Gelo em Hertfordshire
As semanas se passaram sem que houvesse grandes evoluções no quadro de afastamento de Rony e Hermione. Harry já estava ficando visivelmente extenuado de tentar encontrar um modo de conviver com os dois juntos, mas de maneira separada. Para agravar a situação, o garoto deveria se concentrar na terceira prova e sua preocupação principal residia em, ao menos, manter-se vivo.
Embora ainda se sentisse estranho perto de Cho, Potter agradecia secretamente por não brigar com ela da mesma forma que os amigos faziam. Era verdade que ele não conseguia sequer pronunciar uma frase completa, quando a garota se fazia presente. Contudo, Harry começou a achar a maneira de gostar de Ron e Mione demasiadamente trabalhosa para que sentisse vontade de se aventurar em algo parecido. Para ele, bastavam os riscos que a sua própria existência já lhe tinha imposto. Estava decidido a não provocar ainda mais a sorte.
Parecia, no entanto, que a mesma sorte estava disposta a pregar peças naquele fim de semana frio. Haveria apresentações em um condado bruxo situado a 15 quilômetros de Hogsmeade e os campeões foram convidados a levar um acompanhante para o passeio. O lugar se chamava Hertfordshire e foi a razão de toda a excitação dos estudantes até a data da viagem. Mesmo aqueles que não iriam, passaram a discutir calorosamente, entre as refeições e intervalos das aulas, o destino dos afortunados que teriam o privilégio de conhecer o famoso condado.
Todos os outros campões optaram por levar seus acompanhantes do Baile de Inverno. Harry, entretanto, preferiu chamar o melhor amigo. Tinha a esperança de que isso trouxesse algum conforto para Rony e ele abandonasse, ainda que temporariamente, a sua tristeza diária, substituindo-a por uma expressão menos infeliz.
Somente quando entrou na carruagem onde viajaria, Potter compreendeu que as coisas não seriam tão fáceis. Na verdade, tudo seria mais complexo do que qualquer um ousaria prever. Harry se ajeitou constrangido em um dos assentos, ficando em frente de Hermione, e Ron se jogou pesadamente no lugar que sobrou, passando a observar Krum com o semblante de um açougueiro que estuda cirurgicamente qual lugar da carne vai preferir fatiar primeiro.
- Dia realmente frio – Potter se pegou comentando sobre o tempo numa tentativa cretina e desesperada de evitar que até mesmo a sombra de Ronald tivesse chance de desferir socos no búlgaro. Hermione se manteve calada, não obstante sorriu para Harry. Rapidamente, a menina percebeu o esforço do amigo em tornar aquela longa viagem o menos belicosa possível.
- Ser Verrdade... Her-mio-ni-ne me falavva que estar bem mais frio agorra... – comentou Vítor num tom extremamente amistoso. – Eu até pedir... convidar a Her.. mio... ni... ne para conhecer o frrio na Bulgária.
- Expliquei para o Krum que fica difícil viajar para lá, pois temos calendários letivos diferentes... – disse Hermione, dirigindo-se somente a Harry. – Não me perdoaria se atrapalhasse os estudos dele.
Rony riu silenciosamente com a recusa da amiga à proposta do famoso jogador de quadribol. Contudo, logo foi possuído por uma raiva sem limites, quando a garota continuou.
- Claro que acabamos descobrindo que temos três semanas de férias em comum e acho que já é o suficiente para nos visitarmos no futuro.
- Ser verdade... falei a Her-mio-ni-ne que, se ela não ir, eu mesmo ir a casa dela – completou o rapaz obstinado.
Aquela notícia fez a têmpora de Rony saltar em um galope desenfreado e, por um instante, parecia que a face dele estava prestes a explodir. O ruivo se mantinha quieto como uma estátua, porém todo o seu corpo denunciava a tensão que estava pendendo sobre ele.
Harry continuou o diálogo com Hermione e Krum imaginando se, por obra de algum ato falho, não pegaria os amigos conversando, sem que eles mesmos se dessem conta do fato. Aparentemente, fez-se infrutífera tal tentativa e Potter optou simplesmente por evitar demonstrar grande apreço pelo que escutava, em solidariedade a Ron.
Em meio ao milésimo sorriso sem graça que foi obrigado a dar naquela manhã, Potter se questionou, pela segunda vez, se não seria melhor pedir que a carruagem parasse e ele próprio caminhasse, a pé, todo o percurso de volta a Hogwarts. Por sorte, antes que algo pior acontecesse, as carruagens estacionaram no condado e foi difícil não se sentir bem com a beleza incrível do lugar.
Era um local realmente mágico. As ruas conservavam um ar campestre e várias pessoas circulavam com roupas vermelhas e verdes como se quisessem, com aquelas cores vivas, trazer o calor e o frescor da primavera de volta. Uma neve alva e densa cobria as copas das várias árvores que existiam, fazendo o condado adquirir um ar natalino, mesmo antes das comemorações da ação de graças. Pequenos gnomos, que mais pareciam miniaturas de duendes, rodeavam os recém chegados, oferecendo doses do conhecido chocolate quente de leite de dragão. Aquela iguaria da culinária nativa não apenas esquentava dez vezes mais o corpo, fazendo-o suportar o frio, como aquecia também o coração.
Diante de tudo, Rony ficou completamente boquiaberto e deixou escapar um lindo sorriso como há muito não se permitia. Era fato; Hertfordshire tinha um encanto tão especial que seria impossível não ser afetado pela sua magia. Contavam as lendas bruxas mais antigas que era improvável, também, não assumir o que se tinha em essência no Condado de Hertford. O ruivo aparentou nem perceber quando Krum e Mione se despediram de Harry e tomaram a direção oposta. Isso, todavia, não importava para Potter naquele instante. Rony tinha a face carregada de felicidade verdadeira e uma gratidão imensa pelo amigo que o levou aquele paraíso terreno.
- Harry, obrigado! – ao mesmo tempo em que sorvia um gole generoso daquela delícia quente, Weasley conseguiu falar, apesar da emoção.
- Amigos são para isso – admitiu Potter realmente feliz por ver o primeiro sorriso de alma que Ronald dera em semanas. – Que tal nós visitarmos as lojas?
O ruivo concordou com a cabeça e foi em meio àquela magia que passaram quase todo o entardecer. Estava anoitecendo quando a professora Minerva informou que uma nevasca os impediria de retornar naquela noite. Dormiriam na aconchegante hospedaria de Piaf, uma simpática bruxa francesa de voz doce e sonora que se apaixonou pelo condado e simplesmente foi viver lá.
- Sabe? – falou Rony enquanto apanhava mais um pedaço de foie gras – Sorte a nossa ter vindo parar numa hospedaria francesa na Inglaterra. Ainda temos a oportunidade de provar coisas que não vemos em Hogwarts. Aposto que a Fleur deve estar adorando ficar aqui...
- Falando em Fleur, você me fez notar uma coisa... somente não chegaram do passeio o Krum e a Mione – constatou Harry preocupado.
- Ah, é? Nem percebi – mentiu o ruivo, quase se engasgando com o que comia.
- Melhor falar com a professora Minerva, Rony. Eles podem estar em perigo...
- Nós é que estaremos com sérios problemas se nos metermos – retrucou Ronald.
- Rony, por favor... você conhece a Mione e sabe que ela não se dispersaria do grupo faltando ao horário marcado...
O garoto pareceu gelar com a observação de Harry. Na verdade, o Weasley já havia percebido a demora bem antes de Potter, no entanto preferiu não demonstrar a preocupação que vinha aumentando desde as cinco horas. No inverno anoitecia mais cedo e Ron tinha se perguntado quais motivos levariam Hermione a agir de maneira tão irresponsável. Chegou a cogitar a possibilidade de uma provocação, mas, aquele ponto, não faria o menor sentido.
- Harry, avisa a professora Minerva e me encontra lá fora. Vamos nos separar para procurá-los. Vou só pegar uma garrafa desse chocolate quente e apanhar mais uma roupa de frio daqui da hospedaria mesmo. Faz isso também...
Minutos depois, Potter estava na porta do hotel com o melhor amigo. Ambos totalmente agasalhados com vários casacos sobrepostos e prontos a iniciar uma busca que não possuía hora para se encerrar.
- Não acho que podemos nos separar. Uma nevasca se aproxima e será pior se nos perdermos. professora Minerva não sabe que estamos aqui... ela não concordou quando disse que sairíamos para procurar... – assumiu Harry.
- Bem, isso não é relevante agora... Não será a primeira vez que quebramos as regras. Vamos à direção que os vimos pela última vez... foi naquela – afirmou Ronald convicto, apontando para uma estreita rua ao longe.
- Pensei que não estivesse vendo... – comentou Potter verdadeiramente contente por ter se enganado quanto a isso.
- Harry, apenas não olho para o que não quero ver, mas nunca deixo de enxegar o que é importante para mim...
- Quer dizer que você não olha para Hermione e Krum juntos, nem entende por que isso o incomoda, mas é capaz de gravar o lugar que a viu pela última vez, mesmo quando não estava olhando para ela? É isso mesmo? – arriscou o garoto, imaginando se Rony não partiria uma daquelas garrafas na cabeça dele por essa pergunta. De um modo surpreendente, o ruivo apenas observou o amigo nos olhos e, sem interromper o passo, confirmou.
- É exatamente isso que você esta pensando, Harry. Exatamente isso – assumiu o garoto, que acabara de aumentar o ritmo da caminhada.
Uma hora depois e apesar da dificuldade em andar na neve, que já chegava à altura dos joelhos de Ron, os dois amigos avistaram uma espécie curiosa de curral. A cerca era de carvalho branco, rodeada de pregos dourados e prateados, dispostos um após o outro. Era verdadeiramente linda a arrumação daqueles pequenos pontos brilhantes, que, de longe, davam a impressão de se estar avistando estrelas coloridas incrustadas na madeira.
Os garotos se aproximaram da entrada e ficaram ainda mais estupefatos com os cavalos que se encontravam na parte interna do curral. Havia animais de todas as cores, mas todos com um porte imponente e patas que pareciam possuir proteções naturais para cavalgar na neve. Um velho bruxo de olhar bondoso avistou Harry e Rony e foi ao encontro deles, parecendo estar muito nervoso.
- Suspendemos os passeios por hoje, meninos – informou o senhor com um ar pesaroso. – Aconteceu um acidente com dois turistas e queremos evitar que, com a nevasca, ocorra mais algum.
- Acidente? – perguntou Potter ainda mais apreensivo. – Estamos procurando dois amigos nossos que até agora não retornaram à hospedaria.
- Hospedaria de Piaf? – questionou o homem.
- Sim, chamo-me Harry e esse é meu amigo Rony...
- Bem, prazer rapazes. Onde está minha educação? Meu nome John Horse. Sou o tratador dos cavalos de neve.
- Mas, e o acidente? – perguntou Ronald ansioso.
- Ah, sim! O acidente! É verdade. Encontramos o rapaz e ele já está sendo medicado no posto local. Vai ficar bem o menino. Parece-me que não é inglês, pois tem um sotaque realmente estranho.
- E a garota? Acharam a garota? – insistiu o ruivo agora verdadeiramente irritado com a lentidão do tratador.
- Como sabia que era uma garota? – inquiriu John com cordialidade.
- Eles são nossos amigos – explicou Harry.
- Ah, bom... ótimo, ótimo... Estamos procurando a garota, mas a neve não está ajudando – o homem consultou um curioso relógio de bolso e olhou para o céu como se procurasse uma informação vinda diretamente dali.
- Vou ajudar nas buscas! Preciso de um dos seus cavalos – O ruivo tentou fazer com que o pedido não soasse como uma ordem.
- Você não pode! – afirmou o velho tratador. – As autoridades já estão cuidando disso.
- Senhor Horse, eu não vou deixar Hermione sozinha na neve esperando pela ajuda dos outros, se eu posso auxiliar também. Por favor, preciso de dois de seus cavalos.
- Vejo que a menina é muito importante para você, jovem Rony. Está bem! Está bem! Vocês podem selar o branco e o azul. Admiro rapazes decididos...
- Gostaria de ter sido mais decidido antes de tudo isso ocorrer – admitiu o ruivo.
- Talvez ainda haja tempo de ser, jovem. Nunca se sabe. Mas seria melhor se um de vocês retornasse à cidade para avisar ao responsável pelo garoto que ele está sob os cuidados de doutor Miller.
- Faço isso – concordou Potter, já terminando de por os arreios no animal azul. – Volto com apoio o mais rápido que puder e você encontra a Mione.
- Nem que seja a última coisa que eu faça. Vou trazê-la de volta – afirmou o ruivo determinado.
Os dois amigos cavalgaram em rumos contrários. Na mente de Harry residia a preocupação de ser rápido para buscar apoio. Na cabeça de Rony morava a apreensão em se fazer célere o bastante para que houvesse chances. Talvez o próprio tempo fizesse grandes concessões naquela noite.
Continua...
Arwen Undómiel Potter
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Agradecimentos:
Meus queridos,
realmente muito obrigada pela presença tão intensa de vocês em poucos dias e com um capítulo tão simples! A generosidade de todos apenas revigora o meu desejo de voltar a encontrá-los novamente tão logo seja possível! Ainda temos mais um encontro e espero vê-los em breve! Agora vamos aos comentários dos comentadores.
QUERIDA MARCIA SILVA, você é uma graça! Obrigada por me acompanhar também aqui! Muitos fãs do shipper R/H acabaram se permitindo conhecer um pouco de H/H na outra ficção e tinha de agradecê-los de alguma forma por isso. Escrever foi o modo encontrado! Agradeço muito sua presença tão intensa em A Poção da Felicidade e a sua generosidade para comigo também aqui! Beijos, minha querida, e em breve nos veremos novamente, Arwen.
ANNA ROSA, você achou fofa? Que bom, meu anjo! Fico contente de tê-la feito sentir vontade de ler algo diferente! Muito obrigada pelo incentivo e por se fazer presente nos momentos realmente importantes! Grandes beijos para você, Arwen.
EDN, fiquei muito feliz por saber que gostou do 1° capítulo! Espero continuar no segundo a merecer presenças como a sua por aqui! Um super beijo e até o terceiro!
... (...), sim! Segundo encontro, meu anjo! Alegra-me saber que foi muito bom para você o primeiro. Ter você aqui também foi bom demais para mim! Ainda teremos mais um encontro! Beijos, Arwen.
JAMES GRIFF JR., obrigada mesmo pela generosidade do seu comentário! É extremamente confortante saber que você gostou e pode deixar que visitarei sim sua ficção! Deixa-me só encerrar o capítulo de outra que escrevo e revisar o texto de meus “betados”. Mas saiba que, assim que puder, passarei lá com todo o prazer! Beijos grandiosos, Arwen.
DIBIELA minha linda, fiquei muito feliz por saber que você gostou da primeiro capítulo! Espero não ter demorado tanto... Fiz o possível para concluir esse num prazo razoável! Beijos, querida, e até breve!
Meu querido OTAVIO BACH, você é impossível! Sempre me deixando corada! Será que será assim em todas as ficções? Obrigada pelo seu carinho tão especial comigo e com as histórias! Saiba que você tem importância grande para mim, mas, por hora, deixemos o “casamento” para depois! Creio que já possuímos uma parceria forte, não é? Beijos, lindo!
RONRON, continuei, querido! Espero que tenha gostado do capítulo segundo! Beijos, Arwen.
MI MI ONE, o próximo já está aí, querida! Espero poder postar o 3° logo também! Obrigada por me estimular ainda mais com o seu comentário! Beijão, Arwen.
LUIZ BLACK, obrigada pela presença e saiba que, assim que folgar um pouco, também visitarei as suas ficções! Beijos para você!
Mais uma vez agradeço a TODOS pela presença, pelos votos e/ou comentários! Vocês são verdadeiramente especiais.
Beijos em todos e até o nosso próximo encontro,
Arwen Undómiel Potter.
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