Interrogatório
--Harry, trouxe o bandido de novo à base. – disse Karina entrando num escritório. – Harry?
O escritório estava vazio.
Karina foi ao gabinete ao lado e bateu à porta.
--Entre. – ordenou uma voz feminina.
--Olá linda! – cumprimentou Karina, entrando no escritório seguida por Draco.
Uma moça de cabelo castanho comprido e encaracolado e com olhos verdes olhou para a auror e sorriu-lhe.
--Bom ver-te amiga. – disse.
--Digo o mesmo. Este é o Draco Malfoy. – informou Karina fazendo sinal para Draco. – Phillipa, sabes onde anda o Harry?
--Acho que está lá em baixo com o Robert a interrogarem um rapaz. – informou Phillipa.
--Com o Robert? – perguntou Karina franzindo as sobrancelhas. – Fica aqui com o Draco que eu já volto.
Karina saiu do escritório de Phillipa e dirigiu-se para umas escadas que desciam até às catacumbas onde pessoas estavam em prisão preventiva.
Ao chegar ao último piso ouviu gritos furiosos e caminhou rapidamente.
--Menina Karina! – chamou alguém.
Karina olhou para o seu lado direito e deu de caras com um homem meio esfarrapado a olhá-la da sua sela.
--Como sabe o meu nome? – perguntou espantada.
--Isso não interessa. Mas agora apresse-se Mademoiselle, sabe como é Monsieur Robert, é capaz de fazer muito mal de uma vez só. – declarou o homem.
Karina acenou e continuou o seu caminho. Ao virar uma esquina dirigiu-se rapidamente para a porta que ficava à sua frente.
Ao entrar viu Robert, um homem alto, moreno e com alguma musculação a dar um soco tão forte a um rapaz que a débil cadeira onde este estava sentado se virou.
--Eu disse-te para me responderes!!! – gritou Robert.
Karina olhou para o lado esquerdo e deu de caras com Harry.
--Mas que raios de chefe és tu? – murmurou Karina. – Deixas aquele anormal agredir o rapaz?
--Mas Karina...
Karina ignorou Harry e quando Robert estava para dar outro soco ao rapaz, pôs-se ao lado deste e deu-lhe também um murro com toda a força que fez o homem ir parar ao chão desamparado.
--Miss Riddle... – murmurou Robert esfregando a cara e olhando para Karina.
--Desaparece daqui Robert, já fizeste mal suficiente ao rapaz. – ordenou Karina.
--Mas eu tenho ordens superiores de fazer o rapaz falar...
--Ouviste o que eu disse, não ouviste?! – perguntou Karina friamente. – E penso que é melhor afastares-te já, senão não é só um murro que vais levar.
--Senhor... – murmurou Robert olhando Harry.
--Faz o que Miss Riddle diz. – pediu Harry. - Ela também é tua superior.
Robert rosnou e lançou um olhar de cólera ao rapaz. Ao passar por Karina, sorriu-lhe cinicamente o que ela retrubuiu com um olhar gélido.
--Deixo-te com o rapaz, ele sabe daquele assunto que sabemos. – murmurou Harry.
--OK. – acentiu Karina. – O Draco está lá em cima. – informou Karina.
Harry saiu e Karina dirigiu-se ao rapaz. Este não deveria ter mais de 16 anos e estava assustadíssimo.
--Vá, eu dou-te uma ajudinha. – disse Karina estendendo-lhe a mão e sorrindo-lhe amavelmente.
O rapaz olhou-a assustado.
--Penso que a cadeira seja mais confortável. – observou amavelmente.
O rapaz segurou a mão de Karina e ela puxou-o para cima.
Sentaram-se os dois e Karina olhou para o rapaz atentamente. Parecia estar bastante desnutrido e o local onde Robert lhe batera começara a ficar arroxeado.
Karina tentou tocar-lhe na cara para ver a extensão do hematoma mas o rapaz afastou-se da sua mão com medo.
--Calma, não te quero fazer mal - disse, tentando amenizar o que Robert fizera. - Vá, conta coisas. Diz-me porquê que não respondeste àquela monstruosidade. – pediu.
O rapaz olhou para as mãos e não respondeu.
--Podes falar comigo, eu não te faço mal. – disse Karina tocando-lhe na mão.
O rapaz olhou para Karina mas não disse nada.
--Ai meu Deus... – murmurou Karina coçando a cabeça, não sabia mesmo como falar com o rapaz.
Ele não ajudava nada, limitava-se a olhá-la. Mas algo lhe ocorreu.
--Tu... tu és mudo ou surdo? – perguntou subitamente e começou a fazer gestos com as mãos.
O rapaz acenou afirmativamente.
--Somos mesmo parvos! – exclamou Karina batendo com a mão na testa. Era tão óbvio que até metia dó.
«Queres comer qualquer coisa?» Perguntou a auror.
O rapaz voltou a acenar afirmativamente e desta vez sorriu para Karina.
«Alguma preferência? Arranja-se de tudo.» Informou.
«Pode ser pizza?» Inquiriu o rapaz.
«Óptimo, também gosto de pizza.» Declarou Karina.
Pegou na varinha, concentrou-se e apareceu uma pizza enorme.
«Bon apetit.» Desejou.
Depois de comerem Karina levantou-se e sorriu-lhe.
«Podemos falar amanhã.» Disse gestualmente, o rapaz definitivamente parecia demasiado fraco.
«Não, quero falar hoje. A menina é muito diferente do outro senhor.» Disse o rapaz.
«E se falássemos mesmo?» Perguntou Karina.
Colocou a mão sobre a testa do rapaz e concentrou-se. Uma luz branca saiu da mão de Karina e o cabelo do rapaz esvoaçou um pouco. Karina baixou a mão e sorriu-lhe.
--Mui bien. Acho que podes tentar falar. – sugeriu Karina.
--Mas eu... – começou o rapaz, mas calou-se espantado.
--Fala à vontade! – pediu Karina.
--Como... como conseguiu? – perguntou o rapaz.
--Eu sou bué evoluída! – disse Karina tentando imitar Draco Malfoy na sua excessiva vaidade.
O rapaz riu-se.
--Acho que ainda não nos apresentámos, sou a Karina Stella Luna Riddle, mais conhecida por Karina. – sorriu-lhe Karina estendendo a mão.
--Eu sou o Tristan Larry. – apresentou-se o rapaz apertando a mão a Karina.
--Pois... eu tenho 22 anos e sou maluca. – informou Karina. – Tenho uma carrada de irmãos e sou maluca, moro ali para os lados de Londres e sou maluca, mas mesmo muito. – concluiu. – Que mais?
Tristan olhava Karina com um ar espantado.
--O que foi? Nunca viste? – perguntou Karina na brincadeira.
--A senhora trabalha mesmo no departamento de aurores? – perguntou Tristan.
--Para dizer a verdade, fugi do circo mais próximo. – confidenciou Karina. – mas não contes a ninguém, porque antes de fugir do circo, fugi do manicómio.
O rapaz riu-se às gargalhadas.
--É verdade. – afirmou Karina abanando a cabeça.
--Mas que galhofa é esta? – perguntou alguém entrando na sala.
Karina voltou-se para trás, era Draco Malfoy.
--Não te interessa, pisga-te. – ordenou Karina.
--Não sei se sabes, mas não mandas em mim. – disse Draco deitando-lhe a língua de fora.
--Vê lá que ainda te transformo em sapo! – ameaçou Karina olhando-o de lado. - E para tua informação sou tua superior, mando em ti, sim.
--Óptimo, assim a minha princesa já me pode beijar e transformar-me de novo no príncipe que sou... – murmurou Draco ignorando a segunda parte do que Karina disse.
--Coitado, é loiro e basta. – disse Karina para Tristan. – Não vês que eu estou a interrogar o rapaz???
--Claro, a interrogar... e esses restos de pizza são o quê? Cá para mim andas-me a trair. – acusou Draco olhando-a desconfiado.
--É lógico, não tinhas percebido? – perguntou Karina.
--És mesmo parva. Mas diz lá onde mora a tua amiga Phillipa. – pediu Draco. – É que ela é cá uma febra...
Karina olhou para Tristan e encolheu os ombros.
--Depois eu é que o ando a trair. – murmurou Karina.
--E aquelas pernas... – continuou Draco.
--Não sei como viste isso, já que a Phillipa, ao contrário de ti, é uma pessoa decente e não deve ter saído de trás da secretária. – comentou Karina.
--Mas é lógico! Ela não se precisava de levantar para se saber isso... – disse Draco olhando de soslaio para Karina.
--Eu tenho de ir ao W.C. – disse Karina levantando-se e saiu.
Draco ocupou o lugar de Karina.
--Isso era para a pôr com ciúmes? – perguntou Tristan.
Draco não respondeu e pôs-se com ar de birra.
--É que se era, resultou. – sorriu-lhe Tristan.
--Achas? – perguntou Draco olhando-o com interesse.
--Tenho a certeza. – confirmou Tristan.
--Ainda bem, esforço-me à brava! – exclamou Draco encostando-se na cadeira e deixando-se escorregar um pouco, o que lhe deu um aspecto cómico.
Alguns minutos depois Karina voltou à sala.
--Puto, levanta-te! – ordenou para Draco.
--Vou-me embora, vejo que não sou bem-vindo. Talvez a Phillipa me dê mais valor. – disse Draco desanimadamente.
--Boa viagem! – desejou Karina.
Draco saiu da sala a andar muito devagarinho.
--Isso vai demorar muito? – perguntou Karina sarcasticamente.
--Má!!!!!!!!!!! – exclamou Draco deitando-lhe a língua de fora e foi-se embora.
--Coitado! – fez ver Tristan. – Não tem pena dele?
--Eu? Pena de quê? – perguntou Karina. – Vamos mudar de assunto. Então... o que sabes sobre o assunto do rapto de crianças?
--Não muito, só sei que lhes fazem experiências. Mas sei quais são quatro dos cinco directores. – informou Tristan.
--Sabes?!
--Sei, além de saber também que andam a tentar falar com o chefe do departamento de Magia-científica de Inglaterra. – informou Tristan. – Conhece-lo?
--Se não conheço! – riu-se Karina ironicamente. – Passa a vida a faltar ao trabalho...
--Eles telefonam todos os dias. – declarou Tristan.
--Adoro-te! – disse Karina debruçando-se e dando um beijo na cara do rapaz.
Tristan corou até à raiz dos cabelos.
--Essa foi a melhor notícia que já recebi! Conta lá como são esses directores. – pediu Karina.
--Bem... são todos homens... todos daquele género de quem as mulheres gostam... uns vestem-se melhor que outros, e assim. – respondeu Tristan. – Não consigo ser mais específico.
--Estou a topar... Achas que eu era capaz de fazer algum deles ficar caidinho por mim? – inquiriu Karina pensativamente.
--Não acho, tenho a certeza que sim. – confirmou Tristan.
--Hum... tens onde dormir? – perguntou Karina.
--Acho que não...
--Então eu vou-te arranjar um quarto num hotel. – informou Karina levantando-se e espreguiçando-se.
--Não é preciso, eu durmo numa barraquita ou numa cela. – murmurou o rapaz modestamente.
--Não tens razão para isso. – decidiu Karina. – Anda.
Voltaram ao escritório de Harry e a auror bateu à porta.
--Entre! – autorizou Harry.
--Olá sobrinho, é só para dizer que nós os dois nos vamos embora. – disse Karina.
--OK tia, Bye Bye! – despediu-se Harry.
--Não me chames tia! – ordenou Karina fechando o punho e erguendo-o para Harry ver.
--Só digo a verdade. – respondeu Harry rindo-se.
Karina deitou-lhe a língua de fora e fechou a porta.
Depois de deixar Tristan num hotel perto do Ministério da Magia foi para casa.
Subiu imediatamente para o quarto e bateu com a porta.
--Está um calor... – murmurou Karina e foi abrir as vidraças, fazendo com que a brisa entrasse no quarto.
Vestiu um pijama e enfiou-se na cama.
--Amanhã vou trabalhar. – murmurou, espreguiçando-se. – E vou ter imenso que fazer.
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