acordei na manhã seguinte na maior ressaca de todos os tempos. Você me abraçava como se não fosse me soltar nunca mais. A gente tinha dormido no tapete da sala e eu nunca dormia no tapete da sala. Eu nunca esquecia de abrir a cortina antes de ir dormir e a cortina estava fechada. Tinha umas quinze latas de cerveja jogadas pelo chão e eu nunca bebia mais do que uma cerveja por dia. Eu devia ter visto naquela noite quão mal você fazia pra mim, como tudo tava bagunçado e como eu não parecia eu mesma! Mas eu acabei querendo ser esse meu “novo eu” que eu era perto de você o tempo inteiro. Eu queria que você me fizesse mal e eu queria que você me bagunçasse. Eu não queria nunca acordar e sair daquele abraço que você me deu, Draco, de verdade. Teve tantas vezes que eu quis que você me abraçasse daquele jeito de novo... Tantas vezes! Bom... Mais ou menos uma hora depois você acordou. Eu estava olhando para você.

‘Não gosto que me vejam dormir’. Você disse
‘Bridgite Jones também não.’ Disse eu.
‘Quem?’ Você perguntou.
‘Ah, você sabe. Bridgite Jones Diary. Ela não gosta que o Mark a veja dormindo... Ou é o Mark que não gosta que a Bridgite olhe pra ele? Hum...’ Você continuou com a mesma cara de quem não tinha entendido nada.
‘Quem?’
‘Nada, deixa pra lá. ’
‘Bom dia. ’ Você disse.
‘Bom dia. ’

Ficamos em silencio, lá, nos encarando, durante um bom tempo. Sem dizer nada... Sem fazer nada... Sem pensar nada... Pra mim é assim que você vê se você realmente gosta de alguém. Se você consegue se sentir absolutamente confortável na companhia de uma pessoa sem que ninguém diga nada ou se entedie facilmente ou... Bom, só lá, parado com ela, do jeito que estávamos... Quer dizer que está é a pessoa pra você. E isso não é algo que acontece duas vezes, pode ter certeza. Não é MESMO.

‘Está com fome?’ Você perguntou.
‘Não. ’ Disse eu, parando para pensar, ‘Sim... ’ Você riu.
‘Quer levantar?’, Perguntou.
‘Sim. ’ Disse. ‘Não... ’ Você riu mais ainda. Isso era bem freqüente naquela época, não era? Nós dois ríamos juntos, não ríamos? Eu sei que sim. A gente se divertia, o porquê eu desconheço, mas eu sei que a gente se divertida. As minhas piadas nunca foram das melhores, mais você ria delas. As suas também não eram tão boas assim, se quer saber a verdade, mas eu fingia que achava engraçado e não era nenhum sacrifício, já que a sua carinha de satisfação por ter-me feito rir valia qualquer esforço. Eu lembro que você também nunca sabia quando era a hora de terminar uma piada e ficava prolongando e prolongando quando via que esta fazia sucesso, isso era algo irritante, profundamente irritante, mas era tão fofo! Tinha bastante coisa irritante sobre você, ser quer saber, mas naquela fase, no começo, no meio, até perto do fim, era tudo facilmente suportável desde que você me desse um beijo depois.


Eu me levantei, sob seus protestos (e sobre seus puxões do lençol, que foram responsáveis por enorme constrangimento) e fui fazer torradas. Adorava torradas. Hoje não consigo mais comer torradas, já que sei que você fazia torradas de outro jeito que só você fazia e me acostumei com essas torradas. As minhas não ficam tão boas e agora todas as torradas não parecem boas o bastante, curiosamente... A única coisa que você realmente afetou em mim foram meus hábitos alimentares que foram de mal à pior. Obrigada.
Bom... Você se levantou e resolveu me fazer as suas torradas, dizendo que eram bem melhores do que as minhas...

Todo esse papo de torrada não importa, no fim das contas. Eu nem lembro muito bem do que aconteceu... Sério. Eu sei que você teve que ir embora, e eu tive que ir trabalhar também... Aquele foi um dia muito estranho no hospital.

‘Bom Dia, Gina!’, disse uma colega minha. Louis, era seu nome.
‘Bom dia, Lou!’.
‘Nossa! Que bom humor... Geralmente, a essa hora você está um trapo...’
‘Puxa, obrigada. ’
‘Não, sério! Que bicho te mordeu?’
‘Ah... Ninguém... Digo, nenhum. ’
‘Ahá! TEM UM ALGUÉM!’, é. Tinha um alguém. Não tinha tido um alguém há muito tempo, se quer saber. E foi ai que eu notei que não era somente impressão, você me fazia bem e as pessoas começavam a perceber isso também. Foi um dia cheio de “como você está bonita hoje”, ou “noite ontem foi boa, hein.”... Até a hora que eu voltei para casa. Era tarde e eu me joguei no sofá assim que entrei. Tinha um botão no chão... Era um botão seu. Você tinha dito que iria me ligar e, até aquele momento, não tinha muita esperança que você ligasse. Pra ser sincera, eu achava que você nunca mais ia dar as caras e a vida voltaria ao normal. Mesmo assim, eu fiquei encarando meu celular durante uns trinta minutos esperando, até que você ligou.

‘Te acordei?’, você disse.
‘São onze horas’, eu disse.
‘Você roubou meu botão. ’
‘Eu não roubei! Ele tá aqui... De refém. Quer dizer que, se você quiser recuperá-lo, vai ter que vir aqui me ver de novo. ’
‘Eu posso ir ai te ver de novo mesmo não estando muito interessado no botão?’
‘À vontade. ’
‘Ok, to indo!’
‘Não! Hoje não. ’
‘Por quê?’
‘Amanhã tenho que acordar cedo... ’
‘Ah... Que pena’
‘Também acho’. – Achei que você tinha feito menção a desligar, então... Foi o que fiz também.
‘Hey, não precisa desligar... ’
‘Ok, não desligo’.
‘A menos que queira desligar... ’
‘Não quero!’
‘Que bom’ Você disse. Minutinhos de silêncio... ‘Como foi seu dia?’
‘Foi bom. ’, respondi. ‘ E o seu?’
‘Podia ter sido melhor... ’, murmurou de volta. ‘ Sempre pode ser melhor’.
‘Nem sempre... ’, eu disse. ‘Ontem a noite não podia ter sido melhor’.
‘Fato. Não tinha pensado nisso’.
‘É só nisso que tenho pensado’
‘Que bom saber disso, Virginia’.
‘O que você tá fazendo agora?’
‘Eu? Eu estou me levantando pra encher a minha taça de vinho... E você?’
‘Nada. Absolutamente nada. ’

Eu gostava disso. De falar sobre nada com você. De passar um tempão sem falar sobre nada... De passar um tempão sem falar. Só saber que você ouviria se eu tivesse algo pra dizer já era infinitamente confortador e nada nunca tinha me feito sentir tão bem quanto ter essa certeza. Eu tinha. Era verdade? Só pra saber, mesmo. Você ouviria? Ouviria a qualquer coisa que eu dissesse? Eu ouviria a você. Eu ouvi, por sinal. Tudo que você tinha a dizer e, devo acrescentar, você deu crédito demais a você mesmo, não era tudo aquilo. Sim, você encheu os meus ouvidos com algumas boas verdades, mas... Mesmo assim, eu não precisava saber de metade daquelas coisas. Se você queria me deixar, deixava logo. Discurso 100% desnecessário. A partir daquele momento eu comecei a concluir que você não escutaria nem um terço de TUDO que eu sempre quis falar na tua cara, mas sempre fui educada o bastante pra me conter... Agora você vai ter que ler tudo, até o final. Porque eu tenho certeza de que você vai querer saber como acaba. Prometo que vou deixar o final delicioso de se ler, não vá se entediar no caminho. É nossa história, Draco. Se for tão entediante, a culpa é nossa... Mas uma vez, por sua causa eu passei essa história na minha cabeça várias vezes, dessa vez vai ser você. E como eu também já estou cheia de deixar você acreditar que o SEU ponto de vista é o certo... Bom, é só mais um super motivo pra você não se entediar tão rápido.

‘Meu vizinho tá dando uma festa’
‘Porque não está lá?’
‘Não fui convidado’
‘Que pena. ’
‘Nem tanto... Ele é um chato. Tipo, um chato de verdade. E da ultima vez que eu fui numa das festas de natal dele... Bom... Digamos que eu nunca bebi tanto álcool sem conseguir, de qualquer forma, ficar bêbado... Concordemos, havia algum problema muito sério com aquele champagne. ’
‘Ou com você... ’
‘Não, eu não tenho problemas. Acho que era o champagne mesmo’
‘Onde vai passar o natal, por sinal?’
‘Aqui, onde mais?’
‘Achei que poderia passar com tua família. ’
‘Ah, não. Não... Não... E você?’
‘Pretendia... Mas minha mãe me mandou uma coruja... Eles vão todos pra Romênia, com meu irmão e os dragões... E eu preciso ficar a postos caso o hospital precise de mim, então... Vou ficar aqui. ’
‘Não é tão mal quanto parece’
‘Não mesmo’
‘O que pretende fazer, então?’
‘Alugar uns filmes de terror bem trash e tomar bastante tequila. ’, exatamente como Hugh Grant em About a Boy. Não sei se nesse ultimo ano você me conheceu o suficiente pra aprender quem é Hugh Grant e o que é About a Boy, pelo menos deveria. Eu, diferentemente dele, acredito que todo homem é uma ilha, não um arquipélago. Todo homem é uma ilha... Toda mulher é um barco... Nós nos aventuramos na turbulenta jornada até a ilha e, quando chegamos lá, somos bombardeadas ou com canhões ou com impostos e temos que sair correndo antes que sejamos destruídas... Eu resolvi virar uma ilha. E qualquer homem que quiser se aproximar da minha ilha terá que se tornar um barco... Cansei de ser bombardeada e cansei dos impostos... ‘ E você?’
‘Aparecer na tua casa sem pedir com antecedência e beber mais tequila do que você, saindo de lá só depois do ano novo. ’
‘Parece divertido. ’
‘Eu te conto como foi’, nós rimos. ‘Sabe do que eu to afim?’
‘Não’
‘De descer rapidinho e roubar uma das bebidas alcoólicas sem álcool do meu visinho politicamente correto... ’
‘Pra quê?’
‘Pra beber com você. Você não tem uma cerveja sobrando ai?’
‘Ahn... Tenho’
‘Pronto. Se não podemos beber juntos... Bom, não vou ficar de um lado da linha bebendo sozinho, isso é coisa de alcoólatra. Eu bebo aqui, você ai... Tá ótimo.’
‘Porque precisa ser uma do seu vizinho?’
‘Pra ser mais legal, dã. ’
‘Claro, era óbvio. ’
‘Hey, Gin... Qual é teu filme favorito?’, você tinha me chamado de Gin. Por Merlin, aquilo foi perfeito! Foi a definição de perfeito, sem exagero!
‘É um filme trouxa, você não deve conhecer’, respondi.
‘Se você me disser eu posso assisti-lo e, então, passar a conhecê-lo’.
‘Você primeiro’
The Godfather
Closer
‘Se você acredita em amor a primeira vista nunca vai parar de procurar, hein?’
‘Exatamente. ’ Você conhecia o filme mais perfeito de todos os tempos... Isso, com certeza te rendeu alguns pontos a mais. ‘Desistiu de roubar seu vizinho?’
‘Nop... Estou no caminho’
‘Por que todo homem gosta de The Godfather?’
‘Por que... The Godfather é a fonte de todo conhecimento!’
‘É só mais um filme de mafiosos e caneloni... ’
‘É muito mais do que isso! Nos outros filmes de mafiosos e caneloni todo mafioso parece só um cara sem noção, uma máquina de matar que não gosta de ninguém. The Godfather nos dá uma visão muito mais real, muito mais humana dos mafiosos, eles são gente também, sabia?’
‘Prefiro Scarface
‘Outra coisa completamente diferente’, você disse. Você sabia de filmes. Isso era tão legal sobre você. A gente conseguia ficar um tempão falando de mafiosos e caneloni, né... Era muito legal mesmo. A gente não tinha aquelas bobagens de discutir relacionamento. Detesto discutir relacionamento. Se tem que discutir, é porque tem que acabar. E todo homem fala que mulher gosta de discutir relacionamento... 'Cerveja a postos?'
'Uhum', eu disse, abrindo a minha lata. 'Um brinde...'
'A quê?', você perguntou.
'Ao seu botão.', respondi.
'Certo. Ao meu botão. Saúde.'
'Saúde', tomei um gole um tanto quanto generoso. ' O que você quer de natal?'
'Como assim?', você disse.
'Se você vai aparecer na minha casa, sem aviso prévio, pra beber a minha tequila, tenho que te comprar um presente.', respondi. Era tão simples...
'Eu quero você embrulhada em cetim vermelho...'
'Providenciar o cetim pode ser um pouco complicado.', eu disse.
'Ah, esquece o cetim! Quero você, Gin. Quero você tanto... Mais do que quis qualquer outra coisa.'
'A gente mal se conhece, Draco.'
'Já conheço você o bastante pra saber que você é mais do que qualquer uma que já conheci por completo.', você tinha ensaiado essa, não tinha?. ' Deixa eu te conhecer, Gin? Deixa eu te conhecer pra sempre.'
'Pra sempre é muito tempo'.
'Não chega nem perto de suficiente pra ficar perto de você', aquilo tava aumentando pra caramba meu auto-estima, sabe... E eu sei que você tava fazendo de super propósito. Sabe, Draco... Sempre soube como deixar uma guria louca por você, não foi diferente comigo.
'Pára com isso'
'Não dá pra evitar, Gin. Acho que to apaixonado por você.'
'Não tá não'
'Mas vou estar logo, logo'
'Eu não deixo.'
'Não pode me proibir', você disse. Você estava? Quero dizer... Você estava apaixonado por mim? Perto disso, pelo menos? Você se apaixonou mesmo, no fim das contas, ou fui só eu, Draco?
'Porquê?'
'O quê?'
'Porque quer se apaixonar por mim?'
'Não é o tipo de coisa que se quer. É o tipo de coisa que realmente não se pode evitar. Você é apaixonante, Gin.'
'Não mais do que qualquer outra pessoa'
'Você que pensa. Ou então fez alguma poção pra me deixar desse jeito. Já conheci várias outras pessoas, Gin, e nenhuma delas conseguiu fazer com que eu ficasse assim.'
'Se você continuar falando desse jeito eu vou acabar acreditando, Draco. Aí você vai ver como é difícil se livrar de mim.'
'A última coisa que vou querer enquanto estiver vivo é me livrar de você, linda'
'Pára com isso, Draco. Posso usar tudo contra você, sabia...'
'Acho que prefiro correr o risco.'
'Tá... Parece muito clichê, mas... Você não acha que tá indo rápido demais?'
'Eu não faço o tipo que tem certeza das coisas, sinceramente. Só que desde a noite passada, Gin... Juro que sei o que estou sentindo, e nesse momento é que você é perfeita demais pra ser verdade. Dá uma chance pra eu mudar de idéia, pelo menos.', rimos. Rimos demais.
'Ah, vai. Eu não quero que mude de idéia.'
'Não vou mudar, fique tranquila.'
'Tenho que desligar, Draco. Amanhã tenho que acordar cedo'
'É, você disse. Tem que ir mesmo?'
'Tenho, mesmo.'
'Poxa...'
'Eu sei.', eu disse. Realmente não queria desligar.'Amanhã nos falamos, ok?'
'Promete?', você era tão bobo. Era muito bobo.
'Prometo', eu não queria desligar. 'Boa noite, Draco.'
'Boa noite.', você disse. Eu realmente não queria desligar. 'Te amo, Gin'.

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Comentários (1)

  • Isis Brito

    Meu Merlin!! Que perfeito!! *------* Eles eram perfeitos!! Por que teve que acabar?? =( Ah, continua, vai! Tá incrível!! xD

    2011-12-20
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